MAMÃO, NOVAMENTE O ESTRANHO AMOR – Depois
do episódio escandaloso dO amor da jumenta, Mamão – aquele troço
esquisito, aquela coisa horrorosa -, estava novamente envolvido com as coisas
do coração. Coisa, aliás, muito fora do seu ser, alheia a sua existência. Todavia,
se Quasímodo fora assaltado por sentimentos profundos pela bela cigana
Esmeralda e, por isso mesmo, teve de enfrentar a voluptuosa paixão do arcediago
dom Claudio Frollo; se o sanguinário Vlad Tepes que se tornara mais tarde o
Conde Drácula, se apaixonara por Elisabetha e, 400 anos depois de morta, para sua
desgraça e enlouquecimento do seu coração ela reencarna na Wilhelmina Murray, a
estonteantemente linda Mina; e se o desalmado Bispo de Áquila, no Ladyhawke, se vira enredado na paixão
pela beleza divina de Isabeau d'Anjou,
por que um Joseph Merrick de Alagoinhanduba não poderia ter a capacidade de
amar de verdade? Logo ele que pra ser um vivente teve de enfrentar um processo
seletivo de competição com milhões de espermatozoide e, triunfando na guerra,
nasce tristemente ocrídio, tão feioso de se tornar vítima hostilizada pelas agruras
da implicância e incompreensão humanas. Não fosse o seu protetor um
colecionador e criador de bicho de toda espécie, ele não sobreveria e a gente
seria privado da estranha história da lindinha cega e o monstrengo zonzo: ela formosa,
requintada, refinada; ele um desajeitado, intrépido, impetuoso. Aquele amor
dissipou sua agonia na vida. Bastou vê-la parada numa esquina, mesmo enxergando
com dificuldade, encheu-se logo de uma satisfação que lhe fizera valer a pena
viver: - É ela. E foi na força da munheca que ele enfrentou tudo e todos que só
botavam gosto ruim e que feito mancha de caju queriam atrapalhar de todas as
formas o idílio extravagante que surgia entre eles. Estava ela atrapalhada para
atravessar a rua, quando ele, nunca antes solidário, se encostou ardiloso nela:
- Pricisando, dona? Pra que lado a igreja? Prali. E já saiu apontando pra ela
onde era. Ela lá, parada, aflita: - Onde? Mesmo com seu juízo pouco, percebeu
alguma coisa nela e pegou-lhe a mão, puxando-a ao destino solicitado. Quando a
coitada deu umas tropicadas, foi que ele parou e sem entender ouviu: - Sou
cega. Ah, aí ele se tocou. E, então, tornou-se o cavalheiro atrapalhado nunca
antes sido. Coisas da vida: nascia ali, naquele instante, um quase impossível grande
amor que foi se insinuando por dias, tardes e noites, embalando o casal de
forma extraordinária. Em seguida, quase caindo ela se segurou nele. – Sua perna
é macia, né? Não era a perna, era o membro descomunal do rapaz. Maior vexame na
hora. Coisa inclusive que passou a ser costumeira: - Fica aqui, mão na minha
perna, vá? Nossa, mas sua perna incha, fica diferente. Ah, ligue não, deixe a mão
aqui. Assim era o namorico que passou a ser noivado do jeito deles, quando tentaram
encher a cabeça dela de coisas sobre ele, querendo botar tudo a perder. Ele
arretou-se: - Comigo não, violão! E fez os linguarudos bandearem pra casa da
peste. Por conta de benefícios previdenciárioas, pode ela sustentá-lo em casa à
base de serviços caseiros e ajudas indispensáveis de criado, até tornar-se o
marido inseparável até sua prematura morte três anos depois, pra desgraça fatal
do sujeito que retornou à estaca zero na vida. Coitado, na solidão de sempre,
seguia errante. Deus cuide do coração de Mamão e Paz na Terra aos bichos de boa
vontade. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui,
aqui e aqui.
Imagem: a arte do pintor, desenhista, gravador,
cenógrafo, fotógrafo e escultor Newton Mesquita.
Curtindo as músicas & vídeos do músico,
compositor, produtor e critico musical Dery
Nascimento & as dicas do blog Planeta MPB.
Desobediência
civil (L&PM, 1997), do filósofo e poeta estadunidense Henry
Thoreau (1817-1862), ensaio de caráter anarquista e libertário escrito
quando da prisão do autor por se negar a pagar impostos que financiavam a
guerra contra o México. Veja mais aqui, aqui e aqui.
O Livro
das Mil e Uma Noites (Globo, 2005), organizado por Mamede Mustafa Jarouche,
reunindo histórias e contos populares do Oriente Médio e do sul asiático. Veja
mais aqui.
MAIS UM CAPÍTULO NA HISTÓRIA UNIVERSAL DA TEMERANÇA
Alô, alô, Brasilzão! Alô, alô gente da
melhor cepa:
O reino da Temerança – não será o do
Cai Cai? -, é a maior desgovernança no Fecamepa:
a quem interessar o golpe, o Big Shit Bôbras
agora vai pro assalto dos golpistas ao Palácio do Planalto – agora a Casa da Mãe
Temerança – que com fins para lá de lucrativos, deu-se um tiro certeiro: o
cabra sabido deu logo pé de peru pro Judiciário, pro Legislativo e pro próprio
Executivo, quer mais o que? Depois de comprar os três poderes, o cabra ainda
conta com o apoio dos que tão presos na Lava Jato & os sabidinhos da Fiesp,
os da burguesia que só querem grana no pé do cipa e um bando de eleitor sem-noção
e maria-vai-com-as-outras que vive acoloiado com o noticiário da imprensa sempre
vendida sem nunca jamais ter ouvido falar de verdade sobre a História do Brasil.
Segura o comboio que o negócio é sério!?! A coisa agora é só a farra do
temerante intemperante: fulano delatou sicrano que caiu por cima da grana de
beltrano pra prejuízo de outrano e todo blablabla para engalobar todo mundo e
consagrar a delação premiada. Além de roubo, dá prêmio: eu digo, ele desmente e
a boataria come no centro! É só disse-me-disse e eu onde é que fico? Do lado
que a corda se arrebenta, ora! E assim vai: quem se habilita? Vamos aprumar a
conversa desaprumada e veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Brasil
dos Latifundios (2006), do
artista plástico cearense radicado no Rio de Janeiro, Raimundo Rodriguez.
Veja mais sobre Primeira Reunião: Poucas palavras & uma
dor, Thomas Mann,
Pierre Corneille, Maysa, Diego Velázquez, Eugénia Melo e Castro, Pierre
Bourdieu, Sagarana & Ítala Nandi aqui.
Nu (óleo sobre tela), do professor, desenhista ilustrador, caricaturista e pintor Thiago Hellinger.
Sobras do Mundo (2000),
do artista plástico cearense
radicado no Rio de Janeiro, Raimundo
Rodriguez.
Recital
Musical Tataritaritatá