segunda-feira, maio 15, 2017

EDUCAÇÃO DE RANCIÈRE, CINEMA & CALCANHOTO, ZORÁVIA BETTIOL, UMA VEZ & TODAS AS VEZES!

UMA VEZ & TODAS AS VEZES - (Imagem: foto AcervoLAM). - Era uma vez e eu sem saber de nada às fechaduras e olhares atrevidos pelos combongós, clarabóias, basculantes, brechas por cima do muro no galho da goiabeira e o afã de vê-la a intimidade no chão frio, a pele nua pro vício infantil embaixo das saias e decotes robustos da minha solidão. Era uma vez duas da tarde, aula cabulada na farda da menina que era a mocinha dos sonhos domingueiros todo dia e ela mais inocente que a fruta ao alcance da mão no quintal, desabotoava a blusa, levantava a saia às investidas impunes e buliçosas pro gozo escondido atrás da porta do quarto escuro das taras juvenis. Era uma vez duas ou três vezes, não mais que isso acertei na veia e o troféu no festejo espatifado às cinzas e eu era senão precoce na vida, teimoso de sempre, avexado que só e querendo tudo a errar demais da conta. Era uma vez duas quase três não mais que isso mesmo e uma lá acertei na vida, aliás, pra falar a verdade, nada deu certo, e deu certo assim mesmo, estou vivo porque quando era uma vez e toda as vezes teimava em viver além muros, fronteiras, interdições, a me valer de um super-homem reconhecendo o fracasso de ir adiante e às vezes mal podia voar aos pinotes por estradas e asfaltos entre os canaviais, dali quanta diáspora e o destino se desmanchava entre os dedos na confusão de ontens e amanhãs da dança louca das horas efêmeras. Era uma vez e nunca mais degolado pela burocracia dos experientes entre homúnculos e ensaios de gentes que se atracavam, beijavam e abraçavam, se hostilizavam mutuamente dias e noites no ajuste de contas e na tabela de preços pela feira das cabeças e reputações, com tudo ao dispor em excesso e a assistir tudo sem acreditar na pequenez da pouca vergonha e do mau-caratismo, quanta sujeição enojada e pulhas pendurados nos bolsos dos outros tantos servis da grana, porque cada um só vale o vintém e o que tem pra inveja dos outros sequazes, e eu que nunca tive nada, nunca fui nada, me perdi pelos descaminhos que restavam de caminhos congestionados por ganâncias, subornos e aleivosia, tudo perdido e esperança alguma no fim do túnel, nem um acalanto apenas por alento ou uma balada que seja pra embalar o muro à cabeça tantas vezes repetidas, um canto ao menos que dissesse vamos lá, seque em frente, segura a onda, vai em paz pelo que sonhou e o que resta de ilusão pra quem vai em voo solo no paradoxo da luz e da sombra, pisando em falso, na ponta dos dedos, por batizados e sepultamentos, novidades descartáveis, lançamentos obsoletos, jovens apodrecidas, limites superados, saia-justa e sem graça pelas fotos desbotadas, figurino fora de moda, pontos de vista e convicções, entretenimento da tevê ou jogo da vez do público e privado, deslumbrado e assustado num xadrez que não se sabe qual tabuleiro, porque o que antes era caso de polícia virou moda, é a última atualizada e nenhuma vez mais, uma só que seja, pro perdão ou recomposição, quase mais nada do que sente ou bate o coração, só festa e luxo entre escombros. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

DE EDUCAÇÃO, EMBRUTECIMENTO & EMANCIPAÇÃO
[...] a distância que a Escola e a sociedade pedagogizada pretendem reduzir é aquela de que vivem e que não cessam de reproduzir. Quem estabelece a igualdade como objetivo a ser atingido, a partir da situação de desigualdade, de fato a posterga até o infinito. A igualdade jamais vem após, como resultado a ser atingido. Ela deve sempre ser colocada antes. A própria desigualdade social já a supõe: aquele que obedece a uma ordem deve, primeiramente, compreender a ordem dada e, em seguida, compreender que deve obedecê-la. Deve, portanto, ser já igual a seu mestre, para submeter-se a ele. Não há ignorante que não saiba uma infinidade de coisas, e é sobre este saber, sobre esta capacidade em ato que todo ensino deve se fundar. Instruir pode, portanto, significar duas coisas absolutamente opostas: confirmar uma incapacidade pelo próprio ato que pretende reduzi-la ou, inversamente, forçar uma capacidade que se ignora ou se denega a se reconhecer e a desenvolver todas as consequências desse reconhecimento. O primeiro ato chama-se embrutecimento e o segundo, emancipação. [...].
Trecho da obra O mestre ignorante-cinco lições sobre a emancipação intelectual (Autêntica, 2013), do filósofo e professor francês Jacques Rancière. Veja mais aqui.

Veja mais sobre:
Os cinco prêmios do amor, A história social da criança e da família de Philippe Ariès, Laços de família de Clarice Lispector, a música de Egberto Gismonti, a pintura de Gustav Klimt & Nelson Shanks aqui.

E mais:
A família, entidade familiar, paternidade/maternidade e as relações afetivas aqui.
Origem da vida – de onde eu vim? & Programa Tataritaritatá aqui.
Sexo, sexualidade, educação sexual & orientação sexual para educação materna/paterna aqui.
Vamos aprumar a conversa, Herzog de Saul Bellow, Ich de Arthur Schnitzler, a poesia de Ventura de la Vega, o cinema de Rainer Werner Fassbinder & Barbara Sukowa, a pintura de Jasper Johns, a música de Quaternaglia & Dorothea Röschmann aqui.
Brebotes nos clecks arruelados, Padre Bidião, Doutor Zé Gulu & South Park, Zé Bilola, Zé Corninho & Hussan Aref Saab aqui.
A arte de Tammy Luciano aqui.
É domingo nas mãos, A obra de arte & reprodução de Walter Benjamim, a poesia de Ascenso Ferreira & Chico Buarque, Enciclopédia do Cinema Brasileiro de Fernão Ramos e Luiz Felipe, a arte de Nora Dorian, a pintura de Giuseppe Cacciapuoti & Umberto Brunelleschi aqui.
Aprendendo no compasso da vida, A psicologia social de Arthur Ramos, Sharon & a sogra de Suad Amiry, o pensamento de Roger Bacon, a música de Nação Zumbi, a pintura de Georges Ribemont-Dessaignes & Hans Richter, Transhumance for Peace & a arte de Jiddu Saldanha aqui.
O dia amanhece e é maravilhoso viver, o pensamento de Aristóteles, A literatura brasileira de Afrânio Coutinho, o teatro de Françoise Sagan & Catherine Deneuve, a música de Bach & Maggie Cole, A sinfonia pornográfica de Charles Baptiste, Arte Yoga, a arte de Hannah Höch & Orly Faya aqui.
A filharada de Zé Corninho, O homem, a mulher & a natureza de Alan Watts, Travessia marítima de Thomas Mann, O casamento de Anne Morrow Lindbergh, o cinema de Rainer Werner Fassbinder & Hanna Schygulla, a música de Charlotte Moorman, Emmanuelle Seigner, a arte de Hansen Bahia & Attila Richard Lukacs aqui.
Quadrilha das paixões mais intensas, Vaqueiros e Cantadores de Luís da Câmara Cascudo, Terra de Caruaru de José Condé, a poesia de cordel de Serrador, a música da Orquestra Armorial & Cussy de Almeida, a arte erótica de Roberto Burle Marx, O casamento de Maria Feia de Rutinaldo Miranda Batista, a arte de Vermelho & Severino Borges, a xilogravura de J. Miguel & Costa Leite aqui.
Entre nós, vivo você, Cartilha do cantador de Aleixo Leite Filho, a música de Sivuca, Cancão de Fogo de Jairo Lima, a poesia de Belarmino França, a arte de Lasar Segall & Luciah Lopez, a xilogravura de J. Borges & José Costa Leite aqui.
Dos bichos de todas as feras e mansas, O romance da Besta Fubana de Luiz Berto, Cantadores de Leonardo Mota, O martelo alagoano de Manoel Chelé,  o ativismo de, Brigitte Mohnhaupt, a escultura de Antoni Gaudí, a música do Duo Backer, a xilogravura de J. Borges & a arte de Natalia Fabia aqui.
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
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AMORES IMPOSSÍVEIS: POR QUE VOCÊ FAZ CINEMA?
Para chatear os imbecis
Para não ser aplaudido depois de sequências, dó de peito
Para viver à beira do abismo
Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público
Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem
Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo
Porque de outro jeito a vida não vale a pena
Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito
Porque vi "simão no deserto"
Para insultar os arrogantes e poderosos quando ficam como "cachorros dentro d'água" no escuro do cinema
Para ser lesado em meus direitos autorais.
Música Por que você faz cinema?, de Adriana Calcanhoto & Joaquim Pedro de Andrade, integrante da trilha sonora do filme Celeste & Estrela (2005), dirigido por Betse de Paula, contando sobre a dificuldade de fazer cinema no Brasil vivida por um casal, o funcionário público Estrela e a diretora Celeste, que se amam enquanto procuram realizar um filme, cujo destaque fica por conta da atuação da atriz Dira Paz. Música extraída do álbum A Fábrica do Poema (Epic, 1994), da cantora e compositora Adriana Calcanhoto. Veja mais aqui, aqui & aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: a arte da artista plástica e arte educadora Zorávia Bettiol.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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