E SE O AMOR
FOSSE A VIDA NA TARDE ENSOLARADA DO QUINTAL - (Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez) – No quintal dos milagres a gente inventava de tudo na vida, até
sonhos impossíveis a gente crescia com as muitas luas. De menina sapeca e
levada da breca atrepada na jaqueira, ela se fez moça linda filha do fogo –
Iaravi. E certa tarde toda faceira, chegou-se com seu jeito eterna menina e me
ofereceu o rumbiá da congonha – que é isso? Nunca tinha bebido da cuia do mate.
Muna! Chamou-me pra segui-la e fui atrás dos seus passos primeiro pelos campos
dos pinheirais de Aú – e enquanto eu conferia detalhadamente sua compleição,
ela seguia a passos largos por arroios, capões e serras, até a mata espessa em
que ficamos ouvindo o silvo dos pássaros e das abusões. Ha kantin! Insistia pra
seguir-lhe enquanto pezunhávamos úmidas folhas, raízes e gravetos, até
chegarmos às margens do rio Atuba, apontando pelo vilarinho dos Côrtes. Tá!
Tati kéva! – disse-me, apontando para o lugar. Seguiu até a margem e caminhou
dentro d’água até ver-lhe apenas a cabeça de fora. Deu uns três mergulhos e fez
um sinal para que eu fosse até lá onde estava. Assim o fiz do jeito que estava
pronto para tudo e, ao me deparar com seu corpo nu naquelas águas cristalinas,
ela disse-me: - On buonghvê! E me fez mergulhar minha cabeça três vezes, como a
um batismo. Feito isso, repetiu-me: - On buonghvê! E me beijou as faces,
encostou seu corpo nu ao meu e pude ter a revelação da vida. Ela se tornara
Freyaravi me embalando na dança de todas as paixões. Beijou-me os lábios e eu
pude ver os campos do Bacaxeri, os bosques de Fuong, até os campos do Juvevê
num voo que não tinha a menor noção do que acontecera. Eu sabia que havia voado
em seus braços, mas quando dei por mim, estávamos no mesmo lugar, arrodeados
por belíssimas paragens – ela própria, a maior e mais bela de todas elas. Nem me
dei conta que em seus braços haviam passado quatro luas e eu teimando em não me
afastar, nada de me desgrudar um mínimo que fosse dela. Voltei ao mundo quando ouvi
soprar uma ookire, tocou-me melodia estranha pra lá de reconfortante. Viu-me
encantado e mais me beijou com seus cálidos lábios para que o amor fosse a vida
na tarde ensolarada do quintal dos milagres. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
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DESTAQUE: VERVARA STEPANOVA
Imagens: arte da artista construtivista russa
Varvara Stepanova (1894-1958).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
( a poesia))_______ foi feita de uma flor
e ainda me queima por dentro.
Mas é tão bom ficar assim...
((suplico às horas___passem! Passem!))
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
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