QUASE NADA PRA
DIZER – Imagem: arte da artista plástica
nipo-brasileira Tomie Ohtake
(1913-2015). – UMA: SAUDADES, DERY
NASCIMENTO (1968-2018) - A vida tem dessas coisas! A cada três horas um
novo capítulo e o paroxismo com toda chatura nos intervalos comerciais, uma
alfinetada insistente nos quibas e trololó pra se engalobar (como seria salutar
se alguém fritasse nessa hora: Cala boca, trepeça!). A gente nem se dá conta
que morre a cada dia, afinal a gente nasce pra morrer mesmo, esse o riscado e é
preciso aprender a conjugar o verbo direitinho. Sem essa taboada, a gente vive
na corda bamba pra tirar o atraso como se desse sentido pra boiar nas ondas dos
dias, larali laralá, dois pra lá & trocentos pra cá, ou vice-versa que é
mais certo e é assim que o samba vai ao ritmo do paradoxo, pisadas no calo do
dedo do pé, ai, chutes na canela, ui, vai na força de vontade, zis leões
rugindo no maluvido e o mundo cheio de nó pelas costas, sempre a insistir,
persistir e, se der – ninguém dos vizinhos ou entre os amigos comeu bosta de
cigano pra adivinhar o que é que vai dar depois dali e avisar pra gente -
perseverar, de repente: ué! Já era. Vai ver perdeu a hora, passou batido. E
foi? Se liga, meu. Tô ligado – em quê mesmo, hem? Sei lá, bola pra frente. Às
vezes, aliás, sempre aquela astúcia de dar o toque na intenção do arrodeio, mas
cadê pernas? Respira, senão desmonta e a queda livre vai dar de pés juntos, aí
acabou-se o que era doce. Nem carpideiras pra consolo. Muitas soube de lambaios
que viraram tabuleiro de pirolito no meio de uma saraivada de bala por rajadas
de metralhadora, oxe, pelo jeito não escapava, qual, taí vivinho da silva,
parece mais nem houve nada de tão ileso. Doutra feita, quantos de boa índole,
assim, sem mais nem menos, dá um tropicão, teibei, prazo de validade vencido e
já registrado num carrancudo atestado de óbito, com missa de sétimo dia
acertada. Como é? Isso mesmo! Parece mais que o céu anda levando logo as boas almas
pro seu time e deixar só as trepeças ruins pra torrar o mundo e a humanidade. Duvida?
Saudades, Dery. DUAS: DA IMPRENSA &
DOS NOTICIÁRIOS – Fogo morro acima, água ladeira abaixo, entra ano e sai
ano, a eloquência parece mais hipocrisia. A imprensa anuncia a menor inflação
da história e tudo sobe, alardeia a retomada “histórica” (sic, parece mais
aquela do milagre de 70) da economia superavitária com a indústria e o comercio
vendendo tudo e a gente só sacando crise, crise e crise, com um rombo de
bilhões de dólares no déficit público. Que droga é nove? Orwell, Huxley? Vamos
lá: as forças armadas subindo o morro dos bandidos nas periferias do Brasil,
ora, ora, culatra da braba, os principais e maiores estão em Brasília,
sobretudo nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. E mais: agora é pra
valer, qualquer ilação vira convicção e isso, pra acusação, sem provas nem
nada, exige-se justiça e pei buft: condenação certa, o que tem suas vantagens:
boato com cachete denorex ganha patamar de sofisma que, pra quem não sabe, dá
pra verossimilhança uma certidão da verdade ou xeque mate jurídico. Ou seja: o
que é não é e fica sendo, entendeu? Quantas heurísticas, tantas hermenêuticas. Na
dúvida, aparecem os felizardos – tem gente que mente que o cu apita! Enquanto
isso era uma vez uma reputação! No meio de cobra criada, quem não é sabido, é
alesado. Um recado: quem conhecer alguém preso cumprindo pena em qualquer penitenciária,
avisa que tem ministro do STF que é só um bom papo e dindim e o alvará de
soltura sai na hora. Uma coisa boa, acho, pelo menos acabará com a superlotação
prisional, né não? TRÊS: PRA FRENTE QUE
ATRÁS VEM GENTE - Pra quem tanto foi, perdeu a viagem e voltou com mala e
cuia, cada partida é um ponto de chegada! Dumas coisas aprendi nas quebradas: quem
faz a mala também desiste! Quem casa sabe que o amor não é bem assim e o buraco
que era por certo ali é mais embaixo. Quando não é uma coisa, é outra; cuspiu pra
cima quem não sai do lugar, finda gongado com o cuspe na cara. Afora isso, nem
todo domingo é de páscoa, nem toda segunda é ressaca, nem toda terça é
carnaval, nem toda quarta é de cinzas, nem toda quinta é de finados, nem toda
sexta é santa, nem todo sábado é Zé-pereira. Por isso a gente sente falta dos
mortos, eram mais divertidos. Eu queria era saber o que não sei, aó saberia
tudo, ou nada. Que coisa! Brincando de ordenar os termos: que a vida tem valia
se a gente é quem faz. Moral da história: duvido, graças a Deus. E vamos
aprumar a conversa. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com Frevo & Folia Caeté mais
homenagem ao compositor e maestro Dery Nascimento
(1968-2018): Suite Palmares 1 e 2,
Qualquer coisa que se pareça com algo 68, Quando o pensamento via, Reencontro,
Cais dos meus sonhos & Pianarei com Hermeto & muito mais nos mais de 2
milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais da homenagem aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Quando
se parte de um pensamento já fundamentado, apesar de não mais ter sido
desenvolvido, que um outro nos deixou, pode-se esperar ser possível leva-lo,
através da reflexão, mais além do que que o perspicaz homem, a quem se deve a
primeira centelha dessa luz, o levou. [...]. Trecho extraído da obra Prolegômenos (Abril Cultural, 1980), do
filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804). Veja mais aqui.
COISA COM COISA - [...] Posso me aventurar a manifestar
minha convicção sobre o grande valor destes estudos [...] Como de cada espécie
nascem ainda mais indivíduos dos que podem sobreviver, e como, em consequência
disso, há uma luta pela vida, que se repete frequentemente, segue-se que todo
ser, se varia, por débil que esta possa ser, de algum modo proveitoso para ele
sob as complexas e às vezes variáveis condições da vida terá maior
probabilidade de sobreviver e de assim ser naturalmente selecionado. Segundo o
poderoso princípio da hereditariedade, toda variedade selecionada tenderá a
propagar sua nova e modificada forma. [...] Trecho extraído do livro A origem das espécies por meio da seleção
natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida (Escala,
2009), do naturalista britânico Charles Robert Darwin (1809 — 1882).
Veja mais aqui.
DE AMOR E EROTISMO – [...] no
amor, são dois mundos estranhos que se encontram, dois contrários; dois mundos
entre os quais não existe e nunca poderão existir essas pontes lançadas entre
nós, nem aquilo que aparentemente nos está ligando: algo semelhante, familiar e
que nos dá a sensação de caminharmos para nós mesmos e em nossos próprios
domínios quando dele nos aproximamos. Não é por acaso que, às vezes, o amor e o
ódio se assemelham e tendem, por conseguinte, a se alternar na tempestade da
paixão. [...]. Também se diz, e não
sem razão, que o amor concede sempre a felicidade, mesmo o amor infeliz; isso
com a condição de darmos a essa máxima um sentido suficientemente desprovido de
sentimentalidade e, por isso, sem levar em conta o parceiro amoroso. Pois,
ainda que pareçamos completamente repletos dele, estamos de fato repletos do
nosso próprio estado que, como acontece em todos os estados de embriaguez, nos
torna incapazes de nos interessarmos objetivamente por qualquer coisa. O objeto
amado limita-se, por isso, a ser o desencadeador de nossa agitação. E o faz do
mesmo modo que um som ou um perfume, vindos do mundo exterior e lembrando a
existência de mundos plenos, podem vaguear num sonho noturno. [...] Um laço aceito para uma vida inteira só é
estabelecido ao preço do apagamento de um afeto anterior, do surgimento de uma
vontade posterior e destinada a durar, daquilo que se sabe suficientemente rico
para conseguir em tais sacrifícios. Porque o que aí se quer vivido até o fim é
uma vida que requer a mesma proteção, as mesmas atenções e o mesmo espírito de
sacrifício que o filho engendrado pelos corpos. No fundo, isso não é mais nem
menos que aquilo que implicitamente se pretende de quem quer que sededique,
contra ventos e marés, a um serviço, a uma causa, a que coraria como jamais
antes se tivesse se tornado um desertor no exato momento em que foi colocado em
perigo [...]. Trechos extraídos da obra Reflexões
sobre o amor e O erotismo (Landy, 2005), da escritora
russa Lou Andreas-Salomé (1861-1937). Veja mais aqui.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORTE - [...] A
lamentação da perda de um amigo ou de um parente de sangue é a simples
lamentação da presença, da falta, em todos os sentidos, material, que o morto
começou a fazer aos que ficaram. Tanto isto é uma indiscutivcl verdade, que o
tempo vai desabituando-nos a viver sem os nossos mortos mais queridos,
substituindo-os por vivos que, ao nosso afeto, assumem grande importância,
causando mesmo a nova impressão de que, se não existissem precisariam ser
inventados e, se morressem, seria impossível resistir à sua perda. [...] Dissemos que o que se lamenta na morte do
outro é a perda de sua presença. No entanto, o que devia ser mais deplorável, o
que mais apropriadamente devia ser considerado perda são os dons e as
competências que se levam para o túmulo. São as habilidades intransmissíveis,
como por exemplo: o pianista que morre e não deixa para o filho o poder dos
seus dedos sobre o teclado. O cantor que sai da vida, sem legar a voz a um
irmão ou a um amigo [...] No entanto,
estas são as coisas que deviam ser mais pranteadas: o poder, a arte, a magia, o
atletismo, que cada um leva para o túmulo. [...] Extraído de Pernoite: crônicas(Martins Fontes/Funarte,
1989), do poeta, radialista e compositor pernambucano Antônio Maria (1921-1964).
Veja mais aqui.
A TERRA CAIU NO CHÃO – Visitando
o meu sertão / Que tanta grandeza encerra, / Trouxe um punhado de terra / Com a
maior satisfação. / Fiz isso na intenção, / Como fez Pedro Segundo, / De quando
eu deixasse o mundo / Levá-lo no meu caixão. / Chegando ao Rio, pensei / Guardá-lo
só para mim / E num saquinho de brim / Essa relíquia encerrei! / Com carinho e
com cuidado / Numa ripa do telhado / O saquinho pendurei... / Uma doença apanhei
/ E, vendo bem próxima a morte, / Lembrando as terras do norte, / Do saquinho
me lembrei. / Que cruel desilusão! / As traças, sem coração, / Meteram os
dentes no saco, / Fizeram um grande buraco / E a terra caiu no chão. Do
poeta Zé da Luz (Severino
de Andrade Silva, 1904 —1965). Veja mais aqui e aqui.
CLAIR DE FEMME, DE COSTA GRAVRAS
O filme Clair de femme (Um Homem, uma Mulher, uma Noite, 1979), dirigido pelo
cineasta grego Costa-Gavras, conta a
história de um capitão que perdeu sua esposa vítima de câncer e uma linda
mulher que perdeu sua filha em um acidente de carro, que se conhecem por uma
noite e se separarão para nunca mais se encontrar. Destaque para a atuação da
atriz austríaca Romy Schneider (1938-1982). Veja
mais aqui.
Veja mais:
O milagre do amor na festa do dia e da noite, Oscar
Wilde, a música de Richard Strauss
& Inga Nielsen, Violante Placido & a arte de Luciah Lopez aqui.
A vida que sou na alma do Recife, a literatura de Osman Lins, a música de Marlos Nobre, a arte de Cícero
Dias & André Cunha aqui.
O teatro e a poesia de Bertolt Brecht aqui.
Bacalhau do Batata aqui.
Padre Bidião, o retiro & o séquito
das vestais aqui.
Quarta-feira do Trâmite da Solidão aqui.
Mais que nunca é preciso cantar aqui.
Bertolt Brecht, Boris Pasternak, Vanessa
da Mata, Bigas Luna, Francesco Hayez, Penélope Cruz & Abigail de Souza aqui.
Clarice Lispector, Luis Buñuel, Björk,
Yedda Gaspar Borges, Brunilda, Vicente do Rego Monteiro, Téa Leoni, Doro &
Absurdo aqui.
O amor é o reino da surpresa aqui.
O príncipe de Maquiavel aqui.
Personalidade, Psicopatologia &
Anexim do Umbigocentrismo, um ditado impopular aqui.
A entrega total do amor aqui.
Psicologia
da Personalidade aqui.
Psicanálise aqui.
Boi de fogo aqui.
Poetas do Brasil, Gregório de Matos
Guerra, Sheryl Crow, aqui. Yedda
Gaspar Borges, Iracema Macedo, Fidélia Cassandra, Jade da Rocha,
Psicodiagnóstico, Controle & Silêncio Administrativos
Eliete Cigarini, Abuso Sexual,
Condicionamento Reflexo & Operante aqui.
Poetas do Brasil, Satyricon de Petrônio,
Decameron de Boccaccio, Jorge de Lima, Laura Amélia Damous, Sandra Lustosa,
Arriete Vilela, Sandra Magalhães Salgado, Celia Lamounier de Araújo &
Simone Moura Mendes aqui.
Anna Pavlova, a Psicanálise de Freud
& Adoção aqui.
A magia do olhar de quem chega aqui.
A mulher chinesa aqui.
Tarsila do Amaral, Psicopatologia &
Transtornos de Consciência, Direito, Consumidor & Internet aqui.
José Saramago, Hannah Arendt, Luís
Buñuel, Sérgio Mendes, Catherine Deneuve, Frederico Barbosa, Barbara Sukova, Os
Assassinos do Frevo & Gilson Braga aqui.
Skinner, Walter Smetak, Costa-Gavras,
Olga Benário, Kazimir Malevich, Irene Pappás, Camila Morgado & Pegada de
Carbono aqui.
Marcio Baraldi & Transversalidade na
Educação aqui.
Padre Bidião & as duas violências aqui.
A literatura de Rubem Fonseca aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando o banguelo
vê esmola grande fica mais assanhado que pinto no lixo aqui.
Big Shit Bôbras & o paredão: quem vai
tomar no cu aqui.
ONLY YOU, DE LEONARDO KOSSOY
Arte fotográfica que reúne
fotografias, vídeos e instalações do fotógrafo Leonardo Kossoy, baseado no livro homônimo (G. Ermakoff Casa, 2015), de Roberto
Tejada, Fernando Azevedo & Leonardo Kossoy, contando a história de um homem
e uma mulher desempenhando alegorias incidentais da vida a dois.