terça-feira, maio 16, 2017

O LABIRINTO DE GARCÍA MARQUEZ, A ESCOLA DE RUI CANÁRIO & A ESCULTURA DE GÉRÔME

DOS LABIRINTOS QUE BROTAM DE SI PRA VIDA - Quantos labirintos nascem em cada um e se insinua na vida pelas ruas pra onde ir das esquinas, becos, travessas, transversais com seus intricados percursos que dão nas rodovias das estradas sem fim e que se perdem dentro de si e feito Teseu desorientado com a emergência de zis minotauros aos tantos dédalos nas horas e o que fazer entre manhãs e tardes do dia, até sem saber escuridão da noite com todos os gatos que são pardos e equivoca com o que não vê nem prevê a luz plena da compreensão dos pensamentos e ações das complicações paradoxais de ter ido tão longe e perceber que não saiu de lugar algum, como se devaneio fosse aflorando das ideias aos turbilhões das escolhas, qual opção certa e o erro à espreita pras quedas e abissais calamidades que nada mais são que decepções pelo que foi feito em nome do que era correto na esdrúxula convicção e o desapontamento de não ter ido quando deveria chegar junto, despojado do orgulho que impedia sempre de se sentir o mais humano entre humanos e do que era ou sempre foi às vezes do ser e não ser isso ou aquilo, dependendo da conveniência de se esconder de si como se fosse outro, máscaras que se justapõem aos montes e carapuças que se ajustam ao alter ego na confusão do vai não vai, ainda é cedo, já é tarde, e a coragem pros desafios de seguir em frente sem saber ao certo se vale a pena e os desaforos pra prosseguir resiliente contra tudo e todos os embaraços para debater-se aos prantos à constatação do quão ludibriado em suas crenças e certezas ao esbarrar com a Esfinge com os enigmas da existência e seus enredos pro desengano pela sedução de todas as sereias voluptuosas com os acenos das promessas de fortunas e venturas e no fim da meada olhar pra trás e vê-se ao cúmulo do arrependimento por todos os castelos de areia erguidos na faina do progresso, esfacelados aos ventos do seu próprio deserto entre os dedos e no fim da picada ter de ir contra a vontade pela obrigação do compromisso assumido, a enveredar naquilo que não tem o menor domínio, só pelo simples intento de fazer diferente, quem sabe dá certo, vai que cola nas coxas e atira no que viu acertando no que sequer sabia existir a se jogar à deriva das condições ao sabor das ondas rumo ao incerto, naquela do pior que está não pode ficar, e chegar ao fundo do poço enganando a si mesmo uma vitória jactanciosa só por se arvorar a dar volta por cima no lamaçal da integridade, teimando com arrazoados infrutíferos como se tivesse uma carrada de razões para se manter casmurro a qualquer custo, laureado por nenhum prêmio além da vaidade, girando o mundo na órbita do umbigo só por capricho da insensatez na incoerência das alucinações, sem dar conta dos sobressaltos e o frio na barriga, pálido do inesperado, deprimido por resultados adversos e situações aversivas constantes, pronde tu vai? E a cavilação ignota no sinal fechado às cabeçadas e falando sozinho altas horas da noite, regurgitando mágoas, ruminando frustrações remoídas na hibernação solitária, cadê estômago pros batráquios indigestos, quantas caras e bocas pra disfarçar o nocaute com o chute nos testículos inchados, oh não, arriado na porta com a placa avisando não entre, propriedade privada, cão raivoso e sujeito a pipocos de bala a granel pela vigilância indômita para aplacar qualquer invasão, pronde tu vai? Quanta gente infeliz há milênios brigam e rastejam para manter posição e ganhos em detrimento de paz e espiritualidade, a culpa lavando choro na pia, personas no palco da vida, se assunte e tome tento: a vida não é qualquer coisa. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

O GENERAL EM SEU LABIRINTO
[...] Examinou o aposento com a clarividência de quem chega ao fim, e pela primeira vez viu a verdade: a última cama emprestada, o toucador lastimável cujo turvo espelho de paciência não o tornaria a refletir, o jarro d'água de porcelana descascada, a toalha e o sabonete para outras mãos, a pressa sem coração do relógio octogonal desenfreado para o encontro inelutável de 17 de dezembro, à uma hora e sete minutos de sua tarde final. Então cruzou os braços contra o peito e começou a ouvir as vozes radiosas dos escravos cantando a salve-rainha das seis nos trapiches, e avistou no céu pela janela o diamante de Vênus que ia embora para sempre, as neves eternas, a trepadeira nova cujas campânulas amarelas não veria florescer no sábado seguinte na casa fechada pelo luto, os últimos fulgores da vida que nunca mais, pelos séculos dos séculos, tornaria a se repetir.
Trecho extraído da obra O general em seu labirinto (Record, 2000), do escritor, jornalista e ativista político colombiano Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Marquez (1927-2014), retratando os últimos dias do General Simón Bolívar – O Libertador. Veja mais aqui.

Veja mais sobre:
História Universal da Temerança, La Divina Increnca de Juó Bananére, Savarasti, Ator e estranhamento de Eraldo Pera Rizzo, a música de Mônica Feijó, a poesia de Colombina, a pintura de Alfred Pellan & Kellie Day aqui.

E mais:
Vamos aprumar a conversa, a poesia de Mario Quintana, a música de Iancu Dumitrescu, o ativismo anarquista de Maria Lacerda de Moura, Toda América de Ronald de Carvalho, Aventuras galantes de Rabelais, Pele de lobo de Artur Azevedo, o cinema de Mario Monicelli & Faith Minton, a pintura de Alfred Pellan & Pierre-Paul Prud'Hon aqui.
Do individualismo ao umbigocentrismo, o pensamento de Gianni Vattimo, A mulher no Diário de um sedutor de Kierkegaard, O poema do haxixe de Baudelaire, Tribo Ik, Antípodas Tropicais de Adriano Nunes aqui.
As delícias do pomar dela, Abre-te Sésamo: Monstesquieu, Declaração de amor de Michael Moore, Imprensa Brasileira & Big Shit Bôbras: o Big Bode aqui.
Princípios de retórica aqui.
A educação na sociologia de Max Weber aqui.
Quem desiste jamais saberá o gosto de qualquer vitória, A ciência da linguagem de Roman Jakobson, Caminhos de Swan de Marcel Proust, a música de Secos & Molhados & Luiza Possi, a pintura de Henry Asencio, a fotografia de Thomas Karsten, a arte de Regina José Galindo & Tortura é crime aqui.
Tudo em mim, mestiço sou, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, A história da vida de Helen Keller, O anarquismo de Emma Goldman. a música de Guilhermina Suggia, Viviane Madu & Os Fofos Encenam, a escultura de Luiz Morrone, a fotografia de Pisco Del Gaiso & a pintura de Martin Eder aqui.
Educação, professor-aluno, gestão escolar & neuroeducação, Livro dos sonhos de Jorge Luis Borges, Neurociência & Educação, Ciência psicológica de Michael Gazzaniga, a música de Ayako Yonetan, a fotografia de Anton Giulio Bragaglia, a pintura de Jean Metzinger & Anthony Gadd aqui.
Cantarau Tataritaritatá, a literatura de John dos Passos, O teatro pobre de Jerzy Grotowski, a música de Carlos Careqa, Estética teatral de José Oliveira Barata, a coreografia de Xavier Le Roy, a arte de Alex Mortensen & Vesselin Vassilev aqui.
Manchetes do dia: ataca o noticiário matinal, Folclore pernambucano de Pereira da Costa, Filosofia da Linguagem, Vinte vezes Cassiano Nunes, a música de Fabian Almazan, a coreografia de Doris Uhlich, a pintura de Nicolai Fechin & a arte de Roberto Prusso aqui.
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
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PROMESSAS E INCERTEZAS DA ESCOLA
[...] A de construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e não para o trabalho, contrariando a subordinação funcional da educação escolar à racionalidade econômica vigente. É na medida em que o aluno passa à condição de produtor que nos afastamos de uma concepção molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repetição de informação para a produção de saber; a de fazer da escola um sítio onde se desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de aprender, cuja importância decorrerá do seu valor de uso para “ler” e intervir no mundo e não dos benefícios materiais ou simbólicos que promete no futuro; a de transformar a escola num sítio em que se ganha gosto pela política, isto é, onde se vive a democracia, onde se aprende a ser intolerante com as injustiças e a exercer o direito à palavra, usando- a para pensar o mundo e nele intervir. [...].
Trecho do artigo A escola: das “promessas” às “incertezas” (Unisinos, 2008), do professor catedrático e doutor em Ciências da Educação, Rui Canário, autor da obra A escola tem futuro? (Artmed, 2009), na qual o autor faz uma reflexão crítica acerca da necessidade de transformação da escola com base em planos fundamentais de pensar a escola a partir da educação não-escolar; caminhar no sentido de desalienar o trabalho escolar, para que o trabalho de aprender possa ser vivido como uma “obra” e transformar a educação, e em particular a escola, através de movimentos sociais. Veja mais aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: a arte do pintor e escultor academicista francês Jean-Léon Gérôme (1824-1904)
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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