quarta-feira, novembro 22, 2017

OSWALD, FOUCAULT, ELIANE ELIAS, WHITEHEAD, FESTIVAL ARTE NA USINA, GRIMM, TERRA CHAPMAN, AGLAURA CATÃO & SÃO JOAQUIM DO MONTE

A MÚSICA É DELA – Imagem: art by Terra Chapman. - Lá vem ela cabelo ao vento com sua chuva de verão e ilha de Gauguin a embalar meus sonhos nascidos dos abismos, a me fazer Orfeu esculpindo música no seu ser. Vem com seus olhos de esfinge numa avalanche de beijos para que eu me molhe na tempestade da sua entrega, minha anfitriã da música que é dela ao desabotoar a blusa e me mostrar a fera esguia que faz do seu corpo o meu assombradado, casa de muitos lugares para eu me arranchar como quiser e aprouver. É na música de sua carne que percorro suas avenidas e vou de uma a outra de suas ruas para beber o dia no seu ventre porque é meu abrigo e encantado a lamber suas siuosidades e sorver suas bordas lúbricas, seus contornos deleitosos, seu lascivo tatear a remover pedras e areia do que sou e nem tenho mais. A música é dela para me dar e se doando se cala sobre o meu falo por suas entranhas de vulcão movente e propício à mão que não se detém e dou fé da sua nudez que mastigo a soberania da fonte de mel silvestre no gozo de não sei quantas reencarnações vida afora e toco sua pele e ela é minha lira e me aposso de suas raízes expostas, abro suas coxas até ver-lhe o átrio para o fervedouro das minhas libações nos seus quadris que se fazem viola pro meu canto quando ela é a medusa que me enrijece o sexo entre as pernas com circunvoluções e não me escapa o seu dorso nu como meu piano para recolher a canção no fogo da dança do seu ser e eu sob a sua sobre ela e suas curvas pra gruta áurea na relva úmida, meus dedos mergulhados por entre suas amarras às minhas epifanias e sua língua no pêndulo do prazer a rastejar acordes, a decifrar tons no meu diapasão pro combate que é pacífico porque o que se quer é o mesmo que de mim pra ela e dela pra mim. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.  Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a premiada pianista e cantora Eliane Elias, reunindo seus álbuns Made in Brazil (2015), Swept Away (2012), Light My Fire (2011), Bossa Nova Stories (2008), Brazilian Classics (2003), Sings Jobim (1998) e apresentações ao vivo em Festivais de Jazz. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] um moleiro pobre havia morrido, deixando o moinho para seu filho mais velho, um sno para o segundo e apenas um gato para o terceiro. Nem um tabelião bem um advogado foram chamados. Eles teriam devorado o pobre patrimônio. [...]. Trecho extraído da obra O gato de botas (Kuarup, 1987), dos Irmãos Grimm. Veja mais aqui.

EDUCAÇÃO & SABEDORIA -  [...] O perimeiro passo da sabedoria consiste em reconhecer que os principais avanços da civilização representam processos que quase destroem as sociedades em que ocorrem. Pensamento do filósofo e matemático britânico Alfred Whitehead, fundandor da filosofia do processo e autor da obra Os fins da educação e outros ensaios (Nacional/Edusp, 1969), da qual recolhemos o seguinte excerto: [...] A educação é a aquisição da arte da utilização do conhecimento. Esta arte é muito difícil de comunicar. Sempre que um livro de real valor educativo é escrito, é certo e sabido que um crítico virá dizer que é difícil de ensinar através dele. Claro que será difícil ensinar através dele. Se o livro fosse fácil deveria ser queimado, pois se o é, não pode ser educativo. Na educação, como em tudo, o caminho mais largo e fácil leva a um mau lugar. Este mau caminho é representado pelo livro que apenas habilite o estudante a aprender de cor as questões que, muito provavelmente, serão perguntadas no próximo exame externo.

O SISTEMA ESCOLAR - [...] O sistema escolar é também inteiramente baseado em uma espécie de poder judiciário. A todo momento se pune e se recompensa, se avalia, se classifica, se diz quem é o melhor, quem é o pior. [...] Por que, para ensinar alguma coisa a alguém, se deve punir e recompensar? [...]. Trechos extraídos da obra A verdade das formas jurídicas (Nau, 2002), do filósofo, historiador, filólogo, teórico social e crítico literário francês Michel Foucault (1926-1984), reunindo conferência sobre as condições políticas e econômicas que formam os sujeitos de conhecimento e, consequentemente, as relações de verdade, defendendo que: [...] Poder e saber encontram-se assim firmemente enraizados; eles não se superpõem às relações de produção, mas se encontram enraizados muito profunda mente naquilo que as constitui [...]. Veja mais aqui e aqui.

SÃO JOAQUIM DO MONTE – O município pernambucano São Joaquim do Monte é constituídos pelos distritos sede, Barra do Riachão e Santana do São Joaquim. Começou a ser povoado em 1896, com a construção da Casa Nova na Aba de Serra, que se tornou o primeiro nome do lugarejo por estar ao pé da serra, hoje Serra do Monte. Em 1912, quando foi criado o distrito no município de Bonito, o povoado recebe este nome. O distrito foi elevado à categoria de município com a denominação de São Joaquim, pela Lei estadual 1931, de 11 de setembro de 1928 e pelo Decreto-lei estadual 952, de 31 de dezembro de 1943, o município passou a chamar-se Camaratuba. Pela Lei estadual nº 416, de 31 de dezembro de 1948, passou a denominar-se São Joaquim do Monte, localizada no Planalto da Borborema e na área das bacias hidrográficas dos rios Una e Sirinhaém, tendo como principais tributários os riachos Seco e do Sapo, dispondo da Barragem Cianinha. Veja mais aqui.

A NAMORADA DO CÉU - [...] - Corno de padre! Lírio passara a cerca que separava a casa da chácara plantada. Na paz vegeral, sentiu o labor construtivo da mão imigrante. O brasileiro era uma vítima do latifúndio. Nunca aprendera oficio nenhum. A fazenda era um núcleo de vida autônoma que dispensava a própria cidade. Sobre o solo terroso e vermelho, abria-se nítida e negra a sombra das laranjeiras pequenas, carregadas de frutos prematuros nas precocidades de abril, quando já a luz equinocial enviesava nas manhãs enxutas. De um ninho oculto, partiu de repente o ruflar de asas. Eucaliptos esguios indicavam o ribeirão que ia desaguar longe nos pântanos de Bartira. O horizonte alinhava-se de mangueiras preguiçosas. O negro teve uma vontade ancestral de ficar ali, desitado à sombra da gigantesca árvore e deixar tudo correr – o sogro, o padre, o japonês e os agudos de Ludovica. Trecho extraído de A revolução melancólica (Civilização Brasileira, 1974), do escritor, ensaísta e dramaturgo do Modernismo brasileiro, Oswald de Andrade (1890-1954). Veja mais aqui e aqui.

SORRATEIRAMENTENão que fossem frágeis / a voz, os gestos, / mas sorrateiramente ele chegou, / como folhas de canela / que recendem em dias de festa / como algodão doce em mãos infantis / enfeitando a tarde. / Eu que guardava o coração / a tantas chaves, / que trazia as mãos vazias / e o vestido junto a rosas, / no rosto a palidez da espera, / no corpo o segredo das conchas... / não que fossem frágeis / a voz, os gestos, / mas sorrateiramente ele chegou. Poema da poeta Aglaura Catão, extraído da antologia Poetas no Século XXI (Recife, 2004), organizada por Benito Araújo.

HERMILO NO FESTIVAL ARTE NA USINA
Na última segunda, 20/11, aconteceu uma mesa de diálogo com o tema Hermilo Borba Filho e a cultura popular, com o mediador e curador do evento José Rufino (PB), o professor de História e Pedagogia do Teatro na UFPE, Igor de Almeida, Luiz Alberto Machado, de Palmares, e os professores de literatura Admmauro Gommes e Antonino Matias, de Xexéu, no Festival Arte na Usina – Safra 2017, na Usina Santa Tereza, em Água Preta – PE. O evento acontece até o dia 25;11, com oficinas, mesas de diálogos, shows, circuitos culturais, exibição de filmes, exposições, performances, passeios, entre outros, com a proposta de transformar a cultura em uma nova oportunidade de sustentabilidade para a região.

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A ARTE DE TERRA CHAPMAN
Art by Terra Chapman


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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