A SEXTA É DIA DA DEUSA, DA MUSA, RAINHA,
POETA, MULHER – (Imagem: Musa,
arte da escritora, artista visual e blogueira Luciah Lopez) - Se no sábado ela é deusa Freyaravi no panteão da
minha devoção adoradora e de todos os seus templos mais suntuosos e de sua
potestade, sou fiel servil de sua divindade e rendo-lhe culto noitedia para
consagrá-la como minha única crença, venerando a sua santidade com todas as
orações e rituais perante o seu altar e suas colunas ventrais que me fazem
artesão para talhar sua escultura e a me dar o seu paraíso de Shangri-la. E se
no domingo ela é gloriosa rainha Freyaravi no soberano trono de todo seu
reinado, sou súdito fiel para honrar sua coroa e guerrear viril em seu nome e
em sua defesa, sempre premiado com a majestade seminua de sua magnânima candura
a me fazer vassalo de todas as suas ordens e quereres no leito real. E se na
segunda ela é fêmea escrava, submissa mucama a me fazer degonso no conforto de
todas as manhas e manhãs, sou-lhe o pelourinho para castigar-lhe a carne e a
sina de ser-me usufruto para todo o sempre, amém. E se na terça ela é poeta
devassa varando a noite nua e carregada de versos para me envolver com suas
rimas, assonâncias e aliterações, sou-lhe o combustível que incendeia a
inspiração e a faz sedutora atriz roubando da alma todas as magias a me
endoidecer de amor. E se na quarta ela é dama sofisticada, pudica e sonsa,
elegantemente trajada dos pés à cabeça, sou-lhe a licenciosidade sutil que
ruboriza suas faces, endurece os ductos dos seus seios e enrijece o clitóris
dentro da sua calcinha sedosa e a deixá-la em erupção até desnudar-se inteira
na alcova dos meus prazeres. E se na quinta ela é solta e largada a se
embriagar depravada, qual refém desbocada no meu apego contumaz, ela se faz
meretriz na esquina do meu quarto, se faz puta safada na minha cama desforrada
e se desnuda aos lençóis e se cobre de fronhas e perde a vergonha para ser-me inteira
envolvida por minha arguta avidez de provocar-lhe os mais densos e perenes
orgasmos. É na sexta que ela é musa inspiradora e me depõe versos aos borbotões
a distribuir métricas livres, ressonâncias reverberadas por tonantes sílabas de
gozos para que eu lhe faça a poesia viva de sua alma na mais completa
manifestação. É quando ela é Freyaravi deusa que se profana e mais se endeusa
em rainha destronada e que se entroniza na fêmea que se faz a poeta arrogadora
puta em ser a fêmea pura e a mulher a mais maravilhosa do universo. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Saxobeats (Columbia
Records, 2011), da cantora e compositora romena Alexandra Stan, uma variedade musical com Pop, R&B, dance,
synthpop & Hi-NRG.
PESQUISA
Goethe: história de um homem (Globo, 1940), do escritor alemão Emil Ludwig
(1881-1948), tratando sobre a biografia do escritor e dramaturgo alemão Johann
Wolfgang von Goethe (1749-1832), trazendo no primeiro volume dois livros:
Livro Primeiro – Gênio e Demônio, e Livro Segundo - O espírito da Terra; e no
segundo volume o capítulo IX – Protêo e o Livro Terceiro – Vitória trágica.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
LEITURA
Memórias póstumas de Brás Cubas (W. M.
Jackson Inc, 1938), do escritor Machado
de Assis (1839-1908), é o romance que traz a autobiografia do protagonista
narrador que, depois de morto, resolve escrever suas memórias. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
BAUHAUS DAZIBAOS KIERKEGAARD KINDERGARTEN (BAUHAUS
DAZIBAOS)
Neste exato momento nada me daria mais prazer que bolar
uma história na qual o rei de um país africano determinava no começo do ano as
palavras que os poetas da tribo poderiam usar aquele ano. As palavras tinham
que ser três, uma tradição que vinha lá dos fundos tempos e ninguém nunca tinha
perguntado por quê, coisa, aliás, que nessa tribo era considerada uma
indelicadeza, tanto que era punida com a castração do testículo esquerdo do
mal-educado. Durante tempos e tempos, aquela tribo foi feliz com seus poetas
que só diziam três palavras, combinando-as em todas as combinações possíveis.
Os bons reis escolhiam palavras fáceis de combinar, aurora, amor e alegria, por
exemplo. Naquele ano, os poemas iriam ser: aurora alegria do amor. Ou: amor
aurora da alegria. Nem faltaria algum poeta mais ousado que arriscasse: alegria
amor da aurora. Nesses anos, o povo era feliz, a chuva vinha no tempo e na
medida certa, a terra dava com frutos por um e o povo era feliz junto com seus
poetas. Mas havia reis cruéis, reis que escolhiam palavras difíceis de combinar.
Havia até um, na tradição, que tinha infligido aos poetas do seu povo as
palavras inclusive, quase e talvez. Triste ano aquele, parco de messes e ralo
de poesia. Depois desse tempo, veio a época dos reis fracos, reis que já não
tinham mais a mesma força de autoridade dos reis de antigamente. Os poetas
conseguiram assim a vantagem de fazer poemas com mais palavras. Uma verdadeira
festa o dia em que os poetas conseguiram o direito de fazer poemas com dez
palavras. Com o passar do tempo, os poetas foram aumentando seu poder, fazendo
poemas com cada vez mais palavras. Até que um dia foi necessário admitir, dá
pra fazer poesia com quantas palavras o poeta quiser. Mas a poesia nunca foi
tão boa quanto na época em que tinha que ser feita só com três palavras.
Texto extraído do livro Gozo fabuloso (DBA, 2004), do
poeta, critico literário, tradutor e professor Paulo Leminski
(1944-1989). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Se não fosse dela nada seria tão maravilhoso (LAM).
O lago do Parque Barigui – Curitiba – PR, do
fotógrafo Marcos Guerra.
Veja mais sobre Brincarte do Nitolino, Erich Fromm, Antonio Carlos Secchin, Alexandre Dumas, Gustave Courbet, João Gilberto,
Bibi Ferreira, Isabelle Adjani & Judy Garland aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem:
arte da escritora, artista visual e blogueira Luciah Lopez.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Imagem: Paz, arte da escritora, artista visual e
blogueira Luciah Lopez.
Recital
Musical Tataritaritatá.