Ao som do Sharon Mansur Trio - Full Concert @ The Zone (2024) e
do EP The Gap - SHASHA (Kame'a -
Independent Music Group,
2021), da pianista e produtora israelense Sharon
Mansur.
O SANGUE DOS VERSOS, QUASE
POEMA... – Um poema inventava a manhã no folguedo do dia:
sorriso de Sol, coisas e seres. Era a arqueologia da mata de nunca mais fabricando
mundos às palavralmas, que transbordavam garganta afora pros embriões do futuro
e que seriam logo desfeitos no mormaço da tarde: nuvens nos olhos, o diverso e
o complexo, o desejo e o chamado - tudo perdido às forças do presente, como se
hoje fosse jamais e o que ficou pra trás o gabiru respirava como quem comia duma
jaca inteira. Em que pesem as doidices, os fulustrecos da vida foram levados
pelo desejo da fraude e, com todas as suas esquisitices, ainda lastimam o
destino no reino do grotesco. Quantos xingamentos no meio das muitas ciladas e pelas
algaravias doutros papos de víboras, quanta soberba, afora lunáticos de plantão
destilando suas afecções e miasmas, papagaios de pirata da glória alheia que
falavam depressa e não diziam nada pelos princípios e fins de quase nenhum meio:
não decodificavam o acontecido sucedendo, nem o choro de tantos na sua alegria
imoral. Tudo muito complicado, quando não muito chato, tristeza do tempo - só esgotamento
de sonhos e realizações congeladas pelas gretas mofadas. Estou sufocado com a
fedentina das queimadas e o êxodo por toda parte - os passos fatigados nas
folhas caídas lembram dos séculos esquecidos. Desenturmado sigo nômade plasmando
devires: só tenho pernas na impossibilidade de abraços, o coração sofre mais
que o corpo esforçado de quem não perdeu nem ganhou. No meu exílio deixarei o
terror dos abismos e o capim de nenhuma cana esmagada. Nenhuma saudade pesando na
cacunda da evasão, nenhuma frívola certeza e sem a felicidade de nenhum ódio. Se
paraqui estava eu, faltou uma mínima pitada de sal, aceno que fosse. Entre
pingos e grãos, chiados e faíscas vai a vida e o poema que não cometi. Fui, até
mais ver.
Annie Proulx: Sabe, uma das tragédias da vida real é que não há música de fundo... Veja mais aqui.
Mónica Ojeda: O lugar do medo é um espaço
revolucionário... Veja mais aqui.
Barbara Kruger: Estou
vivendo minha vida, não comprando um estilo de vida...
Veja mais aqui.
DOIS POEMAS
FLORESCER - seus lábios \ É uma uva que
colho todos os dias.\ Rosas azuis ganham vida em suas bochechas a cada beijo\ diga-me\
Como posso escrever sobre sua beleza? \ no volume do vento\ que os ciprestes se
perturbam com a fragrância do seu cabelo\ E as estações estão recitando seu
nome...
GRITAR - feridas antigas \ Dores de cabeça
constantes\ Célula por célula meu corpo grita de dor\ janelas cegas\ As sombras
se foram\ As respirações se foram\ as memórias se foram\ nada volta\ Eu teço histórias
para segredos em silêncio.
Poemas da escritora e arquiteta iraniana Sophia
Jamali Soufi.
INCÊNDIO DOMÉSTICO - […] Para as
meninas, tornar-se mulheres era inevitável; para os meninos, tornar-se homens era ambição [...] A tristeza era o que você devia aos mortos pelo crime necessário
de viver sem eles [...] Tudo o mais você pode viver ao redor, mas não a
morte. A morte você
tem que viver. [...] Um homem
precisava de fogo em suas veias para queimar o mundo, não de gelo para congelar
tudo no lugar [...] O que você faria para ajudar as pessoas que você
mais ama? Bem, você
obviamente não ama ninguém muito se seu amor depende de que eles sempre
permaneçam os mesmos. [...] Ela sentia,
como acontecia na maioria das manhãs, o profundo prazer da vida cotidiana
resumido ao essencial: livros, caminhadas, espaços para pensar e trabalhar.
[...].
Trechos extraídos da obra Home
Fire (Riverhead, 2017), da escritora paquistanesa Kamila
Shamsie. Veja mais aqui e aqui.
MICROPOLÍTICA & CAPITALISMO - [...] É preciso fazer um trabalho de descolonização
do desejo [...] Para me ler não é necessário contar com uma formação em
psicanálise, filosofia ou ciências sociais, mas viver as experiências das quais
falo e se autorizar a reconhecer que isso está aí, que quem escreve é alguém
que vive a mesma experiência e que tentou colocá-la em palavras. Então, é a
partir dessa ressonância que meus textos são lidos. [...] O capitalismo
está conseguindo colonizar o conjunto do planeta, é um regime no qual já não
conseguimos nos reconhecer em nossa experiência coletiva como sujeitos, que tem
a ver com o eu, com a vontade, com a consciência, com a experiência que está
estruturada segundo um repertório cultural. Trata-se da experiência do mundo
como um conjunto de formas, de códigos, de cenários, de personagens, de uma
certa distribuição de acesso a direitos..., aí utilizamos a percepção. Mas,
a percepção, a visão, não é virgem. Eu vejo você e lhe associo com uma série de
representações em minha memória: fixo-me na cor de sua pele, no cabelo, na
roupa que usa, levo em conta sua profissão, relaciono você com a editora que me
convidou, com o seu jornal que não é qualquer jornal... Com este conjunto de
coisas, posso me localizar diante de você, situar-me. É uma ferramenta
muito importante que nos serve para viver socialmente, comunicar. É o que
podemos chamar de cognição e é muito necessária, mas há outra experiência que
estamos fazendo ao mesmo tempo que esta, uma segunda experiência que para nós –
brancos modernos ocidentais, no regime colonial capitalista antropocêntrico,
logocêntrico – é menos conhecida. [...] a micropolítica não é a política
da experiência fora do sujeito. É a experiência entre uma forma de existência e
o que está para nascer, que transforma essa forma de existência quando essa
forma de existência está sufocando a vida. A vida tem que encontrar outros
corpos onde estar, onde se corporizar. E aí se definem as diferentes
micropolíticas. No plano macropolítico, coexistem diferentes
macropolíticas: desde as mais revolucionárias às mais reacionárias, ou seja,
desde a máxima vontade de igualdade de direitos até a máxima vontade de manter
os privilégios e a máxima capacidade para não deixar que se movam. No plano
micropolítico é diferente, as micropolíticas vão das mais ativas, as que
conseguem estar à altura do que a vida pede, deixando que essa germinação
aconteça, até que se confirme o desejo de um corpo, de um modo de existência,
onde isso que está procurando paz encontre o seu lugar. Isso transforma a
realidade. [...] Podemos dizer que de um lado está politizar o
mal-estar, do outro lado, está patologizar o mal-estar. Podemos politizar o
mal-estar para o mal, conforme vimos falando. É necessário politizar para o
bem. Sabemos que o mal-estar não é sinal de algo ruim no sentido de falta de
algo, mas, ao contrário, é um sinal de uma saúde vital que está reconhecendo o
mal-estar para que tenhamos a possibilidade de tomar consciência de que é
necessário se colocar em luta, porque a vida está gritando que está sendo
sufocada. [...]. Trechos da entrevista (El Salto, 2019) concedida pela filósofa,
escritora, psicanalista e professora Suely Rolnik, autora de obras tais
como: Esferas da Insurreição. Notas para uma vida não cafetinada (N-1
Edições, 2018), Cartografia Sentimental: transformações contemporâneas do
desejo (Sulinas/ UFRGS, 2016) e Anthropophagie zombie (Blackjack, 2011).
Veja mais aqui.
PALMARES CONECTANDO GERAÇÕES COM A EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL & TERRITÓRIO CULTURAL
O evento Palmares: conectando gerações
através da Educação Patrimonial e do Território Cultural acontecerá de 19 a
23 de agosto, na Biblioteca Fenelon Barreto. No próximo dia 22 de agosto,
participarei com a palestra Território Cultural dos Palmares: Identidade
& Diversidade, na Biblioteca Fenelon Barreto, nos horários da manhã e
tarde. Uma promoção da Biblioteca Fenelon Barreto & Amigos da Biblioteca. Veja
mais aqui, aqui e aqui.
UM OFERECIMENTO:
NNILUP CROCHETERIA
Veja mais aqui.
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SANTOS MELO LICITAÇÕES
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Poemagens & outras
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amor por ela aqui.