Imagem: Acervo ArtLAM.
Ao som dos álbuns Morning
Star (2021), Beethoven: Piano Sonatas nº 3 in C Major, Op. 2 & nº 16
in G Major, Op. 31 (2021), Salut d’Amour (2022), Colours of
Villa-Lobos (2022), Mozart: Sonatas for Piano and Violin, Vols. 1 &
2 (2021-2023), Clair de Lune (2023), Brazilian Fruits (2023)
& Corbani: Tarde de Outono & Other Songs (2024), da pianista e
professora do Uzbequistão, Olga
Kopylova, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e fundadora dos
conjuntos
Sexteto São Paulo e Duo Kopylova & Rakevich.
NONSENSE:
CADEIRA VAZIA...
- Entre, venha para a audição de Elis
cantando Lupicínio: ... Vou te falar de todo coração \ Eu não te darei carinho nem
afeto \ Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto\ Pra te alimentar, podes comer
meu pão...
Venha, aqui poltronas e sofás vazios, fique à vontade. Por aí quantas
pessoas e cadeiras vazias sem que um outro saia do fantasioso pro agoraqui
empático que foi pro beleléu!... É isso aí. Tenho comigo o pavor dos acrófobos!
Afinal, como já dizia Prabir
Purkayastha: A bomba que ainda paira
como uma espada de Dâmocles sobre nossas cabeças... Quem ileso aos
pânicos, temores e interdições: as ameaças veladas, o desespero de invariavelmente
correr riscos, a angústia das feridas, a inaptidão de lidar com os traumas da
infância e experiências aversivas, as surpresas paralisantes, os pavores
causados por eritrófobos psicopatológicos, afora a sujeição às dagora: Gaming
disorder, nomofobias, phubbing, síndrome do texto fantasma, cibercondria,
depressões, toques, dependência digital, et céteras... há sempre a boca
seca, o frio na barriga, o chão fugindo aos pés, a vertigem, a sudorese, a
taquicardia, as pernas fraquejantes e, o pior, como lidar com essa dor, ah... O
medo nos protege e nos flagela: as advertências e a analgesia danosa. O risco
das escolhas, a fuga e os revezes, a sobrevivência. Como ter calma se ouço Alice Munro: A felicidade constante é a curiosidade... As
pessoas estão curiosas. Algumas pessoas são. Eles serão levados a descobrir coisas, mesmo
coisas triviais... Da minha parte: enfrentei
o desconfortável e nomeei meus demônios. Cônscio das minhas fraquezas, ciente
da minha natureza: minha biografia prejudicada diante de tudo isso. E a
constatação de Jacqueline Woodson: As
pessoas vão te julgar o tempo todo, não importa o que você faça... Não se
preocupe com as outras pessoas. Preocupe-se com você... Isso eu sei: não
nos deixarão em paz para reconstruir, nunca! A cada degrau pro palco há sempre
um monstro inexorável pronto pro ataque! Quem tem medo de cair não pule; quem teme voar,
não ande; quem se apavora ante o iminente, não saia; aonde quer que vá,
ambientes sombrios por aí e déjà vu. Muitos! Quem capaz de lucidez
sóbria nestes dias tão
agitados: passou da hora, estou pra lá de atrasado. Impossível não prever: é
inevitável rever o monstro sob a cama todas as noites! Quem da chuva não se
molha, quando fantasmas indesejáveis saltam das hestórias funestas e fake news:
eles ganham cada vez mais vida pelas ruas diárias... A vida abre e fecha o fole
da sanfona existencial: estamos por um triz! Tudo por fazer no meio dessa
disforia nosense: o enigma se repete a cada dia. Urge fazer já alguma coisa, o que for que precise
ser feito. E já! Saí do lugar e, quando voltei, mantive o olhar de fora: a mais
plena gestalt e ataraxia. Pronto. E sei: as crianças que virão, com certeza,
precisarão viver! Até mais ver.
DOIS POEMAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
ENTRANDO – Eu li
como velas feitas de gordura humana \ Brilha mais brilhante, como tudo \ pode
ser visto nessa luz, \ - A fome, tu.\ Lembre-me e esqueça-me da sua cara. \ Pode
ser o que Enheduanna, \ Sacerdotisa da lua suméria, \ escreveu: \Meu rosto
lindo é pó . \ Um rio canta perto do seu túmulo. \ Eu te digo de um homem \ Envolvendo
seu corpo no jornal \ antes de vestir roupas. \ Ele falou de uma parede de
cozinha bombardeada, \ Mulheres atingidas pelo vidro ao dar à luz. \ Em
Belgrado, a maioria tem histórias de guerra. \ em Sarajevo, é mais frio sob um
céu \ cortado por minaretes \ , mas as mulheres também sabem como manter o solo
\ para a colheita \ e o enterro.\ Eu falo com você, mas talvez você tenha se
tornado \ um distante apága da costa, \ e a praia é você, \ Mas eu sou o mar, \
Sal-templo, dizendo seu nome \ embora não seja pérolas na concha do meu ouvido.
EM VEINHO DE VEINAR - a
cama, estreita como um caixão, \ Crea como um cisne manso \ Quando eu acordo, \
faminto, durante a noite. \ Eu colho uvas da vinha \ com as abelhas que se
foram delirantes \ de uma fruta podre. \ abaixo de uma folha, um inseto
quiescente \ Os sonhos \ de quando era líquido \ em seu jade chrysalis, uma
memória \ como impossível como a minha chegada: \ um pão lamacento em casa da
mãe \ Mãos de magnínias. \ Eu pergunto, como as abelhas, \ Se a memória é
sempre arruinada. \ se sob este chamfron de \ a maturidade, \ de maneiras, \ Eu
ainda sou uma criança estupidamente generosa, \ um animal amaldiçoado\ Espreita
nas videiras \ com a minha alegria surpreendente: o meu desejo de viver.
Poemas da premiada
poeta da Estônia, Triin Paja, autora da obra
Nõges
(Verske Raamat, 2018), entre outros livros.
INVENTÁRIO DE PERDAS - [...] Meus
princípios orientadores são: leia tudo o que pode ser lido. Coloque gosto com gosto e guarde tudo o que leu. Anote apenas fatos, conhecimentos que possam ser
verificados. Sempre que possível, mantenha os fenómenos separados das regras estabelecidas
e comece sempre pelo geral e trabalhe no sentido do individual. Porque o que está fora sempre aponta para o que
está dentro. Você pode deduzir mais sobre minha essência do meu quarto do que do meu
pulmão ou do meu coração. Isso porque o externo e o interno andam juntos, assim como os órgãos
sexuais externos do homem e os internos da mulher são duas variantes da mesma
coisa. E assim como o
jardim é meu domínio, a casa passará a ser sua. Você verá que às vezes o interior e o exterior
estão desequilibrados. Mas no verão a sombra dos castanheiros e as descobertas da ciência podem
ajudar no calor, enquanto no inverno a filosofia pode ajudar no frio. Às vezes, no inverno, tenho que sair para me
aquecer na neve. Uma bolsa de água quente pode salvar vidas. Se você colocar no fogão evita ter que adicionar
água quente. Eu costumava ter uma garrafa de água de metal plana e curva para colocar
aos pés. Hoje em dia
uso uma mamadeira própria e seguro no local sensível entre as pernas, pois é a
melhor forma de fazer o calor circular. [...] No
final, tudo o que resta é simplesmente o que resta. [...] A cesura da
morte é o ponto onde começam o legado e a memória, e o lamento é a fonte de
cada cultura pela qual procuramos preencher o vazio agora escancarado, o silêncio
repentino com cantos, orações e histórias em que o ausente é trazido de volta Para a vida. Como um molde oco, a experiência da perda torna visíveis os contornos da
coisa enlutada, e não é incomum que ela seja transformada pela luz
transfiguradora da dor em objeto de desejo. [...] Uma memória
que retivesse tudo não reteria essencialmente nada. [...] Esquecer tudo é ruim, certamente. Pior ainda é não esquecer nada. Afinal, o conhecimento só pode ser adquirido
através do esquecimento. Se tudo for armazenado indiscriminadamente, como acontece nos dados
eletrônicos das memórias, perde o sentido e se torna uma massa desordenada de
informações inúteis. [...] Durante
muito tempo, três pontos seguidos ao longo da linha de base da escrita
designaram algo perdido e desconhecido, e depois, em algum momento, também algo
inexprimível e inexprimível; não mais apenas algo omitido ou deixado de fora, mas também algo deixado em
aberto. Assim, os três
pontos tornaram-se um símbolo que convida a pensar a alusão à sua conclusão,
imaginar o que falta, um proxy para o inexprimível e o abafado, para o ofensivo
e obsceno, para o incriminador e especulativo, para um determinado versão do omitido: a verdade. [...] Meu
olhar pousou uma última vez no globo azul-claro. Logo encontrei o local. Bem
ali, ao sul do equador, entre algumas ilhas dispersas, esse pedaço de terra
perfeito ficava, distante do mundo, tendo esquecido tudo o que sabia sobre ele.
O mundo, porém, apenas lamenta o que sabe e não tem a menor ideia do que perdeu
com aquela pequena ilhota, embora, dada a forma esférica da Terra, esse ponto
desaparecido pudesse facilmente ter sido o seu umbigo, mesmo que não eram as
cordas resistentes da guerra e do comércio que os uniam, mas o fio
incomparavelmente mais fino de um sonho. Pois o mito é a mais elevada de todas
as realidades e – assim me ocorreu – a biblioteca é o verdadeiro teatro dos
acontecimentos mundiais. [...] Não importa quantos números e fórmulas descrevam o cosmos, não importa que
conhecimento ilumine a sua natureza: enquanto o tempo ainda existir - e quem
poderia duvidar disso? - então cada explicação permanece nada mais do que uma narrativa, a
história familiar de atração e repulsão, de começo e fim, de surgir e
desaparecer, de acaso e necessidade. O universo está crescendo, se expandindo, separando as galáxias; é quase como se fugisse das teorias que tentam
capturá-lo. [...]. Trechos extraídos da obra An Inventory of Losses (New Directions
Publishing, 2020), da premiada escritora, editora e designer alemã Judith Schalansky, autora da frase: A
história nunca está completa... Veja mais aqui.
NAÇÃO DA DOPAMINA - [...] A razão pela
qual estamos todos tão infelizes pode ser porque estamos trabalhando tanto para
evitar sermos infelizes. [...] O paradoxo é que o hedonismo,
a busca do prazer pelo prazer, leva à anedonia. Que é a incapacidade de
desfrutar de qualquer tipo de prazer. [...] Lições do equilíbrio. 1. A busca incessante do prazer e a evitação da dor
levam à dor. 2. A recuperação começa com a abstinência 3. A abstinência apoia o
caminho de recompensa do cérebro e com ele a nossa capacidade de sentir alegria
e prazeres mais simples. 4. A auto-vinculação cria um espaço literal e
metacognitivo entre o desejo e o consumo, uma necessidade moderna em nosso
mundo sobrecarregado de dopamina. 5. Os medicamentos podem restaurar a
homeostase, mas considere o que perdemos ao medicar a nossa dor. 6. Pressionar
o lado da dor redefine nosso equilíbrio para o lado do prazer. 7. Cuidado para
não ficar viciado em dor. 8. A honestidade radical promove a consciência,
aumenta a intimidade e promove uma mentalidade de abundância. 9. A vergonha
pró-social afirma que pertencemos à tribo humana. 10. Em vez de fugir do mundo,
podemos encontrar uma fuga mergulhando nele. [...] Recomendo que você encontre uma maneira de mergulhar totalmente
na vida que lhe foi dada. Parar de fugir de tudo o que você está tentando escapar e, em vez disso,
parar, virar e encarar o que quer que seja. Então eu desafio você a caminhar em direção a ele. Desta forma, o mundo pode revelar-se a você como
algo mágico e inspirador que não exige fuga. Em vez disso, o mundo pode tornar-se algo ao qual
vale a pena prestar atenção. As recompensas de encontrar e manter o equilíbrio não são imediatas nem
permanentes. Eles exigem paciência e manutenção. Devemos estar dispostos a avançar, apesar de não termos certeza do que está
por vir. Devemos ter fé
que as ações de hoje que parecem não ter impacto no momento presente estão de
facto a acumular-se numa direção positiva, que nos será revelada apenas em
algum momento desconhecido no futuro. Práticas saudáveis acontecem dia após dia. Minha paciente Maria me disse: “A recuperação é
como aquela cena de Harry Potter, quando Dumbledore caminha por um beco escuro
acendendo postes de luz ao longo do caminho. Só quando chega ao fim do beco e para para olhar
para trás é que vê todo o beco iluminado, a luz do seu progresso. [...] Porque transformamos o mundo de um lugar de escassez para um
lugar de abundância esmagadora: drogas, comida, notícias, jogos de azar,
compras, jogos, mensagens de texto, sexting, Facebooking, Instagramming,
YouTubing, tweeting. . . o aumento do número, da variedade e da potência
dos estímulos altamente recompensadores hoje é surpreendente. O smartphone é a agulha hipodérmica moderna,
fornecendo dopamina digital 24 horas por dia, 7 dias por semana, para uma
geração com fio. [...] Estamos todos fugindo
da dor. Alguns de nós tomamos comprimidos. Alguns de nós surfamos no sofá
enquanto assistimos à Netflix. Alguns de nós lemos romances. Faremos quase
qualquer coisa para nos distrair de nós mesmos. No entanto, toda esta tentativa
de nos isolarmos da dor parece apenas ter piorado a nossa dor. [...] Mas há um
custo para eliminar todo tipo de sofrimento humano com medicamentos e, como
veremos, existe um caminho alternativo que pode funcionar melhor: abraçar a dor. [...] Empatia sem responsabilidade é uma tentativa míope de aliviar o
sofrimento. [...] Além da descoberta da dopamina, os neurocientistas determinaram que o
prazer e a dor são processados em regiões cerebrais sobrepostas e funcionam
através de um mecanismo de processamento oponente. Outra maneira de dizer isso é que o prazer e a dor
funcionam como um equilíbrio. Imagine que o nosso cérebro contém uma balança, uma balança com um fulcro
no centro. Quando nada está em equilíbrio, está nivelado com o solo. Quando sentimos prazer, a dopamina é liberada em
nosso caminho de recompensa e o equilíbrio pende para o lado do prazer. Quanto mais nosso equilíbrio oscila e mais rápido
ele oscila, mais prazer sentimos. Mas aqui está o importante sobre o equilíbrio. Ele quer permanecer nivelado! isto é, em equilíbrio. Não quer ficar inclinado por muito tempo, para um
lado ou para outro. Assim, sempre que o equilíbrio se inclina para o prazer, poderosos
mecanismos de autorregulação entram em ação para nivelá-lo novamente. Esses mecanismos de autorregulação não requerem
pensamento consciente ou ato de vontade, apenas acontecem como um reflexo. [...]. Trechos extraídos da obra Dopamine Nation:
Finding Balance in the Age of Indulgence (Dutton (August 24, 2021), da psiquiatra estadunidense Anna Lembke. Veja mais aqui.
ÂNGULO DE ÁGUA &
RELÂMPAGO DE GALÁPAGOS
Trecho do poema Salmos
pássaros, extraído da obra Ângulo de água & relâmpago de galápagos
(CriaArt, 2024), do poeta e advogado Vital Corrêa de Araújo. Veja mais
aqui, aqui, aqui e aqui.
UM OFERECIMENTO: SANTOS
MELO LICITAÇÕES
Veja detalhes aqui.
&
NNILUP CROCHETERIA
&
Tem mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Curso: Arte supera
timidez aqui.
Poemagens & outras
versagens aqui.
Diário TTTTT aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
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traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale
do Rio Una aqui.
&
Crônica de
amor por ela aqui.