Ao som dos álbuns Mi Alma Mexicana (My
Mexican Soul, 2010), Travieso Carmesí (2011), Francis Hime: Concerto para
Violão e Orquestra – Ayres: Concertino para Percussão e Orquestra (2011), Schneider: Erdgebunden (2015), Stravinsky: Works for Piano &
Orchestra (2015), Olé México (GNP, 2022) e
Guy Braunstein: Abbey Road Concerto (EP, 2024), da regente mexicana
Alondra de la Parra, diretora da Filarmónica de las Américas.
VERS&PROSA DUM POETA D’ÁGUA DOCE... – Um eu não sou, dois é
muito mais! Se três quedas eu já levei, quatro vezes deu no escambau. Cinco
dias eu penei, seis semanas se passaram. Sete meses um prematuro, oito anos de
lapadas no espinhaço. Nove lados de labirintos, só com dez faz martelada... Repenteando
qualquer jeito para ver como é que fica. Ih, de popoesiar... Ah, até com um olho só me danava porque sei que o melhor do Dia do Homem é saber
que todo dia é Dia da Mulher! E mais porque ouvi Claribel Alegría: A
chuva está caindo e as memórias continuam inundando. Eles me mostram um mundo
sem sentido, um mundo voraz, mas continuo amando… Ali o domingo era a
janela das horas perdidas pelas esquinas das minhas veias que o anedotário deu
nas travessas. As mãos desfilavam se soltar e ninguém sabia o chão que pisava
porque só se imaginava céu acima de todos. E quando os olhos se tomaram de azuis
tudo sangrava e ninguém dava fé porque o vermelho dizia de suores e tormentos.
Era como dizia Corita Kent: A vida é uma sucessão de momentos, viver
cada um é ter sucesso... Não se menospreze. Seja grande você mesmo... Tudo passava:
o trago do cigarro, a cena do close, a efeméride festiva, o gole alcoólico e as
desatenções das matas que nem existiam mais por causa das fogueiras desumanas. E
os que perderam o dom das estrelas pelo fumaceiro das razões, poderiam, pelo
menos, rastrear os sulcos da terra pela chuva dos choros que sequer escutavam. Já
dizia Naomi Klein: Num mundo onde o lucro é consistentemente colocado
à frente das pessoas e do planeta, a economia climática tem tudo a ver com
ética e moralidade... Quem perdeu o amanhã pelos ontens reiterados, não se
apiedava: é triste a planta ressequida pela memória jamais irrigada. O fogo me
ensinou a cinza e o meu coração era um pássaro que se fez vulcão nascendo um
rio. A água era o que vazou entre meus dedos e, meus olhos, as correntezas dos
devires. O ar me deu o invisível e tudo era vivo a cada sopro que não sabia
onde o fim nem por onde começar. A terra mais que poética inusitada salvou os
passos e o pisado na eternidade, nada mais vida e sou a transformação por
fogaréus, mais que ubiquidade aérea, mais que gota na inundação do solvente
universal, sou chão. Até mais ver.
DOIS POEMAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
ESPAÇO-TEMPO
– Eu falo a palavra universo em voz alta \ e sei que ao ouvi-la você notará o
fascínio \ que transbordou enquanto eu escrevia \ você ouvirá os enigmas da
palavra desmoronando meu cérebro. \ Sentirá o registo frenético \ de um
batimento cardíaco e de uma respiração encurtada \ por uma revelação do vazio
que preenche, \ que abraça zonas mortas. \ Universo. \ Isto não é ciência, isto
é puro misticismo \ que não pode ser documentado \ nem com números \ nem com
letras. \ A estupidez do ser humano é suficiente para fazer você rir \ sempre
se perguntando.
MALDIÇÃO – eu não queria um mapa. \ Queria um facão
para me levar \ pela selva, seguindo o inconsciente. \ Quando dizem tarde
demais, \ você tem certeza de que não estão exagerando? \ Encontrei uma
faquinha \ e acho que poderia cortar as plantas \ que entram em meus olhos, \ que
obstruem minha vontade, \ que exaltam contradições. \ Sim, \ eu não queria um
mapa. \ Eu queria um Deus dentro de todos.
Poemas da escritora espanhola Anna Gual.
GÓTICA
MEXICANA – [...] Livros, luar, melodrama. [...] O mundo pode realmente ser um círculo
amaldiçoado; a cobra engoliu o rabo e não poderia haver fim, apenas uma ruína
eterna e uma devoração sem fim. [...] ela estava presa entre desejos
conflitantes, o desejo de uma conexão mais significativa e o desejo de nunca
mudar. Ela desejava juventude eterna e alegria sem fim. [...] Poderíamos
construir centenas de narrativas diferentes, mas isso não as tornaria
verdadeiras. [...] Ela queria ser amada. Talvez isso
explicasse as festas, o riso cristalino, os cabelos bem penteados, o sorriso
ensaiado. Ela achava que homens como seu pai podiam ser severos e frios como
Virgílio, mas as mulheres precisavam ser queridas ou estariam em apuros. Mulher que não gosta
é uma vadia, e uma vadia dificilmente pode fazer alguma coisa: todos os
caminhos estão fechados para ela. [...] O futuro, pensou ela, não
poderia ser previsto e o formato das coisas não poderia ser adivinhado. Pensar o contrário
era um absurdo. Mas eles eram jovens naquela manhã e
podiam agarrar-se à esperança. Espero que o mundo possa ser refeito, mais
gentil e mais doce. [...] Ela era a cobra mordendo o rabo. Ela era uma
sonhadora, eternamente presa a um pesadelo, de olhos fechados mesmo quando seus
olhos viraram pó. [...]. Trechos extraídos da obra Mexican
Gothic (Del Rey, 2020), da escritora e editora
mexicana Silvia Moreno-Garcia.
MULHERISMO AFRICANO – [...] Ampliar as
possibilidades de estudos e pesquisas que possam reescrever a história da
própria filosofia, inserindo outros protagonistas em seu legado – os agentes da
filosofia africana. Incorporar epistemologias com responsabilidades
afrocêntricas, pautadas na agência do povo africano e sobretudo trilhar e
possibilitar uma efetiva descolonização do pensamento. Dessa forma, a ideia de
uma educação que integre a população africana nas ementas escolares, fazendo
uso da teoria de eliminar o racismo em sala de aula, abolindo práticas docentes
que por vezes reforçavam dores com a figura subalternizada dos africanos na condição
de escravo, criando no imaginário social das crianças a inferiorização desses
povos. Isso pode ser eliminado ao reconhecer o lugar de fala e o papel
importante que os negros ocuparam na história, desenvolvendo uma sociedade
capaz de dialogar e enriquecer a partir do conhecimento e incorporação de suas
diferenças. Nesse sentido, as diferenças precisam ser vistas como positivas já
que estruturam a tese de uma sociedade plural, a pluralidade é composta pelas
diferenças, possibilitando a oportunidade para os ensinamentos de trocas que constituem
o olhar sobre o que é ser sujeito de sua própria história pautada na sua
agência. [...]. Trecho extraído do estudo Kemet, escolas e arcádeas: a
importância da filosofia africana no combate ao racismo epistêmico e a Lei
10639/03 (Cefet/UFRJ, 2017), da filósofa Katiúscia Ribeiro Pontes.
NAS DOBRAS DO TEMPO
[...] Hermilo Borba Filho disse que palavrão
era amor e amor era poesia. [...] A pesquisa transformou minha vida num
pesadelo. Recebia cartas, telefonemas. Dava entrevista pelo telefone. Em casa,
atravessava as madrugadas relendo, dinamicamente, mais de uma centena de
romances brasileiros à procura de abonações capazes de complemente e
solidificar o verbete. [...] O Dicionário do palavrão e termos afins foi
um pesadelo na minha vida. Um pesadelo que deu certo. [...].
Trecho da crônica O dicionário do palavrão – um
pesadelo que deu certo, extraído da obra As dobras do tempo – quase memórias
(20+20 Comunicação, 1995), do folclorista e etnólogo Mário Souto Maior (1920-2001).
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