AS PEDRAS SE
ENCONTRAM NOS MUNDOS DISTANTES (Imagem: arte da poeta,
artista visual e blogueira Luciah Lopez) – Menino travesso do Quintal
dos Milagres, eu reinava com meu guarda-chuva – na verdade era o meu cajado
mágico disfarçado de guarda-chuva, com ele eu pintava o sete na casa de zilhões
das traquinagens! -, vestido no paletozinho branco, calçando minha bota-sete-léguas,
um penico na cabeça – na verdade o meu quepe de generalíssimo disfarçado de
penico, guardando todas as minhas ordens e mandos na submissão de tudo e de todos
-, e nu da cintura pra baixo por ser um menino mijão. Sempre acompanhado do meu
inseparável amigo invisível que tanto me inspirava como incitava preu cometer todas
e impossíveis folganças. Lá estava eu descansando embaixo do pé de jaboticaba,
quando ele me falou de uma menina linda de riso ensolarado que aparecera pela
redondeza. Falou-me tanto dela que fiquei curioso por conhecê-la. Perguntei logo
cadê-la e desconversava com informação de que ela estava por ali nas imediações
não sabidas, brincando com flores e plantas, passarinhos e bichos. Ah, ela tem
um riso de Sol de meio dia! Vez ou outra ele repetia isso, o que me enchia de
maior curiosidade por saber mais detalhes dela. Até que numa manhã nublada ela
apareceu radiante e linda com seu riso iluminado, mangando de minha nudez da
cintura pra baixo. Fiquei todo encabulado, enquanto ela risonha e amável me
chamava pra brincar no pé de jaca. Jaca? Ah, ela adorava uma jaca e se atrepava
nos galhos a saborear uns bagos e me chamando pra provar daquela gostosura. Lá ia
eu com meu cajado subindo pelo tronco até chegar perto dela e degustar daquela
delícia das suas mãos na minha boca. Ah, eu adorava brincar com ela, danada,
quando menos esperava ela saltava do galho no chão, toda se rindo pra mim, eu
armava meu guarda-chuva – como disse, meu paraquedas disfarçado -, e descia num
pulo pro lado dela que rodopiava brincando com o vento que fazia voar sua saínha
a mostrar sua bunda-rica coberta de babados na festa de flores, folhas e
pássaros. Todos os dias a gente se encontrava no quintal e brincava até a hora
do almoço, quando ela fugia sem se despedir, voltando só de tardezinha pra
esperar os vaga-lumes que traziam todas as lendas dos caingangues pra brincar
com os meus caetés até alta noite, quando todos se recolhiam para dormir com o
boi da cara preta. De manhazinha quando eu chegava ao quintal, ela já estava
atrepada no pé de jaca, me oferecendo os bagos com muitas brincadeiras alumiadas
que a gente se esgueirava todo santo dia pelos brejos e riachos das pedras
perdidas que se encontravam dos mais distantes mundos. A gente brincava e
crescia, quando demos conta que o meu quintal era todo o universo em nossas
mãos. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Jung & Holística, André Malraux,
Leilah Assumpção, Haroldo Marinho Barbosa, Antonín Mánes, Coletivo Chama, Viúvas
de marido vivo, Maria de Fátima Monteiro, Pedro Cabral Filho & Goretti
Pompe aqui.
E mais:
Cordel Aos poetas
clássicos, de Patativa do Assaré aqui.
A poesia de Clauky Boom aqui.
Moro num pais tropicaos, de Marcio Baraldi aqui.
Cordel Eu vi o
brasí jogá, de Zé Brejêro aqui.
As olimpíadas do Fecamepa aqui.
A arte de Ana Luisa Kaminski aqui.
DESTAQUE: PELOS ARES
Curtindo
o álbum Pelos ares (2016), do compositor, regente, engenheiro de áudio e
arranjador Rafael Piccolotto de Lima
& Orquestra Urbana.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Aqui, a luz se dissipa suave / em notas de si bemol / enquanto os meus
olhos / tingem as sementes do girassol / e o vinho se desprende / da videira / em
vida vermelha/prisioneira. / Antes que eu volte / a ser eu mesma / as sementes
serão lançadas / como gotas de uma chuva despojada, / exilada de tormentas / escorregando
/ na suavidade das minhas mãos. / A paisagem fragmenta-se / [vitral] / refletindo
a luz na metamorfose das palavras / confundindo noite e dia / no desabrochar da
açucena. / O tempo sopra a eternidade / nas sementes de poesia / que germinam
nas minhas mãos / fazendo de mim uma oração / e antes que a noite / me envolva
em suave linho branco / Eu - semente de poesia - floresço.
Eu, semente de poesia – poema
& imagens: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Peace
Angel Madonna Art, by Sing
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.