CANTO MAPUCHE - Meu coração viajante segue em paz pelas distâncias mais remotas nos
escalavros do tempo e se faz solidário ao povo Mapuche nas lágrimas de Sudipa Tita
Parra que escoam pelo Biobio e Toltén na morte
de Camilo Catrillanca. Nossas vozes se unem para resistirem desde a
Guerra do Arauco por mais de trezentos anos e sou ela e todos dali. Meu coração
andejo sequioso de impenetráveis caminhos não se abate com a ruindade por
milhas de extensão no confinamento deste povo em reduções e reservas no
processo de despojo, porque dele eu sou como a Terra e o Ar. Meu coração se faz
trezentos batimentos indignados em coro com Tita: “No màs violencia y asesinatos en nuestras
Vida!!!!” e clama por vida enquanto os maus tratos são assíduos infortúnios
e os meus trezentos cantos ecoam Danko Ulloa: “Hay que hacer em cada momento lo que em cada
momento es necessário”. Meu coração persegue em cantar trezentas vezes mais
diante da intolerável opressão na luta pela recuperação do território ancestral
por tantos conflitos e me doem a alma caeté a exploração e discriminação aos
massacrados pelo extermínio no enfrentamento com a brutalidade e as invasões
ilegais nos tribunais fiadores dos abusos e da impunidade. Meu coração se transforma
em trezentas toadas para os mapuches presos condenados pela política genocida,
enquanto o fogo consome a escola rural de Chequenco e a capela de Trañi-Trañi.
E mais trezentas vezes mais sou em Santiago, onde milhares lamentam a morte
rondando esse povo indígena e fazem com que meu coração txai siga a canção
sagrada do vento trazentas vezes trezentas e persiga o sopro da ventania entre
as pedras e as águas, a se manifestar com todos os sons do cultrún, da trutruca,
da pifilca, Ñorquin, quinquer-cahue em zis canções que falam por si porque tudo
é sagrado na alma e na dança do amor. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] As coisas
foram indo de pior em pior à medida que os anos matrimoniais passavam; um
temperamento azedo não se edulcora com a idade, e lingua afiada é o único
instrumento de corte que não fica embotado com o uso. Por longo tempo Rip consolou-se,
quando posto fora de casa, com uma espécie de clube de sábios, filósofos e
outros vadios da cidade [...] O pobre
Rip já estava quase deduzido ao desespero; seu único recurso para escapar ao
trabalho da horta e às celeumas da esposa reduziu-se a passar a mão na
espingarda e afundar na floresta. [...] Num
desses passeios pela floresta, por um belo dia outono, Rip distraidamente
alcançou um dos pontos mais altos da Kaatskill. [...] Começou a descer, súbito, uma voz, longe: “Rip van Winkle! Rip van Winkle!”.
Ele olhou em torno e nada viu além dum corvo solitário a riscar o céu.
[...] surpreendeu-se de dar com um ser
humano ali naquele deserto; mas imaginando que alguém morador das vizinhanças
necessitado de assistência, foi-lhe depressa ao encontro. [...] Trazia ao ombro um pesado barrilete [...]
Rip assentiu, com a sua habitual bonomia; e revezando-se, os dois se foram de
barrilete às costas. [...] Ao verem
chegar o companheiro com aquele desconhecido, largaram do jogo e puseram-se a
olhar para Rip com tanta fixidez de estátua e tais caras que o coração deste
conturbou-se e seus joelhos flectiram. O homem do barrilete despejou o conteudo
em várias pichorras e fez-lhe sinal para que servisse aos homens. Rip, a temer,
obedeceu em silêncio; e no maior silêncio os jogadores emborcaram as pichorras,
voltando em seguida ao jogo. Aos poucos for amortecendo em Rip o medo. Chegou
até a provar da bebida [...] E tantos
goles repetiu que a tonteira veio, os olhos turvaram-se-lhe, a cabeça foi
descaindo – e afinal desabou por terra, tomado de profundo sono. Quando
acordou, viu-se no ponto de onde pela primeira vez vira o homem do barrilete
[...] a pichorra... “Oh, aquela pichorra,
aquela maldita pichorra!”, pensou Rip. “Que desculpa irei dar a Dame van
Winkle?” [...] O nome da criança e
mais o tom da voz e o ar da mãe buliram com as memórias de van Winkle. – Como é
o seu nome, moça bonita? Perguntou ele. – Judith Gardenter. – E quem era seu
pai? – Ah, coitado! Chamava-se Rip van Winkle, mas há vinte anos que saiu de casa
com a caçadeira e nunca mais voltou; o cachorro reapareceu sozinho; mas se ele
suicidou-se no mato ou foi levado pelos indios, ninguém sabe. Eu era tão
pequenitota. [...] Um orvalho de
alivio caiu afinal na alma de van Winkle, e o pobre homem não pôde conter-se
mais tempo. Abriu os braços para a filha e o netinho choramingão, exclamando: -
Sou teu pai, minha filha! [...] Trechos do conto Rip van Winkle (Ridel, 2007), do escritor, biografo, ensaista,
historiador e diplomata estadunidense Washington Irving (1783-1859). Veja mais aqui.
A ARTE MAPUCHE
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