quarta-feira, maio 17, 2017

A ESCOLA DE CORTELLA, A ARTE DE LILI REYNAUD-DEWAR, LARISSA MARQUES & CADA QUAL SEU QUINHÃO



CADA QUAL SEU QUINHÃO – (Imagem: Live Through That?! (2014), da artista francesa Lili Reynaud-Dewar, no New Museum, Nova Iorque). - O que seria a vida não fossem os naufrágios tantos, superações a mais, acaso outros eventos valessem renascer a cada decisão tomada, por aquiescência, ou emergência, ou mesmo conveniência, o alívio de haver feito o que deveria na horagá. Longe tudo é demasia, quase perto só escassez. Sou o que me sobra no afeto das paredes, sorrio com o gosto das despedidas, sempre, aos laços que se desatam e me levam ao desapego. Talvez esteja à revelia do querer além da conta, tanta coisa e quase nada, como aranha desconstruindo teias, abelha sustando mel, menino com a mão no pesadelo, travesseiro ao calafrio. Não tivesse que aprender da escuridão, não valeria nada o sorriso iluminando o amanhã. Vai longe a memória do prazer, antes houvesse paz pra comungar abraços. Se a cada instante o dia D no ápice da iminência, enredando tentáculos muitos por rastros que se expressarão nos passos vindouros. Se há conflito é porque houve colisão no encontro e isso dói demais. E se maldissesse os desencontros, jamais valeria amar depois de tudo. Não tivesse que provar do fel, não saberia gosto algum ao paladar. O que falar de flores, não fosse o apaziguamento da correria doida das horas na lâmina do tempo. Não saberia brisa sem as labaredas da agonia intempestiva e ruidosa dos desamores, como se o vento fosse mais que a placidez depois das tormentas. Quando não se tem mais saída, ah, é chegada a hora de rejuvenescer. Ao cuspir no prato que se come, nega-se a oportunidade da troca de afetos. Não haveria valor pro sono, não fosse a vigília atabalhoada de todos os afazeres aguerridos, e se perdeu o tom da música é porque o coração enrijeceu no reino da indiferença. Cada qual os seus mistérios, segredos irreveláveis, guardados a sete chaves no álbum de recordações. Quantos planos futuros e a corrente de rio, coisas que vão e passam e quase nem se dá conta. Cada qual seu espólio, se façanhas ou louros, impossível apagar o que foi feito, já era, resta esquecer ou se amedrontar de ser surpreendido a todo instante por lembranças nada agradáveis. Quanta carapaça, garapas pra calmaria no meio das emoções exaltadas, histerias de não saber, intrigas e querelas assomam por entre simulacros e talismãs. Cada qual sua crença e devoção, entre álibis e vilezas, caras múltiplas para truques e trapaças. Cada qual seu Brasil, enredos e tramas, suntuosidades de lixo, misérias de luxo. Cada qual seu carpir, seus rituais e manias, suas obsessões entre dádivas e merecimentos, limites e extensões, haurindo o ouro de si, exaurindo o que há de melhor em si mesmo, no meio das dúvidas e opiniões, suas trevas e maldições. Cada qual os seus encantos e magias, temores e arrepios nas horas extras ou quase, trunfos e mesquinharias que vazaram e nem curtiu direito e o brio vacilante com o que será do porvir, a cada dia exposto ao frio e à desolação. Cada qual seu quinhão. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

A ESCOLA DE CORTELLA
Todas e todos que atuamos em Educação, porque lidamos com formação e informação, trabalhamos com o conhecimento. O conhecimento, objeto da nossa atividade, não pode, no entanto, ser reduzido à sua modalidade científica, pois, apesar de ela estar mais direta e extensamente presente em nossas ações profissionais cotidianas, outras modalidades (como o conhecimento estético, o religioso, o afetivo etc.) também o estão. Não é fácil escapar dessa redução, pois hoje, mais do que nunca, o produto científico tem um peso tremendo no dia a dia das pessoas. [...] a alegria [...] é resultante de um processo de encantamento recíproco, no qual a transação de conhecimentos e preocupações não é unilateral. A sala de aula é, simbolicamente, um lugar de amorosidade. Mas a amorosidade não é um símbolo, é um sentir. Não pode ser anulada (como o símbolo pode). Só ausentar-se. [...]
Trechos da obra A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos (Cortez, 1998), do filósofo e professor Mario Sérgio Cortella. Veja mais aqui, aqui e aqui.

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O amor & Crônica de amor por ela, Cultura pós-moderna & global de Lucia Santaella, A bem-amada de Thomas Hardy, a música de Brahms & Marin Alsop, a poesia de Virgilio & Rabindranath Tagore, A commedia dell’arte, o cinema de Wong Kar-Wai & Maggie Cheung, a pintura de Antonio Rocco, a arte de Corina Chirila & Lenilda Luna aqui.
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SOUL-TE & A ARTE DE LARISSA MARQUES
nunca deixei ilusões sob o travesseiro
nem sequer meu cheiro quis deixar 
de algum jeito pra jamais lembrar
sei que o melhor habitava 
os lençóis revirados
você entre minhas pernas 
e sua barba por fazer
sempre andei segura
quando via você partir
deixava um sorriso cair
e nem pedia pra você ficar
mesmo agora posso ver
aquele olhar saindo
e vi lágrimas rolando
e eu iria até o fim
um dia vai perceber que me vê 
em tudo que quer esquecer
vai desejar com força 
eu nunca ter existido
e nunca ter me conhecido
Soul-te, poema extraído do blog PactoPagu, da escritora, editora, artista plástica e blogueira Larissa Marques. Veja mais aqui, aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
Imagem: Live Through That?! (2014), da artista francesa Lili Reynaud-Dewar, no New Museum, Nova Iorque. Foto de Josephine Baker.
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