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Meredith O'Neal
LITERÓRICA – I – MERGULHO - Lá
vou eu submerso nas profundas águas do seu corpo saboreando o sal de sua carne
atlântica para a redenção de quem queima a febre de todos os quereres. Lá vou
eu revolvendo as entranhas de suas funduras mais densas para tê-la vadia
proclamada no mormaço da nossa paixão equatorial. Lá vou eu imune percorrendo
as rotas oceânicas de sua abissal completude até ver-me envolvido pelo tsunami
dos seus prazeres mais agudos. Lá vou eu nessa aventura esplêndida conquistando
os labirínticos meandros de sua gostosura, usurpando seus trópicos, rebentando
seus polos, percorrendo suas correntes, todos os seus hemisférios, oásis,
golfos, enseadas e ventos, até invadir o seu pré-cambriano por completo. Avançando
nos salões de sua gruta multicor, onde introduzo meu cabo-guia para ancorar
mitigando a sua loucura vulcânica a me fazer possuído pelo prazer inenarrável
de possuí-la ao sabor do mais espetacular maremoto de nossos gozos infindos. II
– CAPÉI - Ela
nua é linda porque possui todas as águas de todas as cachoeiras, todos os
sabores de todos os pomares, todo o brilho de todas as pedras preciosas, toda
claridade de todos os dias, toda luz que ilumina a escuridão de todas as noites,
todo o gozo de todos os prazeres. E é nela nua e linda que vou mergulhar nas
grandes nuvens do seu corpo de céu. III – PUXAVANQUE - Nua e linda, nuvem clara alva
dada, nem se repara, toda minha, lua deitada, encolhidinha, alma rua tez
exaltada, já jóia rara, deusa flor carne almejada, quase calada dou-me verso em
homenagem. Vem da miragem e dá de bruços e espalmada, feito a canção que sou do
pulso em serenata, quase tão grata vem sem fuso, fera indomada, agoniada
enquanto ferve a vacilada, serve de graça, sem saída, encurralada, dá por
vencida e não retira até gozada. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
PERNSAMENTO DO DIA - Quando você estiver assim na veneta bem desprevenida e com os miolos nas nuvens da casa de caixa-pregos e, de repentemente, dos cafundós entrantes das paradoxalidades da porra, algo, meio que do inopinado, pegá-la, assim assim – sabe? -, com um bafo na cacunda, uma segurada na micula e uma chave beliscada de jeito sem-saída e rendida de quatro, não esquente, é o boitatá mesmo que está lhe enrabando, somente. Aí use do conselho da Ministra gostosona Marta Suplicy: Relaxe e, se der, goze. Depois avalie o estrupício e o vício, viu? Serve para ambos os sexos, tá?
DA REPÚBLICA - No Livro Primeiro do livro “Da República”, do filósofo, orador, escritor, advogado e político romano Marco Túlio Cícero, (106 – 43aC), se propõe abordar questões acerca do Estado, forma de governo e as conseqüências da monarquia, da aristocracia e da democracia. Inicia ele chamando a questão do amor pátrio, asseverando que “[...] o homem veemente prefere, embora seja chamado de louco e a necessidade não o obrigue, arrostar as tempestades públicas entre suas ondas, até sucumbir decrépito, a viver no ócio prazenteiro e na tranqüilidade. [...] Afirmarei, sim, que tamanha é a necessidade de virtude que o gênero humano experimenta por natureza, tão grande o amor à defesa da saúde comum, que essa força triunfa sempre sobre o ócio e a voluptuosidade” (p. 139). Desta forma, chama atenção para a necessidade de um amor pátria que leve o homem a se destinar pelos interesses coletivos e anseios gerais. É nessa condução que Cícero observa que: “[...] A pátria não nos gerou nem educou sem esperança de recompensa de nossa parte, e só para nossa comodidade e para procurar retiro pacífico para nossa incúria e lugar tranqüilo para o nosso ócio, mas para aproveitar, em sua própria utilidade, as mais numerosas e melhores faculdades das nossas almas, do nosso engenho, deixando somente o que ela possa sobrar para nosso uso privado” (p. 140). Isto quer dizer, que o homem deve estar voltado para o sacrifício de participar da coisa pública como um bem comum de todos, nunca de interesses particulares. Fala Cícero, portanto, da questão sóbria que é a destinação do ser humano em partilhar com todos da coisa pública ao demonstrar que: “[...] Feliz o homem que pode verdadeiramente gozar do bem universal, não por mandamento das leis, mas em virtude de sua sabedoria; não por um pacto civil que com ele se queria celebrar, mas pela natureza mesma que dá a cada um o que julga que pode saber, usar e ser-lhe útil” (p. 144). Nesta condução, chama atenção Cícero para a República em comparação com a monarquia, a aristocracia e a democracia, assinalando que: “É, pois, a República coisa do povo, considerando tal, não todos os homens de qualquer modo congregados, mas a reunião que tem seu fundamento no consentimento jurídico e na utilidade comum [...] na monarquia, a generalidade dos cidadãos toma pouca parte no direito comum e nos negócios públicos; sob a dominação aristocrática, a multidão goza de muito pouca liberdade, pois está privada de participar nas deliberações e no poder; por último, quando o povo assume todo o poder, mesmo supondo-o sábio e moderado, a própria igualdade se torna injusta desigualdade, porque não há gradação que distinga o verdadeiro mérito. [...] Quase sempre o pior governo resulta de uma confusão da aristocracia, da tirania facciosa do poder real e do popular, que às vezes faz sair desses elementos um Estado de espécie nova; é assim que os Estados realizam, no meio de reiteradas vicissitudes, suas maravilhosas transformações” (p. 147). Observando as formas de governo, Cícero intui que “Cada forma de governo recebe seu verdadeiro valor da natureza ou da vontade do poder que a dirige.A liberdade, por exemplo, só pode existir verdadeiramente onde o povo exerce a soberania; não pode existir essa liberdade que é de todos os bens o mais doce, quando não é igual para todos” (p. 148) Prosseguindo com sua análise acerca de Estado, governo e formas de governo, Cícero enfatiza que: “Quando, numa cidade, dizem alguns filósofos, um ou muitos ambiciosos podem elevar-se, mediante a riqueza ou o poderio, nascem os privilégios de seu orgulho despótico, e seu jugo arrogante se impõe à multidão covarde e débil. Mas quando o povo sabe, ao contrário, manter suas prerrogativas, não é possível a esses encontrar mais glória, prosperidade e liberdade, porque então o povo permanece árbitro das leis, dos juízes, da paz, da guerra, dos tratados, da vida e da fortuna de todos e de cada um; então, e só então, é a coisa pública coisa do povo [...] O Estado que escolhe ao acaso seus guias é como o barco cujo leme se entrega àquele dentre os passageiros que a sorte designa, cuja perda não se faz esperar. Todo povo livre escolhe seus magistrados e, se é cuidadoso de sua sorte futura, elege-os dentre os melhores cidadãos” (p. 148). E ressalta ainda para a fragilização das escolhas pelo poder e riqueza, mencionando que: “[...] porque as riquezas, o nome ilustre, o poderia, sem a sabedoria que ensina os homens a se governar e dirigir os outros, nada mais são do que uma vergonhosa e insolente vaidade; não há no mundo espetáculo mais triste que uma sociedade em que o valor dos homens é medido pelas riquezas que possuem. [...] As dificuldades de uma sábia determinação fazem passar o poder das mãos dos reis para as da aristocracia, da mesma forma por que a ignorância e a cegueira dos povos transmitem a preponderância da multidão à de um pequeno número [...] Quanto à igualdade de direito ou da democracia, é uma quimera, e os povos mais inimigos de toda dominação e todo jugo conferiram os poderes mais amplos a alguns de seus eleitos, fixando-se com cuidado na importância das classe e no mérito dos homens. Chegar, em nome da igualdade, à desiguldade mais injusta, colocar no mesmo nível o gênio e a multidão que compõem um povo, é suma iniqüidade a que nunca chegará um povo em que governem os melhores, isto é, uma aristocracia. [...] a monarquia nos solicita pela afeição; a aristocracia, pela sabedoria; o governo popular, pela liberdade, e, nessas condições, a escolha se torna muito difícil” (p. 149). Mediante tais conclusões, Cícero chega a observar que “[...] Assim, ao rei sucede o tirano; aos aristocratas, a oligarquia facciosa; ao povo, a turba anárquica, substituindo-se desse modo umas perturbações a outras”. (p. 153). No seu discurso, encontra-se que Cícero é favorável à monarquia, no entanto, a grandiosidade de sua meditação e a sobriedade de sua análise torna importante nos dias atuais, as reflexões acerca da forma de governo, da razão e fins do Estado, da liberdade e construção social dos homens nas suas relações humanas. Veja mais aqui, aqui e aqui.
VELHO PROVÉRBIO CHINÊS – Não
se deve confundir o som das batidas de seu coração com as dos cascos de cavalos
que se aproximam.
LOUISE E THÉRÈSE – [...] Último encanto de meu coração, Louise!
Thérèse! Choradas ainda ontem. Ah! Nunca eu senti tão cruelmente a vossa ausência,
como ontem, ao fim de vinte e quatro anos!... Contemplei a Lira, fixei o Cisne
e, banhado em lágrimas, gritei “Astros eternos, ainda sois lá, mas Louise e
Thérèse não são mais! Celestiais amigas a quem pretendi fugir! A quem deixei de
ver durante doze destroçados anos de minha vida! Como eu quereria que
estivessem hoje a meu lado, nem que o preço fosse todo o meu sangue!... Adeus
Louise! Adeus Thérèse, exclava. E entrei na casa de 1771. Nunca subi... nunca
voltarei a subir esta escada para Louise, para ver Thérèse!... E saí, castigado
pela dor. Trecho do conto do escritor francês Restif de la Bretonne (1734-1806), recolhido da antologia
Maravilhas do conto amoroso (Cultrix, 1961), organizada por Fernando Correia da
Silva.
A TUA MORTE EM MIM – I
– Agora as coisas inertes trocam cúmplices / silêncios contra mim. De mãos
vazias / olho em volta como se acreditasse num milagre. / Está frio. A vida
assassinada não tem gosto. / Passo as mãos sobre as coisas que tocaste: / são
frias: agora, nelas apenas há tu estares morta. / A cada hora sei melhor que já
não há / nossa casa, nossa vida, nem um só / lugar no mundo onde não estejas
morta. II - A tua morte é sempre nova em mim. / Não
amadurece. Não tem fim. / Se ergo os olhos dum livro, de repente / tu morreste.
/ Acordo, e tu morreste. / Sempre, cada dia, cada instante, / a tua morte é
nova em mim, / sempre impossível. / E assim, até à noite final / irás morrendo
a cada instante / da vida que ficou fingindo vida. / Redescubro a tua morte
como outros / descobrem o amor, / porque em cada lugar, cada momento, / tu
estás viva. / Viverei até à hora / derradeira a tua morte. / Aos goles, lentos
goles. Como se fosse / cada vez um veneno novo. / Não é tanto a saudade que
dói, mas o remorso. / O remorso de todo o perdido em nossa vida, / coisas de
antes e depois, coisas de nunca, / palavras mudas para sempre, um gesto / que
sem remédio jamais teve destino, / o olhar que procura e nunca tem resposta. / O
único presente verdadeiro é teres partido. III – Como se vindo ao chamado duma
outra presença / uma ideia que surge, uma coisa que lembra, / ficam de repente
suspensos, perdidos, / 0 porque só os chamou uma presença outrora. IV – Os versos
que te não dei / (porquê? entender, quem poderia?) / ficaram nos gestos vãos /
com que não soube ganhar / a salvação que talvez / (ou não seria?) / trouxesses
nas tuas mãos. / Foi sempre tarde demais / (ou não seria?) / para salvar fosse
o que fosse, / senão a sempre ilusão / (ou não seria?) / de que podia ter sido
/ (Porquê? Entender, quem poderia?) / outra a história, outro o caminho - / ou
não podia, ou não podia? V – Mas tu exististe, existirás, / existes / para eu
saber que perdi / sem mais apelo / tudo quanto nem a ti soube dar. Poema do poeta, ensaísta, crítico literário e professor
universitário português Adolfo Casais Monteiro (1908-1972). Veja mais
aqui e aqui.
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JORNAL DA BESTA FUBANA – Estréia nesta segunda-feira oficialmente a mais grandiosa de todas as publicações de todos os tempos: o Jornal da Besta Fubana. Para ficar por dentro de tudo, é só acessar agora: http://www.luizberto.com/ e você poderá ficar familiarizado com a nova roupagem dada com a permanente atualização dessa gazeta da bixiga lixa, editada pelo papa D. Berto I da ICAS. O Ministério da Saúde adverte: Não ler diariamente o Jornal da Besta Fubana causa danos irreparáveis à saúde de qualquer cristão, além de deixar o cara por fora das últimas e chato pra caralho.
AS CAÇAROLAS DO LOMBRETA BOCA-DE-FRÔ - Enquanto vai anotando amiudadamente os depoimentos de Tolinho & Bestinha, o culinarista juramentado Lombreta boca-de-frô vai preparando as condimentadas receitas dos seus regabofes, sempre muito bem dosados de uma fartura inusitada de ingredientes catados a dedo dos manuais místicos, alguímicos, totêmicos e da mitificação sacrossanta da Secreta e Colenda Ordem dos Mestres Gourmets da Macaxeira Azul. Agora, a partir deste instante, o chefe Boca-de-frô disponibilizará aqui as mais conceituadas e retumbantes receitas para manter os casados em eterno idílio, para os atoleimados parar de caiar, para as reboculosas manterem a forma em dia, os adoentados pularem de saúde, os apaideguados se livrarem das gaias, os desafinados cantarem qual rouxinol galante, os desprovidos aumentarem o pingolin, os desafortunados acertarem na sorte grande, os iletrados tomarem sapiência e, para encurtar o rol dos benefícios, enfim, salvar pro céu quem estiver condenado aos quintos dos infernos. Tudo isso ou não, talvez. Isso aprendido e anotado das lições saudáveis e bestificantes do famigerado profeta do século XXX, padre Bidião. Imperdíveis! Aguarde o primeiro capítulo da novela: As caçarolas do Boca-de-frô. E veja mais aqui.
A ÚLTIMA DO DORO - O Doro não tinha o que fazer além de ajeitar os culhões dum lado pro outro. Foi quando lhe caiu no colo uma máquina fotográfica. Igi! A eureka logo acendeu um neurônio oriundo de uma das pregas do seu cu e ele se viu fotógrafo. Pode? Então, se prepare: eis a primeira foto dele:
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biblioteca nossa de cada dia, Nicole
Krauss, Carles
Riba, Lloyd Motz, Filipe Miguez, Yasujirō
Ozu, Carla Bruni, Shima Iwashita, Mauro Soares, Tributo & capacidade
contributiva, Diagnóstico e tratamento na aprendizagem aqui.
A música
e a poesia de Bee Scott aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Leitora manifestado os seus votos de
parabéns pro Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.