segunda-feira, julho 01, 2013

ALAÍDE FOPPA, JAVIER SICILIA, ALBA ZALUAR, MLODINOW & MAFFEI


DORO - UMA CACHAÇADA E UMA CASA NO MEIO DA RUA!!!!!! - O Doro, como sempre à toa e pelamordedeus, resolveu visitar o povinho bom de São Miguel dos Campos, no Estado das Alagoas. Mal apeou na rodoviária, encontrou-se com uma tropa de pariceiros no engreno de abraços e comemorações para emborcar copos de toda espécie de birinaite até umasoras. Lá pras tantas, a coloiada toda saiu trocando as penas às cantaroladas pela avenida principal, ao darem com os cornos arranhando as ventas no reboco duma alvenaria no meio da rua. - Êpa! Quem butou essa casa no meio da rua, hem? -, reclamou o Doro pra patota. - Vixe! Tamos disgraçados -, abufelou Robimagaive. - Antes tumávamos de ver poste, carro, gente, bicho, lobisomem, tudo no meio da rua. Mas é a premera vez que nóis vê uma casa andando no mei-da-rua -, resmungou Pedim-viuvo-do-pade. - Danou-se!!!!! Onde é qui tá o juizo desse povo, hem? - Isso é que é cachaçada! Só falta aparicê uma boazuda pra botá a gente pra dentro, ora. - É não, se assunte, meu, a casa tá no mei da rua mermo!!!!! - E tá? - Tá. - Vôte! Então, será  Fecamepa?!?!? E viva São Miguel dos Campos!!!!!!! Veja mais do Doro aquiaqui, aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - As favelas fazem parte do tecido urbano principalmente nas áreas mais pobres da cidade. Com as intervenções realizadas na favela-bairro não há mais diferenças entre o asfalto e a favela. Em alguns subúrbios, as favelas são até melhores que o asfalto, porque o subúrbio está muito deteriorado. A favela continua sendo o espaço onde as pessoas não são proprietárias. Portanto, ali podem ser expulsas e perder os imóveis onde moram. São lugares onde não houve ainda efetivação do título de propriedade. É um processo extremamente lento, com muitas complicações legais. Da última vez que tomei conhecimento eram 5% de habitações legalizadas. Por isso a milícia e o tráfico podem participar dos negócios imobiliários. Certas associações de moradores levam uma parte de todos os negócios imobiliários. Há também loteamentos, em geral irregulares, mas que não são considerados favelas pelo IBGE. Mas, esta ausência de infra-estrutura urbana não é o maior problema da favela. O problema é a falta de título, que fragiliza o poder do morador sobre sua habitação, podendo ser muito facilmente expulso. Então, só se consegue entrar pela rede de poder que se estabeleceu. Temos que parar de falar que favela é solução. A favela só está aumentando os problemas dos pobres na cidade. O favelado é muito prejudicado por estas estruturas de poder. Está pagando cada vez mais caro pela moradia, tendo que se submeter a estes poderes. Pensamento da antropóloga Alba Zaluar (1942-2019). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Amigo, o mundo inteiro está cheio de problemas: a terra é fácil de mudar, mas não ventura... Aquele que não atende aos seus, convida outros esperando por você, e muitas vezes sofre o que ele quer fazer, e mau nasce mau. Pensamento do escritor e dramaturgo italiano Scipione Maffei (1675-1755).

 

ANDAR DO BÊBADO - [...] Também usamos nossa imaginação e pegamos atalhos para preencher lacunas em padrões de dados não visuais. Tal como acontece com a entrada visual, tiramos conclusões e fazemos julgamentos com base em informações incertas e incompletas e concluímos, quando terminamos de analisar os padrões, que nossa “imagem” é clara e precisa. Mas é? [...] A corda que liga a habilidade ao sucesso é frouxa e elástica. É fácil ver boas qualidades em livros de sucesso ou ver manuscritos inéditos, vodcas baratas ou pessoas que lutam em qualquer campo como de alguma forma deficientes. É fácil acreditar que ideias que funcionaram foram boas ideias, que planos bem-sucedidos foram bem elaborados e que ideias e planos que não deram certo foram mal concebidos. E é fácil transformar os mais bem-sucedidos em heróis e, no mínimo, olhar com desdém. Mas a habilidade não garante a realização, nem a realização é proporcional à habilidade. Portanto, é importante ter sempre em mente o outro termo da equação - o papel do acaso... O que aprendi, acima de tudo, é seguir em frente porque a melhor notícia é que, como o acaso desempenha um papel, um fator importante para o sucesso está sob nosso controle: o número de rebatidas, o número de chances aproveitadas, o número de oportunidades aproveitadas [...] Outra noção equivocada ligada à lei dos grandes números é a ideia de que um evento é mais ou menos provável de ocorrer porque aconteceu ou não recentemente. A ideia de que as probabilidades de um evento com uma probabilidade fixa aumentam ou diminuem dependendo das ocorrências recentes do evento é chamada de falácia do apostador. Por exemplo, se Kerrich acertou, digamos, 44 caras nas primeiras 100 jogadas, a moeda não desenvolveria um viés em direção às coroas para alcançá-la! É isso que está na raiz de ideias como "a sorte dela acabou" e "Ele está para nascer". Isso não acontece. Por que vale a pena, uma boa seqüência não azara você, e uma má, infelizmente, não significa que a sorte está reservada. [...] O primeiro passo para lutar contra a ilusão de controle é estar ciente de si. Mas mesmo assim é difícil, uma vez que pensamos que vemos um padrão, não abandonamos facilmente nossa percepção. [...] Todos nós entendemos que a genialidade não garante o sucesso, mas é sedutor supor que o sucesso deve vir da genialidade. [...] A pesquisa sugere que, quando se trata de entender nossos sentimentos, nós, humanos, temos uma estranha mistura de baixa habilidade e alta confiança. [...] A ciência revelou um universo vasto, antigo, violento, estranho e belo, um universo de variedade e possibilidades quase infinitas, no qual o tempo pode terminar em um buraco negro e os seres conscientes podem evoluir de uma sopa de minerais. [...]. Trechos extraídos da obra The Drunkard's Walk: How Randomness Rules Our Lives (Vintage, 2009), do físico e matemático estadunidense Leonard Mlodinow.

 

O REFLEXO DO ESCURO - [...] Você sabe no que eu acredito? Que a vida é uma moeda no ar. As vezes você ganha, as vezes você perde. É tudo. Aguardo a oportunidade de relançá-lo. [...]. Trecho extraído da obra El reflejo de lo oscuro (Fondo de Cultura Económica, 2006), do escritor e jornalista mexicano Javier Sicilia Zardain, que com seu ativismo expressa: Comprar água é pecado. Estamos fartos porque só lhes interessa, além de um poder impotente que só serve para gerir a desgraça, é o dinheiro, a promoção da concorrência, a porra da sua “competitividade” e o consumo excessivo, que são outros nomes da violência... Vocês, “senhores” políticos, e vocês, “senhores” criminosos –coloco entre aspas porque esse epíteto é dado apenas a pessoas honradas–, vocês estão com suas omissões, seus processos e seus atos aviltando a nação. No entanto, não temos escolha; nenhuma outra opção. Se não tivermos policiais, juízes, advogados, promotores honestos, corajosos e eficientes; se cedem ao crime e à corrupção, estão condenando o país à mais desesperada e atroz ignomínia. Estamos aqui para nos dizer e vocês nos dizem que esta dor da alma em nossos corpos não vai transformar o ódio em mais violência, mas sim uma ajuda que nos ajude a restaurar o amor, a paz, a justiça, a dignidade e a grande democracia que estamos perdendo... Estamos, pois, numa encruzilhada sem saída fácil, porque se desfaz o solo em que floresce uma nação e o tecido em que se expressa a sua alma...

 

DOIS POEMAS - OS SEIOS - São duas plácidas colinas \ que apenas \ são dois frutos delicados\ de pálidas enervações\ foram duas taças cheias\ providentes e nutritivas\ em plena estação\ e seguem alimentando\ duas flores em botão. O SEXO - Oculta rosa palpitante\ no sulco escuro,\ poço de estremecida alegria\ que incendeia em um instante\ o turvo curso de minha vida,\ secreto, sempre inviolado,\ ferida fecunda. Poemas da professora, poeta e tradutora espanhola Alaíde Foppa (1914-1980), ativista feminista que desapareceu por problemas políticos, depois de um sequestro quando se encontrava radicada na Guatemala.

 



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