TUDO PASSA PRA
QUEM NÃO SABE O DESPREZADO (Imagens da artista plástica tcheca radicada no Canadá, Martina Shapiro)- Andejo errante
eu vou, pele curtida e poeira na alma. Viandante do tempo entre o inóspito das
multidões e o acolhimento das pedras, pelo aluguel de esperanças e vendas de
felicidade nas casas de festejos e aleleuias, entre o disfarce do afeto e o
abraço da dissimulação. Eu vou e se me acusam de pecados ou crimes que não
cometi, pouco importa, admito minha culpa pelo que amei e tenho amado; pelo que
sonhei sem ter realizado; pelo que errei e tenho errado. A minha insônia é
maior que a noite escura de estrelas ocultas e aspirações prementes. Andarilho indômito
entre a fome de tudo e o incomestível das ofertas promocionais que rebuçam com
seus tentáculos levianos. Tudo tão vivo no ermo da solidão. A fome nas
entranhas, a fruta no pé: a distância entre o sedento e o saciado, a saliva abundante
pelo sumarento ao alcance da mão. Descasco com unhas e albedo nos dentes, uma,
duas, mais frutas cítricas espremidas na chupada pra cuspir a pevide que foi
semente e formou raiz entrincheirada no chão, olhou na terra o talo ao caule que
avulta tronco em ramos pros galhos e folhas que dão fruto à mão e matam a minha
fome e a minha sede. Tão solitária quanto eu, ela me faz o bem que nem sabe. Por
ser de graça é desimportante, valeu só ali, foi e não é mais: a minha ingratidão.
Daqui a pouco nem lembrarei mais nada, mais um entre os esquecidos que ignoram
a bênção, nem tributam, sequer mera gratidão. Pra quem esqueceu o útero
materno, a valia é só o momento de apuro e a precisão: a fantasia infantil, o
arroubo adolescido e o açodamento adulto. Tudo passa pra quem não sabe o
desprezado. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Das idas e vindas, a vida, Roberto Crema, Martins Pena, Leila Diniz, Angeli, Sharon Bezaly, Paulo
César Saraceni. Anders Zorn, Eudes Jarbas de Melo & João Monteiro aqui.
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Uns trecos dos tecos, A importância do sono, Doro
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Horário eleitoral puto da vida: a campanha de Zé Bilola aqui.
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Voto Moral aqui.
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DESTAQUE: A FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO
[...]
Não precisamos temer que nossas escolhas ou nossas
ações restrinjam nossa liberdade, já que apenas a escolha e a ação nos liberam
de nossas âncoras.
[...]
existe essa pessoa amada diante de ti, há estes
homens que existem como escravos em torno de ti, e tua liberdade não pode
querer-se sem sair de sua singularidade e sem querer a liberdade. Quer se trate
das coisas ou das situações históricas, a filosofia não tem outra função senão
a de tornar a nos ensinar a vê-las bem, e é verdadeiro dizer que ela se realiza
destruindo-se como filosofia separada. Mas é aqui que é preciso se calar, pois
apenas o herói vive até o fim sua relação com os homens e com o mundo, e não
convém que um outro fale em seu nome. Teu filho está preso no incêndio, tu o salvarás...
Se há um obstáculo, venderias teu braço por um auxílio. Tu habitas em teu
próprio ato. Teu ato é tu... Tu te transformas... Tua significação se mostra,
ofuscante. Este é teu dever, é tua raiva, é teu amor, é tua fidelidade, é tua invenção...
O homem é só um laço de relações, apenas as relações contam para o homem.
Trechos
extraídos da obra Fenomenologia da
percepção (Martins Fontes, 1999), do psicólogo e filósofo fenomenólogo
francês Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), tratando ser essencial captar a percepção viva e em via de realização, o que faz
livrar de todos os preconceitos dogmáticos que proporcionam apenas percepções
fossilizadas, como espécies de cadáveres de objetos. Veja mais aqui, aqui, aqui
e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens da
artista plástica tcheca radicada no Canadá, Martina Shapiro
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Psychameleon
Transcendence, da pintora, designer canadense Shane Turner.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.