ENDECHA (Imagem: Magic
Saxophone by Leon Zernitsky) - O sax soava no quintal, reluzia na tarde mansa. O mundo
ouvia o silêncio do passado: o Brasil tricampeão mundial de futebol e a dor do
nunca mais. A tarde calma no solo do sax com a tez grisalha da música. Horas de
emoções a fio. Ao redor da minha solidão a preta gorda vinha buscá-lo pro
jantar. O sax silenciava e eu morria na noite. O Brasil tetracampeão de futebol
e a vida do nunca mais. O sax soava no quintal com o solo de brasileirinho sob
o pinheiro. Acendia em mim um frêmito feliz. Quem sentia falta do lar àquela
hora? O Brasil pentacampeão de futebol e eu sozinho no meio do mundo. Toda
tarde o sax soava dentro de mim. Onde andava aquele solo? Eu sozinho e o Brasil campeão em nada com a
dor dos que choram na lama. O cabelo em desalinho e um olhar vago por sobre o
muro. Um moleque menino de nada espantar quando adolescente irrefreável e um
adulto incorrigível. E o Brasil era imenso e não era nada para os donos de
tudo. Anoiteceu e faz frio. O sax ainda soando no quintal da memória e nos meus
sonhos o velho de pé com seus cabelos brancos, com os acordes do coração que
anoiteciam comigo, enquanto o Brasil adormece ainda hoje na escuridão. © Luiz
Alberto Machado. Veja mais aqui.
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Se o mundo deu o créu, sorria!, Maria Clara Machado, Fridrich Witt, Bram Stocker, Susanne Barner, Darren
Aronofsky, Aldemir Martins, Artur Griz, Ellen Burstyn, Claudia Andujar & Holismo,
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Cordel A moça que
bateu na mãe e virou cachorra, de Rodolfo
Coelho Cavalcanti aqui.
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DESTAQUE: MUTATIS MUTANDIS
[...]
É verdade que nossas cidades, ao mesmo
tempo em que envenenam o organismo humano e criam uma geração deformada, abrem
algumas possibilidades de utilização das novas descobertas. [...] A humanidade pode mais uma vez ficar certa
de que, no mesmo momento em que aqueles mais sinceros caíam nos campos de
batalha como vítimas das calamidades do mundo, as adaptações infames engordavam
traiçoeiramente com o sangue dos outros. Que inventividade diabólica era
manifestada pelos “das trevas” para descobrir mil maneiras de obter ganhos
pessoais, com o conhecimento pleno de que esses ganhos ilícitos teriam uma ação
implícita sobre as gerações seguintes. [...] Que variedade de ramificações têm as raízes da mesquinharia, e que
razões únicas e tristes serão apresentadas para que se retorne novamente ao
reino da irresponsabilidade em que tudo é permitido e tudo pode ser explicado
pela participação hipócrita num trabalho em prol da coletividade. [...] É horrível para a dignidade humana olhar
para trás e ver documentos fraudulentos, acusações criminosas e ordens que
colocaram em perigo a vida de muitos milhares de pessoas. [...] Não é verdade que o cientista da área da
química que inventou o gás mais letal sonha em receber o prêmio de química do
mesmo Comitê que concede o prêmio pela Paz? [...] Não há qualquer momento no processo da criação em que seja necessária a
autodestruição. [...] precisa mudar
ativamente o que precisa ser mudado. Mutatis Mutandis!
Trechos
extraídos do texto Mutatis Mutandis –
mensagem especial enviada das montanhas do Himalaia (O Rosacruz, outono
2016), do pintor, escritor, historiador e professor
russo Nikolai Roerich (1874-1947).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens: arte da fotógrafa Antonella Fabiani.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Madonna
Oriflamma =- Bandeira da Paz (1932), do pintor, escritor, historiador e professor russo Nikolai Roerich (1874-1947).
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.