quarta-feira, março 02, 2011

MARTIN DU GARD, PICASSO, HENRY FLYNT, ERNESTO CARDENAL, DANIEL LANNES & LITERÓTICA



O PRESENTE NA FESTA DO AMOR - Foi numa tarde mormaçada de maio quando ela chegou lindamente exuberante. Já nos conhecíamos de longa data, pois havíamos estudado juntos por todo o ginasial. Esse um período em que ela era detentora da verdade sobre um caso ruidoso que me envolvera no colégio, mas que só ela sabia o que, de fato, houvera, e não me delatou. Por isso, fiquei impune e devendo essa. Os anos se passaram e a gente sempre com uma piscadela denunciando intimidade recôndita nos olhares. Nenhuma aproximação, nem nunca havíamos tido a oportunidade de esclarecer o caso, muito menos pude agradecê-la miudamente por me safar da bronca. O que havia de verdade era uma cumplicidade, isso sim, uma cumplicidade mútua, tácita, desinteressada. Eis que nos últimos dias ela andou precisando de um acompanhamento jurídico e, sem grandes pretensões, me ligou perguntando se eu sabia alguém que pudesse fazê-lo. Poderia, evidentemente, ter sido proposital seus telefonemas para mim, não sei, uma vez que eu teria todo cacife para acompanhá-la no que fosse possível vez que, além de ser do ramo, chegara a minha hora de retribuir. Cobri-lhe, então, de atenções e gentilezas e me dispus à tarefa solicitada, atendendo gentil e cortesmente todos os seus telefonemas, esclarecendo todas as dúvidas e dando uma verdadeira assistência às solicitações. Depois de várias ligações trocadas, tomei pé da situação. Realmente era um caso que requeria mais que simples aconselhamentos, por conseguinte, demonstrei minha satisfação em intervir, acompanhando tudo até o desfecho possível. Ela não escondeu a satisfação mediante minha disponibilidade e já insinuava gratidão antecipada pela minha gentileza. Foi então que fiz ver que não esquecera da dívida para com a forma como conduziu todo alarde acontecido nos tempos do ginásio. - Lembra? -, perguntou-me. - Evidentemente que sim, não poderia esquecer jamais da sua conduta no caso. Devo-lhe essa e, como não tive oportunidade até hoje de adimplir com você, coloco-me inteiramente ao seu dispor para acompanhar e tentar resolver a sua pendência. - Nossa, obrigado! Nem me lembrava mais disso, você é um cavalheiro adorável que além de me ajudar ainda diz que tem dívida comigo. -, expressou-se espalhafatosamente e aos risos. Horas ao telefone, eis que, algum tempo depois, é chegada a hora do vamos ver como é que anda tudo e dela trazer a papelada para eu dar andamento na resolução. E foi, justamente, naquela tarde mormaçada de maio, que ela chegou com a exuberância da vida, batom rubro nos lábios, olhos penetrantes, vestido negro de alça curtinho e colado na assimetria deliciosa do seu corpo. Pisava firme com uma bota preta longa acima dos joelhos, deixando à mostra uma parte das coxas roliças na saia rente à mina de todos os seus tesouros encantados e uma cadência no passo levitando na minha admiração estupefata. Quando abri a porta que flagrei sua presença, já estava embasbacado com aquilo tudo. Ela notou meus olhos arregalados e perguntou: - Posso entrar? Nem respondi, fiz um gesto desarrumado permitindo que adentrasse e assim ela encheu o ambiente com o seu perfume embriagador. Ao entrar, rodopiou e rente a mim, fixou seu olhar a ponto de me permitir perder todas as atitudes do momento. Completamente atordoado com seu jeito de me fitar, me vi imantado com tudo bulindo dentro de mim diante daquele ser maravilhosamente voluptuoso que me instigava às mais enlouquecidas aventuras e, completamente fora de senso, me joguei em sua direção e beijei seus lábios, me lambuzei no seu batom, alisei seu corpo por cima do vestido, toquei-lhe a pele e lhe agarrei levando-a contra a parede. Um verdadeiro estupro, assim, sem mais nem menos. Mergulhei fundo no beijo e ela correspondia a minha louca exacerbação resfolegando e concedendo que eu ousasse mais longe no meu brusco e insano contato. Nem deu tempo de pensar em resolver uma bronca criando outra. Nem liguei e beijei seus olhos, as faces, os lábios, o pescoço, lambendo-a, chupando a carne do mais saboroso teor, quando ela, aos impados, conseguiu sussurrar... - Hum... ah, peraí, antes tenho dois presentes para você.... peraí... -, disse-me dengosa, tomada pela minha iniciativa. Não parei e fiquei curtindo sua pele acetinada e gostosa, enquanto aguardava as suas palavras.  Foi aí que ela empurrou-me delicadamente, exigindo que eu me afastasse um pouco para que ela pudesse respirar ao que atendi. - O primeiro presente.... -, disse-me, levantando o vestidinho colado pelos lados das pernas lindas e removendo a calcinha preta até expô-la para mim: - tome, é sua! Nossa, tomei a calcinha entre as mãos, cheirei, beijei e me deixei contagiar pelo aroma delicioso que penetrava minhas veias e acendia a vida inteira completamente em mim. - Agora... -, voltou ela para mim, abrindo os braços o mais que pôde, dizendo: - Abra os braços para me guardar... Nossa, que surpresa agradabilíssima! E nem deu tempo de dizer nada, ela avançou sobre mim como uma carniceira fera faminta, beijando-me os lábios com avidez, empurrando-me agora contra a parede, me apertando docemente, me apalpando e ronronando despudoradamente como quem se apossa da presa indefesa. Não satisfeita, cravou-me as unhas, mordeu-me o beiço, esfregou-se inteira lambendo-me e beijando-me obscenamente, arrastando-me com força até conseguir que eu me rendesse no sofá, onde ela exímia se apoderou de mim e começou a passar a língua pelo meu rosto, pescoço, tórax, ventre. E me inquietava pronto para o seu domínio. Ao se acercar do meu membro rijo, ajoelhou-se em contrição e, entre lágrimas, orações e afagos manuais, fez dele a vela sacrossanta e deificada da sua adoração, rezando de forma incompreensível e gutural enquanto alisava docemente toda extensão do meu pau, entre os dedos, entre o rego dos seios, as dobras do cotovelo, as axilas, prendendo-o ao pescoço, pelas faces, até esfregá-lo entre os lábios e se lambuzar com o líquido que eu expelia timidamente para, no apogeu de sua prece, exclamar pela necessidade da aquosa essência vital que lhe fortalecia o corpo e a alma. - Quero esse elixir! -, gritou-me possessa. E entre esfregados e carícias labiais, começou a estirar sua língua no meu cajado como uma fera que se lambe demoradamente para saborear a integral delícia proclamada. Lambia, gemendo com gosto e afeto demasiado todo o meu pênis. Descia à base e contornava passeando por todo aclive até chegar ao topo onde mordiscava levemente como quem se preparava para abocanhar poderosamente, sugando disfarçadamente. Eu me esvaía na sua língua. E cada lambida proporcionava uma viagem inenarrável ao reino integral do prazer. E salivava como quem se apetecia saborosamente, até que ardilosa fingia lamber, ora mordiscando timidamente, ora sugando com a ponta dos lábios, numa trapaça que me levava até os confins do gozo. E lépida, segurando firme com alisados na minha lança rija, roçou-lhe com o queixo, as faces e finalmente os lábios úmidos, até armar-se estufada a engoli-lo devagar enquanto a língua fazia alvoroço em todas as direções do meu prazer. O mundo foi rodando e ela engolindo mansamente e, a cada volteio caprichado, mais chupava intensa e decididamente a fazer-me refém de sua gula, até chegar ao frenesi de abocanhar completamente garganta adentro, qual picolé chupado de forma voraz e arrancado para o último sabor da fruta, até deixar-me a ponto da ereção plena. Ao perceber que me encontrava prestes a explodir, mais ela dedicava minuciosas arremetidas permitindo que eu gozasse extraordinariamente em sua deliciosa boca. Freneticamente se apossou com insistentes lambidas paradisíacas, chupadas homéricas e sugadas inenarráveis de tudo o que restava das últimas forças e vitalidade em mim. Gozei abundantemente. E ela mais feliz que nunca, continuava a felação ronronando como em prece, às lágrimas de felicidade, agradecendo, genuflexa, toda maravilha da vida proporcionada. Quando ainda me agoniava com os últimos estertores do gozo, ela sussurrou beijando-me ardentemente: - Feliz aniversário! © Luiz Alberto Machado.. Veja mais aqui, aquiaqui.


Para mim a pintura tem que ser uma boa mentira, como já disse, e a mentira precisa de um distanciamento crítico. O que essa pintura vai representar para as pessoas? Ela não é mais um retrato fiel da sociedade, tal como a crônica se propunha a contar, ela é uma crônica metalinguística por que quando você pinta algo, já está embutida ali toda a questão da morte da pintura, de se estar pintando algo que não necessariamente condiz com a realidade, a própria ficção entra no meio. Então acho que tudo isso influi para que a crônica visual hoje, especialmente no meu caso, esteja calcada numa boa mentira.
A arte do artista visual Daniel Lannes, que é formado em Comunicação Social e Belas Artes, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ.

DITOS & DESDITOS - A pintura não é uma operação estética; é uma forma de magia que nos liga ao mundo estranho e hostil que nos rodeia, um modo de dominar, dando forma quer aos nossos terrores, quer aos nossos anseios. Oh, o bom gosto! Que coisa medonha! O gosto é o inimigo da criatividade. Pensamento do pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Veja mais aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: Suponho que o conhecimento matemático equivale à cristalização de delírios oficialmente endossados em uma areia movediça intelectual. Quando alguém diz que todas as afirmações são falsas, o problema óbvio é que, como afirmação, é contraproducente. A maneira como eu desvendei e saí dessa posição de estrito niilismo cognitivo, foi com a ideia de construir uma nova cultura que se afastasse profundamente da cultura científica em que vivemos. Pensamento do filósofo, músico, escritor, ativista e artista estadunidense Henry Flynt.

CONFIDÊNCIA AFRICANA – [...] No dia seguinte, tomei minhas precauções para proteger a chama, e quando a vi balançar sua saia por cima da divisória sem conseguir apaga-la, pus-me a rir, sem interromper minha leitura. Ouvi-a voltando a se deitar. Pensei que aquela criancice havia chegado ao fim. Nada disso. Lia tranquilamente: de repente, a vi afastando minha cortina, se jogar sobre mim e derrubar meu lampião com um murro. Ah, não durou mais do que um segundo. Eu fiquei fora de mim. Em um instante eu já estava de pé e a dominava. O que passou exatamente? Tento me lembrar de tudo, o melhor possível. Ela também. Ela tinha uma força considerável. Tentei segurá-la, lançá-la ao chão, com o intuito claro de fazê-la desistir de recomeçar. Estávamos os dois, de camisa, colados um contra o outro no escuro e lutávamos como dois condenados. Consegui levantá-la. Ela me arranhava a nuca. Eu sentia aquela pele ainda quente da cama, - o cheiro que eu tinha respirado uma noite inteira no corpo de Ernestinha. Num golpe brusco, dobrei-a em dois e derrubei-a sobre meu colchão. Neste momento, me encontrei preso entre suas duas pernas, entre suas pernas nuas que ela fechou atrás de mim. Desequilibrei-me. Caí sobre ela. de minha raiva, confesso que não restava muita coisa... – apenas o suficiente para atiçar meu desejo. Procurei, então, seus lábios com fúrio. Creio inclusive que ela já me oferecia desajeitadamente os seus... Pronto. Essas coisas, o senhor pode ver que podem acontecer naturalmente. [...]. Trecho extraído da obra Confidência africana (Bagaço, 2004), do escritor francês Roger Martin du Gard (1881-1958), Prêmio Nobel de Literatura de 1937. Veja mais aqui.

SALMO DO HOMEM QUE VÊ A REALIDADE E NÃO SE CALA - Ouve, Senhor, estes versos que te rezo / Ao contemplar a realidade em que vivo. / Maldito seja o sistema que não deixa sonhar os poetas / Nem permite dizer a verdade a quem pensa. / Serão seus dias de luto e de lamento, / Porque matou no Homem o mais digno. / Maldito o sistema que não pratica a justiça / E persegue e tortura e encarcera a quem anuncia. / Terá que justificar sua conduta ante a história / E não encontrará nenhuma palavra de defesa. / Maldito seja o sistema que só procura a aparência de grandeza / Quando estão morrendo de fome os homens nas suas fronteiras; / Do mesmo modo que progrediu cairá, / Porque construiu seus alicerces / Sobre corpos vivos e sangues inocentes. / Maldito o sistema que tenta matar no homem a dimensão de transcendência / E coloca no seu lugar o “deus dinheiro”, o “deus sexo”, e “deus progresso”, / Destruir-se-á por dentro irremissivelmente, / Porque o coração do homem foi bem feito / E ninguém pode matar em nós / Esta sede de infinito que nos queima. / Feliz será, porém, / O homem que bebe água na fonte da praça junto ao povo, / Não terá motivos para se envergonhar de nada, / Nem terá que baixar seus olhos / Ante qualquer homem honesto. / Feliz o homem que a força de interiorizar / Se fez livre por dentro / E não se importa já com a denúncia dos fortes, / Serão seus dias como o trigo da terra. / Cheios de sol e esperança partilhada / E o seguirão os povos da terra. / Feliz o homem que não assiste a reuniões importantes / Nem acredita nos discursos do governo; / Feliz o homem que assim pensa, / Porque terá sempre tranqüila a sua consciência. / Mesmo que sofra a incompreensão e até o desprezo. Poema do escritor, sacerdote e teólogo nicaragüense Ernesto Cardenal. Veja mais aqui.

LITERÓTICA
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TATARITARITATÁ NO PALCO ABERTO – No próximo dia 19 de maio, às 20hs, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, em Maceió, acontecerá o show poético-musical Tataritaritatá de Luiz Alberto Machado. O SHOW - Show autoral poético-musical de Luiz Alberto Machado e banda, será realizado com 17 músicas de diversos gêneros como xotes, baiões, martelo agalopado, sertanejo de raiz, toada, balada, rock, pop, frevos, poemas e causos. Na ocasião ocorrerá a gravação do cd e do dvd ao vivo do espetáculo. O AUTORLuiz Alberto Machado é escritor, compositor musical e radialista, editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites no Rio de Janeiro, membro da Cooperativa dos Músicos de Alagoas - Comusa e escreve regularmente para jornais, revistas e alternativos além de blogs, sites e portais da internet. Já publicou 6 livros de poesias, 7 infantis, 2 de crônicas além de ter vários textos publicados em veículos impressos e virtuais do Brasil e do exterior. Parte do seu trabalho está reunido na sua home www.luizalbertomachado.com.br O PROJETO – O Projeto Palco Aberto é um conjunto de ações e produtos para a valorização da cultura e, em especial, da música produzida em Alagoas. Possui a visão de ser um centro de referência de capacitação e captação para a cultura alagoana. Tem a missão de promover atividades que permitam capacitar a cadeia produtiva e o mercado alagoano, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento da produção artística e, cada vez mais, ampliar a visibilidade dessa produção. O projeto já realizou 4 Edições da Música Alagoana realizadas, com 01 DVD e 03 CDs publicados, mais de 100 shows realizados com 41 artistas que já participaram c/ shows individuais e autorais. SERVIÇO: Show Tataritaritatá no Palco Aberto de Luiz Alberto Machado e banda. Dia 19 de maio, às 20 hs, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas (Av. Fernandes Lima, ao lado do CEPA), Maceió – AL. Informações: 82.8845.4611 ou acessando www.luizalbertomachado.com.br




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  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...