(Imagem: Carlos Zéfiro.) OLHA O PAPO, SEGURA A ONDA: QUANDO O CARA TÁ FULO DA VIDA, O NEGÓCIO É MANDAR MESMO TUDO PARA A CASA DE CACETE A QUATRO! -EPISÓDIO: DORO E O COBRADOR - Doro é um sujeito que foi educado na Suíça. Alguém bate a sua porta. - Doro! - Quem é? - É o cobrador da bodega! - Vá tomar no cu e volte depois. Ploft. Falar nisso, depois que escrevi a croniqueta sobre a calipígica preferência nacional, apareceu uma série de estudos acadêmicos acerca do procto e afins. Pois é, lá vou eu traveizi com esse papo retilíneo e analógico. Vamos lá. A bunda, por exemplo, é oriunda das ovimbundas que, segundo estudiosos especialistas, são notáveis mulheres de exuberantes nádegas da etnia angolana, integrante do grande grupo banta. Esta importante parte do corpo humano mais valorizada que o cérebro, coração e outros órgãos vitais, é a maior sensação entre ocrídios, barrunfeiros, outranos e marmanjos afins.Hoje já se encontram resultados de estudos acadêmicos acerca deste símbolo de fertilidade, que é representada nas esculturas paleolíticas da Vênus de Willendorf ou a escandalosa, perturbadora e cobiçada da Vênus Hotentote do séc. XVIII, pseudonimo da Saartije Baartman (1789-1815), a Pequena Sarah, mulher de inusitada abundância que viajou o mundo e ficou rica só com uma pegadinha no regador da distinta, que de tão espetacular foi estudada pelo zoólogo e anatomista francês Henri Marie Ducrotay de Blainville (1777-1850) e por um dos maiores gênios do século XVIII, o filósofo, anatomista e zoólogo frances Barão Georges Léopold Chrétien Frédéric Dagobert Cuvier (1769-1832), no seu Memoires du Museum d'Histoire Naturelle, de 1817. Também mereceu estudos do paleontólogo americano Stephen Jay Gould na sua obra The Hottentot Venus, de 1980. A Vênus Hotentote depois de morta teve sua bundona conservada no Musée de l'Homme, em Paris, até 1985, sendo requerida, finalmente, por Nelson Mandela, quando presidente da África do Sul, cedida pela França em 2002. Outros estudos foram realizados por ninguém menos que o cientista social e escritor pernambucano Gilberto Freyre que estudou as origens da paixão pela bunda, mesmo contra teorias de Einstein e Lavoisier da prejudicial prática do sexo anal – endossada por religiosos que cultuam o já extinto Código Canônico até hoje, repugnando a nefanda prática da penetração do membro viril desonesto no vaso traseiro com derramamento de semente, o popular arrombamento-de-cu, cientificamente denominado de sodomia - prática esta abominada, difamada, repudiada, satanizada e escandalosamente cometida vigentemente. Sendo, pois, historicamente presente em todos os tempos da humanidade. O seu estudo também é objeto da Esteatopigia que é a hipertrofia bundal, melhor dizendo: volumosas nádegas. Por força disso foi criada a Rabologia, também denominada de Bundologia, que é um ramo da Ciência da Foda, a Fodalogia, que trata também da atrativa zona erógena escultural do pé-do-rabo que fabrica bostas e peidos que fedem provocados por ação das bactérias que produzem compostos tais como indóis, escatóis e tióis - compostos contendo enxofre -, bem como o gás sulfeto de hidrogênio. Desses estudos encontram-se dentre fundamentações teóricas, abordagens históricas, metodologias diversas e propósitos os mais paradoxais, apresentando uma tipologia existente que classifica a rabada como: tipo I, é aquela que o cara peleja, mas ninguém consegue; o tipo II, é o tipo bônus, tanto será usado e abusado de forma intermitente mas nunca completamente satisfeito, como aquele mais conhecido pelo vulgo “cu-doce” que diz que dá mas não dá mas finda dando gostosamente; o tipo III que é o tipo “casa-de-mãe-Joana” que você come quando quer e bem entender; e, por fim, o tipo IV que é exclusivista, ou seja, só dá pra você e mais ninguém (acredita?). Os estudiosos normalmente são bundofágicos e exaltam os fundilhos sob diversa nomenclatura reunida pelo eminente dicionarista, poeta e enciclopedista Artur Griz, que se deu ao trabalho de reunir todas as nominações a respeito dela, do ânus e de assimilados: catimbofá, buzanfa, retaguarda, sesso, anca, nalga, traseiro, bote, pupu, rabo, bomba, borne, pebas, peida, zuate, buldra, maçote, mataco, panela, pódice, quarto, reiras, supino, taioba, tardos, zinote, alcatra, assento, culatra, lomedro, padaria, rabiote, chaleira, quiosque, rabioste, posterior, rabadilha, sim-senhor, pousadeiro, assentadouro, armazém-da-bosta, fede-a-merda, buraco-do-fedor, chaleira, panela-de-pressão, cardan, pára-choque-traseiro, muntada ou montada, bocal-da-quartinha, barreira-do-cu, par-de-bandas, dupla-orquestra, rego-do-cocô, orifício-catingoso, casa-de-caralho, guardador-de-pica, papeiro, rabeta, casa-de-peido, fábrica-de-borborígmos, leirão-de-flatulências, raio-de-coprólito, peidante, abundância, sonho-de-punheta, cagador, ânus, casa-analógica, estabelecimento-retilíneo, esfíncter-anal, casa-do-fio-terra, bandeira-de-emo-cu-ltural, empurra-tchê, bumbum, traição-de-macho, centro-do-requebro, gordura-boa, mata-o-véio, angu-bom, cloaca e o caralho-a-quatro! O Doro mesmo aprecia infincar o seu volumoso membro cilíndrico de consistência robusta devidamente lambuzado de vaselina, cuspe ou sem cuspe, gel, KY, manteiga (como os adeptos da cena do Último Tango em Paris na Maria Schneider de sua preferência), margarina (das pornochanchadas), azeite de oliva ou areia mesmo, enrabando na abundante curvatura de respeito dos glúteos duma reboculosa qualquer. Tanto é que o Doro bate o pé e teima: quem tem bunda, tem o mundo! Após esta educativa explanação só me resta agora dizer: vamos aprumar a conversa & veja mais aqui e aqui.
Imagem: The Wave Italian female nude, do
pintor do Quattrocento italiano, Piero
della Francesca (1415-1492). Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Gershwin (Phillips, 1980), do duo de pianistas
francesas Katia & Marielle Labeque.
Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Nenhuma
época soube tantas e tão diversas coisas do homem como a nossa. Mas em verdade,
nunca se soube menos o que é o homem, frase atribuída filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Veja mais aqui, aqui e aqui.
QUEM
É VOCÊ? – O médico
fisiologista francês Charles Richet
(1850-1935), descobridor da soroterapia e da anafilaxia, laureado com o Nobel
de Medicina de 1913, é autor de diversos livros, como o A evolução do homem e a
inteligência, A grande esperança, O sexto sentido e O tratado de Metapsíquica,
destacando, entre as suas obras, a sua reflexão sobre Quem é você?: Por que existes? Não és realmente curioso se
nunca fizeste esta pergunta. Feliz negligencia, não obstante bem singular! Pois
jamais pediste para viver e a existência te foi imperiosamente imposta. Por
quem? Para quê? Por quê? No entanto tens parte o direito de o saber, ou pelo
menos de interrogar o destino, interrompendo o curso do teu trabalho, dos teus
prazeres, dos teus amores e de tuas inquietações. Mas não! Contenta-te com
viver, antes vegetar, porque viver sem refletir sobre seu destino é lamentável.
Andas, dormes, comes, bebes, amas, choras, ris, estás triste ou alegre e jamais
te preocupas com a sorte que esperam teus bisnetos, bem com o universo
misterioso que te cerca, universo esse estranhamente colossal, do qual não és
mais que um átomo. Então nunca procuraste saber por que existes? Eis aí o que
seria bom saber. Eis aí o que é justo aprofundar. Mas tu não és curioso. Veja
mais aqui.
O
RETRATO DE EURÍDICE – No
livro Da preguiça como método de trabalho
(Globo, 1987), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994), destaco o texto O retrato de Eurídice: Não sei por que há de a gente desenhar objetivamente
as coisas: o galho daquela árvore exatamente na sua inclinação de 47 graus, o
casaco daquele homem justamente com as ruguinhas que no momento apresenta, e o
próprio retratado com todos os seus pés-de-galinha minuciosamente
contadinhos... para isso já existe a fotografia, com a qual jamais poderemos
competir em matéria de objetividade. Se tivesse o dom da pintura, eu seria um
pintor lírico. Quero dizer, o modelo serviria tão-só de ponto de partida. E se
me dispusesse a pintar Eurídice, talvez viesse a surgir na tela um hastil, o
arco tendido da lua, um antílope, uma flamula ao vento, ou uma forma abstrata
qualquer, injustificável a não ser pelo seu harmonioso ímpeto em câmara lenta,
pela graça da linha curva em movimento, porque Eurídice afinal é tudo isso... é
tudo isso e outras coisas que só os anjos e os demônios saberão. Veja mais
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
GUARDA-CHUVA – No livro Itinerário (José Olympio, 1983), do poeta, jornalista, professor e
memorialista Mauro Mota (1911-1984),
destaco o poema Guarda-chuva: Meses e
meses recolhida e murcha, / sai de casa, liberta-se da estufa, / a flor
guardada (o guarda-chuva). Agora, / cresce na mão pluvial, cresce. Na rua, /
sustento o caule de uma grande rosa / negra, que se abre sobre mim na chuva.
Veja mais aqui e aqui.
BAQUE – Em 2005, tive a oportunidade assistir
no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, à montagem do premiado
espetáculo Baque, do dramaturgo estadunidense
Neil Labute com direção de Monique Gardenberg, contando uma história que mostra
o lado ácido e trágico de ser humano, em três momentos distintos: “Ephigênia in
Orem”, um simpático homem de negócios, vítima da tirania das corporações
capitalistas modernas, vai lentamente desfiando sua tragédia pessoal; “Um bando
de santos”, um jovem casal de universitários paulistas relembra um fim de
semana inesquecível no Rio de Janeiro; e “Medea Redux”, uma jovem parece estar
tentando achar uma linguagem para justificar sua própria vida, enquanto
registra a sua história para um gravador, numa delegacia de polícia. O destaque
do espetáculo fica por conta da atriz de teatro, cinema e televisão Deborah Evelyn. Veja mais aqui.
O
CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS –
O filme Clã das adagas voadoras (Shí
miàn mái fú, 2004), dirigido pelo cineasta chinês Zhang Yimou, conta
uma história passada na dinastia Tang, no século I, quando terríveis conflitos,
no qual o governo corrupto é incapaz de lutar contra os grupos rebeldes que se
insurgem. O mais poderoso e prestigiado deles é o Clã das Adagas Voadoras, tendo dois soldados do exército
oficial, recebem a missão de capturar o misterioso líder deles e para tanto
elaboram um plano que consiste em envolve-los no disfarce de um combatente
solitário, para conquista da confiança da bela revolucionária cega e, assim,
conseguir infiltrar-se no grupo. No entanto a dupla não contava com a paixão
que ela despertaria nos dois. O destaque fica por conta da atuação da atriz
chinesa Zhang Ziyi. Veja mais aqui e aqui.
VEJA MAIS
João Guimarães Rosa, Sofia Gubaidulina, Quintiliano, História do Brasil, Carlo Goldoni, Tsai Ming-liang, Howard Rogers, Alberta Watson & Zinaida Serebriakova aqui.
Herbert de
Souza – Betinho, Augusto de Campos, Psicologia
Social, SpokFrevo Orquestra, Alan Parker, Pink
Floyd, Rinaldo Lima & Graça Carpes aqui.
Ezra
Pound, Paco de Lucía, O probo orgasmo, Lendas Árabes, Tertuliano, Coisas de Cinema, Wesley
Duke Lee, Thomas Couture & Glória Kirinus aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz chinesa Zhang
Ziyi.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Imagem: As noites longas, do pintor português Manuel Ribeiro de Pavia.