TRÍPTICO DGF – AQUELA DE... ENTRE CATERVA DE
ALDRABICES - A vida passa pelas ruas da
pandemia. Nas calçadas e ambívios, néscios apressam passos na crença dos investidos
por antídotos divinos e apascentadores placebos, enquanto a cacunda carregada
de ressentimentos e quantas culpas e atos dolosos recônditos, reclamam pela
injusta compulsoriedade de uma máscara preventiva. Sim, exaltados porque não
conseguem sustentá-la já que as múltiplas faces do semblante ocasional - e
substituídas durante as sacralizações dos textos bíblicos de um Jesus
irreconhecível, criado pelo estupro de tacanhos missionários avarentos - não
permitem. São caras demais para qualquer uma. Em cada esquina eles se cruzam aguerridos
aos seus templos emergentes, sombras de valhacoutos monstruosos nas algaravias dos
seus alto-falantes furiosos e a suputação de ofertas promocionais de transações
mercantis de uma fé gazopa dissimulada e inexorável. Deles emergem turbas de
súcias para digladiarem entre si, cada qual se passando por exclusiva
possuidora da verdade absoluta, sufragistas da danação geral. Que lugar é esse
eu sei de cor e é o meu e de todos os que foram pegos de surpresa por uma onda
inescapável. Assaltaram o meu país, o mundo e a vida com suas fanáticas
exacerbações. Lembrei o filósofo humanista francês Étienne
de La Boétie (1530-1563): Pobres,
miseráveis e estúpidos povos, nações determinadas por sua própria desgraça e
cegas para o seu próprio bem! Vocês se privam, diante de seus próprios olhos,
da melhor parte de suas receitas; seus campos são saqueados, suas casas
roubadas, sua herança de família tirada. Você vive de tal maneira que não pode
reivindicar uma única coisa como sua; e parece que você se considera sortudo
por ter emprestado sua propriedade, suas famílias e suas próprias vidas.
Ele mesmo adverte sobre o que é recorrente com os detentores do poder até hoje:
O que geralmente acontece é tudo fazerem
para transmitirem aos filhos o poder que o povo lhes concedeu. E, tão depressa
tomam essa decisão, por estranho que pareça, ultrapassam em vício e até em
crueldade os outros tiranos; para conservarem a nova tirania, não acham melhor
meio do que aumentar a servidão e afastar tanto dos súditos a ideia de
liberdade que eles, tendo embora a memória fresca, começam a esquecer-se dela.
O preço da tirania é o isolamento. Que lugar é este, eu sei, o Fecamepa com seus coisominions Fabos&Cafos.
DOIS TONS & A MÚSICA DA URSA MENOR: UMA
FLOR, O MUNDO MARAVILHOSO! - Imagem: a arte da
premiada violinista, cantora, escritora e compositora estadunidente Nora Germain - Para fugir das forças
reativas e moral escrava, saltei no vazio e, em queda livre, só a música do
abismo. Ao ouvi-la, a certa altura do baque, o encanto sonoro me fez folha
solta ao vento e a levitar na liberdade de quem não sabe a fundura nem onde
pousar. Embalado, cada paisagem era como páginas folheadas num recital de Magda Szabó: Os livros formaram a base do meu mundo, a
minha unidade de medida era a palavra impressa. Não a via atrás da porta do tempo e espaço, sabia o violino de Nora na
pele de Erika Marozsán, a me contar do que é amar e crescer e cair
como não se tivesse mais como levantar a vida rente ao chão na perspectiva do
voo e Bachelard anunciasse: Não há uma verdade
fundamental, apenas há erros fundamentais. E eu errâncias nos devires.
TRÊS NA CASA DA ILHA: RESÍDUO DO TEMPO,
PASSATEMPO – Imagem: arte da premiada
fotógrafa e artista multimídia Rochelle Costi - Ah, a
música & a vida, era Euterpe a
me levar mãos na sua pela escada palavra, em que um pimentário era o envio a um
minicine, melhor, cinemagético ex-passado, com as margens do tombo, negócios à
parte e a reforma do centro novo na didática do silêncio e do resíduo, o tempo
todo lugar comum de margens para ser um. Ah, mas eu queria a salvação, precisava nunca mais cair. E ela,
tal Epicuro: É estupidez pedir aos deuses aquilo que se
pode conseguir sozinho. Queres ser rico? Pois não te preocupes em aumentar os
teus bens, mas sim em diminuir a tua cobiça. Não se pode não ter medo quando se
inspira o medo. Ah, os talhos
sangram, doem e saram de nem sequer lembrar depois. Pois é. Fiz do passado, não
mais; fui à vida. Até mais ver.
AÊ, CAPIBA!!!
Quem quiser me ver / Me procure aqui mesmo / Quando chega o carnaval / Seja noite ou dia / Aqui tudo é alegria / E alegria não faz mal / É aqui que eu danço / Aqui é que eu canto / Aqui é que eu faço / Com desembaraço / Misérias no passo! / Na quarta-feira, / quando tudo terminar! / Eu espero mais um ano, / até o frevo voltar!
É hora de frevo, letra da música do compositor e músico Capiba - Lourenço da Fonseca Barbosa (1904-1997), autor de mais de 200
canções entre frevo, samba, música erudita, guarânias, maracatus, valsas, entre
outros gêneros musicais. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.