O QUE SOU DE TODAS AS COISAS – Convivo com a indiferença pelo mundo das muitas paisagens e o Sol faz
o espetáculo cada vez mais lindo e maravilhoso a cada dia. É a vida e se ninguém
se dá conta com seus afazeres e compromissos cotidianos, nada demais. E se a
Natureza e o Universo com seus extraordinários esplendores não são o foco nem
chamam atenção à sensibilidade dos tantos que seguem apressados com seus
umbigos pra cima e pra baixo, não tenho nada que lamentar, sou apenas feliz ao
meu modo, saudando a todos que dormem enquanto tantas maravilhas, muitas paragens,
me extasiam e me ensinam viver: a correnteza pras quedas dos rios, as ondas dos
mares, as flores dos jardins, as folhas dos quintais, o canto dos pássaros, o
voo das borboletas, a brisa nas varandas, os montes do crepúsculo, o horizonte
das manhãs, tudo em mim, paratodos. Eu sigo e se ninguém me vê eu abraço a alma
de todos a todo instante: é quem passa que me faz existir, mesmo que nem queira
sequer saber quem sou, nem o que sinto, sou ninguém na multidão e alegre por
ser-me. Se acaso acordarem, estarei junto na viagem. E mesmo que nem despertem
ou mantenham a sonolência dos seus sonhos nos mais altos níveis de seus
prazeres e satisfações individuais, estarei insone a mostrar do visinvisível
que aprendi e me delicia viver: é a vida. Enquanto reduzem sua existência à cata
do ouro da Terra pra viver, eu persigo o ouro do coração das gentes e que é
muito maior e mais valioso, porque sou e todas as coisas. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] se com a fragmentação da sociedade, de um
lado, e a globalização, de outro, o bem comum adormece como força propulsora da
sociedade, um dos pilares do Estado deixa de preencher a sua função e o Estado
como um todo e, em especial, o Estado de Direito, ressente-se. Esta a situação
que hoje se vive. Despertar para o bem comum é, por isso, indispensável, se se
quiser recuperar a continuidade histórica do nosso viver em sociedade
jurídico-política, com os contributos civilizacionais que o tempo longo lhe foi
acrescentando e sabendo que a proximidade do cidadão à solução, a sua participação
nela, é razão da força com que essa solução será concretizada. Para este
despertar torna-se necessário reatar o momento anterior ao adormecimento, sem
que tal signifique um retorno nostálgico a um qualquer tempo perdido.
Acompanhado da mundividência entretanto adquirida, este reatar reflete uma
busca do tempo futuro, uma procura feita de inventiva, porque em causa está
descobrir a melhor forma de assegurar a dignidade da pessoa na sua projeção
futura, numa sociedade que aprendeu culturalmente a identificar-se e a
autonomizar-se e na qual os cidadãos, na sua liberdade/responsabilidade, se
sentem participantes na resolução dos problemas que lhes dizem respeito. [...] E é o dever de incorporar a incerteza do
futuro na ação presente e garantir a sustentabilidade do desenvolvimento com
dignidade que se torna no desafio à participação fundamental dos cidadãos na
coisa pública, na construção renovada do bem comum. É, pois, necessário
despertar para o bem comum ou, usando a metáforado relógio, é necessário pôr em
marcha o relógio que parou. Porque, parado, o relógio tem certa a hora duas
vezes ao dia, mas ninguém sabe, ao certo, em que momento tal acontece.
Trechos
extraídos de Despertar para o bem comum!,
da jurista e professora portuguesa Maria
da Glória Garcia, extraído da obra Bem comum público
e/ou privado? (ICS, 2013),organizado por João Pato, Luísa Schmidt eMaria Eduarda
Gonçalves. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE JACQUELINE GIMENES
A arte
da bailarina, coreógrafa e professora Jacqueline
Gimenes. Veja mais aqui.
OS QUATRO RABINOS
Uma noite quatro rabinos
receberam a visita de um anjo que os acordou e os levou para a Sétima Abóbada
do Sétimo Céu. Ali eles contemplaram a sagrada Roda de Ezequiel. Em algum ponto
da descida do Pardes, Paraiso, para a Terra, um rabino, depois de ver tanto
esplendor, enlouqueceu e passou a perambular espumando de raiva até o final dos
seus dias. O segundo rabino teve uma atividade extremamente cínica. “Ah, eu só
sonhei com a Roda de Ezequiel, só isso. Nada aconteceu de verdade!. O terceiro
rabino falava incessantemente no que havia visto, demonstrando sua total
obsessão. Ele pregava e não parava de falar no projeto da Roda e no que tudo
aquilo significava... e dessa forma ele se perdeu e traiu sua fé. O quarto
rabino, que era poeta, pegou um papel e uma flauta, sentou-se junto à janela e
começou a compor uma canção atrás da outra elogiando a pomba do anoitecer, sua
filha no berço e todas as estrelas do céu. E daí em diante ele passou a viver
melhor.
Extraído da obra Mulheres
que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem
(Rocco, 1994), da escritora e psicóloga Clarissa
Pinkola Estés. Veja mais aqui.
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A OBRA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ
Descobri que minha obsessão por cada coisa em
seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o
prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de
simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza.
A obra do escritor colombiano Gabriel
García Márquez (1927-2014) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.