A arte do pintor holandês Antonie
Pieter Schotel (1890-1958).
ÊXTASE - Singrei a vida e o mar no verde do seu olhar: sua
imagem a me seduzir, tentando lhe encontrar por aí, onde insisto em não sonhar.
Trazendo à flor do meu amor pagão, meu coração absorto deu de lhe amar com
possessão, obsessão de se entregar. Tudo é tão difícil sem você aqui, ainda
resta indícios do amor em mim. Está tudo fora quero o seu calor, não vá embora
ainda não chegou a hora exata de querer partir. Eu dou de mim ainda o que
puder, fazer da tarde o amor de uma mulher que se depara à noite a me seguir.
Enfim quero o fascínio que invadiu, quero o domínio que bramiu da sua paixão
que chega em mim, caçoa do fim e já não faz questão que o vento anuncie
presságios dos naufrágios da minha solidão. Me dê a sua mão, que o mar recolha
os olhos e refaça a fantasia da minha ilusão, quero ver-lhe então na canção, na
sombra azul de um eterno blues. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.(Êxtase, Primeira Reunião – Bagaço, 1992).
Poema para a música feita em parceria com Santanna O Cantador. Veja mais aqui e
aqui.
DITOS & DESDITOS – A chama é a parte mais sutil do fogo, e se
eleva em figura piramidal. O fogo original e primordial, a sexualidade, levanta
a chama vermelha do erotismo e esta, por sua vez, sustenta outra chama, azul e
trêmula: a do amor. Pensamento do escritor e diplomata mexicano Octavio
Paz (1914-1998). Veja mais aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: [...] Para definir mais corretamente a arte,
faz-se mister renunciar a nela reconhecer apenas uma forma de prazer e
considera-la antes como uma das condições essenciais da vida humana. Sob tal
aspecto a arte se apresentará a nós, de imediato, com um meio de comunicação
entre os homens. [...]. Trecho extraído da obra O que é a arte (Experimento, 1994), do escritor russo Liev
Tolstoi (1828-1910). Veja mais aqui e aqui.
CIDADANIA – [...] Se nós somos
primeiramente alemães, franceses, ou italianos e somente depois cidadãos da
Europa, caberá às democracias da Europa decidi-lo nos próximos anos.
Primeiramente somos uma das duas coisas, cidadãos do Estado ou da Europa, e
secundariamente a outra, portanto, de forma escalonada, as duas coisas juntas,
e, em terceiro lugar, somos cidadãos do mundo: cidadãos da república mundial
subsidiária e federativa. [...]. Trecho
extraído do estudo Visão república
mundial – Democracia na era da globalização (Veritas, 2002), do
professor e filósofo alemão Otfried Höffe. Veja mais aqui.
PESADELO REFRIGRADO - [...] Vamos
parar de nos matar. A terra não é um antro, nem uma prisão. A terra é um
paraíso, o único que jamais conheceremos. Temos de entender isso no momento em
que abrimos os olhos. Não precisamos fazer dela um paraíso — ela é um paraíso.
Só temos de nos capacitar para habitar nele. O homem com uma arma, o homem com
o assassinato no coração, não é capaz de reconhecer o paraíso mesmo quando lhe
é mostrado. [...]. Trecho extraído
da obra Pesadelo refrigerado
(Francis, 2006), do escritor estadunidense Henry Miller
(1891-1980). Veja mais aqui.
O poeta português Manuel Maria Barbosa l´Hedois du Bocage (1765-1805) foi o maior representante do arcadismo lusitano. Teve uma vida atribulada apesar do mistério que paira sobre a sua biografia. Dele ficaram sonetos, sátiras e outros estilos poéticos que até hoje são recitados. No entanto, o que lhe valeu mais fama foram os seus versos venenosos. Exemplo disso, eis alguns deles sobre os médicos:
Uma terra dizem que há
Onde a fome acerba e dura
Cabo dos médicos dá.
Por que é isto? É porque lá
Pagam somente a quem cura.
Certo enfermo, homem sisudo,
Deixou por condescendência
Chamar um doutor, que tinha
Entre os mais a preferência.
Manda-lhe o fofo Esculápio
Que bote a lingua de fora,
E envia dez garatujas
À botica sem demora.
“Com isto (diz ao doente)
a sepultura lhe tapo”.
Replica o pobre a tremer:
“Aposto que não escapo”.
Para curar febres podres
Um doutor foi se chamar,
Que feitas as cerimônicas,
Começou a receitar.
A cada penada sua
O enfermo arrancava um ai.
“Não se assuste (diz Galeno)
que inda desta se não vai”.
“Ah, senhor! (torna o coitado,
como quem seu fado espreita.)
da moléstia não me assusto,
assusto-me da receita”.
A Morte foi sensual
Quando ainda era menina:
C´o pecado original
Teve cópula carnal
E pariu a Medicina”.
“Aqui jaz quem não jazera,
se jazesse a Mdicina”.
Onde a fome acerba e dura
Cabo dos médicos dá.
Por que é isto? É porque lá
Pagam somente a quem cura.
Certo enfermo, homem sisudo,
Deixou por condescendência
Chamar um doutor, que tinha
Entre os mais a preferência.
Manda-lhe o fofo Esculápio
Que bote a lingua de fora,
E envia dez garatujas
À botica sem demora.
“Com isto (diz ao doente)
a sepultura lhe tapo”.
Replica o pobre a tremer:
“Aposto que não escapo”.
Para curar febres podres
Um doutor foi se chamar,
Que feitas as cerimônicas,
Começou a receitar.
A cada penada sua
O enfermo arrancava um ai.
“Não se assuste (diz Galeno)
que inda desta se não vai”.
“Ah, senhor! (torna o coitado,
como quem seu fado espreita.)
da moléstia não me assusto,
assusto-me da receita”.
A Morte foi sensual
Quando ainda era menina:
C´o pecado original
Teve cópula carnal
E pariu a Medicina”.
“Aqui jaz quem não jazera,
se jazesse a Mdicina”.
Doutra feita, também deixou das suas sobre mulher feia:
Da feia mulher Andrônio
Com zelos arde e rebenta;
Nisto o não julgo bolônio:
A mulher é um demônio,
Porém o demônio tenta.
Com zelos arde e rebenta;
Nisto o não julgo bolônio:
A mulher é um demônio,
Porém o demônio tenta.
Uma das suas mais famosas é a que se fala dos privilegiados narigudos:
Nariz, nariz e nariz,
nariz, que nunca se acaba;
nariz, que se ele desaba,
fará o mundo infeliz;
nariz que Newton não quis
descrever-lhe a diagonal;
nariz de massa infernal,
que, se o calculo não erra,
posto entre o Sol e a Terra
faria eclipse total!
nariz, que nunca se acaba;
nariz, que se ele desaba,
fará o mundo infeliz;
nariz que Newton não quis
descrever-lhe a diagonal;
nariz de massa infernal,
que, se o calculo não erra,
posto entre o Sol e a Terra
faria eclipse total!
Também aos idiotas e tolos, deixou a uma máxima que vale ser registrada:
(..) Os tolos só dizem
o que ouvem dizer.
o que ouvem dizer.
E no final de um dos seus sonetos eróticos, “Soneto de todas as putas”, ele dá um conselho final à mulher:
“Todas no mundo dão a sua greta:
não fique pois, oh Nise, duvidosa,
que isto de virgo e honra é tudo peta”.
não fique pois, oh Nise, duvidosa,
que isto de virgo e honra é tudo peta”.
Por fim, trago aqui a sua própria auto-crítica e o seu epitáfio:
Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.
Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida fidalga, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.
Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida fidalga, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.
Veja mais Bocage aqui, aqui e aqui.
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