DITOS & DESDITOS - Vamos nos
entregar a tudo o que sugerem as nossas paixões, e seremos sempre felizes. A
consciência não é a voz da natureza, apenas a voz dos preconceitos… Minha opinião quando se trata de prazer é que
é necessário usar todos os sentidos...
Pensamento do escritor libertino francês Donatien Alphonse François
de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade (1740-1814). Veja mais
aqui, aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: A promiscuidade das
representações do obsceno gerou o desejo por barreiras, catalogações, novas classificações
e censura. Em outras palavras, a pornografia surgiu em resposta à ameaça da democratização
da cultura. Pensamento da historiadora e escritora panamenha Linn Hunt.
Veja mais aqui e aqui.
ALGUEM MAIS FALOU A RESPEITO: O erotismo
é a vontade de negar a morte, a afirmação da vida. O erotismo pertence ao
sagrado... Pensamento do bailarino e coreógrafo francês Maurice
Béjart (1927-2007). Veja mais aqui.
MATANDO A XARADA SOBRE O ASSUNTO: Pensar é
um dos atos mais eróticos na vida de uma pessoa... Pensamento
da premiadíssima escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras, Nélida
Piñon (1937-2022). Veja mais aqui, aqui e aqui.
EROTISMO - [...] Pode-se observar
que o erótico tem um intenso tom de mistério, desejo, dependência da imaginação
[...] O erotismo deixa transparecer o avesso duma fachada, cuja correta
aparência nunca é desmentida: nesse avesso se revelam sentimentos, partes do
corpo e modos de ser que vulgarmente temos vergonha [...]. Trechos
extraídos da obra O erotismo (Antígona, 1988), do escritor
francês Georges Bataille (1897-1962). Veja mais aqui e aqui.
PORNOGRAFIA - [...] A
pornografia é comumente considerada como aquilo que transforma o sexo em produtos
de consumo, está ligada ao mundo da prostituição e visa à excitação dos apetites
mais ‘desregrados’ e ‘imorais’. Evoca um conceito mais carnal, sensorial, comercial
e explícito. Erotismo, em contrapartida, é algo rendendo ao sublime, espiritualizado,
delicado, sentimental e sugestivo. Com o próprio nome vem de um deus, não de
‘mulheres da vida’, o tipo de paixão que sugere lembra a sutileza, a tensão
sexual implícita mas não abertamente exibida. [...]. Trecho extraído da
obra Das maravilhas e prodígios sexuais: a pornografia bizarra como entretenimento
(Annablume, 2006), do sociólogo Jorge Leite Júnior, para quem a elite
trata a sexualidade como algo a ser considerado saudável, limpo, repleto de
sentimentos, ou seja, erótico, enquanto a dos outros grupos, inferiorizados, é
repleta de perversão, de atos animalescos e sentimentos repulsivos – melhor
dizendo, pornográfica. Veja mais aqui e aqui.
CÓDIGO MORAL – [...] um código
moral é um compromisso informal entre esferas concorrentes de auto-interesses
genéticos, cada qual agindo para moldar o código para seus fins, usando
quaisquer alavancas à disposição. [...]. Trecho extraído da obra O
animal moral: porque somos como somos: a nova ciência da psicologia
evolucionista (Campus, 1996), do escritor e jornalista estadunidense Robert
Wright.
ACERCA DAS MULHERES DIGNAS DE LOUVOR – [...] Para que a mulher seja apreciada pelos homens deve ter uma
cintura perfeita e ser roliça e provocante. Os cabelos deverão ser presos, a
fronte larga, terá sobrancelhas da cor negra da Etiopia, olhos grandes e
pretos, com a parte branca muito limpida. As faces de um oval perfeito, um
nariz elegante e uma boca graciosa; os lábios e língua vermelhão; o hálito terá
um cheiro agradável, a garganta alta, o pescoço forte, o busto e a barriga
grandes; os seios devem ser chegios e firmes, a barriga bem proporcionada e o
umbigo bem desenvolvido e marcado; o baixo-ventre deve ser amplo e a vulva
saliente e carnuda desde o sítio onde os pelos crescem até às nádegas; o canal
deve ser estrito e seco, macio ao tato, emitir grande calor e não ter mau
cheiro; deve ter as coxas e as nádegas duras, as ancas grandes e cheias, uma
cintura bem torneada, as mãos e os pés de uma elegância notória, braços roliços
e ombros bem desenvolbidos. [...] Quando anda, as partes naturais aparecem
realçadas debaixo da roupa. [...] está sempre arranjada com elegância,
conserva o corpo na maior limpeza e tem cuidado para que o marido não veja nela
nada que lhe possa repugnar. Perfuma-se com essencias, usa antimonio na
toilette e limpa os dentes com suak. Uma mulher assim é apreciada por todos os
homens. [...] Deus não dotou as partes da mulher de nenhum
sentimento de prazer ou satisfação, senão quando penetradas pelo instrumento do
macho; e, da mesma forma, os órgãos sexuais do homem não conhecem repouso nem
tranqüilidade até haverem entrado nos da fêmea. [...] Daí,
a mútua operação, que tem lugar nos desforços físicos, nos entrelaçamentos, em
uma espécie de conflito animado entre os dois atores. Em virtude do contato
entre os dois púbis, logo vem o prazer. O homem trabalha como se socasse uma
mão de pilão, enquanto a mulher o secunda com movimentos lascivos; finalmente,
chega a ejaculação. [...] Deus dotou-a de um ventre arredondado e um
belo umbigo, e de ancas majestosas; e todas essas maravilhas são sustentadas
pelas coxas. Foi entre estas últimas que Deus localizou a arena do combate;
quando dispõe de carne abundante, assemelha-se à cabeça de um leão. Chama-se vulva.
Oh, quantas mortes de homens jazem às suas portas? E entre eles, quantos
heróis! [...] Deus proveu esse objeto com uma boca, uma língua
[clitóris], dois lábios; é como a marca da pata de uma gazela deixada nas
areias do deserto. [...] Depois, o Todo-poderoso mergulhou a mulher em
um mar de esplendores, voluptuosidade e deleites, e cobriu-a com vestes
preciosas, com cintas brilhantes, que provocam sorrisos. [...] Assim,
demos graças a Ele, que criou a mulher e suas belezas, com sua carne apetitosa;
que lhe deu cabelos, um rosto bonito, um colo com seios túmidos, e ademanes
amorosos, que despertam o desejo. [...] O Senhor do Universo
conferiu-lhes o império da sedução; todos os homens, fracos ou fortes, estão
sujeitos à fraqueza pelo amor da mulher. Por intermédio da mulher, temos
sociedade ou dispersão, permanência em um lugar ou emigração. [...] Trechos extraídos da obra O jardim perfumado: um
panegírico do amor, um cântico à sensualidade, um clássico do erotismo (Europa-América,
1976), do xeque Omar Ibn Mohamed Al-Nefzaui, um manual de costumes sexuais escrito no início do século
XVI, que revela curiosidades e costumes sexuais da África islâmica medieval. É considerado
o Kama Sutra inclusive é citado na obra, porém, a franqueza e o colorido da
linguagem, bem como os enredos mirabolantes de suas histórias que teve uma
versão para o português de uma edição publicada em 1886, na Inglaterra, pelo
célebre erudito britânico Richard Burton, que o traduziu de uma versão
francesa, publicada antes de 1850. Infelizmente, porém, o pudor vitoriano da
senhora Burton a fez queimar o manuscrito após a morte do marido, condenando
aquela nova tradução ao total esquecimento. O texto é uma amostra vívida do
modo de pensar e de fazer amor do modo árabe do século XVI, um elogio ao amor
físico, sem hipocrisias ou meias palavras, embora redigido com a arte e a
elegância características das verdadeiras obras-primas. As metáforas utilizadas
pelo autor para os órgãos sexuais femininos e masculinos são engraçadas,
criativas e até poéticas. Os apelidos que os árabes atribuíam às partes íntimas
de homens e mulheres são tão insólitos quanto “o extintor de paixões”, “a
primitiva”, “o cavador de poços”, “o libertador”, “a sempre pronta para a
batalha”. Encontra-se também descrições meticulosas das inúmeras posições para
o ato sexual, bons exemplos curiosos são “o parafuso de Arquimedes” e a “curva
do arco-íris”. Conta a lenda que um escritor árabe fora condenado à morte e ia
ser executado por ordem do rei de Tunes. Foi, no entanto, agraciado com uma
condição: escrever um livro capaz de reacender as paixões do seu decrépito
soberano. O escritor foi poupado à morte e o livro que lhe mereceu tal graça
foi O Jardim Perfumado. Esta lenda é uma das explicações para o aparecimento
desta obra, escrita, tanto quanto se sabe, pelo xeque, e em cuja data de
composição os críticos ainda não acordaram. Esta é uma obra-prima da literatura
árabe, colocada ao lado do Kama Sutra e tida como um dos poucos e excelentes
livros sobre a arte do amor. É uma celebração das múltiplas maneiras em que
homem e mulher se podem unir no prazer físico. Um cântico à sensualidade.
PORQUE HÁ DESEJO EM MIM - Porque
há desejo em mim, é tudo cintilância. \ Antes o cotidiano era um pensar alturas\
Buscando Aquele Outono decantado\ Surdo à minha humana ladradura,\ Visgo e
suor, pois nunca se faziam.\ Hoje, de carne osso, laborioso, lascivo,\ Tomas-me
o corpo. \ E que descanso me dás\ Depois das lidas. Sonhei penhascos \ Quando
havia o jardim aqui ao lado. \ Pensei subidas onde não havia rastros.\ Extasiada,
fodo contigo\ Ao invés de ganir diante do Nada. Poema da escritora e
dramaturga Hilda Hilst (1930-2004).
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