A VIDA EM RISCO
E O VENENO À MESA - O que eu como,
a gente come!?! Há abundância envenenada, mendicância sol a pino no sereno.
Enquanto poucos fartam no fausto das tapiações, acumulações, escasseia para
muitos no meio do deserto verde. Rui a vida no desembesto da fome, ao deus dará.
O veneno à mesa, vira chuva, cai das nuvens, empesta tudo. Inaugura a agonia. A
matança geral, valei-me. Negrume da morte por trás do café da manhã. Oh, bélica astúcia
na hora do almoço. Nefasta quentura na hora do jantar. Indagora passou pras
urgências, que coisa! Monturo feito nas emergências. O diagnóstico médico nega tudo,
a causa. Quem manda, manda em tudo. Uns quando não coniventes, todos submissos.
E quem está fora se vive é pra morrer. É quem paga o pato, o bode só berra,
mais nada. Cafundó dos deserdados, não há lei. A lei é de quem tem, mais é
dado. Dádiva de tudo pra miséria de todos. A quem não tem, Mateus 13:12. Barriga
à míngua não tem vigilância sanitária. Razões maiores no Ministério da
Agricultura, enriquecer. A saúde pública é só mote pra piada. Saudável mesmo só
a conta bancária do agronegócio. Inanição geral, enterro coletivo. Letal procedimento
pra salvar previdência. Então, o que sobra vai pro lixo. Inovador holocausto, consentido
genocídio. Reduz tudo a nada na oferta do disfarce. Ofensa em gracejo, satisfaz
ao contrário. Sabido pelego, ilude na marra e gracejo. Até criancinha não se
poupa ao sacrifício. Leva no muque resultado ao patrão. Vela, genuflexo, a
riqueza em oração. Atesta compadrio, só com quem tem. O que vale é se arrumar,
tudo ajeitado no jeitinho. Brada orgulhoso a maior servidão. Reza a cartilha de
quem elegeu por salvador da pátria. Até ignora os pariceiros da laia, arreda. Sobram
trapaças, pestilências, mortandade. Isso em nome do progresso, doa em quem
doer. Livra a cara, o inferno pra lá. Mete o bedelho onde nem é chamado, só bem
na fita. Atira jeitoso com espoleta alheia. Sabe o que é dos outros, não é de
ninguém. É só chegar primeiro e tomar posse. Depois a Justiça tarda na valia e
falha. Esconde a injustiça em escuso conluio. Sabe-se lá, ninguém tem tempo a
perder com o que é coletividade. Cada qual que se vire e se arranche nas
benesses que der. Avisa-se logo: pros amigos tudo, pros do contra só faca
amolada. Rapa fogo em qualquer obstáculo. Tramóia que seja não dê holofote. A corda
arrebenta do lado dos desavisados. Dormiu no cachimbo, a brasa caiu. Ordem que
vale só pros bestas cumprirem. Padeceu um ontem, muitos hoje, todos amanhã. E a
volta do enterro não poupa ninguém. Lá vai o andor noutra direção. Abestalhado perde
a condução. Invés de cura, piora a moléstia. Nada que seja escapole da danação.
Depois só o tempo dirá, a História conta. Isso depois de muito aleijão. Foi,
passou despercebido, maior moleza. Estava ocupado, nem deu pra olhar. Rasteira bem
dada, nem se sentiu. Escorregou na sacada, relou-se até as costelas. Nada deteve
a onda, levou-se a boiada. Como quem foi e não sabe o que viu. Ainda não é tão
tarde, ou começa do zero, ou deixa a troça passar para ver como é que fica. ©
Luiz Alberto Machado.. Veja mais aqui.
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DESTAQUE: A FOME E O DIREITO DOS POVOS
[...] Permitir
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pressionar na direção de governos eficientes em uma Sociedade dos Povos bem
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Trecho extraído do ensaio O direito dos povos (Martins Fontes, 2004), do escritor e
economista indiano Amartya Kumar Sen.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Desnudo,
do pintor e arquiteto espanhol Roberto
Fernandez Balbuena (1890-1966).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Peace, by Kadee Glass.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.