QUEM DESISTE JAMAIS SABERÁ O GOSTO DE
QUALQUER VITÓRIA - A vida dá muitas voltas, feliz de quem
entra na onda e consegue sair dela. O que hoje é tido no maior valor, amanhã
poderá não valer nada. Ou o mais ínfimo de agora, a fortuna de amanhã. Nunca se
sabe. Cada coisa possui sua razão de ser e, de onde menos se espera, acontece o
que diz o escritor estadunidense John Gardner (1933-1982): “Por trás de todo
problema existe uma oportunidade brilhantemente disfarçada”. Vale o olhar da descoberta
e as lições advindas das experiências. Nada mais. O que virá depois, nunca se
sabe, realmente. Algumas ideias chegam promissoras e prontas pro sucesso;
muitas – ou quase todas -, ao contrário, fadadas ao fracasso. Para alguns,
êxito é pura sorte; para outros: resultados da determinação. Ou seja, cada qual
sua sina de Perseu diante da Medusa: ou prospera degolando a cabeça de todas as
adversidades, ou se petrifica diante do primeiro obstáculo. Aos que vencem,
louros; aos derrotados, o amargor da decepção. Todos seguem pra novo desafio. Alguns
compram na esquina, não sabem o real valor de ser e ter. Entretanto, a vida, na
vera, é outra coisa. Por isso, é preciso ter coragem para arrebentar as redomas
intransponíveis, tirar a corda do pescoço, livrar-se da espada de Dâmocles, arrancar
as mordaças da resignação, abrir as vistas vendadas pelo sectarismo, sair daquela
do sal se pisando, deixar de pagar pato indébito, saber ralar no trampo, sentir
o gosto ruim das derrocadas. Quantas tempestades, mínimas bonanzas; quantos
aperreios de arrancar os cabelos, quantas noites em claro, quantos trejeitos
dos que são do contra suplantando os cacoetes dos que estavam a favor, quantas
portas na cara, quantos planos abortados, quantas somas noves fora nada, quantas
projeções invalidadas, quantos nocautes de última hora. Se não aprendeu, refaz a lição. O usual é se há perigo
iminente, abandono do navio, o último que apague a luz: a covardia ou esperteza
como expediente da fuga. Há outra coisa: é como a semente não se ver raiz, a
raiz não se saber tronco, o tronco desconhecer dos galhos, os galhos não
enxergarem folhas, flores e frutos. Ao primeiro vendaval se perde a vontade de experimentar
o segredo dos abismos, a valia da queda, o gosto da perda, a dor de aprender os
mistérios do visível e do invisível ao nosso redor. A quem persevera é dado o
prazer de segurar a primavera nos dentes. Quem desiste, nunca saberá o gosto de
qualquer vitória. E vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
Imagem: arte do
artista plástico estadunidense Henry
Asencio. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Sobre amor e o tempo (Radar Records, 2013), da cantora e
compositora Luiza Possi. Veja mais
aqui.
PESQUISA
O livro Relações
entre a ciência da linguagem e as outras ciências (Bertrand/Martins Fontes,
1974), do pensador russo, linguista e pioneiro da analise estrutural da linguagem,
Roman Jakobson (1896-1982). Veja
mais aqui.
LEITURA
Nos
caminhos de Swan (Globo,
2006), do escritor francês Marcel Proust (1871 - 1922), conta a
história de um refinado personagem da aristocracia, narrando a sua infância e
adolescência. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Imagem: capa do álbum de
estreia da banda Secos & Molhados (Continental, 1973), formado por
Ney Matogrosso (vocais), João Ricardo (Vocais, violão e harmônica), Gerson
Conrad (vocais e violão) e Marcelo Frias (bateria).
Quem tem
consciência para ter coragem
Quem tem
a força de saber que existe
E no
centro da própria engrenagem
Inventa
a contra-mola que resiste
Quem não
vacila mesmo derrotado
Quem já
perdido nunca desespera
E
envolto em tempestade decepado
Entre os
dentes segura a primavera
Letra da música Primavera nos Dentes, de João
Ricardo & João Apolinário.
IMAGEM DO DIA
A arte da performática artista
guatemalteca Regina José Galindo.
Veja mais sobre Michel Maffesoli, Ernesto Sábato,
Gilberto Gil, Isabel Câmara, Beatriz Segall, Eliane Caffé, Ludovic Florent, Howard
Chandler, Edvard Munch & Leo Lobos
aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Moments of Intensity, do fotográfo e
arquiteto holandês Thomas Karsten
(1884-1945)
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá.