quarta-feira, fevereiro 07, 2018

CECÍLIA MEIRELES, LIMA BARRETO, VICTOR HUGO, DAREL, DUPRAT, ROSA PASSOS, EVA BRAUN & MEIO AMBIENTE

QUANDO A GENTE VAI VER A COISA É OUTRA COISA – Imagem: De corpo inteiro, arte do pintor, desenhista, ilustrador e professor Darel Valença Lins (1924-2017). - PRÓLOGO: Ah, o ano mal começou e já estamos em fevereiro: a vida voa! E a gente voa junto sem saber muito bem o que é que há. A vida passa e muita mas muita gente mesmo fica a ver navios, o efêmero e seus simulacros. Eu, hem, tudo passa e amanhã não será de ninguém. UMA: ISSO É QUE É CARNAVAL, NUM É MESMO, GENTE? - Queria era falar de Alagoinhanduba, mas como Palmares é feito Brasília ao quadrado por causa duma gestão em duas com tudo de pernas pro ar e ladeira abaixo, se é que me entendem, mesmo com a recomendação do MP de não haver folia alguma por conta da crise, Panem et circenses, a gestão atual da Fundação-Casa-dos-que-nunca-leram-Hermilo resolveu organizar um carnaval, com apoio da Fundarpe & Empetur, hem hem, e patrocínio da cachaça Sifu, as Folias de Hermilo, cujo centennário foi o ano passado e a cidade é surda, quase passava em branco (no ano passado, não fosse a CEPE)! Trata-se da Premares (!?!), homenageando (é mesmo?) Veludo do Pife, Rabeca, Seu Insnard, Sinho, Dorjão Pinical & Tião PM (Havia tempo que isso tinha outro nome, né?). Tudo já começou na segunda com Dona Nininha do Coco que não deu pra ver, a Orquestra de Frevo Acorda Gente que parece que não veio, o Maracatu Piaba de Ouro idem, o que se viu mesmo foi uma tal de Chapuleta Grill na folia com o trio Asa do Brega e o som: Que música é essa? Benzodeus! E eu é que sei, ora! Maior tronchura, eca! A gente pula é com a zoada mesmo! Pois é. Na terça consta na programação o infantil Nave Moleque, a Orquestra Caxangá e o Bloco Sai do Armário (esse eu vi membros desfilando de dia pra cima e pra baixo), o resto é só pagar pra ver; na quarta, está prevista a Escola de Samba Galeria do Ritmo, Orquestra de Frevos Plural (sic), Bloco Lírico Amantes das Flores & Leões da Mata & Banda Bicho do Mato, tá; na sexta, está no cartaz a presença do parceiramigo Cikó Macedo & Bonecos Gigantes de Olinda, Orquestra de Frevos Vitrine Viva (sic), Caboclinho Tribo Oxossi Pena Branca & o tradicional Bloco das Puaras, mais Ozz Cuecas, André Marreta, Banda Luará & DJ Fabio Blair, tá e tá. Tudo isso porque no sábado, graças a Deus, é dia de Zé Pereira e todo mundo vai pro Galo da Madrugada. Do domingo em diante, a mundiça toda arriba para as praias tomar uma, mexer os esqueletos e não fazer nada porque ninguém é de ferro – já dizia Ascenso! Haja farofa, areia e munganga! Pois é, se aqui não é o Piauí, o cu do mundo é mesmo aqui! Já dizia o poeta Juá Correya: Melhor que Palmares City só Paris, de noite. DUAS: E POR FALAR EM CRISE – A economista Virilha Cunhão explica tudo na Alagoinhanduba TV, sempre com seu cabelo em desalinho, maquiagem e batom borrados, indumentária démodé & seu ar de sabichona fidapesta má fodida da gota, sobretudo sobre a crise: o PIB está de TPM e como o sex appeal da argúcia lógica no reverso da moeda do spread anda volátil de riba pra baixo, e pelo avesso, aí você ovula antes do tempo e os espermatozoides todos ficam doidões para molhar o biscoito no seu furico, aí é o fim da picada! Aí, no final só dá crise na Bolsa, no fígado, nos índices econômicos, nos rins, nos dividendos da poupança, na coluna, no tino dos políticos, na previdência social e na tonga da mironga do kabuletê que agarrou o pencó da coisa deflacionando o superávit da contingência inflacionária, o que vai dar na maior tranqueira pra lascar você, bestão, e só vai soltar sua frasqueira no ano que vem, oxalá! (Isto é, se você entender que ano que vem seja 2021, porque até lá, o golpista já fodeu tudo e todo mundo e salve-se quem puder!). Pois, assim fez-se Pandora a mais bela entre todas as ninfas e sátiros, mênades e bacantes abrindo a boceta do rito do diasparagmós na catábase da Patriamada, Brasilzilzilzilzilzilzil! Agora é só dissuadir as autoridades agorinha e já que, mesmo desconfiando do Poder Judiciário e todos os demais poderes deletérios que a gente já está careca de saber, o Brasil tem jeito – quando, ninguém sabe -, afinal, mesmo que confunda trambique com honestidade, erário público com bolso pra enricar político, tudo no fim, quer queira quer não, dá certo mesmo. Ah, faltou alguém perguntar pra ela: De que lado mesmo você está, hem? TRÊS: SAIDEIRA - Da primeira vez eu disse que ia e não fui, é que no mundo das coisas tudo se altera de forma complexa a ponto da gente se perder de vista. Da segunda vez eu nem queria ir e fui, feito um inacabado, em processo, tudo é muito mais trágico do que parece ser. Da terceira vez eu disse pra mim: agora vai dar certo! Não deu, de novo, teibei, fiquei só de comer o pão como fruto do trabalho, a punição milenar. E pra isso não há meio termo: ou paga ou se paga, de qualquer jeito. Não há faz de conta, tudo em cima da bucha, preto no branco e vice-versa. As alternativas, quantas? Nenhuma, no frigir do óbvio nos ovos, tudo pra nada, nove fora nada. Qual é? Ah, a pergunta que não quer calar: Por que a gente sofre e causa sofrimento aos outros, hem? Ah, porque todo mundo tem culpa no cartório, ora, todo mundo. E vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com a música do compositor, arranjador e maestro Rogério Duprat (1932-2006): The Brazilian Suite, Nhô Look & Brasil com S; da cantora, violonista e compositora Rosa Passos: Romance, Festival Jazz Vitória-Gasteiz & Live at Jazz Lincoln Center; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA –[...] Certas manhãs quando desço de bonde para o centro da cidade, naquelas manhãs em que, no dizer do poeta, um arcanjo se levanta de dentro de nós; quando desço do subúrbio em que resido há quinze anos, vou vendo pelo longo caminho de mais de dez quilômetros, as escolas publicas povoadas. Em algumas, ainda surpreendo as crianças entrando e se espalhando pelos jardins à espera do começo das aulas, em outras, porem, elas já estão abancadas e debruçadas sobre aqueles livros que meus olhos não mais folhearão,nem mesmo para seguir as lições de meus filhos [...]. Trecho extraído da obra Crônicas escolhidas (Publifolha, 1995), do escritor Lima Barreto (1881-1922). Veja mais aqui.

O QUE VOCÊ PODE FAZER POR TODOS NÓS – [...] Afinal, o que posso fazer de concreto a respeito do problema ambiental? [...] Você pode estar interessado em engajar-se em algum grupo ecológico, levantar bandeiras em passeatas, colher assinaturas para documentos de protesto ou disrtribuir panfletos preservacionistas [...] Você pode, também, sair pelo mundo plantando ávores. [...] Outra opção é passar a respeitar a natureza com mudanças de atitudes [...] Para se tornar um verdadeiro agente transformador, você deve simplesmente buscar novas informações e transmití-las ao maior número de pessoas que puder [...] Você sabe um pouco mais a respeito dos problemas ambientais do que a maioria de nossa população. Saiba, agora, que os maiores responsáveis por eles não são aqueles que estão no meio da floresta, desmatando-a, ou aqueles que estão poluindo os rios com mercúrio. Os verdadeiros responsáveis são os que, mesmo conhecendo a dimensão do problema, nada fazem para resolvê-lo. Esses acreditam que o simples fato de não estarem diretamente envolvidos na depredação os torna isentos de qualquer culpa. “Destruidores são os outros”, pensam. Você pode se tornar um deles facilmente. Sinto muito, caro leitor, mas acho que você acaba de se meter em uma enrascada. Ou ajuda, com seus conhecimentos a evitar a destruição de nossos ecossitemas ou se torna conivente com ela. [...]. Trecho extraído da obra Era verde? Ecossistemas brasileiras ameaçados (Atual, 2013), do professor doutor em Psiccologia, Zysman Neiman. Veja mais aqui.

ÚLTIMO DIA DE UM CONDENADO – [...] Os que julgam e condenam dizem que a pena de morte é necessária. Primeiro porque é importante subtrair da comunidade social um membro que já lesou e poderia lesá-la novamente. Se se tratasse apenas disso, a prisão perpetua bastaria. Para que a morte? Objetarão que se pode escapar de uma prisão. Façam melhor a sentinela. Se não acreditam na solidez das grades de ferro, como ousam ter zoológicos? Nada de carrasco onde casta o carcereiro. Mas, retorquirão, é preciso que a sociedade se vingue, que a sociedade puna. Nem uma coisa nem outra. Se vingar é próprio do individuo, punir é de Deus. A sociedade está entre os dois. O castigo está acima dela, e a vingança, abaixo. [...] Resta a terceira e última razão, a teoria do exemplo. É preciso dar o exemplo! É preciso assustar por meio do espetáculo do fim reservado aos criminosos, os que seriam tentados a imitá-los. [...] Só os jurados pareciam pálidos e abatidos mas era aparentemente, por causa da fadiga de terem velado toda a noite. Alguns bocejavam, Nada, no seu porte, anunciava homens que acabavam de trazer uma sentença de morte; e na figura destes bons burgueses eu só conseguia descobrir um grande desejo de dormir.[...] Se tudo a minha volta é monótono e descolorido, não existirá em mim uma tempestade, uma luta, uma tragédia? Esta ideia fixa que me possui não se me apresenta a cada hora, mas a cada instante, sob uma nova forma, sempre mais hedionda e ensanguentada à medida que o termo se aproxima? Porque não experimentar dizer a mim mesmo tudo o que sinto de violento e desconhecido nesta situação abandonada em que me encontro? Certamente, a matéria é rica; e por mais curta que seja a minha vida, haverá muito ainda – nas angústias, nos terrores, nas torturas que a encherão, desde esta hora até à derradeira – com que usar esta pena e esgotar este tinteiro. [...] A prisão é uma espécie de ser horrível, completo, indivisível, meio casa, meio homem. Eu sou a sua presa; ela incuba-me, ela enlaça-me com todas as suas pregas, ela encerra-me em suas muralhas de granito, Põe-me a cadeado sob sua fechadura de ferro, vigia-me com seus olhos de carcereiro. [...]. Trechos extraídos da obra O último dia de um condenado à morte (Integral, 1995), do escritor francês Victor Hugo (1802-1885). Veja mais aqui.

MULHER NO ESPELHO – Hoje que seja esta ou aquela, / pouco me importa. / Quero apenas parecer bela, / pois, seja qual for, estou morta. / Já fui loura, já fui morena, / já fui Margarida e Beatriz. / Já fui Maria e Madalena. / Só não pude ser como quis. / Que mal faz, esta cor fingida / do meu cabelo, e do meu rosto, / se tudo é tinta: o mundo, a vida, / o contentamento, o desgosto? / Por fora, serei como queira / a moda, que me vai matando. / Que me levem pele e caveira / ao nada, não me importa quando. / Mas quem viu, tão dilacerados, / olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados, / falará com Deus. / Falará, coberta de luzes, / do alto penteado ao rubro artelho. / Porque uns expiram sobre cruzes, / outros, buscando-se no espelho
. Poema extraído da obra Flor de poemas (Record, 1998), da escritora, pintora, professora e jornalista Cecília Meireles (1901-1964). Veja mais aqui.

EVA BRAUN
O filme Eva Braun (2015), escrito e dirigido pela cineasta italiana Simone Scafidi, conta a história da cineasta, fotógrafa e modelo alemã Eva Braun (1912-1945), que foi companheira de longa data de Hitler e, por menos de quarenta horas, sua esposa. Durante o relacionamento ela tentou duas vezes o suicídio, passando a ser presença constante na casa-refúgio do nazista. Com o desmoronamento do Terceiro Reich ela jurou lealdade a ele, casando-se e depois se suicidou com uma cápsula de cianeto. Destaque para atuação da belíssima atriz italiana Andrea Riva.

Veja mais:
A vida é linda, apesar dos enrustidos & dos chatos de galocha!, Selene, a lenda dos Bororos orientais, a7, a pintura de Laura Tedeschi, a música de Witold Lutoslawski & Ewa Kupiec aqui.
Aijuna, o mural dos desejos florescidos aqui.
Crônica de amor por ela aqui.
O Recife do Galo da Madrugada aqui.
Utopia, Charles Dickens, Alfred Adler, Carybé, Rogério Duprat, Hector Babenco, Sonia Braga & Tchello D’Barros aqui.
A psicanálise de Karen Horney & o papo da tal cura gay aqui.
A hipermodernidade de Gilles Lipovetsky & a trajetória Tataritaritatá aqui.
&
Três poemetos da festa de amor pra ela aqui.

A ARTE DE DAREL VALENÇA LINS
A arte do pintor, desenhista, ilustrador e professor Darel Valença Lins (1924-2017). Veja mais aqui, aqui e aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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