DOS LABIRINTOS QUE BROTAM DE SI PRA VIDA - Quantos labirintos
nascem em cada um e se insinua na vida pelas ruas pra onde ir das esquinas,
becos, travessas, transversais com seus intricados percursos que dão nas
rodovias das estradas sem fim e que se perdem dentro de si e feito Teseu
desorientado com a emergência de zis minotauros aos tantos dédalos nas horas e
o que fazer entre manhãs e tardes do dia, até sem saber escuridão da noite com
todos os gatos que são pardos e equivoca com o que não vê nem prevê a luz plena
da compreensão dos pensamentos e ações das complicações paradoxais de ter ido
tão longe e perceber que não saiu de lugar algum, como se devaneio fosse aflorando
das ideias aos turbilhões das escolhas, qual opção certa e o erro à espreita
pras quedas e abissais calamidades que nada mais são que decepções pelo que foi
feito em nome do que era correto na esdrúxula convicção e o desapontamento de
não ter ido quando deveria chegar junto, despojado do orgulho que impedia
sempre de se sentir o mais humano entre humanos e do que era ou sempre foi às
vezes do ser e não ser isso ou aquilo, dependendo da conveniência de se
esconder de si como se fosse outro, máscaras que se justapõem aos montes e
carapuças que se ajustam ao alter ego na confusão do vai não vai, ainda é cedo,
já é tarde, e a coragem pros desafios de seguir em frente sem saber ao certo se
vale a pena e os desaforos pra prosseguir resiliente contra tudo e todos os embaraços
para debater-se aos prantos à constatação do quão ludibriado em suas crenças e
certezas ao esbarrar com a Esfinge com os enigmas da existência e seus enredos pro
desengano pela sedução de todas as sereias voluptuosas com os acenos das
promessas de fortunas e venturas e no fim da meada olhar pra trás e vê-se ao
cúmulo do arrependimento por todos os castelos de areia erguidos na faina do
progresso, esfacelados aos ventos do seu próprio deserto entre os dedos e no
fim da picada ter de ir contra a vontade pela obrigação do compromisso assumido,
a enveredar naquilo que não tem o menor domínio, só pelo simples intento de
fazer diferente, quem sabe dá certo, vai que cola nas coxas e atira no que viu
acertando no que sequer sabia existir a se jogar à deriva das condições ao
sabor das ondas rumo ao incerto, naquela do pior que está não pode ficar, e chegar
ao fundo do poço enganando a si mesmo uma vitória jactanciosa só por se arvorar
a dar volta por cima no lamaçal da integridade, teimando com arrazoados
infrutíferos como se tivesse uma carrada de razões para se manter casmurro a
qualquer custo, laureado por nenhum prêmio além da vaidade, girando o mundo na
órbita do umbigo só por capricho da insensatez na incoerência das alucinações,
sem dar conta dos sobressaltos e o frio na barriga, pálido do inesperado,
deprimido por resultados adversos e situações aversivas constantes, pronde tu
vai? E a cavilação ignota no sinal fechado às cabeçadas e falando sozinho altas
horas da noite, regurgitando mágoas, ruminando frustrações remoídas na
hibernação solitária, cadê estômago pros batráquios indigestos, quantas caras e
bocas pra disfarçar o nocaute com o chute nos testículos inchados, oh não, arriado
na porta com a placa avisando não entre, propriedade privada, cão raivoso e
sujeito a pipocos de bala a granel pela vigilância indômita para aplacar
qualquer invasão, pronde tu vai? Quanta gente infeliz há milênios brigam e
rastejam para manter posição e ganhos em detrimento de paz e espiritualidade, a
culpa lavando choro na pia, personas no palco da vida, se assunte e tome tento:
a vida não é qualquer coisa. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
O GENERAL EM SEU LABIRINTO
[...] Examinou o
aposento com a clarividência de quem chega ao fim, e pela primeira vez viu a
verdade: a última cama emprestada, o toucador lastimável cujo turvo espelho de
paciência não o tornaria a refletir, o jarro d'água de porcelana descascada, a
toalha e o sabonete para outras mãos, a pressa sem coração do relógio octogonal
desenfreado para o encontro inelutável de 17 de dezembro, à uma hora e sete
minutos de sua tarde final. Então cruzou os braços contra o peito e começou a ouvir
as vozes radiosas dos escravos cantando a salve-rainha das seis nos trapiches, e
avistou no céu pela janela o diamante de Vênus que ia embora para sempre, as neves
eternas, a trepadeira nova cujas campânulas amarelas não veria florescer no sábado
seguinte na casa fechada pelo luto, os últimos fulgores da vida que nunca mais,
pelos séculos dos séculos, tornaria a se repetir.
Trecho
extraído da obra O general em seu
labirinto (Record, 2000), do escritor, jornalista e ativista político
colombiano Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Marquez (1927-2014),
retratando os últimos dias do General Simón Bolívar – O Libertador. Veja mais
aqui.
Veja
mais sobre:
História
Universal da Temerança, La
Divina Increnca de Juó Bananére, Savarasti,
Ator e estranhamento de Eraldo Pera Rizzo, a música
de Mônica Feijó, a poesia de Colombina, a pintura de Alfred
Pellan & Kellie Day aqui.
E mais:
Vamos
aprumar a conversa, a poesia de Mario Quintana, a música
de Iancu Dumitrescu, o ativismo
anarquista de Maria
Lacerda de Moura, Toda América de Ronald de Carvalho, Aventuras galantes de Rabelais, Pele de lobo de Artur Azevedo, o cinema de Mario Monicelli & Faith
Minton, a pintura de Alfred Pellan & Pierre-Paul Prud'Hon aqui.
Do individualismo ao umbigocentrismo, o
pensamento de Gianni Vattimo, A mulher no Diário de
um sedutor de Kierkegaard, O poema do haxixe de Baudelaire, Tribo Ik, Antípodas
Tropicais de Adriano Nunes aqui.
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delícias do pomar dela, Abre-te Sésamo: Monstesquieu, Declaração
de amor de Michael Moore, Imprensa
Brasileira & Big Shit Bôbras: o Big Bode aqui.
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de retórica aqui.
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desiste jamais saberá o gosto de qualquer vitória, A ciência
da linguagem de Roman Jakobson, Caminhos de Swan de Marcel Proust, a música
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Karsten, a arte de Regina José Galindo
& Tortura é crime aqui.
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Ribeiro, A história da vida de Helen Keller, O anarquismo de Emma
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PROMESSAS E INCERTEZAS DA ESCOLA
[...] A de
construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e não para o trabalho,
contrariando a subordinação funcional da educação escolar à racionalidade econômica
vigente. É na medida em que o aluno passa à condição de produtor que nos
afastamos de uma concepção molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da
repetição de informação para a produção de saber; a de fazer da escola um sítio
onde se desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de aprender, cuja
importância decorrerá do seu valor de uso para “ler” e intervir no mundo e não
dos benefícios materiais ou simbólicos que promete no futuro; a de transformar
a escola num sítio em que se ganha gosto pela política, isto é, onde se vive a
democracia, onde se aprende a ser intolerante com as injustiças e a exercer o
direito à palavra, usando- a para pensar o mundo e nele intervir. [...].
Trecho do artigo A
escola: das “promessas” às “incertezas” (Unisinos, 2008), do professor catedrático e doutor em Ciências da
Educação, Rui Canário, autor da obra
A escola tem futuro? (Artmed, 2009), na qual o autor faz uma reflexão crítica
acerca da necessidade de transformação da escola com base em planos
fundamentais de pensar a escola a partir da educação não-escolar;
caminhar no sentido de desalienar o trabalho escolar, para que o trabalho de
aprender possa ser vivido como uma “obra” e transformar a educação, e em
particular a escola, através de movimentos sociais. Veja mais aqui e aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: a arte do pintor e escultor academicista francês Jean-Léon Gérôme (1824-1904)
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.