MINHA
VOZ
Poema para Milton Nascimento
Luiz Alberto Machado
Minha
voz é a coragem de amar no ultraje dos desencontros.
E eu sou
navio com rota esquecida e naufrágios muitos.
Quando
minha voz é torrente de dor no exagero sombrio de uma canção,
não é
nada, é tempestade que passou e deixou danos.
Quando
minha voz é a coragem de amar,
não é a
sombra de um vendaval,
é a
sujeição de um eterno pavio que aceso nunca apagará.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Poema
do livro Primeira Reunião (Bagaço, 1992).
MILTON
NASCIMENTO – Entrevistei Milton
Nascimento por três ocasiões. A primeira quando ele lançou o álbum Yauaretê (1987). Foi uma entrevista
concorrida, consegui, porém, da minha parte, uma exclusiva: ele me falou do
disco, do show que realizava, do Brasil, da vida e de esperança: “Se eu não acreditasse no Brasil teria
desistido há muito tempo”. A segunda se deu no lançamento do álbum Miltons (1989). Essa foi bastante
descontraída, à beira da piscina do hotel, papos sobre canções, releituras,
parceiros, vida e amor. A terceira foi quando lançou Nascimento (1997), em que ele falou de dores, pássaros, sofrimentos
e alegrias. Ele que nasceu no Rio de Janeiro e adotou Minas Gerais de coração,
tornou-se o cantor e compositor cidadão do mundo, desde o Festival
Internacional da Canção, de 1967, ao interpretar a canção Travessia. Desde então só consolidou sua carreira com grandes
parceiras, desde as mais frequentes, como Fernando Brant, Marcio Borges,
Ronaldo Bastos e os demais mineiros do Clube da Esquina, como também Wayne
Shorter, Pat Metheny, Björk, Peter Gabriel, Sarah Vaughan, Chico Buarque,
Caetano Veloso, Gilberto Gul e Elis Regina, entre outros. A sua discografia é
composta por 34 álbuns: Travessia (1967), Courage (1968), Milton Nascimento
(1969), Milton (1970), Clube da Esquina com Lô Borges (1972), Milagre dos
Peixes (1973), Native Dancer com Wayner Shoter (1974), Milagre dos Peixes ao
vivo (1974), Minas (1975), Gerais (1976), Clube da Esquina 2 (1978), Jorney to
dawn (1979), Sentinela (1980), Caçador de mim (1981), Anima (1982), Ao vivo
(1983), Missa dos Quilombos (1985), Encontros e despedidas (1985), Corazón
americano (1986), A barca dos amantes (1986), Yauaretê (1987), Miltons (1990),
O plabeta blue na estrada do sol (1992), Angelus (1994), Amigo (1995),
Nascimento (1997), Tambores de Minas (1997), Crooner (1999), Gil & Milton
(2000), Pietá (2002), O coronel e o lobisomem (2005), Novas Bossas (2008),
Milton Nascimento & Belmondo (2008), E a gente sonhando (2010), Maria Maria
/ Último Trem (2010), Uma travessia: 50 anos de carreira ao vivo (2013) e Tamarear
(2014). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
AURORA
(Uma canção inspirada em Milton Nascimento)
Luiz Alberto Machado
Eu quero
aurora dos meus olhos
viver a eclosão do dia
este parto retratado
no rastro meu que se vadia
pra lá das mãos
pra lá do mar
nas veredas deste céu
que vai além do meu cantar
da minha voz que traz
este céu que desvirgina
as entranhas do meu corpo
que se perde pelos vales
e só me resta seguir, ir
nas veias mornas da manhã
até abrir as comportas do meu coração.
viver a eclosão do dia
este parto retratado
no rastro meu que se vadia
pra lá das mãos
pra lá do mar
nas veredas deste céu
que vai além do meu cantar
da minha voz que traz
este céu que desvirgina
as entranhas do meu corpo
que se perde pelos vales
e só me resta seguir, ir
nas veias mornas da manhã
até abrir as comportas do meu coração.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Esta
canção foi gravada pela cantora Sônia Melo, no álbum Desejo. Veja o vídeo da
canção aqui & mais aqui e aqui.
CLUBE DA
ESQUINA – O Clube da Esquina surgiu como movimento
musical nos anos de 1960, em Belo Horizonte (MG), reunindo jovens músicos que
fundiam inovações musicais da Bossa Nova, Jazz, Rock, música folclórica, recursos
de música erudita e hispânica. Do grupo participavam Milton Nascimento, os
irmãos Borges, Marilton, Marcio e Lô, o pianista Wagner Tiso, Toninho Horta,
Beto Guedes, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Murilo Antunes, Tavinho Moura
& Tavito Carvalho. Veja mais:
A entrevista de Fernando Brant aqui
A entrevista de Marcio Borges aqui
A arte de Tavito Carvalho aqui
DITOS
& DESDITOS - O problema do sistema de lucro é o de que ele dá prejuizo à maioria das
pessoas. Pensamento do escritor estadunidense Elwyn Brooks White (1899-1985).
A ARTE
DE MAYA DEREN
Câmeras não fazem filmes, os cineastas é que os fazem. Aprimorem seus
filmes não adicionando equipamentos e pessoal, mas pelo emprego do que vocês
dispõem em toda a sua capacidade. A peça mais importante de seus equipamentos
são vocês mesmos: o seu corpo móvel, sua mente imaginativa e sua liberdade para
valer-se de ambos.
A arte da escritora, fotógrafa, coreógrafa, dançarina e
cineasta estadunidense Maya Deren
(1917-1961).
QUANDO O NEGÓCIO TÁ NUM NÓ-CEGO DA PESTE, O MELHOR MESMO É SE INFINCAR NA REBELDIA E PARTIR PARA A DESOBEDIÊNCIA CIVIL.
Gentamiga do meu Brasil do Oiapoque ao Chuí!!!!!
Esta semana andei relendo Henry Thoreau. Nossa! Bom demais reler as suas pérolas. Por isso divido com vocês algumas das idéias deste grande homem.
Como já dizia Henry Thoreau:
"O melhor governo é o que menos governa. (...) O próprio governo, que é simplesmente uma forma que o povo escolheu para executar a sua vontade, está igualmente sujeito a abusos e perversões antes mesmo que o povo possa agir através dele. (...) O que desejo imediatamente é um governo melhor. (...) A única obrigação que tenho direito de assumir é fazer a qualquer momento aquilo que julgo certo. ...) A lei nunca fez os homens sequer um pouco mais justos. (...) quanto mais dinheiro, menos virtude; pois o dinheiro se interpõe entre um homem e seus objetivos e permite que ele os compre (...) A melhor coisa a ser feita em prol da cultura do seu tempo por um homem rico é realizar os planos que tinha quando ainda era pobre. (...) Sai mais barato, em todos os sentidos, sofrer a penalidade pela desobediência do que obedecer. Obedecer faria com que eu me sentisse diminuido (...) Eu não nasci para ser coagido. Quero respirar da forma que eu mesmo escolher. (...) Será que a democracia tal como a conhecemos é o último aperfeiçoamento possível em termos de construir governos? Não será possível dar um passo a mais no sentido de reconhecer e organizar os direitos do homem? (...) Fico imaginando, e com prazer, um Estado que possa enfim se dar ao luxo de ser justo com todos os homens e de tratar o individuo respeitosamente, como um vizinho; imagino um Estado que sequer consideraria um perigo à sua tranquilidade a existência de alguns poucos homens que vivessem à parte dele, sem nele se intrometerem nem sequer por ele abrangidos, e que desepenhassem todos os deveres de vizinhos e de seres humanos. (Henry Thoreau, Desobedecendo).
THOREAU, Henry. Desobedecendo. São Paulo: Círculo do Livro, 1986.
Henry Thoreau nasceu em Concord, estado norte-americano de Massachusetts, em 12 de julho de 1817 e morreu no dia 06 de maio de 1862, na sua cidade natal. Ele possuía certas antipatias, dentre elas: políticos profissionais, donos de escravos, exércitos e soldados, guerras, o mundo dos negócios, sistema fabril, partidos políticos, obediência automática, fatalismo, pregadores religiosos e bons modos. Também não gostava de pagar impostos tendo sido várias vezes preso por isso. Participou do movimento abolicionista e denunciava a política externa belicosa do seu país. O livro "Desobedecendo", uma apologia à desobediência civil e o direito à rebeldia, é o seu livro mais conhecido e foi escrito em 1848 quando influenciou profundamente pessoas como Mahatma Gandhi, Leon Tolstoi, Martin Luther King e tantos outros. Apesar de pacifista, ele recusou-se a pagar impostos, lutou contra todas as formas de discriminação, inclusive a étnica e a sexual, contra a escravidão, pelos direitos das mulheres e em defesa do meio ambiente. Veja mais Thoreau aqui e aqui.
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