quinta-feira, novembro 24, 2016

AMARTYA KUMAR SEM, ROBERTO FERNANDEZ BALBUENA, KADEE GLASS, A VIDA EM RISCO & O VENENO À MESA


A VIDA EM RISCO E O VENENO À MESA - O que eu como, a gente come!?! Há abundância envenenada, mendicância sol a pino no sereno. Enquanto poucos fartam no fausto das tapiações, acumulações, escasseia para muitos no meio do deserto verde. Rui a vida no desembesto da fome, ao deus dará. O veneno à mesa, vira chuva, cai das nuvens, empesta tudo. Inaugura a agonia. A matança geral, valei-me. Negrume da morte por trás do café da manhã. Oh, bélica astúcia na hora do almoço. Nefasta quentura na hora do jantar. Indagora passou pras urgências, que coisa! Monturo feito nas emergências. O diagnóstico médico nega tudo, a causa. Quem manda, manda em tudo. Uns quando não coniventes, todos submissos. E quem está fora se vive é pra morrer. É quem paga o pato, o bode só berra, mais nada. Cafundó dos deserdados, não há lei. A lei é de quem tem, mais é dado. Dádiva de tudo pra miséria de todos. A quem não tem, Mateus 13:12. Barriga à míngua não tem vigilância sanitária. Razões maiores no Ministério da Agricultura, enriquecer. A saúde pública é só mote pra piada. Saudável mesmo só a conta bancária do agronegócio. Inanição geral, enterro coletivo. Letal procedimento pra salvar previdência. Então, o que sobra vai pro lixo. Inovador holocausto, consentido genocídio. Reduz tudo a nada na oferta do disfarce. Ofensa em gracejo, satisfaz ao contrário. Sabido pelego, ilude na marra e gracejo. Até criancinha não se poupa ao sacrifício. Leva no muque resultado ao patrão. Vela, genuflexo, a riqueza em oração. Atesta compadrio, só com quem tem. O que vale é se arrumar, tudo ajeitado no jeitinho. Brada orgulhoso a maior servidão. Reza a cartilha de quem elegeu por salvador da pátria. Até ignora os pariceiros da laia, arreda. Sobram trapaças, pestilências, mortandade. Isso em nome do progresso, doa em quem doer. Livra a cara, o inferno pra lá. Mete o bedelho onde nem é chamado, só bem na fita. Atira jeitoso com espoleta alheia. Sabe o que é dos outros, não é de ninguém. É só chegar primeiro e tomar posse. Depois a Justiça tarda na valia e falha. Esconde a injustiça em escuso conluio. Sabe-se lá, ninguém tem tempo a perder com o que é coletividade. Cada qual que se vire e se arranche nas benesses que der. Avisa-se logo: pros amigos tudo, pros do contra só faca amolada. Rapa fogo em qualquer obstáculo. Tramóia que seja não dê holofote. A corda arrebenta do lado dos desavisados. Dormiu no cachimbo, a brasa caiu. Ordem que vale só pros bestas cumprirem. Padeceu um ontem, muitos hoje, todos amanhã. E a volta do enterro não poupa ninguém. Lá vai o andor noutra direção. Abestalhado perde a condução. Invés de cura, piora a moléstia. Nada que seja escapole da danação. Depois só o tempo dirá, a História conta. Isso depois de muito aleijão. Foi, passou despercebido, maior moleza. Estava ocupado, nem deu pra olhar. Rasteira bem dada, nem se sentiu. Escorregou na sacada, relou-se até as costelas. Nada deteve a onda, levou-se a boiada. Como quem foi e não sabe o que viu. Ainda não é tão tarde, ou começa do zero, ou deixa a troça passar para ver como é que fica. © Luiz Alberto Machado.. Veja mais aqui


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 [...] Permitir que o povo passe fome quando isso pode ser impedido reflete falta de interesse pelos direitos humanos, e regimes bem ordenados. Insistir nos direitos humanos irá, espera-se, pressionar na direção de governos eficientes em uma Sociedade dos Povos bem ordenada. [...].
Trecho extraído do ensaio O direito dos povos (Martins Fontes, 2004), do escritor e economista indiano Amartya Kumar Sen.

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