TOLINHO, DE PRÍNCIPE A SAPO – Imagem: arte da artista
visual romena Anca Stefanescu. - Pronto, desembestou de vez! Ao atravessar o mata-burro de
uma instituição bancária, com o intento de dar entrada na documentação de seus
direitos securitário-laborais, Tolinho teve um alumbramento: deu de cara com as
feições formosas de Enoildita! Bastou isso, das pálpebras dele pararem de
piscar, imobilizado ali, plantado, catatônico, estatelado, a firmar um olhar quase
hipnotizado pras bandas dela. Oxe, só saiu desse estupor por trombada de um apressado
fulo da vida, recompondo-se da perdição. Ajeitou-se, olhou pros lados e entre
as filas, escolheu justo a dela. Isso, o alvo. Ela na frente, singela e alheia,
afiava sua cobiça, dele ficar de soslaio, tapiando, só conferindo a compleição
sedutora, dos pés à cabeça: Essa é das boas, toitiço cheiroso, hummm, olhos
agateados, beiços de cangula insultante, um primor; pele mimosa, peitinhos
apetitosos, cinturinha de pilão, rabada ancha, coxas roliças, cambitos jeitosos,
um colosso, pronta pra casar. Disse pra si: Se assunte, meu véio, você está na
frente do povo. Deu-lhe uma comichão nas partes pudendas, dele ligar o alerta!
Agoniou-se: Isso é hora de dar vexame, rapaz? Restabeleceu-se probo, pigarreou,
apertou a venta, ajeitou a beca, deu nó nas ideias e ficou ali todo sem jeito.
A fila andando, ele fazia de desentendido e às olhadelas pros contornos dela.
Enfim, ela chegou ao guichê e ele inquieto: Até a voz da mulher é música. Tô
lascado. Aí, ao ser atendida a coisa enganchou: faltava uma fotocópia. Virou-se
pra ele e falou: O senhor guarda o meu lugar? Surpreendido, ele atordoado,
olhos saindo fora: Guardo sim, pode ir. E ficou lá plantado na fila, só queria
ser atendido depois dela. E mandou o de atrás passar na frente, e depois outro,
mais outro, e assim ficou até ela retornar. Pronto, seu lugar está guardado,
pode ir pro caixa. Ela agradeceu com um sorriso, ele quase cai de tontura com
tal graciosidade. Não demorou muito, chega a vez dele e ela agradeceu com
grande reverência, apertou-lhe a mão afetuosamente, de modo que o mondrongo deu
sinal de vida dentro da cueca, e ele: Nada não, senhora. Senhorita. Ah,
senhorita, nada não. Só despertou quando o funcionário devolveu-lhe os
documentos devidamente carimbados, falando-lhe algo que nem escutou, estava no
mundo da lua e sem saber como descer. O que valia mesmo fora a boa ação, mas com
o término do atendimento, olhou pra hora: Pronto, perdi a condução de volta, lasquei-me.
Ah, mas não perdeu a viagem, Enoildita estava ali na frente conferindo os
papeis. Depois de desencontros muitos no quengo, resolveu ir até ela: Tudo
certo na sua documentação? Tudo, obrigada. De nada. Eita, perdi a condução! O
senhor perdeu o ônibus? Perdi. Ah, tem nada não, fica lá em casa, pode ser? Ah,
não seria incômodo? Nada, vamos pra lá? Eu moro logo na entrada na cidade, no Sítio
dos Sonhos. Ah, sei onde é, bonito lugar, dá certinho preu pegar o primeiro
bigú que passar. Que bom, então vamos. Vamos. E saíram na maior conversa mole,
ele pilheriando daqui, ela risadinha de lá, assim por ruas e becos. Ao chegarem
ao sítio, os pais dela haviam viajado às pressas por internação de parente numa
cidade distante. Os irmãos estavam pelo meio do mundo. Ele e ela, sozinhos.
Vixe! O negócio enfeiou. – Pode entrar, se pai chegar, digo que você perdeu a
condução e não queria me deixar sozinha, ficou tomando conta de mim. Menina
astuta, pensou consigo. E lancharam, papearam a tarde toda, coisa disso,
daquilo, gastando hora e anedotas. Na boquinha da noite ela teve um desmaio.
Pronto. E agora? O que vão pensar os pais dela, os irmãos, os vizinhos. Ficou
que nem uma pata choca: Valha-me, Deus! Depois de muito zanzar dum lado pro
outro, qual providência, socorro nenhum, achou por bem de pegar a moça e levar
pra primeira cama que encontrou, deitou-a, cobriu-a e ficou futucando ideia do
que fazer, afinal. Depois dos pensamentos congestionados, ele não tinha a menor
noção do que poderia resolver àquela altura do campeonato. Se saísse, alguém
poderia ver; e se ela morresse, ele era o culpado; se ficasse, os pais
chegassem, era tarado; não sabia se ficava, fugia ou o que pudesse inventar
naquilo tudo. Seja lá o que Deus quiser. E passou a ajeitá-la, conferindo e a se
aproveitar da situação. E se arrependia, avançava, o calcanhar, a batata da
perna, isso é um estrupício! Os quadris, a pele, os seios, isso é uma desgrama!
Começou a alisá-la, acariciá-la. Rapaz, que é que tu estás fazendo? - A voz da
consciência dele não dava trégua. E aí, vai ou não vai? Hesitava. Ou trepa ou
sai de cima! Ah, destá. Cuidou tanto, rezou pros santos todos, aproximou-se,
arrependeu-se de ter ficado. Ah, virou a cara pro perigo, encostou-se nela,
beijou-a e, pronto, ela virou-se ainda de olhos fechados, ele arregalou os
olhos, retribuiu o beijo e se abraçaram e se acocharam e se esfregaram e crau! Pronto,
estava feito. Ele só percebeu tudo quando o dia já amanhecia. Ela sorria do
lado dele. Vôte! O que foi que eu fiz? Agora é tarde, pensava. E ela: Vamos
tomar café da manhã, já aprontei. Ele levantou-se, dirigiu-se pro sanitário,
asseou-se o que pode, voltou, mesa posta, conversaram, comeram e danaram-se a trocar
curiosidades, afetos e memórias. Lá pras tantas da manhã, saíram até o portão
de entrada, apaixonados, de mãos dadas. Ele nas nuvens, riso nas orelhas. No
trajeto passa uma conhecida: Tolinho, rapaz, cadê tu, hômi? Aparece! Tá, tá. E
passou uma, duas, três, outra: Tolinho, olha, tem uma encomenda que a Zefa
deixou pra tu lá em casa, visse? Viu, vou pegar depois. E assim foi, a ponto de
Enoildita ligar o desconfiômetro, olhou pra ele e disse: Olhe, de tudo que
aconteceu entre nós, não haverá outra vez! E soltou a mão dele, determinando
uma distância regulamentar entre ambos. O coração dele foi pros pés. Lívido,
desencontrado, olhou pra ela firmemente e pensou: essa é pra casar. E acompanhou
tudo, ela toda chameguenta, pé pra lá e pra cá, sedutora, nada dele nem pensar
em voltar pra sua própria casa. Depois de muito queimar as ideias, assuntou: Vou
casar com ela. E ali mesmo no acesso ao sítio, virou-se praqueles olhinhos de
vida e formalizou o pedido: Quer voar comigo? Poetou, pronto pra deitar a maior
lábia. Ela franziu o cenho: Não tenho asas e não sou muito achegada a andar
pelos ares, não. E nesse diálogo atrapalhado de asas, céu, pássaros, avoações,
frio na barriga, sobe e desce, largadas e chegadas, consumiram a tarde e
entraram na segunda noite, ensaiando o voo. Depois do banho, ela de vestidinho
curto, provocante e decotado, por baixo só a natureza. Ele não perdeu tempo, avançou
e caiu nos beijos, vasculhando tudo no corpo dela, até empunhar no maior afã o
sexo acariciando-o no dela, foi só encostar o dedo no pinguelo com jeito, dela
ter uns estrimiligues danados, paroxismo dos brabos, do gozo descer perna
abaixo fazendo uma poça no chão. Eita! Maior molhadeiro no assoalho. Lavaram a
jega madrugada adentro, embaixo dos lençóis, atrás da porta, na pia da cozinha,
no canto do quarto, no frio do escuro, no escancaro das janelas, nos arrepios
da alma, na embriaguez do amor, nas labaredas das paixões. No outro dia, ela na
varanda, ele encostado no muro, apareceu uma vizinha que vinha às carreiras:
Tolinho, mãe quer falar com tu, visse? Tá, vou lá depois. E no maior proseado pela
manhã entraram pela tarde até chegar a terceira noite, maior idílio, dela
descontrolar-se, segurar firme no pingolim dele e ronronar: Se ciscar por aí,
corto fora, quero vê-lo capado se me contrariar. Vixe! Tolinho quase teve um
troço, do bregueço sair murchando de quase se esconder na pentelheira. Eita,
encolheu, foi? Ah, tá com medo. Destá. Aí ela começou com uns beijinhos lá, do
cotoco se reerguer sonso, aos pouquinhos, ela numas lambidelas só via a coisa tomar
jeito, todo se estirando e ela tome beiçadas pra salivá-lo todinho da baba cair
colhões abaixo. Vuque-vuque medonho, na gozada ele deu um curto-circuito de
acender o poste. Danou-se! Estava agora amarrado pela paixão, feitiço dela. E pintaram
e bordaram, um encangado no outro, até o dia amanhecer ensolarado, papo no oitão
de casa, casal apaixonado, do nada surgiu uma daquelas mulheres de fechar
quarteirão: Tolinho, meu filho, tem um serviço pra tu lá em casa! Tá, eu vou. Ah,
Enoildita amarrou o bode e disse: Vai nada. Ela deu uma freada de fazer greve
de beijinhos e sexo. O cabra quase endoida comendo o dia todo até a quarta
noite, ele já como tudo quase em paz, se achava um da casa, todo ancho, pensava
já em arrumar uma meia água e entocar-se com ela nos cafundós de todas as botas
perdidas. Pronto. Ia tudo bem na conversa da calçada, quando cruzou uma
ex-namorada dele atrapalhando o papo: Tolinho, rapaz, tais vivo? Saudade de tu,
hômi. E foi-se. Aí o tempo fechou, deu o creu. Ela ficou tão amuada de ficar
intrigada dele. Tolinho saiu de si. Pra empiorar, os pais dela chegaram e, com
eles, um ex dela deu sinal de vida: os olhos dela brilharam, eita! Troca de
olhares, cumplicidade. Explicações daqui e dali, os pais desconfiados dele, ela
maior papo com o ex. Tolinho com a situação desconfortável e nada a favor, já
ia arrumando os mijados pra cair fora, quando ela, então, dirigiu-se pra ele:
Sinal amarelo, rapaz! Vixe! Ela mudou da água pro vinho: Vai ver se estou lá na
esquina e só me apareça aqui quando eu chamar, tá entendendo? Pronto, acabou-se
o mundo. O cabra só faltava chorar, saiu tão angustiado na maior careta,
perdido, coçando os cornos e os possuídos, nem sabia pra onde ia nem nada.
Conseguiu uma carona na caçamba duma camioneta e foi procurar Bestinha: Bonito
pra sua cara! Estava desolado, todo chocho pelos cantos, faróis baixos: Vai se
apaixonar, bicho besta, o fim é esse. Ele remexeu nos bolsos, amolegou a peia, enfincou-se
na cachaça e até hoje anda enamorado pelas estrelas, luas, dias, ruas, ao léu. O
amor é lindo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do gaitista, violonista, compositor,
arranjador, maestro e produtor musical Rildo Hora: O tocador de realejo, Interpreta Luiz Gonzaga & ao
vivo Homenagem a Hermeto Pascoal; da pianista francesa Hélène Grimaud: Concerto nº 1 Brahms, Concerto nº2 Rachmaninoff &
Concerto in G major Ravel; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao
blog & nos 35 Anos de Arte
Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] E o Outro, cuja presença é discretamente uma ausência
e a partir da qual se realiza o acolhimento hospitaleiro por excelência que
descreve o campo da intimidade, é a Mulher. A mulher é a condição de recolhimento,
da interioridade da Casa e da habitação.
[...]. O rosto feminino reúne essa
claridade e essa sombra. O feminino é o rosto em que a perturbação cerca e invade
a claridade [...]. Na inversão do
rosto pela feminilidade – nesta desfiguração que se refere ao rosto – a
in-significância mantém-se na significância do rosto [...] é o acontecimento original da beleza feminina,
do sentido eminente que a beleza assume no feminino [...]. A amada não se opõe a mim como uma vontade em
luta com a minha ou como submissa a minha, mas ao contrário, como uma
animalidade irresponsável que não diz verdadeiras palavras. A amada retorna à
posição da criança sem responsabilidade – esta sedução, esta juventude, esta pura
vida ‘um pouco animal’ –, deixou seu estatuto de pessoa. [...]. Trechos
extraídos da obra Totalidade
e infinito (Ed. 70, 1988), do filósofo francês Emmanuel Lévinas
(1906-1995). Veja mais aqui.
EDUCAÇÃO, MAIS OUTRA – [...] a
educação não é aquilo que o professor dá, mas é um processo natural que se
desenvolve espontaneamente no indivíduo humano; que não se adquire ouvindo
palavras, mas em virtude de experiências efetuadas no ambiente. A atribuição do
professor não é a de falar, mas preparar e dispor uma série de motivos de
atividade cultural num ambiente expressamente preparado. [...] Trecho
extraído da obra Mente absorvente
(Nórdica, 1949), da pedagoga italiana Maria
Montessori (1870-1952), que na obra Pedagogia
Científica: a descoberta da criança (Flamboyant, 1965), observou que: [...]
A educação é compartilhada pela mestra e
pelo ambiente. A antiga mestra ‘instrutora’ é substituída por todo um conjunto,
muito mais complexo; isto é, muitos objetos (os meios de desenvolvimento)
coexistem com a mestra e cooperam para a educação da criança. [...]. A professora não
pode só ensinar. Ela deve ver dentro da alma, para ajudar a criança na sua
cura. Ela deve formar a personalidade, não pelo ensino, mas falando à sua alma,
ao seu espírito, a sua inteligência, com compreensão, humildade e respeito. [...] Veja mais aqui.
MEDITAÇÕES – [...] É
muito pouco chamar um homem de um pequeno mundo; exceto por Deus, o homem é um
diminutivo de nada. O homem consiste de mais peças, de mais partes que o mundo;
não o que o mundo faz, mas sim o que o mundo é. E se aquelas peças fossem
ampliadas [...] o homem seria um
gigante, e o mundo, um anão. [...] Nenhum
homem é uma ilha, completa em si mesma. Todo homem é um pedaço do continente, uma
parte da terra firme. Se um pedaço de terra for levado pelo mar, a Europa fica
menor, como se tivesse perdido uma montanha ou a casa de um amigo, ou a tua
própria. A morte de qualquer homem me diminui porque faço parte da humanidade.
Por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti. [...]. Trechos extraídos da obra Meditações (Landmark, 2007), do
poeta, prosador e clérigo inglês John
Donne (1572-1631). Veja
mais aqui.
CINCO POEMAS - A CANÇÃO DA VIDA: A vida é louca / a vida é uma sarabanda / é
um corrupio… / A vida múltipla dá-se as mãos como um bando / de raparigas em
flor / e está cantando / em torno a ti: / Como eu sou bela / amor! / Entra em
mim, como em uma tela / de Renoir / enquanto é primavera, / enquanto o mundo / não
poluir / o azul do ar! / Não vás ficar / não vás ficar / aí… / como um salso
chorando / na beira do rio… / (Como a vida é bela! como a vida é louca!) BILHETE: Se tu me amas, ama-me baixinho / Não o grites de
cima dos telhados / Deixa em paz os passarinhos / Deixa em paz a mim! / Se me
queres, / enfim, / tem de ser bem devagarinho, Amada, / que a vida é breve, e o
amor mais breve ainda… EMERGÊNCIA: Quem faz um poema abre uma janela. / Respira,
tu que estás numa cela / abafada, / esse ar que entra por ela. / Por isso é que
os poemas têm ritmo — / para que possas profundamente respirar. / Quem faz um
poema salva um afogado. OS POEMAS: Os poemas são pássaros que chegam / não se
sabe de onde e pousam / no livro que lês. / Quando fechas o livro, eles alçam
voo / como de um alçapão. / Eles não têm pouso / nem porto / alimentam-se um
instante em cada par de mãos / e partem. E olhas, então, essas tuas mãos
vazias, / no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em
ti… SEGUNDA CANÇÃO DE MUITO LONGE: Havia um corredor que fazia cotovelo: / Um
mistério encanando com outro mistério, no escuro… / Mas vamos fechar os olhos /
E pensar numa outra cousa… / Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das
correntes no algibe, / Puxando a água fresca e profunda. / Havia no arco do
algibe trepadeiras trêmulas. / Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes
uns dos outros, / E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como
vozes de leões. / Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu. / Havia os
azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo, / Uma paineira enorme e,
sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas… / Havia todos os ruídos, todas
as vozes daqueles tempos… / As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os
cachorros, / O chiar das chaleiras… / Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
/ Que ela não achava nunca? / A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do
Moinho, / Que saía em folhetim no Correio do Povo!… / A última vez que a vi,
ela ia dobrando aquele corredor escuro. / Ia encolhida, pequenininha, humilde.
Seus passos não faziam ruído. / E ela nem se voltou para trás! Poemas do poeta,
tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994). Veja mais aqui.
A ARTE DE ANCA STEFANESCU
A arte da
artista visual romena Anca Stefanescu.
&
As
aventuras de Tolinho & Bestinha aqui.
&
Da
hipocondria ao aluamento, a música d’Os Mutantes, a fotografia de Omar
Roble, a arte de Sergio Martinez Cifuentes & Filipe
Gil aqui.