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terça-feira, dezembro 08, 2015

INFÂNCIA, IMAGEM & LITERATURA, EPICURO, HERMILO, IXCHEL, HORÁCIO, RIVERA, SIBELIUS & ZIRALDO!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? INFÂNCIA, IMAGEM E LITERATURA – A realização do projeto de extensão Infância, imagem e literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré-AL, levou os graduandos dos cursos de Psicologia e Jornalismo do Centro Universitário Cesmac, orientados pelo professor Ms Cláudio Jorge Gomes de Morais, a ter uma experiência marcante naquela comunidade deodorense. Da minha parte, confesso: foi uma experiência para lá de reveladora. É que a comunidade do estudo se encontrava há um pouco mais de dois anos instalada no Município em local de verdadeira calamidade pública, denominada de Jacaré, sendo, pois, numa iniciativa realizada com muito estardalhaço, mídia & tataritaritatá, transferida para onde hoje se encontra instalado o Condomínio Residencial Recanto da Ilha. Como disse, a transferência foi realizada num verdadeiro momento de festa, o que proporcionou a todos os contemplados a oportunidade de ter a felicidade de uma casa própria digna para moradia. Pouco tempo depois os moradores foram informados que o local era fruto do projeto Minha Casa, Minha Vida e que todos deveriam se cadastrar para a regularização da moradia. O tempo se passou e alguns reclamos começaram a surgir, iniciando pela destituição do presidente da Associação de Moradores por ele ter sido contemplado com a melhor casa de moradia, dando início a um processo de verdadeira balcanização com construção de muros para divisarem as residências. No processo de cadastramento dos moradores, alguns desistiram e negociaram com terceiros, enquanto a maioria permaneceu ali procurando regularizar a situação, passando a ser ameaçados de despejo caso não apresentassem imediatamente a documentação. Acontece, porém, que alguns outros problemas começaram a surgir como o processo de desagregação da comunidade - antes solidária e agora separada por muros -, falta de segurança, empoçamento de águas de esgoto nas vias, não disponibilidade de escola nem posto de saúde, a área de lazer é prejudicada tornando difícil o ambiente para as crianças por causa das praças inconclusas e abandonadas, campos de futebol que não foram concluídos e que quando chove fica intransitável com o lamaçal, reclamos quanto à cobrança das taxas de luz elétrica, entre outros problemas. Pudemos contactar as crianças e vê-las brincar na improvisada praça. Num segundo momento, recolhemos depoimentos de moradores que falaram a respeito da inexistência de espaço adequado para que as crianças pudessem desfrutar da sua infância, ocasião em que surgiram uma série de reclamos daquela população. De resto, os contatos com aqueles moradores revelaram-se bastante esclarecedores, possibilitando o entendimento da forma como as instituições públicas brasileiras atendem e prestam seus serviços ao povo brasileiro. Confira todo o relatório aqui. E veja mais aqui.


Imagem: a arte do pintor mexicano Diego Rivera (1886-1957)


Curtindo o álbum Concertos pour violon, serenedes, humoresque mutter, violon (Deutsche Grammophon, 1996), do compositor finlandês Jean Sibelius (1865-1957), com violino de Anne-Sophie Mutter, regência André Previn & Orchestra Staatskapelle Dresden.

A FILOSOFIA E SEU OBJETIVO – O filósofo grego Epicuro de Samos (341-271aC), possuía o proposito filosófico de atingir a felicidade, estado caracterizado pela aponia, a ausência de dor física e ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Utilizou-se da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. A sua doutrina entende que o sumo bem reside no prazer, e, por isso, foi uma doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer, na sua visão, é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa medida e não dos excessos. Daí, portanto, entender-se que o epicurismo é o sistema filosófico que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. Da sua obra destaco os trechos: Todo desejo incomodo e inquieto se dissolve no amor da verdadeira filosofia. Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem canse o fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da ama. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz. Deve servir à filosofia para que possa alcançar a verdadeira liberdade. Assim como realmente a medicina em nada beneficia, se não liberta dos males do corpo, assim também sucede com a filosofia, se não libera das paixões da alma não pode afastar o temor que importa para aquilo a que damos maior importância quem não saiba qual é a natureza do universo e tenha a preocupação das fábulas míticas. Por isso não se podem gozar prazeres puros sem a ciência da natureza. Antes de tudo, considerando a divindade incorruptível e bem-aventurada, não se lhe deve atribuir nada de incompatível com a imortalidade ou contrario à bem-aventurança. Realmente não concordam com  a bem-aventurança preocupações, cuidados, iras e benevolências. O ser bem-aventurado e imortal não tem incômodos nem os produz aos outros, nem é possuído de iras ou de benevolências, pois é no fraco que se encontra qualquer coisa de natureza semelhante. Habitua-te a pensar que a morte nada é para nós, visto que todo o mal e todo o bem se encontram na sensibilidade: e a morte é a privação da sensibilidade. É insensato aquele que diz temer a morte, não porque ela o aflija quando sobrevier, mas que o aflige o prevê-la: o que não nos perturba também enquanto o esperamos. O limite da magnitude dos prazeres é o afastamento de toda a dor. E onde há prazer, enquanto existe, não há dor de corpo ou de espírito, ou de ambos. A dor do corpo não é de duração continua, mas a dor aguda dura pouco tempo, e aquilo que apenas supera o prazer da carne não permanece nela muitos dias. E as grandes enfermidades têm, para o corpo, mais abundante o prazer do que a dor. O essencial para a nossa felicidade é a nossa condição íntima: e desta somos nós os amos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

ONDE ESTÁ O TIME? – No livro Palmares e o coração (FCCHBF, 1997), do escritor, jornalista e dramaturgo Hermilo Borba Filho (1917-1976), encontro a crônica Onde está o time?: Éramos doze, porque além dos onze jogadores ainda tínhamos o nosso juiz, meu sobrinho Elifas Levi, e só jogávamos em partida apitada por ele. Era uma garantia. Durante as férias, no chamado campo do camelo porque, no centro, fazia uma corcova, um pouco menor do que aquela tão gozada por Chico Anisio, em Palmares, treinávamos todos os admiráveis dias da semana, ataque contra defesa, preparando-nos para o que desse e viesse. Eu, às vezes, debaixo do arco, ficava ensimesmado e me abstraia a ponto de cercar um frango, porque contemplava o crepúsculo para os lados do Engenho Trombetas e me deliciava com aquele vento que me trazia o cheiro do mel e da bosta de boi. Havia na folhagem – canavial, mangueiras, cajueiros, goiabeiras – umas tonalidades deste verde-amarelado do nordeste que me deixavam cismando. E à noite, no Clube Literário ou nos assustados, no Ato do Lenhador ou no café de Nenê Milhaço comentávamos entre gargalhadas e cervejas, as peripécias do treino se fosse dia de semana ou do jogo se fosse dia de domingo. Descuidados, entre namoradas e mulheres, sambas de Assis Valente e Noel Rosa, valsas de Capiba, foxes e rancheiras, jamais pensávamos no tempo que corria. E não era mesmo para pensar. Hora de pensar no tempo é agora. Onde está o time? Elifas Levi, o juiz, de apelido familiar Vivi, eu o vejo esporadicamente, durante alguns minutos se tanto, nestes últimos anos. Está acomodado na vida, instalado, daqui em diante é para engordar. Eu, o goleiro, estou vivo, bolindo, tentando jogos mais difíceis na arte e na saúde, jogos mais amenos no amor. E não quero mas nada. A parelha de beques: Zeca Agrelli, extrovertido, gritador, a última vez em que o vi foi numa plateia de teatro em São Paulo, oficial do exército, a sua grande paixão, de uma das cadeiras me avistando, alvoroçando todo o mundo, já de braços abertos, e foi um nunca acabar de recordações; Arlindo, que havia sido seminarista, depois advogado, presidente do IAPETEC, sempre grave e sisudo, dançando valsas num passo aberto, encantou-se este ano e por isto, agora, só irei vê-lo no Festim dos Eleitos. Jogávamos na formação clássica WM e como tal a linha de halfes se compunha de: Zezé (irmão de Arlindo), magro, seco como um graveto, que se formou em Odontologia em cima de quem jamais voltei a por os olhos; Antero (meu sobrinho, irmão de Vivi), que saiu de Palmares definitivamente para ser aviador e que também já se encantou; Toinho (irmão de Arlindo e irmão de Zezé), metido a dançarino, outro encantado, eu o perdi muitos anos antes do seu encantamento de que só vim a saber há pouco. A linha atacante: Aloisio (meu sobrinho) formou-se também em Odontologia, nunca mais saiu de Palmares, a cidade é seu habitat natural, puxou ao pai, chamando todo mundo de qualquer idade de meu filho e de minha filha, deu-se a mania da caça, vem ao Recife todas as vezes em que o Esporte joga e carrega nas costas a adversidade de dez anos deste clube; Airton (irmão de Arlindo, de Zezé e de Tonho), mais conhecido como Apudi, acho que pode ser encontrado no Engenho Beleza, acho, não tenho a certeza, porque também nunca mais o vi; Rômulo, alourado, o primeiro sujeito que vi fumar cigarro americano – Luck Strike – e que se juntava comigo e Germinio para escandalizarmos os bem comportados, tomando cachaça, sem usar meias, sem pentear cabelo, gravata sem camisa, invadindo um picadeiro de circo, numa noite de maior bebedeira, para contracenarmos com o palhaço – não tenho noticia dele, não sei ao menos se se encantou; Ayton é deputado federal, chegou a jogar pelo Santa Cruz, aqui no Recife todos os domingos jogávamos voleibol em casa de Carlos Rios, seu pai, e lá em Palmares, atacávamos os timinhos que apareciam; e finalmente Djalma – Djalma de Zeza – um excelente ponta-esquerda metido a janota com seu paletó saco de ombreiras, também nunca mais o vi. Impossível fazer, nessa altura, como fazem os componentes de uma turma que se forma no ano tal, não somente pelos que já se encantaram como porque tomamos, os vivos, caminhos tão diferentes que é bem melhor pensar neles como figuras heroicas e não como simples viventes cada um com a sua mazela e com seus problemas cotidianos. Na impossível volta ao tempo, sinto uma imensa falta do time, mas não quero passar, jamais, pela experiência de voltar a vê-los em grupo. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

AS ODES – No livro As odes, epodos e carme secular do poeta lírico e satírico romano Quinto Horácio Flaco (65-8aC), destaco inicialmente a Ode 1,3: Que assim te guie a poderosa deusa de Chipre, Assim os irmãos de Helena, claros astros, E o pai dos ventos, presos os outros, afora Iapige, ó nau, que a ti confiado me deves Virgílio; aos confins da Ática, peço o entregues incólume, e a metade conserves de minha alma. Carvalho e triplo bronze tinha sobre o peito quem primeiro em fero pélago o frágil barco lançou, nem temeu o precípite Áfrico a combater Aquilões nem o funesto Híadas, nem a raiva do Noto, senhor do Adriático, onde ao bel-prazer ondas ergue e depõe. Que passo da morte temeu quem, de olhos secos, monstros natantes, quem viu túrbido mar einfames rochedos acroceráunios? Em vão um deus separou, prudente, com divisor Oceano as terras, se, entanto, ímpios barcos sobre passamos vaus intangíveis. Audaz em buscar a tudo, ruia gente humana em nefastas proibições; audaz o filho de Jápeto em maligna fraude o fogo levou às gentes; após furtá-lo da etérea casa, pobreza e nova multidão de febres caiu sobre as terras e de afastada morte a tardia necessidade abreviou o passo. Dédalo experto, os ares inanes com penas negadas ao homem; invadiu o Aqueronte hercúleo trabalho. Píncaros não há para os mortais; o próprio céu buscamos por loucura e por nosso crime sofremos que Jove não deponha os iracundos raios. Também a ode 1,11: Colha o dia, confia o mínimo no amanhã. Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses darão a mim ou a você, Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia não brinque. É melhor apenas lidar com o que cruza o seu caminho. Se muitos invernos Júpiter te dará ou se este é o último, que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar. Tirreno: seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo reescale suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está fugindo de nós. Colha o dia, confia o mínimo no amanhã. Podemos sempre ser melhores. Basta pensarmos melhor. Por fim a ode 4,2: Quem quer que se afane em emular Píndaro, ó Julo, se alça em asas de cera – obra de Dédalo! – para dar nome a um ítreo mar. Qual  rio que do monte corre, a que as chuvas nutriram para além das conhecidas margens, ferve e, imenso, se precipita Píndaro, o de voz profunda: digno de receber o laurel de Apolo, quer em audazes ditirambos arroje novas palavras e seja levado em ritmos libertos de leis; quer cante deuses e reis – dos deuses sangue – por que tombaram os Centauros por morte justa e caiu a flama da hórrida Quimera; quer cante o pugilista e o cavalo que a palma Eléia conduz, divinos, de volta a casa dando um presente mais valioso que cem estátuas; quer chore o jovem arrancado à esposa flébil e as forças, o ânimo e os costumes áureos leve aos astros e cause inveja ao negro Orco. Um grande sopro eleva o cisne de Tebas, ó Antônio, sempre que chega às altas regiões das nuvens: eu, pequeno, segundo o modo e a maneira da abelha de Matino que colhe  a muito custo pelos bosques e margens do orvalhado Tíbur o tomilho grato, canções eu forjo trabalhadas. Cantarás César, ó poeta de maior plectro, quando, ornado com a merecida trouxer os ferozes Sigam bros pelo monte sacro, ele, de quem nada maior ou melhor os fados e os bons deuses concederam à terra nem concederão, conquanto os tempos tornem ao prístino ouro. Cantarás e os ledos dias e da Urbe o jogo público pelo ansiado retorno do forte Augusto e o fórum livre de litígios. Então da minha voz, se algo falar digno de ouvir, grande parte acederá e “ave, ó belo sol” cantarei feliz pela volta de César. E a ti, enquanto desfilas, “ió Triunfo”, não uma só vez toda a cidade diremos, “ió Triunfo”, e incenso queimaremos aos benignos deuses. A ti dez touros e dez vacas remirão os votos, a mim tenro bezerro que, deixada a mãe, crescerá em largo pasto para remir os meus: ele que na fronte imita os cornos ígneos da lua em seu terceiro ciclo: lua, que, marcada, ele trouxe, branco ali de ver, fulvo, no restante. Veja mais aqui e aqui.

IRKUSTSK & OS HOMENS SÃO DE MARTE (Foto: Mônica Imbuzeiro) - A trajetória da atriz diretora teatral Irene Ravache começou com o seu sonho de infância até que começou a fazer um curso de interpretação na Fundação brasileira de Teatro (FBT), em 1962. No ano seguinte se formou em seu curso profissional, iniciando um novo curso em 1964, no Teatro dos Quatro e se formando em 1965. Em 1970, realiza o curso de técnica vocal, Método Espaço Direcional, viajando para São Paulo onde frequentou aulas com a atriz Maura Baiochi. Nesse período, como atriz atuou nas peças Aconteceu em Irkustsk (1961), Eles Não Usam Black-Tie (1963), Aonde Vais, Isabel? (1963), Pindura a saia (1966), A cozinha (1968), A ratoeira (1971), Os inocentes (1972), Roda cor de roda (1975), Os filhos de Kennedy (1977), Bodas de papel (1978), Tem um psicanalista na nossa cama (1980), Pato com laranja (1980), Afinal uma mulher de negócios (1981), Filhos do silêncio (1982), De braços abertos (1984), Uma relação tão delicada (1989), Eu me lembro (1995), Brasil S/A (1996), Inseparaveis (1997), Intimidade indecente (2001) e A reserva (2008). Como diretora de teatro As avestruzes (1979), A gema do ovo da ema (1979), Beijo de humor (1995), Clarice em casa (1995) e As vantagens de ser bobo (1998). No cinema ela atuou em Geração em fuga (1972), O supermanso (1974), Lição de amor (1975), Curumim (1978), Doramundo (1978), Que bom te ver viva (1989), Ed Morte (1997), Até que a vida nos separe (1999), Amores impossíveis (2001), Viva sapato (2002), Depois daquele baile (2005) e Os homens são de marte... e é pra lá que eu vou! (2014). Também fez sucesso por suas participações na televisão, sendo indicada ao prêmio Emmy Internacional, em 2008. Veja mais aqui.

MANDRAKE – A série de televisão brasileira produzida pelo canal HBO Brasil em parceria com a Conspiração Filmes, Mandrake (2007), foi duas vezes finalista do International Emmy Awards. A série foi baseada nos livros A grande arte e e Mandrake, a Bíblia e a Bengala, ambos do escritor Rubem Fonseca e escrita por  José Henrique Fonseca, Felipe Braga e Tony Belloto. A serie conta a história de Mandrake que é um advogado, especializado em resolver casos de chantagem e extorsão, se envolvendo tanto com indivíduos da alta sociedade carioca, como com as camadas mais baixas da sociedade. O trabalho de Mandrake é lidar com esses elementos para ajudar seus clientes. O destaque da série vai para a atriz Maria Luísa Mendonça que interpreta a personagem Berta Bronstein, namorada de Mandrake, sempre suspeita das traições e mentiras de seu namorado. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
No Dia da Mulata, os desenhos de Ziraldo. Veja mais aqui e aqui.

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada ao Festival de Ixchel (“A Branca”), a dama da noite, deusa da Lua, na mitologia maia, deusa da medicina, do parto, dos trabalhos têxteis e da lua. As lendas contam que um deus todo poderoso, Itzamna, criou o mundo e se casou com a deusa procriando os deuses Yum (deus do milho), Ek Chuah aos deuses dos sacrifícios e das estrelas; suas filhas foram as deusas das águas, da noite e do paraíso. À deusa Ixchel se atribuem os fenômenos relacionados à Lua, a gravidez, a cura e a tecelagem. É representada como uma anciã derramando um jarro cheio de água sobre a terra e, também, como uma anciã tecendo em um tear de cintura. Seu templo se localiza na ilha Dcuzamil, da província de Ecab (hoje Cozumel). Do porto de Pole (hoje Xcaret) partiam as canoas de peregrinos até o templo em Dcuzamil para solicitar o oráculo desta deusa; nesta peregrinação, ajudavam, também, as mulheres jovens a pedir em suas gestações a procriarem os filhos que seus esposos queriam.


quarta-feira, janeiro 18, 2012

ALFONSINA STORNI, JUAN LECHIN, SIBELIUS, MUSSET & A FARRA DO BIRITOALDO

 

A arte do compositor finlandês Jean Sibelius (1865-1957). Veja mais abaixo.

 

A DOR DO DESAPARECIMENTO – Em memória de Luiza Augusta Garlippe (1941-1974) – Luiza era de Araraquara, órfã de mãe ainda criança e seguiu para São Paulo para se graduar em Enfermagem na USP. Com seu trabalho, chegou ao cargo de Enfermeira-chefe no Hospital das Clínicas e integrante da Associação dos Funcionários do Hospital. Viajava constantemente para realização de estudos pelo interior do país, percorrendo localidades do Amapá e Acre. Reencontrou seu irmão em 1971, em frente ao Cine Joia: Vou de vez pro norte! E tornou-se Tuca combatendo a ditadura militar na região do rio Gameleira, nas proximidades do Araguaia. Atuava pela saúde, sobretudo como parteira entre moradores de Xambioá. Em setembro de 1972, assumiu a função de comandante-médica da guerrilha, quando ocorreu a intervenção das Formas Armadas, denunciada por informantes secretos. Deu-se então a Operação Marajoara, de dezembro de 1973, Tuca era sobrevivente e foi presa ainda viva. Foi vista pela última vez após um tiroteio em torno da região da Serra das Andorinhas, no dia 25 de dezembro de 1973. Sobreviveu até ser emboscada por uma patrulha nas margens do rio Sororó, ela estava junto com a Dina, foram levadas para a Casa Azul, em Marabá. Depois ela foi encaminhada para Bacabal, sumindo na selva onde foi executada, perto de Xambioá. Era 1974 e seu corpo nunca foi encontrado, tornando-se desaparecida política desde então. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


Curtindo o cd Paixões – Sinfonia nº 2, op. 43 do compositor finlandês Jean Sibelius (1865-1957) & Enigma op. 36, do compositor inglês Edward Elgar (1857-1934). Veja mais aquiaqui.

 

DITOS & DESDITOS - Toda doença do século provém de duas causas que provocam no povo duas feridas: tudo que era deixou de ser, tudo o que será não é ainda. Pensamento do poeta, novelista e dramaturgo francês Alfred Musset (1810-1857). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Não tenho medo de nada nesta vida. Exceto do ego. Quero aprender, desenvolver, eu quero descobrir tudo o que está em mim! As recordações são as melhores coisas da vida, eu acho. Você não deve citar o que eu disse certa vez. Sou mais sábia agora. Eu não sou nada na vida. Mas tudo na tela. Meu trabalho me deu forças para viver. Pensamento da atriz austríaca Romy Schneider (1938-1982). Veja mais aqui.

 

A GULA DO BEIJA-FLOR – [...] Tratava-se de uma garota cuja idade não pôde calcular. Usava mariachiquinha e tinha rosto de colegial, corpo de mulher em botão, uma ligeira vulgaridade no perfil que aumentava sua atração, mas antes de tudo tinha frescor. Entrou com um passo que a aprumava graciosamente e o saudou com o manjado protocolo: “Que honra, dom Juan” e “Não imagina o quanto lhe agradeço”. A flor que essa boca fez lembrou-lhe alguma boca amada, os gestos, os do otimismo que desejava, e a pele corada lhe contou que tinha mamilos de maçapão: o lugar exato onde queria colocar a face e repousar. Essa moça, surgida com a água, era o elo rompido na parte mais tenra de sua vida. Ela explicava o enigma de sua existência. Seu sangue se animou, lhe destapou as varizes e fluiu galante de cima a baixo. Dom Juan sorriu longamente, exibindo sua dentadura – fez como os cavalos, revolvendo o lábio. Estava apaixonado. Jamais havia sentido tamanha comoção. Ergueu o corpo de faquir e começou a gesticular com o índice, essa técnica oratória clássica que decidiu na assembléia de Catavi a libertação dos reféns norte-americanos. Garantiu para ela que seu estado de prostração era passageiro e que, uma vez recuperado, voltaria à arena dos acontecimentos políticos, pois estava farto de tanta corrupção e de tanto desprezo para com o povo trabalhador – falou com veemência para convencê-la de que ainda podia vencer. Não parou de falar diante de um Elmer espantado de vê-lo ressuscitar. Temia que o Mestre, como seus companheiros costumavam chamá-lo, se descadeirasse com tanta veemência ou tivesse um faniquito. Mesmo comovida com suas palavras de avô, a moça não deixou de folhear seu caderno, uma vez, outra vez. Por um bom tempo procurou impressioná-la com uma avalancha de anedotas que sua memória entremesclava. Inclusive recusou atender ao telefonema do embaixador francês, que o convidava para um banquete para exibi-lo como a um leão de circo: o reconhecimento que a glória lhe proporcionava. Também descartou a visita de uma comissão da mina Chumaceiro, na verdade o golpe de algum sujeito sabido para lhe arrancar uns pesos. Uma repentina tosse asmática obrigou-o a parar. Só então a jovem pôde se apresentar. Chamava-se Maya e estudava jornalismo. Devia fazer um trabalho acadêmico e, sendo dom Juan seu “personagem favorito”, queria fazê-lo sobre ele – falou com essa abundância de movimentos com que as jovens agradam. Concluiu girando graciosamente a cabeça, as madeixas como hélices. [...] Todas as mulheres odeiam a mentira, mas se a gente não mente pra elas, elas começam a odiar a gente. [...] O recurso de oferecer a uma mulher uma relação estável é um clássico da sedução e sempre dá bons resultados, mais ainda com uma mulher de classe inferior, porque permite a ela sonhar com viver na admirada classe do opressor. [...]. Trechos extraídos da obra A gula do beija-flor (Bertrand Brasil, 2006), do escritor boliviano Juan Claudio Lechin. Veja mais aqui.

 

SOLIDÃO - Poderia jogar meu coração / em cima de um telhado: / meu coração rodaria / sem ser visto. / Poderia gritar / minha dor / até partir meu corpo em dois: / seria dissolvido / pelas águas do rio. / Poderia dançar / sobre o terraço / a dança negra da morte: / o vento levaria / minha dança. / Poderia, / soltando a chama de meu peito, / fazê-la rodar / como os fogos fátuos: / as lâmpadas elétricas / a apagariamPoema da escritora, jornalista, atriz, professora e feminista argentina Alfonsina Storni (1892-1938). Veja mais aqui e aqui.

 



A FARRA DO BIRITOALDO


Letra & Música de Luiz Alberto Machado


Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

Quando o cara se enfia na cachaça
Mais parece ver o mundo se acabar
Se tem guerra ele ganha na moral
Pois o pinguço jamais arreda a raça
Toda honra e macheza tá na taça
E pro resto vale tudo é carnaval.
Ele pensa que a cana é que nem água
Enche o chifre pra azeitar até a gaia
Mais parece arranchar na sua baia
Pitulcilina aliviando suas mágoas
Arremeda o valor de todas táboas
Pra que a morte na vida não lhe caia.

A primeira lapada vai pro santo
Homenagem para sua devoção
Pro capeta também por precaução,
A abrideira eleva o tranvanquante
Pois dali ele passa pra adiante
A cachaça é só sua louvação.
Tudo bem todo só socialmente
Educado que nem lá na Suíça
Mais parece com devoto pela missa
Não dá trela pra bater língua no dente
Tudo ali é só coisa de parente
Nos conformes de quem se compromissa

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

Na segunda lapada o sapecado
Faz boquinha no sabor do tira-gosto
Se benzendo pra ajeitar todo seu rosto
Esquentando o bico amaneirado
Cospe o bicho então pra todo lado
Pra ninguém vir tomar o que é seu posto
Faz careta pra dar vinco no pinote
Fecha o corpo pra deixar aberta a goela
É quando azeita a prensa, o zé-ruela
Alinhado está tudo em seu cangote
Todo ancho fica certo o piparote
Que ali nunca vai abrir da vela.

Na quartinha a golada do sarrafo
Alevanta a moral do pé-de-cana
Faz ali a rodada soberana
Sobre o mando do mais profundo bafo
Ele agarra as bolas do seu cacho
Aprumando a volta da carraspana
A macheza é botada logo em dia
Arreia a lenha e solta o esculacho
Chamando atenção do populacho
Manda em tudo ali na freguesia
Na maior da sua sabedoria
Vai sempre como no maior abafo.

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

A meiota já vem leite de onça
Acendendo de vez a lamparina
É quando o cabra mira a sua doutrina
Vai largando toda a sua geringonça
Que é fiada e feita na responsa
Que se vem do raio da silibrina
Na verdade é asneira medonha
Onde troca todo nome do defunto
Traçando tudo o que surgir de assunto
Com a cara lisa da desvergonha
Escondida vai na carantonha
Do mais abestalhado bestunto

Quando um litro já foi esvaziado
É quase porre já no meio dessa farra
As idéias já não saem mais na marra
Porque o jipe pegou desgovernado
O cara vai ficando mariado
Pelo jeito que a coisa nele agarra
É que vai endoidando o mancebo
Já cheinho que está da meropéia
Inventa ele a maior das odisséias
Castigando com o seu papo de bebo
Quanto mais ele vira o placebo
Mais aumenta a sua prosopopéia.

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

Lá pras tantas ele já está ramado
Esborrando de vez a mandureba
Vira rico o boca de pereba
Que já tem ali até reinado
Ele então se achando um abastado
Dono de chãs de lá de Igarapeba
E já bebinho da silva ele vai lá
Elegendo vai as sete virtudes
Chega embeiçar de chapa um açude
E um oceano inteirinho baldear
Volta após de pé pra Quipapá
Foi moleza zoar a longitude.

É quando então aparece uma tetéia
Do cabra agarrar logo a donzela
Pendurou-se com jeito no beiço dela
E jurou se casar com a mocréia
Convocou o povo todo pra platéia
Deu vazão pra manter a sua trela
E jurou seu amor pra mulé feia
Prometendo ser feliz no mar de rosa
Sapecou toda rima em sua prosa
Até se ferrar na maior teia
Foi ai que ele amolegou a peia
Pra virar baixaria escandalosa.

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

Ele aprontou acertando no desfeito
Danou-se pra falar muita besteira
Fabricando a maior das baboseiras
Até se dar sem o menor respeito
Foi mijando no pirão do seu prefeito
E sapecou cantada boa numa freira
Adispois lambeu a boca dum cachorro
Dançou com a mulher do seu vizinho
Meteu em tudo logo o seu fucinho
Gritou: dessa cachaça eu sei que morro
Não sei mais se fico aqui ou se já corro
O seu socorro acabou num descaminho.

Seu desmantelo fedeu que nem inhaca
Dele inventar na hora um pesque-pegue
Puxou a primeira dama para um reggae
Queria fazer sexo com a macaca
Enfiou então de vez o pé na jaca
Nem ligou quando ali levou uns bregues
Foi aí que ele pactou com o cramunhão
Fez a maior orgia no cabaré
Agarrou-se na caçola da mulher
Pra fazer a melhor da diversão
Virado estava na gota do cancão
Restou encardido lheguelhé

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez

Quando pronto o cara tá pra lá de grogue
Vai a reboque todo cheio dos quequeos
Faz alarde de virar um escarcéu
Manda ver pra que nada ali derrogue
É ai que ele vira um mau buldogue
E a coisa mesma dá o maior créu
Chamou logo a polícia de freguês
E com isso ele armou maior barraco
De todo mundo ele apois encheu o saco
E na volta da maior da sordidez
Finda ele desgraçado no xadrez
Preso com a cara de tabaco.

Vem então a temulência da ressaca
Finda mais transido de vergonha
Escabriado com a pior peçonha
Remoída no meio de uma catraca
Viu-se todo na maior urucubaca
Na pior de todas as piores ronhas
Amarrou ali o seu bezerro novo
A caganeira arrasando no furico
Foi pagando o seu mais caro mico
O pior de qualquer insano estorvo
Viu que era um biltre babaovo
Que não valia o menor do menor tico.

Eu tomo uma, viro duas e venha três
Eu bebo todas pra cair só duma vez





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