MICHAEL
MOORE – CAPITALISM: A LOVE STORY
Quando assisti o filme “Capitalismo – Uma história
de amor”, do cineasta Michael Moore, que foi lançado em 2010, logo vio
tratar-se de um documentário versando sobre a realidade econômica dos Estados
Unidos nas últimas décadas.
O autor inicia
sua obra com cenas do Império Romano misturando com a realidade atual
norte-americana, focando a situação de filho de trabalhador da cidade de Flint,
Michigan, que foi abandonado pela General Motors.
Essa narrativa é
intercalada com a situação salarial dos pilotos de carreira, os acidentes
aéreos por causa da má remuneração da tripulação, a falência dos sindicatos, a
relação duvidosa entre juízes e companhias privadas que resultaram na prisão de
jovens inocentes, o mandonismo da Wall Street que proporcionou o colapso da
economia do país no ano de 2008, bem como imagens dramáticas sobre jornadas de
trabalho desumanas, sem contar suas denúncias contra George Bush e seu apoio à
candidatura de Barak Obama, entre outras cenas que revelam a situação daquele
povo.
Afora isso, traz
ainda o presidente Jimmy Carter clamando para o controle do consumismo desenfreado
e de como Ronald Reagan assumiu a presidência para atendimento dos interesses
de Wall Street.
Entre cenas e
denúncias, Michael Morre trata da crise educacional norte-americana como uma
das responsáveis pela derrocada da economia do país, possibilitando a migração
de estudantes dos mais diversos setores de formação para o setor financeiro que
se mostra mais atraente e com possibilidades de altos ganhos em curto prazo.
Uma outra
questão levantada e bastante relevante é a atinente às prisões privadas que são
mantidas em regime de concessão pelo Poder Público. Na ótica do cineasta, esse
modelo atende às exigências neoliberais vigentes no país, sob a tese de que o
regime privado desenvolve uma gestão mais rentável que essa atividade sob a
tutela do Estado. No entanto, ele sinaliza para a desconfiança da relação das
concessionárias com o Poder Judiciário, no sentido de que elas possam realizar
relações de trocas subornando juízes e enviar para as prisões inocentes.
Toda narrativa é
apresentada de forma chocante a respeito da difusão de seguros de vida
empresariais secretos dos empregados, majoritariamente jovens que são admitidos
nos quadros de grandes corporações, tornando-se os patrões os reais beneficiários
desses seguros, com o total desconhecimento dos empregados e seus familiares. Nesse
sentido, o cineasta chama atenção para os produtos financeiros responsáveis
pelo estado de recessão global que se abateu no país e no planeta, em virtude
de sua virtualização que os tornaram imprevisíveis.
Denuncia o
formato confuso dos derivativos que se tornaram os responsáveis pelo
endividamento de trabalhadores e de inumeráveis famílias que tiveram de
entregar seus bens hipotecados por força de ações de despejo oriundas das
transações feitas nos fundos de investimentos.
Nesse ínterim,
dá ênfase acerca da negociata de 700 bilhões de dólares no advento do colapso
financeiro de 2008, sem regras claras e contrapartidas, que objetivavam salvar
o sistema financeiro do país quando, na verdade, foram desviados para premiar
executivos impedindo o fluxo de capital para todo mercado.
A denúncia da
plutocracia efetuada por Michael Moore é baseada na missiva interna enviada
pelo Citybank para os seus clientes, assinalando que a democracia do país havia
se tornado um regime plutocrata, privilegiando as classes abastadas,
possibilitando que esses pudessem mandar e desmandar em detrimento das classes
endividadas que empobreceram.
Tais ataques
possuem endereço certo: a perversidade dos dogmas neoliberais da Escola de Chicago que predomina hoje na política
financeira do planeta. Em razão disso, o autor direciona sua ação para a
reforma do capitalismo, sob a perspectiva de suprimi-lo ou substituí-lo por
modelos que contemplem todas as camadas sociais.
Por isso, o autor denuncia o conluio de democratas
e republicanos que se enlameiam pela corrupção, inclusive a participação no
governo de Obama de aliados de Wall Street.
No ápice de
todas as críticas, o cineasta apresenta alternativas de socialização para
gestão da classe empobrecida por meio da criação de cooperativas que se
encontram como bem sucedidas iniciativas na gestão efetuada pelos próprios
trabalhadores, democratizando a riqueza do país.
Um filme
imperdível para nossa reflexão. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - O
problema não consiste nas pessoas se esquecerem das coisas, mas em nunca se
esquecerem das mesmas. Pensamento do escritor estadunidense Paul
Auster. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Alguns
homens nascem medíocres, outros buscam a mediocridade e outros aceitam a
mediocridade imposta a eles. Insanidade é contagiosa. A humanidade é
resiliente: as atrocidades que nos horrorizaram semana passada serão aceitáveis
amanhã. Pensamento do escritor estadunidense Joseph Heller
(1923-1999).
O MUNDO CODIFICADO – [...] A
questão já não é mais voltada para o que é real, mas sim para o que é conveniente;
e então se verifica que não se pode simplesmente aplicar formas convenientes
aos fenômenos […]
a não ser aquelas mais convenientes que harmonizem com
eles. Em suma: as formas não são descobertas nem invenções, não são ideias
platônicas nem ficções; são recipientes construídos especialmente para os
fenômenos (“modelos”). E a ciência teórica não é nem “verdadeira” nem
“fictícia”, mas sim “formal” (projeta modelos). [...]. Trechos extraídos da obra
O Mundo Codificado: por uma filosofia do design e da comunicação (Cosac
Naify, 2010), do filósofo tcheco Vilém Flusser (1920-1991).
A MENINA QUE ROUBA LIVRO – [...] Pronto — disse, jogando uma única bala no
balcão. — Misture você. Do lado de fora, eles a desembrulharam e tentaram
parti-la ao meio com os dentes, mas o açúcar estava duro feito vidro. Duro
demais, até para as presas animalescas de Rudy. Em vez disso, tiveram que
alternar chupadelas até a bala acabar. Dez chupadelas para Rudy. Dez para
Liesel. Para lá e para cá. [...]. Trecho extraído da obra A menina que roubava livros (Intrínseca,
2007), do escritor australiano Markus Frank Zusak, autor da frase: Os seres
humanos me assombram.
EXÍLIOS - Estão aqui e ali: de passagem, / em nenhum
lado. / Cada horizonte: onde uma brasa atrai. / Poderiam ir até qualquer
fissura. / Não há bússola nem vozes. / Cruzam desertos que o bravo sol / ou que
a geada queimam / e campos infinitos sem o limite / que os torna reais, / que
os faria de solidez e pasto. / O olhar se acomoda como um cachorro, / sem mesmo
o recurso de mover uma cauda. / O olhar se acomoda ou retrocede, / se pulveriza
pelo ar / se ninguém o devolve. / Não regressa ao sangue nem alcança / quem
deveria. / Se dissolve, tão só. Poema da poeta uruguaia Ida Vitale.
A arte do fotógrafo Fernando Lessa.
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decepções com as mazelas na vida, Luís da Câmara Cascudo, Noam Chomsky, Hector Babenco, Frieze Magazine, Marília Pêra, Maria Luísa Mendonça, Xuxa Lopes, Sara
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