sexta-feira, maio 26, 2017

O LIVRO VERMELHO DE JUNG, A MÚSICA DE LÍVIO TRAGTENBERG, A ARTE DE LUCIAH LOPEZ & TUDO DELA PRA MIM

TUDO DELA PRA MIM - Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez. - Fui ao reino das palavras, encontrei seu ninho e sua fonte. Catei uma a uma e as reuni como num quebra-cabeça, tentando expressar os mais completos sentimentos e emoções. A cada frase colhida, em outra era refeita, muitas e tantas emanações de sentidos, capazes de demonstrar aquilo que eu sentia e queria falar. Ao cabo de horas e horas, muitas frases e tantos versos, o âmago e a fala eram uma só: a busca da poesia. Quanto mais tempo dedicado, mais a fala do íntimo se mostrava insuficiente, não bastava, queria mais e mais. Por mais que traduzissem meus sentimentos e emoções, faltavam para completar o que queria ser dito, talvez o indizível de cada ato, o subjacente a cada ação, a plenitude do verbo. Palavras, versos, a fala e nenhuma delas capazes de representar o tanto dela pra mim, incapazes de exprimir a plenitude do beijo amante no encontro dos lábios, nem o abraço no abrigo dos sentimentos mútuos, nem a entrega dos corpos na completude do amor. Se havia palavras e versos, ela era a poesia inteira que eu precisava descobrir e ser capaz de apreender a carga das emoções e sentimentos na sua feitura, no seu ser, e a cada releitura, uma nova compreensão e outras complementares, nunca completa, algo escapava da minha finitude. Mas a mim o privilégio de captar do que era dela naquele instante, o que podia capturar nela no que é ela pra mim. Vi-me incapaz de dizer e apreender tudo, nada se mostrava capaz de reproduzir o prazer que ela me proporciona e me faz sonhar de olhos abertos. Porque ela me dá seus lábios com o hálito da querência no batom sedutor que me lambuza a gula do sexo aceso, e com seus braços me abriga como o agasalho de cobertor pra quem está morrendo de frio, e seu corpo me entrega esquentando a alma e incendiando quereres, e suas pernas se enroscam ao meu atrevido ímpeto de desfrutar o quinhão que mereço pras degustações esbaldadas nas incursões mais íntimas do seu território escancarado, pronto pras investidas do que sou inteiro e invasivo. É ela o vulcão que incendeia minha volúpia e entra em erupção com a minha chegada consentida ao porto de suas terras abundantes, dela se fazer Parsifae pra que eu me tornasse o Touro de Poseidon na fúria dos seus desejos incontroláveis. E se fez Beatriz para que eu qual Dante no céu e inferno de sua nudez paradisíaca, me fizesse jardineiro escolhido para colher no jardim de suas praças abundantes, a bela e rubra flor guardada pra mim no rubor do seu mais intenso e louco furor de prazer. E se fez Dulcineia a me chamar por Quixote, ensinando caminhos por seu agudo decote umbigo abaixo, pra que eu enfrente os moinhos do seu vestido e descobrir entre as coxas roliças o seu mais precioso archote flamejante. E se fez Maria pra que fosse João a levá-la atrás da moita com jeitinho galante, e mais afoito meter-me embaixo da saia com os carinhos buliçosos pra ela ir pra lua, olhos revirando e a pedir mais e de novo uma nova viagem sideral. É nela que o reino das palavras expõe a fonte e todos os seus ninhos para que eu seja poeta com todos os versos de sua carne e a cometer a poesia de sua alma conquistada que é minha e só minha, como se dela pra mim tudo fosse ela e nela eu sou o que é tudo dela pra mim. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

O LIVRO VERMELHO DE JUNG
[...] A imagem do mundo é a metade do mundo. Quem possui o mundo, mas não sua imagem, possui só a metade do mundo, pois sua alma é pobre e sem bens. [...] Quem possui a imagem do mundo possui a metade do mundo, mesmo quando seu humano é pobre e sem bens [...] Meus amigos, é sábio alimentar a alma, senão criareis dragões e demônios em vossos corações [...] Eu devo também elevar-me acima de meus pensamentos ao encontro de meu próprio si-mesmo. Para lá vai minha viagem e, por isso, ela conduz para longe das pessoas e das coisas, à solidão. [...] Nenhuma cultura do espírito é suficiente para fazer de tua alma um jardim [...] A alma tem seu mundo que lhe é próprio. Nele só entra o si-mesmo, ou a pessoa que se tornou totalmente seu si-mesmo, que, portanto, não está nas coisas, nem nas pessoas e nem em seus pensamentos [...] Uns preferem o pensar e baseiam sobre ele a arte da vida. Exercitam seu pensar e sua cautela, e perdem assim seu prazer. Por isso são velhos e têm o rosto severo. Outros amam o prazer, exercitam seu sentir e vivenciar. Perdem assim o pensar. Por isso são jovens e cegos. Os que pensam baseiam o mundo sobre o pensado, os sensitivos, sobre o sentido. Tu encontras verdade e erro em ambos [...].
Trechos extraídos da obra O livro vermelho (Liber Novus - Vozes, 2010), do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), escrito com texto caligráfico e diversas ilustrações do próprio autor, mantido inédito até 2009. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Os feitiços da paixão, Ação cultural para liberdade de Paulo Freire, A Poesia Viva do Recife, Aforismos de Oscar Wilde, Imã da Cia de Dança Corpo, a música de Yanto Laitano, a pintura de Ericka Herazo & Ernst Ludwig Kirchner, a arte de Steve Justice & Larry Carlson aqui.

E mais:
Pensando o ritual de Mario Perniola, Entre nós de Emmanuel Lévinas, Teatro em síntese de Maria Helena Kühner, a música de Sivuca & Orquestra Sinfônica do Recife, Livro das Incandescências de Jaci Bezerra, a pintura de Emanuel Leutze, Sexo com amor de Wolf Maia & Maria Clara Gueiros, a fotografia de Dorothea Lange & Programa Tataritaritatá aqui.
A explosão do prazer no Recife, Paixão e razão de Gaston Bachelard, A educação de Rubem Alves & John Dewey, Matéria de poesia de Manoel de Barros, História da Literatura Ocidental de Ottto Maria Carpeaux, Meu exílio de Luiz Ruffato, o frevo de Luiz Bandeira, O lixo de Marcelino Freire & Quando o verso acaba de Armando Freitas Filho aqui.
Febeapá de Stanislaw Ponte Preta aqui.
Felicidade clandestina de Clarice Lispector, o pensamento de Raimond Bernard, A interpretação dos sonhos de Sigmund Freud, O saber & a liberdade Hilton Japiassu, Fundamento da psicanálise de Horácio Etchegoyen, Interfaces psicanalíticas de Renato Mezan & Técnica Psicanalítica de David Zimerman aqui.
A administração e as organizações aqui.
A corrupção come no centro e a gente é quem paga o pato sempre, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, a fotografia de Sebastião Salgado & Depois da farra a corda só arrebenta pra precipício dos que estão de fora aqui.
Há um ano, a música de Ná Ozetti, a pintura de Fernando Rosa, a arte de Luciah Lopez & Quem não sabe ver é mais fácil de enrolar aqui.
A velhice não é o fim do mundo, a poesia de William Butler Yeats, a música de Antônio Nóbrega & a fotografia de Spencer Tunick aqui.
A criança em mim resiste, a música de John Cage & Martine Joste, a escultura de Valentim da Fonseca e Silva, a fotografia de Marta María Pérez Bravo & Dê-me a sua mão, as minhas são suas aqui.
Vamos aprumar a conversa, O sono interrompido de Arthur Schopenhauer, a música de Catherine Ribeiro & a arte de Natalia Goncharova aqui.
A vida passa e a história se repete, a pintura de Alfredo Volpi, a literatura de Edith Wharton, a música de Xheni Rroji, a pintura de Avigdor Arikha & a arte de Gillian Leigh Anderson aqui.
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
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A MÚSICA DE LÍVIO TRAGTENBERG
Entre as muitas obras do premiado compositor e saxofonista Livio Tragtenberg, destaco o álbum Pasolini Suite/ Hänsel Und Gretel Suite (Tratore, 1996), o livro Artigos musicais (Perspectiva, 1991), o livro/cd Música de Cena: Dramaturgia Sonora (Perspectiva, 1999) e o álbum Através da janela (Demolições Musicais, 2000), em parceria com Wilson Sukorski. O autor escreve música para teatro, cinema, vídeo, dança e instalações sonoras, incluindo obras instrumentais, sinfônicas, eletroacústicas e ópera.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
me mata de prazer
na ponta da sua língua
___________
escreva seu poema obsceno
faça poesias e versos
pelo meu corpo
vira e revira até a exaustão e inscreva o seu gozo
na intimidade vermelha da minha carne(sua)
Quinto dia, poema/arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez.
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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