A VIDA VENTRALMA DELA – A cútis dela refulge pela ternura de seus
olhos lânguidos, as mãos atrevidas me chamam para que eu deslize sua pele
sedosa, toda exposta estonteante doçura escondendo inquietante deprecação. Logo
se exalta inquieta e clama porque sou o seu meu amor e ela mais requer o conforto
da entrega, arriada ao meu ombro, quase desolada com o alisado da língua a
lamber meu pescoço e omoplata, a beijar meu tórax e a vibrar comovida a boca
insaciável aquecendo meu sexo raivoso para que transborde brasa viva todo seu
indomável apetite ventral de possuída que retém o gozo para se apoderar do que
sou mais que estabanado. Aliso seus cabelos em desalinho e é dela o púbis e o
deleite inesperado, úmida de desejos ousados na oferenda da paixão, para mais
se agitar desvairada dorso servido, arqueada pro decúbito e mais me farto nela,
torso alado, ancas reboladeiras, pelve dilatada e o ventre inchado dela é a
vida no concúbito, aconchego de paz. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Sei que já morri antes... uma vez em
novembro. Eu sou uma coleção de quase desmontados. Às
vezes a alma tira fotos de coisas que desejou, mas nunca viu.
Deus tem uma voz morena, suave e cheia como cerveja. Pensamento da
escritora estadunidense Anne Sexton
(1928-1974). Veja mais aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: A arte é
comunicação falada pelo homem para a humanidade em uma língua levantada acima
do que todos os dias vem acontecendo. Se eu pudesse dizer com palavras o que
minha dança expressa, eu não teria motivo algum para dançar.
Pensamento da bailarina, coreógrafa e professora de dança alemã Mary Wigman (1886-1973). Veja mais aqui
e aqui.
AQUELE CASO AO LADO - [...] Embora não tenha tido aventuras,
sinto-me capaz delas.[...] Nunca seria bom para mim perder o juízo na presença de um homem que não
tinha muitos. [...] Sou um tipo de pessoa confortável quando estou sozinho e não encontrei
dificuldade em passar esse tempo de maneira proveitosa. Sendo muito ordeiro, como você deve ter notado, tenho
tudo à mão para fazer uma xícara de chá a qualquer hora do dia ou da noite
[...] Uma donzela, tão independente quanto eu, não
precisa invejar a nenhuma moça a duvidosa bênção de um marido. Escolhi ser independente, e sou, e o que mais há a dizer
sobre isso? [...]. Trechos
extraídos da obra That Affair Next
Door (Putnam's,
1897), da escritora estadunidense Anna Katharine Green (1846-1935), autora da frase: Existem dois tipos de artistas neste mundo; aqueles
que trabalham porque o espírito está neles, e eles não podem se calar se
quisessem, e aqueles que falam por um desejo consciente de mostrar aos outros a
beleza que despertou sua própria admiração. Veja mais aqui.
CONGO
– Eu venho de longe,
tendo atravessado o país, / raças, continentes e culturas.