ATIRE A PRIMEIRA PEDRA QUEM ESTIVER LIVRE DE
BOATO E CABUETAGEM! - Ontem mesmo o padre disse que o juiz falou
que o prefeito viu que o promotor investigou que o pastor soube que o advogado
defendeu o que ninguém sabe e a corda de guaiamum aumentava de ficar até findar
nos arquivos da memória dos desmemoriados. E foi? No meio do disse-me-disse,
fulano acrescentou que beltrano bateu o pé que sicrano não estava lá mas viu de
longe o buruçu e a coisa empenour de ficar todo mundo escondido! Foi mesmo? Oxe,
isso não é nada, tem muito mais na avalanche da presepada! Pronto, para semear
a discórdia, onde há fumaça há fogo! A lei da boataria passa a viger pra
validar a insegurança e o medo no reino dos sabidos, com todo mundo sabendo
aonde a corda vai arrebentar, né? Ah, saber, sabe; só faz que não vê! Quanto mais
remexido na caçarola dos coprólitos oficiais, mais a catinga da destampada boceta
de Pandora traz nos ventos a fetidez de nossas autoridades atoladas até o
pescoço enrolado pelo rabo preso às tramóias. Pronto, faz tempo que o circo
pegou fogo e ninguém, mas ninguém mesmo, pelo jeito, vai sair ileso do
chamuscado. Está na hora de se precaver, pois tudo vidro trincado na cara pro
óleo de peroba. Não há reputação que se mantenha incólume, tudo maior desgraceira
de farinha do mesmo saco misturado entre joio e trigo que, no frigir dos ovos,
é mesmo só merda. Vai ver: bosta! Não adianta, quem posa de probo hoje, vira
vilão amanhã, pode escrever – O Nosferatu Temeroso que o diga! Se antes valia o
ditado caiu na rede é peixe, hoje é cagada a dar com pau. E viva o Fecamepa,
todo mundo morrendo afogado no próprio cocô! Ainda anteontem disseram que viram,
parece, o João Pistolão, meio dia em ponto, em sua possante camionete, ao ser saudado
pelo Jutilinho na calçada, saudação de velhos amigos. Os pneus da gabaritada cantaram
na freada, engatou marcha à ré cantando pneus de atropelar e passar por cima do
rapaz. Todo mundo viu o rapaz acenar sorridente e, na mesma hora, viram o
atropelamento e o sisudo descer da ineivada máquina, sacando o revólver e
descarregando todinho, bala por bala, na vítima indefesa estendida no asfalto,
depois cuspir o seu asco nas faces do desfalecido e sair como se nada tivesse
acontecido, acelerando pras cantadas das rodas e novamente passar arrastando por
cima do já assassinado atropelado e se mandar, sacando o celular e convocando a
capangagem para cobrir o incidente. Todo mundo viu que quando a polícia chegou
não tinha mais nem graça nenhuma, a multidão de gente arrodeando o falecido e
as perguntas investigativas para apuração do crime e um cabueta do criminoso se
adiantou logo alegando de pronto que o delinquente abatido queria assaltar o
João Pistolão que reagiu e conseguiu superar o meliante em legítima defesa, foi
ou não foi pessoal? Todos os presentes anuíram, unanimidade de todos balançando
a cabeça afirmativamente e ficou o dito pelo não dito e veio a convocação
policial do rol de testemunhas e ninguém viu, só estava passando, só soube
agora da tentativa de assalto e o revide da vítima se defendendo, quando a
família do trabalhador chega aos prantos a gritar por justiça e, no outro, o
maior chororô e o protesto no enterro, ao mesmo tempo, depois de livrado o
flagrante, Pistolão dava um banquete na sua suntuosa fazenda pros juízes das
comarcas da redondeza, promotores de justiça, delegados regionais, prefeitos,
deputados, governadores e outros abonados pela fortuna da região, num faustoso
evento regado a uísque escocês e culinária grã-fina, no meio da exposição com
desfile de gado e cavalo de pedigree e uma tarde de hipismo. Assim foi e quem
não morreu ainda está vivo, seguindo à risca que quem vê faz que não viu; e quem
não viu, não quer nem saber! Só naquela: livrandoo meu, o resto que se dane! Entre
o houve isso e ouvi aquilo, trocentas maquinações pro engodo, tudo vira fofoca
ou manchete pra burla geral. Como é que é? Ah, já passou, perdeu. Foi decretado
desde não sei quando que se faz uma coisa dizendo ser outra, por não ser mais
novidade nenhuma assim proceder por já fazer parte da promoção de marmelada,
vai ver, é só embuste enredado, haja sofisma de denorex! A coisa está tão
desmantelada que basta um ato virtuoso mínimo que seja, pra todo mundo ficar de
queixo caído, como se o dever de cada um virasse extraordinário! Pudera, no
país em que tudo é só fraude, ilegalidade e deixa pra lá, na velha mania de
positivar tudo pro domínio geral das condutas, enquanto só se aplica a
jurisprudência para garantir a chuva no molhado, não dá pra levar nada a sério,
porque o juiz só decide pra onde for o menor prejuízo, e o gestor público não
faz porque resguarda a cláusula da reserva do possível, e pode espernear,
invocar pelos céus e inferno, está longe uma Nação de verdade, que o diga o dia
que país quis ser levado a sério aqui. Até parece. Enquanto isso, nas
filas dos postos de saúde, previdência, bancos e órgãos públicos, idosos,
enfermos e convalescentes são vítimas da violência institucional, tratados aos
esporros, como se desmentisse a propagada na tevê anunciando as realizações de
bem-estar para todos, mostrando o rabinho da mentira mais deslavada; nas
periferias os estornados se penduram como podem na beira dos morros e da
sociedade, sem contar nada além de sua própria sorte, submetidos a todo tipo de
facção criminosa a serviço dos ricaços e a ditar as leis e condutas nas
quebradas, ou segue calado, direitinho, ou deixe as medidas aqui pro caixão e missa
de sétimo dia; nos supermercados e lojas a remarcação e os preços iguaizinhos
entre os concorrentes nas festeiras gôndolas e vitrines, com as disfarçadas
promoções que mascaram o desgoverno inflacionário das tramóias políticas e
outros teréns de truques por baixo dos panos e das poeiras elevadas; e a todo
instante empreendimentos diversos cerram as portas em nome da sonegação e da
lavagem de dinheiro escuso, desempregado aqueles que se encontravam agarrados
aos subempregos da contravenção legalizada, aumentando o exército de reserva
que se venda a troco de banana podre, de não valer tostão furado qualquer
profissão e dignidade, porque, afinal, se o Fecamepa tá valendo os olhos da
cara, também é certo que vai dar o maior Big Bode! Quem tiver colhão grande que
aguente o saco encher de esborrar melando tudo outra vez. E vamos aprumar a
conversa! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
ESCARAFUNCHANDO PERLS
[...]. Venha, faça os discursos que quiser. Você
fala de si, e não do mundo. Pois há espelhos no lugar da luz e do brilho das
janelas. Você vê a si mesmo, e não a nós. Só projeções, livre-se delas. Self
mais pobre, recupere aquilo que é apenas seu, torne-se essa projeção, entre
nela bem a fundo. O papel dos outros é o seu. Venha, recupere e cresça mais. Assimile
o que você negou. Se você odeia algo que existe, isso é você, embora seja
triste. Pois você é eu e eu sou você. Você odeia em si mesmo aquilo que você
despreza. Você odeia a si mesmo e pensa que odeia a mim. Projeções são a pior
coisa. Acabam com você, o deixam cego, transformam montinhos em montanhas para
justificar seu preconceito. Recupere os sentidos. Veja claro. Observe aquilo
que é real, E não aquilo que você pensa.
Trecho
extraído da obra Escarafunchando Fritz:
dentro e fora da lata do lixo (Summus, 1979), do psicólogo, psicoterapeita
e psiquiatra alemão Friederich Salomon Perls (1893-1970). Veja mais
aqui, aqui, aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
Em mim a
vida & o estouro dos confins de tudo, Corpus Hermeticum de Hermes Trismegistus, Ísis sem véus de Helena Blavatsky, O
jardineiro do amor de Rabindranath Tagore, a música de Kitaro, a arte de Ewa Kienko Gawlik, a
fotografia de Jovana Rikalo & Tataritaritatá no Encontro dos
Palmarenses aqui.
E mais:
E num é
que a Vera toda-tuda virou a bruxa das pancs na boca do povo, Iluminações
de Walter Benjamin, Os
bruzundangas de Lima Barreto, Marxismo
& literatura de Cliff Slaughter, a música de Guiomar
Novaes, a pintura de Pedro Sanz
& Sara Vieira, a arte de Paolo Serpieri &
Tataritaritatá na Gazeta de Alagoas aqui.
Vamos aprumar a conversa: responsabilidade
dos pais & da família, O amor e
o ocidente de Denis de Rougemont, As
recordações de Isaías Caminhas de Lima Barreto, a música de Stevie Wonder, a poesia de Murilo Mendes
& Raimundo Correia, o teatro de Friedrich Schiller, o cinema de Nelson
Pereira dos Santos, a coreografia de Martha Graham & a pintura de Georges Braque aqui.
Vamos aprumar a conversa, O homem, a mulher & a natureza de Allan Watts, Amar,
verbo intransitivo de Mário de Andrade, a poesia de Pedro Kilkerry & Augusto de Campos,
Amor de novo de Doris Lessing, a música
de Christoph Willibald Gluck, o teatro
de Machado de Assis, Eurídice, o cinema de Walter Hugo Khouri & Vera
Fischer, a escultura de Joseph Edgar
Boehm, a pintura de Jean-Baptiste
Camille Corot & a arte de Patrick Nicholas aqui.
A
responsabilidade do agente político, excesso de poder & desvio de
finalidade aqui.
As
trelas do Doro: olha a cheufra aqui.
Fecamepa:
quando embola bosta, o empenado não tem
como ter jeito aqui.
A vida
dupla de Carolyne & sua cheba beiçuda, Psicologia da arte de Lev
Vygotsky, a poesia de William Butler
Yeats, a música de Leonard Cohen, a pintura de Boleslaw von Szankowski & Raphael Sanzio, o
cinema de Paolo Sorrentino & World
Erotic Art Museum (WEAM) aqui.
Divagando
na bicicleta, Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os elementos de Euclides de Alexandria, O teatro e seu espaço de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A
conversa das plantas, a poesia de Cruz e Sousa, Memória das
Guerras do Brasil de Duarte Coelho, Arquimedes de Siracusa, a música de Natalie Imbruglia, Orientação Sexual, a
arte de Hugo Pratt & Tom 14 aqui.
Leitoras
de James leituras de Joyce, a literatura & a música de James Joyce,
Ilustrações de Henri Matisse, a fotografia de Humberto Finatti
& a arte de Wayne Thiebaud aqui.
Incipit
vita nuova, A divina comédia de Dante Alighieri, Raízes árabes no sertão nordestino de Luís Soler,
a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Paul Sieffert, Ilustrações de Gustave Doré, a arte de Jack Vetriano & Luciah Lopez aqui.
E se
nada acontecesse, nada valeria..., Agá de Hermilo Borba Filho, Fábulas de Leonardo
da Vinci, As glândulas endócrinas de M. W. Kapp, a música de Tomoko Mukaiyama, Compassos Cia de Danças, a pintura de Bruno Di Maio & Madalena Tavares, a arte de
Eric Gill & a xilogravura de Perron aqui.
Manoel
Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario
Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado
a sério! &
Parafilias aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
A
croniqueta de antemão aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
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de Eventos aqui.
JÚLIA DE STRINDBERG
[...] JÚLIA –
Estamos aqui perdendo tempo, falando de sonhos. Vamos, nem que seja até o
parque. (Segura o braço de Jean e encaminha-se para a porta.) JEAN – Quem
dormir sobre nove flores de verão, hoje, terá seus sonhos realizados,
senhorita. (Viram-se perto da porta. Jean tem a mão sobre um olho.) JULIA – Há
alguma coisa em seu olho? Deixe-me ver. JEAN – Oh, não é nada. Apenas um cisco.
Passará num instante. JÚLIA – Com certeza eu o rocei com minha manga. Sente-se
para eu ver. (Segura-o pelo braço, fazendo-o sentar, curva sua cabeça para trás
e tenta afastar o cisco com o a ponta do lenço.) Agora fique quieto, bem quietinho.
(Dá um tapa na mão de Jean.) Faça o que estou dizendo. Ora, parece que você
está tremendo... Um homem tão grande e forte... (Sente seus bíceps.) Quê
músculos! JEAN – (Prevenindo.) Srta. Júlia! JULIA – Oui, monsieur Jean? JEAN –
Attention. Je ne suis qu´un homme. JULIA – Quer fazer o favor de ficar quieto?
Pronto. Saiu. Beije minha mão e agradeça. JEAN – (Erguendo-se) Ouça, por favor,
srta. Julia. Cristina foi deitar-se. Vai ouvir agora? JULIA – Beije minha mão
primeiro. JEAN – Muito bem. Mas a culpa será sua. JÚLIA – De quê? JEAN – De
quê?! Aos vinte e cinco anos a senhorita ainda é uma criança? Não sabe que é
perigoso brincar com fogo? JULIA – Não para mim. Tenho seguro. JEAN –
(Explícito.) Não, não tem. E mesmo que tivesse, não estaria livre de provocar
uma combustão. JULIA – Refere-se a si mesmo? JEAN – Sim. Não é porque eu seja
quem sou, mas porque sou um homem, um jovem, sou... JULIA – Atraente? Mas que
presunção! Tal vez um Dom Juan? Ou um Casanova? Meu Deus, acho que você é mesmo
um Casanova. JEAN – Acha mesmo? JULIA – Temo que sim. (Audaciosamente, Jean
tenta abraçá-la e beijá-la. Ela o esbofeteia.) Tenha modos! JEAN – Verdade ou
brincadeira? JULIA – Verdade. JEAN – Então o que aconteceu antes foi verdade
também. A Senhorita brinca seriamente e isto é perigoso. De qualquer forma,
estou cansado de brincar e peço licença para voltar a meu trabalho. O Conde vai
precisar de suas botas e já passa da meia-noite. JULIA – Deixe-as onde estão. JEAN
– Não. Este é o meu trabalho e eu tenho obrigação de fazê-lo. Mas nunca aceitei
o serviço de ser seu companheiro de brinquedo e jamais o aceitarei. Acho que
sou bom demais pra isso. JULIA – Você é orgulhoso. JEAN – Em certas coisas. Nem
todas. JULIA – Você já esteve apaixonado? [...].
Trecho da tragédia Senhorita Júlia (1888- Brasiliense, 1968),
do dramaturgo, escritor e ensaísta sueco August Strindberg
(1849-1912), contando sobre a
breve relação entre a jovem Júlia e o serviçal Jean, numa noite de verão,
envolvendo amor, batalha dos sexos e classes sociais. Veja mais aqui e aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
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