PRA QUEM QUER O
FIM, A COISA SÓ TERMINA QUANDO ACABA – Imagens: arte da artista plástica, desenhista & vídeo
artista Carmela Gross. UMA – Um passarinho gorjeia toda manhã na
quinta do meu telhado. Conversa comigo. Os seus chilreios me dizem: A vida é
outra coisa. E seu canto faz disso refrão e estribilho. Entendo bem o que diz, e
respondo que sei, eu sei bem disso, meu caro amigo passarinho, só não sei, ao
certo, o que é que é, mas sei. O que é faz parte de outra coisa, a minha busca,
dia a dia, mente e coração. Só sei, meu nobre amigo passarinho, que você não sendo
como eu, não tem culpa, dívidas, passado, muito menos medo da morte. E eu? Eu sigo.
Ele voa, vai sem saber pra onde. Voo com ele, na imaginação. Aprendo coisas que
nem sei dizer, aprendo, sinto o inexplicável. E voo ao meu modo, todo dia, de
manhanzinha. Até acordar e esquecer. Reaprendo amanhã de novo, quando
amanhecer. DUAS – Ah, o ministro lá
desse desgoverno, parece ser o da pasta da Inducação – só sendo mesmo! -, não
se sabe ao certo por que cargas d’águas, tem mantido aos cochichos e só entre
os seus, ardilosamente a trama de adotar o sistema Escambau do Doro e, com
isso, resolver, de uma vez por todas, o problema entre alunos e professores.
Só? Parece que só, definitivamente. Na verdade, o propósito real não passa de jogada
para esvaziar a campanha e o discurso do presidenciável fuleiro emergente que
tem, conforme algumas pesquisas escusas catadas embaixo de sete capas nos
quintos dos infernos, mesmo aos peidos e pinotes, levantando o índice das preferências
do eleitorado. Pois é, dizem que aparece nas estatísticas como possível eleito
entre simpatizantes e indecisos, quem quiser que acredite nisso. Contudo, o que
é verdade de mesmo, é que o projeto passa pela cabeça do megalômano ministro,
como se fosse o seu projeto pessoal para uma reforma avassaladora na
escolaridade, na ortografia, na Lei de Diretrizes e Bases, no Plano Nacional e
Internacional no estopô calango e na febre do rato, tudo por tabela e em
cadeia. Para ele uma revisão revolucionária para acabar de vez com os problemas
educacionais do Brasil e do mundo. Como consequência, acredita o ministro
enterrar de vez não só a candidatura desproposital do Doro, como a de todos os
demais candidatos no pleito presidencial, mantendo, assim, a sua máxima de que quem
quiser estudar que pague. Pra isso é como se fosse um toque de mágica em todos
os problemas brasileiros: Pronto, resolvido. O Doro é que não anda nada feliz
com isso e diz: além de analfabeto, esse ministro é ladrão de ideia, que coisa
mais descarada desse sujeitinho tolo, hem? Ponto final. TRÊS – Falando nisso, quem acredita na justiça brasileira, hem? Uma
pesquisa realizada pelo DataPovo – na verdade, com meia dúzia de metidos a
besta -, trouxe a constatação de que nenhum, nenhunzinho brasileiro que esteja
em sã consciência, acredita na justiça brasileiro. Excetua a pesquisa, os
pirados, os bêbados de cair, as criancinhas de colo, os envultados e os que
estão mamando nas tetas da Mãe Pátria direta ou indiretamente – que são muitos,
senão quase todos. O Doro mesmo manifestou-se: Só há injustiça! Quando
consultaram o Robimagaiver: Ah, meu, se você quiser perder tempo e só entrar na
justiça que você morre e, só depois disso, é que resolve por bem ou por mal,
você já tá morto mesmo, tanto faz como tanto fez. O Bitiroaldo meio lá e meio
cá, depois de coçar o quengo, fazer careta e olhar prum lado e pro outro: Só
tem justiça pra pobre, rico que é bom... nem sei direito, aqui é tudo de pernas
pro ar, eu que me benzo e Deus que livre de justiça. Rolivânio ia passando todo
avexado e desentendido: O que é isso? Ao seu lado o Penisvaldo deu a desculpa:
Não sei do quê você está falando. Outros e outras que passavam, ao serem
perguntados, respondiam: Não sei de nada. Ah, vai te catar! Não tenho tempo
pras besteiras. Vá arrumar uma lavagem de roupa, porra! Você não tem o que
fazer? Ah, vai pra porra! Nessa hora vinha Vera toda reboladeira e reboculosa, sacou
do espelhinho – Vai filmar é? Peraí, deixa eu me ajeitar, tenho que me
embonecar toda para sair bem na fita -, e sempre indignada, deu a dela: Justiça
mesmo é perder de vista, a gente não sabe mais quem é a desfavor, se advogado,
juiz ou promotor; tudo farinha do mesmo saco e só pra foder a gente de qualquer
jeito, beleza? E pra Zé-Corninho: Não fale nisso perto de mim que já adoeço; já
perdi tanto que nem tenho mais onde cair morto. Aí o Doutor Zé Gulu que vinha
todo desligado e metido com suas ideias, de sopetão destampou: Num país
sem-vergonha como o Brasil, como falar de justiça, hem? Aqui tudo se confunde:
crime com virtude, ética com gatunagem, direito com ilicitude, aqui é o reino
dos contrários e haja paradoxo, se acha pouco, injustiça é o que manda e a
justiça vai só na onda pendendo para quem tem, como diz Mateus, 13:13: E o que
tem mais se lhe dará, e o que não tem até o que tem lhe será tomado! Eita,
gota! MAIS OUTRA, SAIDEIRA –
Dermevaldito era o protóripo do politicamente correto: abstêmio, antitabagista,
fisiculturista e metrossexual. Esbanjava saúde na academia, nas caminhadas,
musculoso na moda, asseado, perfumado, um colosso pros suspiros da mulherada.
Vivia a dar conselho do melhor viver com dietas, exercícios, regramento na
conduta, pensamento positivo e oração de gratidão no templo religioso todo
santo dia. Um exemplo a se seguir, como diziam todos. E era gente boa mesmo,
não tinha inimigos, cortês com todo mundo, atencioso, prestativo, fosse de lá
pra cá ou de cá pra lá, era o mesmo, sempre. Até que anteontem, durante uma
corrida de bicicleta, o nosso amigo se sentiu mal, coitado, e não deu nem tempo
descer pra descansar. Deu-lhe um piripaque, caiu de cara no chão, esparramou-se
todo desengonçado e na queda bateu as botas e babau, em pleno passeio. Que
coisa! Coração falhou na horagá, diagnosticaram. E que era hipocondríaco,
diziam. Por isso sentenciam: pra morrer basta estar vivo. E vamos aprumar a
conversa. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de
especial com as Cartas Celestes 1 e 8 do pianista e
compositor de música erudita Almeida Prado (1943-2010); Libertango, Storm & Sitarki da
violoncelista croata Ana Rucner; &
muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte
Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – O
homem moderno parece indiferente à ecologia e, em consequência já está pagando
um pesado tributo e tem, diante de si, três alternativas: modificar seu estilo
de vida, tornar-se menos pragmático, menos ambicioso, mais solidário; esperar o
desastre ecológico e sofrer as terríveis consequências da falta de alimentos,
de água e de oxigênio; preparar-se para o aumento da agressividade e das
divergências politicas entre as nações, capazes de desenvolver a catástrofe
nuclear. Pensamento do cientista e médico nutrólogo Nelson Chaves (1906-1982).
Veja mais aqui.
A ARTE & O ARTISTA - [...] Assim
atua o artista, porque ele vê no mundo um tecido de relações estando as coisas [...]
perpassadas por um fio de referência
mútuas, por isso todo comportamento é um comportamento no mundo. Nele as
coisas, os gestos, os atos, adquirem sentido [...] É esta apreensão no mundo que a arte mostra atravpes do sentimento de
situação do homem e através de suas emoções [...]. Trecho extraído da obra A racionalidade estética (EDIPUCRS,
1991) do filósofo, poeta, professor e crítico de arte Jayme Paviani.
A COR DE CADA UM – Na
República do Espicha-Encolhe cogitava-se de organizar partidos políticos por
meio de cores. Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul, houve quem
preferisse o amarelo, mas o vermelho não podia ser. Também era permitido
escolher o roxo, o preto com bolinhas e finalmente o branco. – Este é o melhor
– proclamaram uns tantos. – Sendo resumo de todas as cores, é cor sem cor, e a
gente fica mais à vontade. Alguns hesitavam. Se houvesse o duas-cores, hem?
Furta-cor também não seria mau. Idem, o arco-íris. Havia arrependidos de uma
cor, que procuravam passar para outra. E os que negociavam: só adotariam uma
cor se recebesse antes 100 metros de tecido da mesma cor, que não desbotasse
nunca. – Justamente o ideal é a cor que desbota – sentenciou aquele ali. – Quando
o governo vai chegando ao fim, a fazenda empalidece, e pode-se pintá-la na cor
do sol nascente. Este sábio foi eleito por unanimidade Presidente do Partido de
Qualquer Cor. Extraída da obra Contos
plausíveis (Record, 2006), do poeta, contista e
cronista Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Veja mais aqui.
ANA DE AMSTERDAM – No
Recife holandês, Ana / nua dançou para Nassau / que atravessou / a Rua da Balsa
e aportou / no corpo da rainha dos tanoeiros. / Nassau vinha embuçado / das
sombras da noite. / E fatigado das tarefas maurícias / ia repousar seus óleos
guerreiros / no torso nu de Ana, a Francesa. / Maurício deixava seus pagos
ilhados / e cavalgava como demônio sobre a távola / entre bucaneiros e
mercenários do porto. / Ana era a mais bela prostituta / do Cais do Porto do
Recife. / E fazia o sangue se rebelar / e acordar o sol nos olhos / dos homens
soturnos. / Ela veio de longe. / Das brumas do Velho Mundo. / Dos bordeis de
Marselha / Barcelona e Amstrerdam / seduzida pela América / terra jovem como
seu corpo / que era pertença / de marinheiros / troféu dos mascates / e bálsamo
para o Príncipe / Maurício de Nassau. / Atraído pelos aromas de Ana / Nassau
cerrava / o Palácio das Torres / e navegava os umbrais do instinto / no faro do
cio / dentro da noite misteriosa. / Além do mangue / Ana, a Rainha / dos
Tanoeiros, esperava / o príncipe noturno / que aportava / na claridade do seu
corpo. Extraído da obra Gesta
Pernambucana (Fundarpe, 1990), do escritor, jornalista, advogado,
professor, conferencista e tradutor Vital Corrêa de Araújo. Veja mais
aqui.
ASSIM É... SE LHE PARECE
Arte do
pintor, desenhista, cenógrafo e professor Nelson
Leirner. Essa obra remete logo à peça teatral Assim é: se lhe parece (Tordesilhas, 2011), do dramaturgo, poeta,
romancista siciliano e Prêmio Nobel de Literatura de 1934, Luigi Pirandello
(1867 – 1936), que conta a história dos habitantes de uma pequena cidade, que
ardem de curiosidade para desvendar o mistério que ronda os recém-chegados
moradores: o senhor Ponza, sua esposa e sua sogra, a senhora Frola. Os três só
andam de preto, não recebem visitas, e ninguém ainda viu de perto a senhora
Ponza. Com enredo simples, mesmo assim, encerra uma questão complexa: a ilusão
da verdade absoluta. Foi representada pela primeira vez em 1917, enquanto a
Itália passava pela insegurança da Primeira Guerra Mundial, a obra coloca em
cheque os conceitos de “verdade” e “objetividade”, expondo a história da
senhora Frola, uma velha que se muda para o mesmo prédio de uma família da alta
burguesia italiana, os Agazzi, e se recusa a recebê-los. Gesto que é encarado
com indignação pelo senhor Agazzi, ocupante de um cargo elevado na prefeitura
da pequena província. A revolta logo se torna perplexidade e curiosidade, com o
surgimento do senhor Ponza, genro da velha e colega de repartição do senhor
Agazzi. Ponza se desculpa pela sogra e pede que todos tenham paciência, pois
ela enlouqueceu com a morte da filha e agora está sob seus cuidados. Pouco
tempo depois, é a senhora Frola quem conta, de forma coerente e sã, ser o genro
quem de fato se abalou mentalmente e, portanto, acredita que a esposa está
morta. Entre idas e vindas de ambos, a confusão de todos aumenta cada vez mais,
beirando o desespero. Para piorar, o cunhado de Agazzi, Laudisi, insiste em
tentar convencê-los de que a verdade não existe. Veja mais aqui.
Veja mais:
Como as coisas são e como podem ser, o pensamento de Lou Andreas-Salomé, a música de Enrica Cavallo, a arte de Antoni Tàpies &
Misty Copeland aqui.
Folia Caeté na Folia Tataritaritatá, Ascenso Ferreira, Chiquinha Gonzaga, Nelson Ferreira,
Adolphe William Bouguereau, José Ramos Tinhorão, Agostino Carracci, Frevo,
Maracatu, Teatro & Carnaval, Dias de Momo As Puaras, Peró
Batista Andrade, Baco & Ariadne aqui.
Fevereiro, carnaval & frevo, Galo da Madrugada, Roberto DaMatta, Mauro Mota, Capiba, Orquestra
Contemporânea de Olinda, Mário Souto Maior, Valdemar de Oliveira, Zsa Zsa
Gabor, Helena Isabel Correia Ribeiro, Rollandry Silvério & Márcio Melo aqui.
A troça do Fabo aqui.
William Burroughs, Henfil, Ernest
Chausson, Liliana Cavani, Hans Rudolf Giger, Charlotte Rampling, Religi]ão
& Saúde Mental, A multa do fim do mundo & Auber Fioravante Junior aqui.
Quanto te vi, Christopher Marlowe, Duofel, Haim G.
Ginott, Mary Leakey, François Truffaut, Dona Zica, Natalie Portman, Ewa Kienko
Gawlik, Pais & filhos aqui.
A psicologia de Alfred Adler & Abaixo
a injustiça aqui.
Origem das espécies de Darwim & Chega
de injustiça aqui.
Três poemetos de amor pra ela aqui.
Slavoj Žižek & Direito do Consumidor aqui.
E a dança revelou o amor aqui.
Três poemas & a dança revelou o
amor... aqui.
Quando
ela dança tangará no céu azul do amor aqui.
A dançarina aqui.
&
A ARTE DE TINA MODOTTI
A arte da
fotógrafa, atriz, modelo e ativista política revolucionária italiana Tina Modotti (1896-1942).