DITOS & DESDITOS - Sou muito
infantil para ser imaturo. Eu amo a internet; Eu estou nisso o tempo todo. Todo
homem é um herói para seu pseudônimo. Pensamento do escritor e crítico cultural
estadunidense Lee Siegel, autor da
obra Against the machine: being human in the age of the eletrônica
mob (Spiegel & Grau, 2008), na qual expressa que: No mundo surreal da Web 2.0, a retórica de democracia, liberdade e
acesso é usualmente uma folha de aprreira para uma retórica antidemocrática e
coercitiva; onde ambições comerciais se disfarçam na pele de cordeiro dos
valores humanísticos; e onde, ironicamente a tecbologia fez voltar o relógio do
prazer desinteressado da arte popular e erudita para uma cultura primitiva de
interesses próprios, toscos e avarentos. Sobre a Internet ele assevera que:
É um desastre sem proporções. Está
destruindo o jornalismo neste país, por exemplo. É uma estupidez que uma
inovação tecnológica esteja comprometendo a qualidade do jornalismo, ao invés
de melhorá-la. Não vejo nada novo ou original vindo dali. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Eu escrevo sobre os aspectos intangíveis
cruciais da vida - casa, atenção, incerteza - que muitas vezes esquecemos na
era tecnológica, e procuro maneiras de contrabalançar a inquietação,
velocidade, complexidade e natureza centrada na máquina de nossos tempos com
calma, reverência , lucidez e humanidade. Não sou um ludita, nem estou
fascinado pela tecnologia. Eu me considero um usuário com os olhos bem abertos
e alguém que está constantemente perguntando: que tipo de humano queremos ser,
hoje e no futuro? Pensamento da escritora e jornalista
estadunidense Maggie Jackson, autora
da obra Distracted: The Erosion of
Attention and the Coming Dark Age (Prometheus, 2008)
em que expõe a vida cibercêntrica com a deficiência de atenção, ou seja, que a
erosão da capacidade de atenção profunda e plena consciência provocada pela
vida cibercêntrica traz gritantes implicações para uma sociedade saudável, por
nutrir uma cultura de difusão e desapego. Com a atenção dispersa entre os bips
e pings de um mundo de botões, cada vez menos há capacidade de fazer uma pausa,
refletir e conectar profundamente.
OUTRA QUE ALGUEM FALOU: Assuma
o controle de sua vida, o que acontece? Algo terrível: não há ninguém para
culpar. Pensamento da escritora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui e aqui.
A TRISTE SINA DE IBN HAZM & O COLAR DA POMBA- O polímata, historiador, jurista e
filósofo muçulmano andaluz Ibn Hazm(Mohamed Ali ibn Ahmad ibn Said ibn Hazm, 994-1064),
foi descrito como um dos hadith proponente e codificador da escola de
pensamento islâmico Zahiri. Era filho do ministro de Al-Mansur e foi criado no
harém do palácio de Córdova, no qual recebeu educação até a adolescência. Seu
pai morreu em 1012, após ter conhecido as amarguras de uma grande desgraça. Aos
20 anos ele é forçado a deixar Córdova, caçado pelos Berberes almorávidas.
Libertado, ele retoma o caminho do exílio e se apresenta em Valência onde
novamente é aprisionado, só sendo libertado para ser ministro do Omíada Abd
al-Rahman, que será assassinado numa conspiração e retoma o caminho da prisão.
é quando compõe o célebre Tawk el hamama – O colar da Pomba. Depois se dedica à
ciência e ao direito, porém seu temperamento combativo e sobretudo o desejo de
contrariar a ortodoxia reinante o compelem a fazer-se defensor de uma escola
heterodoxa, a dos Ahl adh’dhahir, ou escola da verdadeira religião.
Intransigente, polemista dotado de uma pena acirrada e impiedosa, foi proibido
de professar na grande Mesquita de Córdova. Em Sevilha os seus livros são
publicamente queimados e sua efigie decapitada. Assim, foi preso, jogado na
prisão e expulso da ilha. oprimido por tantas infelicidades, até acabar seus
dias numa propriedade rural da família Badajoz. Ele produziu mais de 400 obras,
mais de 80 mil páginas que o fez um dos principais pensadores do mundo
muçulmano. Dele encontra-se o poema Al-Mahribi de flâmulas dos
defensores: Você veio até mim um pouco antes / os
cristãos tocaram seus sinos. / A meia-lua estava subindo / parecendo a
sobrancelha de um velho / ou um delicado peito do pé. / E embora ainda fosse
noite / quando você veio um arco-íris / brilhava no horizonte, / mostrando
quantas cores / como a cauda de um pavão. Veja mais aqui.
POLÍTICA SEXUAL – [...] Uma revolução sexual exigiria antes de mais, talvez, o fim das inibições e
tabus sexuais, especialmente aqueles
que mais
ameaçam o casamento monógamo tradicional: a homossexualidade, a
«ilegitimidade», as
relações sexuais pré-matrimoniais e na adolescência. Deste modo, o aspecto
negativo no qual a atividade sexual tem sido geralmente envolvida seria
necessariamente eliminado, juntamente
com o
código moral
ambivalente e a prostituição. Esta revolução teria por
objetivo estabelecer um princípio
único de tolerância, completamente alheio aos sórdidos e
alienantes fundamentos econômicos das tradicionais alianças sexuais.
[...] O princípio tutelar, frequente na
jurisprudência ocidental, colocava a mulher casada numa condição de objeto durante toda a
vida. O
marido passava a
ser uma
espécie de tutor legal, como se com o casamento ela passasse a fazer
parte da categoria dos loucos e atrasados mentais, que, de um ponto de
vista legal, eram também considerados como «mortos aos olhos da lei».
Por muito irresponsável que o marido fosse e indiferente ao bem-estar
dos seus filhos, ele estava legalmente autorizado a exigir e receber em
qualquer momento os salários da mulher, mesmo sacrificando a vida dos
que dele dependiam. Como chefe de família, da qual era proprietário,
tinha poderes para privar a mãe dos seus próprios filhos, que legalmente
lhe pertenciam, se quisesse abandoná-la ou divorciar-se dela. Um pai,
tal como um negreiro, podia recorrer à lei para reclamar os seus bens
mobiliários, sempre que quisesse. Podia reter a mulher contra sua
vontade; as esposas inglesas que se recusassem a voltar para
casa podiam ser presas. Se o marido morria sem deixar testamento, o
Estado podia apropriar-se de todos os seus bens
(porque legalmente
todos os bens lhe pertenciam) sem deixar nada à viúva, ou
apenas aquilo que entendesse conferir-lhe. A legislação de Nova Iorque
era edificante e minuciosa neste aspecto; indiferente ao número
de filhos, enumerava o seguinte como sendo devido à viúva: A
Bíblia da família, quadros,
livros escolares e todos os livros que
não ultrapassem o valor de 50 dólares: rodas de fiar, teares e fogões; dez
ovelhas e as suas peles, dois porcos.
[...] Todo o vestuário necessário, camas, armações
de cama, colchões e lençóis;
os fatos da viúva e ornamentos próprios à sua condição. Uma mesa, seis cadeiras, seis facas e
garfos, seis
chávenas de chá
e respectivos pires, um açucareiro,
um bule de leite, um bule de chá e seis colheres. O exemplo mais
parecido com o casamento é o feudalismo. [...] Trechos extraídos da
obra Política Sexual (Dom Quixote,
1969), da escritora, artista, educadora e ativista estadunidense Kate Millett (1934-2017), que é
considerado a “bíblia da liberação das
mulheres”. Da autora há uma série de frases lapidares: O amor tem sido o ópio das
mulheres como a religião o das massas. Enquanto amávamos, eles governavam. Pode
ser que não é que o amor em si é ruim, mas a maneira como foi usado para
persuadir a mulher e torná-la dependente, em todos os sentidos. Entre os seres
livres é outra coisa O amor é
simplesmente para permitir o outro a ser, viver, crescer, expandir e se tornar.
Uma apreciação que não exige e nem espera nada em troca... É interessante ver
que muitas mulheres não se reconhecem como discriminadas. Não foi encontrada
melhor prova da totalidade de seu condicionamento... Sobre o patriarcado, a
autora expressa que: O patriarcado é uma
ideologia dominante sem comparação; é provável que nunca nenhum outro sistema
tenha exercido um controle tão completo sobre seus sujeitos. [...] Ele se apoia em princípios fundamentais de
que o macho tem que dominar a fêmea... As diferenças intelectuais entre o homem
e a mulher são apenas consequências naturais das diferenças na educação e
condicionamento e não implicam qualquer desigualdade fundamental e ainda menos
uma inferioridade notória baseada na natureza... Um dos mitos favoritos da
mentalidade conservadora consiste precisamente na ideia de que toda mulher é
uma mãe em potencial... Veja mais aqui e aqui.
UM POEMA SOBRE A VELHICE – Ó povo da Andaluzia, vós compreendestes / Graças a
vossa inteligência, uma coisa sutil: / para chorar vossos mortos vós vestis o
branco. / Parecendo, talvez, um estranho traje / vós tendes razão: o branco é a
verdadeira cor do luto. / Que luto é mais triste que a brancura dos cabelos? Poema do historiador e poeta muçulmano
andaluz Ibn al-Shereshi sobre a velhice. Dele
também é encontrada a anedota: Os homens que voltaram daquele lugar disseram que foram testemunhas de
um horror como nunca tinham visto. Eles levaram os homens diante de um altar
coberto de sangue, e um havia sido curvado sobre ele, e eles assistiram com
horror como o seu o peito foi perfurado e seu coração foi arrancado de seu
peito. Eles nos contaram com horror como os politeístas gritavam aos seus
ídolos, e naquele momento eles sabiam que só podiam estar chamando o shayatan.
Seus guias lhes disseram que os ídolos exigiram muito deles, mas eles não
poderiam saber que seria assim. Tão aterrorizados ficaram que os atacaram com
fúria e mataram vários deles, antes que fossem expulsos para além das muralhas
de Tuloom e voltassem para seus navios no horror do que tinham visto. Veja mais aqui, aqui e aqui.