sexta-feira, julho 12, 2013

LUKÁCS, GASSEL, RIZAL, DAZAI, RENIA SPIEGEL & LITERÓTICA

DOIS POEMETOS DE AMOR DEMAIS PARA ELA – I – BEIJU - Ela dá de ombros e eu só escombros nos assomos dela. É quando revela secreta, peito nu, alma aberta, toda delícia, verdadeira sevícia no meu bocejo. Ela me dá um beijo e se mostra atiçada e vem toda ouriçada pra cima de mim. E assim acende o beiju abalando Bangu e toda redondeza. E se faz minha presa e, também, a caçadora, a total predadora e rendida de graça. Quando meu beijo perpassa, ela rasteja lagartixa que bem muito se espicha sobre meu território. E no seu envoltório, se arrasta, rasteja, arrebata, viceja e me faz mais feliz. II - GULA VORAZ - Quando ela quer, em mim se advinha: o ventre em colher larga a sianinha. Ela então se aninha, ficando de conchinha, em marcha-à-ré. É quando ela quer, olhos de oásis. Nada mal-me-quer, nem para análise. E quando ela quer e seus lábios de espera vencem a primavera e todo verão. Tudibão! E quando ela quer de manhã - que mulher! - ela cunhã vem com todo terém, manda ver. Benzadeus, seu ser: uma gracinha. Quando as linhas da sua palma envolvem minhas mãos até minha alma. E logo de chegada dá logo um treino: me beija como quem quer me dar todo o seu reino, ah que talento nato. E me faz de novato, marinheiro de primeira viagem. E cai na vadiagem de invadir meus recantos. Dou-lhe asa enquanto ela se faz mais mulher. É quando mais ela quer com o dorso agoniado. E dos seus flancos alados se faz deusa que dança. Balança estrutura, lança, vence e apura, convence e arromba todas as fechaduras, sou todo seu por abrigo. E diz que esse é o castigo, domado da vontade ao postigo que vai dar na sua inquietude de quem perdeu latitude, tudo o mais e que só eu sou todo seu ademais. Zas-trás! Grudo nela, ah, tudo nela a ver comigo. E maldigo, erramos a conta, nem damos conta que arrasou geral. No mais alto astral ela se esparrama e se lambuza na lama do meu corpo, verdadeiro mar revolto que nunca foi tão maravilhoso eito, nunca antes do maior proveito, que jamais dissipasse toda permanência e, por coincidência, lavasse o fogo na face e mais se debatesse quando irrompesse o gozo, a única atmosfera. É ela na vera toda louvada e lavada grata e sem nexo. Até ser no meu sexo crucificada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Aquele que muito ama também tem muito que sofrer. Os que estão morrendo não precisam de remédios, os que ficam, sim. O exemplo pode encorajar outros que apenas temem começar. O gênio não tem país. Floresce em todos os lugares. O gênio é como a luz, o ar. É a herança de todos. Morro sem ver a aurora iluminar minha terra natal. Você que tem que ver, dê as boas-vindas - e não se esqueça daqueles que caíram durante a noite! Pensamento do escritor, jornalista, oftalmologista e revolucionário nacionalista filipino José Rizal y Alonso (1861-1896). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Contanto que eu possa fazê-los rir, não importa como, eu ficarei bem. Se eu conseguir, os seres humanos provavelmente não se importarão muito se eu permanecer fora da vida deles. A única coisa que devo evitar é me tornar ofensivo aos olhos deles: Eu devo ser nada, o vento, o céu. Pensamento do escritor japonês Osamu Dazai (1909-1948), Veja mais aqui.

 

ARTE, ESTÉTICA & SOCIEDADE – [...] Se estamos em condições de reconhecer o percurso do gênero humano e utilizá-lo para nosso desenvolvimento individual, devemos isto à arte, às realizações do reflexo artístico; do mesmo modo, não seriamos capazes de avançar individualmente se nosso desenvolvimento não estivesse fixado, interpretado, criticado pela nossa memória individual e pela consciência que emerge desta base. [...] As forças sociais que o artista apreende, figurando o seu caráter contraditório, devem aparecer como traços característicos dos personagens representados, ou seja, devem possuir uma intensidade de paixão e uma clareza de princípios que não existem na vida burguesa cotidiana; e ao mesmo tempo, devem se manifestar como características individuais de um indivíduo concreto. [...]. Trechos extraídos da obra Arte e Sociedade: escritos estéticos 1932-1967 (EdUFRJ, 2009), do filósofo, crítico literário e pensador marxista húngaro Georg Lukács (1885-1971), que em outra de suas obras, Introdução a uma estética marxista (Civilização Brasileira, 1970), acrescenta que: [...] A vida reproduz sempre o velho, produz incessantemente o novo, a luta entre o velho e o novo penetra em todas as manifestações da vida [...] Já que a arte representa sempre e exclusivamente o mundo dos homens, já que em todo ato de reflexo estético o homem está sempre presente como elemento determinante, já que na arte o mundo extra-humano aparece apenas como elemento de mediação nas relações, ações e sentimentos dos homens, deste caráter objetivamente dialético do reflexo estético, de sua cristalização na individualidade da obra de arte, nasce uma duplicidade dialética do sujeito estético, isto é, nasce no sujeito uma contradição dialética que, por sua vez, revela também o reflexo de condições fundamentais do desenvolvimento da humanidade. Trata-se aqui da relação entre homem e humanidade. [...], Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

CORPO PORNOGRÁFICO – […] O corpo não obriga o espírito, ele o dá um contexto de expressão […] Eu invisto sobre a zona da carne, invisto e conquisto o que eu não poderia ter feito sem o músculo, o prazer viril do vigor. Eu quero uma afirmação mais absoluta, ainda jovial, um culto de mim, uma existência revolta frente aos outros, tangível, inevitável, visível, dessa visibilidade que salta aos olhos — vontade de dominação sexual que se exprime, cola na pele, nas formas. [....] Possuída da necessidade de modificar meu corpo pela potência, de criar para mim uma armadura de sedução de beleza dura e severa [...]. Eu encontrei instantaneamente em certos autores o compartilhamento espontâneo dessa característica de certa volúpia: Mishima, Montherlant, Nietzsche [...] Não saber aprender era uma faca de dois gumes que, nessa idade, me salvava do pior. A postura inconfortável da debilidade era um desastre menor do que a aprendizagem fastidiosa para meus impulsos mais íntimos. Conhecer a história da humanidade numa idade muito tenra era aceitar esses preceitos contra minha identidade e me acusar de uma existência anti-natural, invertida, culpada e que deveria ser consertada. Eu preferia não ouvir, para que as mensagens me contaminassem o menos possível. [...] Eu escrevo uma poética moderna de corpos andróginos e eu utilizo meus deleites. Ele nunca foi sujeito, esse corpo de mulheres viris na nossa literatura ou na nossa filosofia. Sua criação é contemporânea, ela soa como a chegada de um desejo por muito tempo impossível. É o motivo da festa ser considerável — cada vez que esse corpo se encontra em uma confrontação sensual — e não cessa de procurar para si uma ilustração retumbante. Nós chegamos a quebrar as clivagens, não somente nas estruturas de pensamento mas naquelas dos corpos, e o mundo finalmente se organiza para abrigas esses novos eventos. Como prova, começam a aparecer nas diferentes notícias esportivas, no interior de nossas casas, sobre as telas de tv, essas mulheres do futuro. [...] A ação disciplinada do corpo se esmigalha com o envelhecimento, a alma é que importa ser trabalhada. É o que permanece. Eu me confronto com essa dificuldade de exprimir corpo e palavras. Nos corpos como nos livros estão confinadas energias. Podemos nos perguntar se o que faz sentido hoje terá sentido amanhã. Antigamente tínhamos por perspectiva a perenidade das obras. Hoje, conhecemos a sucessão de seus mortos, nos vimos mitos desmoronarem e se instalarem montanhas efêmeras substituídas por outras, também falsas. A reflexão sobre o corpo e o texto fala também sobre a ambição: se o instinto quer que deixemos nossos traços na areia do mundo, precisamos nos confrontar com o que mina a validade desse instinto, o ultrapassar contínuo da vida. Nos resta apostar sobre um eternal humano que se revisitará através de nós, que se amará e se trairá nos retratos que o mostramos, essas imagens que nos nutrem. [...] Por que eu escolhi uma escrita que passa pelo simbolismo do sexo? Para que o pensamento tenha esse lado hard, para que ele faça parte de uma fantasmagoria estética [...] Eu acaricio esse corpo volumoso no texto, eu acaricio escrevendo meus músculos salientes. Eu acaricio o ombro, a nuca, o peitoral. Eu acaricio a pele firme, dura e tenra. Eu acaricio sua constrição em torno da fibra muscular, eu acaricio as veias que passam, atravessam o corpo, emergem em certos locais e depois mergulham no invisível, na opacidade da carne. Viva aparência que eu não hesitarei em exibir para gozar dela. Eu apareço ainda, escrevendo esse texto sem espelho, na ausência de espelhos mirando entretanto através dos conceitos uma imagem do meu corpo no que ele se assemelha a esse mesmo corpo real, físico. Beleza sem transparência do sangue que percorre o azul das veias. Beleza no rigor sombrio do músculo. E no traçado negro, anguloso das formas como um desenho em ponta seca que dirá somente a língua do desejo, onde cada figura será expressão de vontade, de fome, de tentação, de apetite, onde tudo seria reino da carne e o império colossal da distração regozijante. E quem diz prazer diz amplitude, força, maestria de onde explode o gozo. [...]. Trechos extraídos da obra Construction d’un corps pornographique. (Cercle d’Art, 2005), da escritora e fotógrafa Nathalie Gassel. Veja mais aqui.

 

UM POEMA - Mais uma vez a vontade de chorar toma conta de mim \ Quando me lembro dos dias que costumavam ser \ As tílias, a casa, as cegonhas e as borboletas \ Longe... em algum lugar... muito longe para os meus olhos \ Eu vejo e ouço o que sinto falta \ O vento que costumava embalar velhas árvores \ E ninguém mais me diz \ Sobre a névoa, sobre o silêncio \ A distância e a escuridão fora da porta \ Eu sempre vou ouvir essa canção de ninar \ Veja nossa casa e lagoa colocadas por \ E tílias contra o céu... Poema extraído do Diário (1942-2012), da escritora polonesa Renia Spiegel (1924-1942), impressionante narrativa da vida de um jovem judeu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas invadiram a Polônia e os soviéticos pelo leste, deportando, aprisionando e assassinando judeus nas cidades como Przemsyl, onde Spiegel viveu e morreu. Sua história ficou conhecida devido ao seu diário pessoal, escrito entre seus 15 e 18 anos, onde conta a experiência de ser uma adolescente e viver na cidade, onde a situação do povo judeu rapidamente se deteriorou após a invasão. Ela foi levada para a rua junto dos pais de Zygmunt e eles foram executados a tiros em 30 de julho. Os pais e a irmã de Renia sobreviveram à guerra e emigraram para os Estados Unidos. Ela começou a escrever o diário em 31 de janeiro de 1939, quando tinha 15 anos de idade, com quase 700 páginas que foram mantidas em segredo e foi feito em um caderno escolar costuradas juntas. Em seus escritos, fala de seu dia a dia na escola, a vida em família, a dor de ficar separada da mãe, seu namoro com Zygmunt Schwarzer, o medo crescente da guerra e o medo de se mudar para o gueto. No diário constam escritos e pensamentos, desenhos e poemas, dos quais destaco mais os trechos: [...] Meu querido diário, meu bom e amado amigo! Passamos por momentos terríveis juntos e agora o pior momento está sobre nós. Eu poderia sentir medo agora. Mas Ele não nos deixou, e nos ajudará hoje. Ele vai nos salvar. Ouça, ó, Israel, salve-nos, ajude-nos. Você me manteve a salvo de balas e bombas, de granadas. Ajude-me a sobreviver! E você, minha querida mamãe, reze por nós hoje, reze muito. Pense em nós e que seus pensamentos sejam abençoados. [...] Poemas são algo extraordinário e único, eles conectam almas e enobrecem, elevam o amor. O passado não se foi há muito tempo; está presente em nossos corações, em nossas ações e nas lições que ensinamos a nossos filhos [...].

 

PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 14 de julho, a partir das 10hs na Cidade FM 87,9,  traz as comemorações de mais de 3 mil membros no grupo do programa no Facebook com muitas atrações, confira: Taiguara, Toquinho & Vinicius & Maria Creuza, Adriana Calcanhoto, Vangelis & Jon Anderson, Chico Buarque, Paul McCartney, Vinicius Cantuária, Emerson & Lake & Palmer, João Bosco, Banda de Pau e Corda, Oswaldo Montenegro, Djavan, Vanessa da Mata, Jimi Cliff, Maria Gadu, Rita Lee, Coldplay, Mariza Monte, Kenny G, Evanescence, Renato Russo, Caetano Veloso, Beto Guedes, Milton Nascimento, Elba Ramalho, Paula Fernandes, Sonia Mello, Roberta Sá, Marquinhos Cabral, Ozi dos Palmares, Mácleim, Taís Feijão, Fred Cury & Reynaldo Moysés & Companhia Original Soul of Blues, Claudia Jung, Eduardo Knaip & Sandra Regina Alves Moura, Adilson Ramos & Hermê Teixeira, Paulynho Duarte, Luiz Vieira & Mauro Henrique Salles, Charlie Bronw Junior, Barry White e Luciano Pavarotti, Nico Fidenco, Dalida e Alain Delon &  muito mais! Participe, comente, curta online & abrilhante a nossa festa neste 14 de julho, na programação da Cidade FM 87,9, a partir das 10hs. Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Domingo Romântico.
Quando? Neste domingo, 14/07, a partir das 10hs.
Onde? Cidade FM Apresentação Meimei Corrêa.
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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...