SE NÃO DEU E FEDEU, SÓ NA OUTRA, MEU! -
(Imagem: Vida abstrata, do
desenhista, pintor, gravador e escultor Luiz
Paulo Baravelli) - A gente perde a hora, passa batido. Se passou do ponto,
tostou. Ou gorou. É gora de correr atrás, recuperar o tempo perdido. Maior
peleja, sacoleja e segura o tombo no trampo, manda ver. A gente perde o bonde,
a passada. Espera outra condução, é o fim da picada. Fazer o quê? Impaciência,
maldiz da vida e da mãe do guarda. Solta os cachorros, desce dos tamancos,
chuta o pau da barraca e ver o circo pegar fogo. Quanto maior o vespeiro, maior
buruçu. Fodido por um, fodido por mil. Ou vai, ou racha. Não engole mosquito,
quanto mais saparia. Se é pra lascas tudo, vambora duma vez. Nada de
lengalenga, ou tudo, ou nada. Paga pra ver e passa recibo, manda ver.A gente
perde tempo, leseira alugando o maluvido. Pega na beca e no bico da chaleira de
tanto achar ruim. Encara a desfeita, duplicata vencida, quando vê o troco, tá
na pindaíba. Assunta direito, conversa mole é roubo de tempo. Dá de enfesado,
ajusta no tanto, a valsa enquanto manda ver. A gente perde a cabeça, desapruma
o juízo. Maior prejuízo. Se pisa na bola, escorrega no piso. Tem caroço no
angu, formiga no travesseiro. Só tem piranha no aquário, o filme queimou e tá
maior aguaceiro. Tudo esborrou, abriu a comporta no maior berreiro. Entrou de
penetra, se livre do flagra! Se deu o créu na treta, não faça careta, o negócio
é sério. Segura o trupe, lascou. Deu sangue na canela, entopiu o banheiro. Deu
cupim na madeira, ferrugem no aço, desbotou o retrato,caiu na esparrela.
Queimou arroz, todo amarrotado. Cadê o vinco? O título foi protestado. Deu
praga na plantação, deu bicho na fruteira, armaram cruzeta, boca de caieira. Tá
só na remela, parece catota, passaram o rodo, deu com a gota o maior migué! Dá
uma de doido e corre o risco de ficar estropiado e mal sucedido. Pra dar jeito,
freio de arrumação. Toma pé da situação, não engane com confeito, nem com enrolação.
Quando a coisa empena, tudo fica entortado: maior remoinho, maior atoleiro. Não
vê nem saída pro sufoco bronqueiro. Se deu mole, chame na grande. No fim do
calendário não tem mais fevereiro, fecha pra balanço! Sai do agiota, faz
concordata, assume a bancarrota. No fim se não deu, fica pra depois. Se fedeu,
só na outra. Foi, já era. Feche os olhos, melhor. Fechou? Não vê nada, né? Não
há tempo, não há bonde, nem espaço ou conversa, nem pronde ir. É só você e
você. Agora ache a luz, só você não vê, ela brilho em algum lugar aí dentro.
Ache. E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: arte do
escultor e pintor da Pop Art e da Arte Moderna estadunidense Tom Wesselmann
(1931-2004). Veja mais aqui e aqui.
Curtindo o álbum Infinity (Mute Records, 2014), do músico de vanguarda,
muiltiinstrumentista e compositor francês Yann
Tiersen.
PESQUISA
Introdução
à literatura fantástica (Perspectiva, 1975), do filósofo e linguísta búlgaro Tzvetan Todorov, tratando acerca dos gêneros literários,
definição do fantástico, o estranho e o maravilhoso, a poesia e a alegoria, o
discurso fantástico, os temas, o eu e o tu, entre outros assuntos. Veja
mais aqui.
LEITURA
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contos de Juan Carlos Onetti (Companhia Das Letras, 2006), do escritor
uruguaio Juan Carlos Onetti
(1909-1994),com seus personagens anti-herois da espectral Santa María,
carregados de inconformismo e desencanto, desesperançados e à deriva, tragédia
e humor, amor e solidão, lirismo e crueldade, melancolia e ilusão. Veja mais
aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Tenho
apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio escravos, minhas
lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor.
Quando
me levantar, o céu estará morto e saqueado,
eu mesmo
estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes.
Os
camaradas não disseram que havia uma guerra
e era
necessário trazer fogo e alimento.
Sinto-me
disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis.
Quando
os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação
do
sineiro, da viúva e do microcopista que habitavam a barraca e não foram
encontrados ao amanhecer esse amanhecer mais noite que a noite.
Poema extraído da Antologia poética (José Olympio, 1979),do poeta,
contista e cronista Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: Parabellum(Prepare for War), do artista visual Kenny Cole.
Veja mais sobreSônia Mello, Mikhail Bakunin, Po Chu Yi, Bertha Lutz, Murilo La Greca, Paulo
Bellinati, Teatro Espontâneo & Psicodrama, Mata Hari & Melinda Gebbie
aqui.
IMAGEM DO DIA
Gambiarra, arte do
fotógrafo JR.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Reclining woman with stuido stoll, da
artista plástica Asha Carolyn Young.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Xilogravura do pernambucano MS (Marcelo Alves Soares)
Recital
Musical Tataritaritatá