SETÍGONOS ÀS LAPADAS
– PRIMEIRO: Um título se faz verso \ recomeço com que roupa \ festrelas
diferisadas \ luzoutras deram aparecéus \ se no oitão lá o que meço \ não sobra
sequer qualquer uma \ nas brumas do meu coração. (Taí, heptassílabos de
sete pés, feito redondilhas xucras, quando na verdade eu queria poetar coisa
mais fora do comum e sem rimar. Não deu. Ao meter as catanas versiculares na
maior pelejada, lá estava eu me sentindo como numa Sonata de Outono – só
que diferente: como se rascunhasse a Carta ao meu pai e ele lá do outro
lado da mesa lendo meus pensamentos quais arroubos mais insolentes. Peguei o
fio da meada no meio do movimento browniano: lá ia eu viajando na ideia do
floco de neve de Koch, ôpa, pelo perímetro fractal (oba!) pra quânticos
cânticos. Deu nada: poeta d’água doce sabe nem se amostrar. É isso aí, vamos
lá). SEGUNDO: Semanazada já sextou \ nexoteando ensimesma \ no viés de
lesma faz pé \ não é qualquer badameco \ fugou caneco oh baião \ cadê chão?
Volta por cima \ pro clima do alto astral. (Versoutros setessilábicos
com barrunfo de heptada, mais parece pé-quebrado de quem não sabe nada. Pois é,
estava empolgado e parti pra segunda lapada! Deveria ter ficado na primeira, fui
gostando da loa. Mas como alegria de pobre dura pouco, lá longe logo previ algo
lá não muito bem-vindo e na minha direção. Parecia gente, mas não era; coisa,
talvez. Que porra é 9? Chegou bem pertinho, o bafo duma voz esquisita e deu pra
entender apenas: ChaosGPT. Ficou na mesma, nunca vi mais
gordo, logo: que boba 90 é isso? Nem queiram saber. Não deu tempo nem de me
ajeitar direito, partiu pra cima de mim como quem queria agarrar minha goela. Vôte! Não sou besta não, dei um passo pra trás e o
troço lá tinha certa dificuldade em se mover e me alcançar. Ôxe! Dei um drible
de corpo, fui de lá pra cá, deixei-lo zonzo e zarpei
com mais de mil! Xô pra lá, coisa
ruim! O carreirão foi tão grande que nunca mais vi, nem quero ver. Mas, sei bem do que se trata, humanidade em risco... Simbora). TERCEIRO: Como se um heptágono \ amanhecesse
heptaédrico \ ventroutonal s’enrubesce \ poética quermesse quente \
trovejandagora lá se \ tascômicarnavalesca \ desse pentágono dentro. (Pronto,
está meio desmantelado, porém deu pro gasto! Fechei a conta da terceira leva,
na marra pra balanço! Sim, claro. Nem conto, espia só. Foi por causa dum susto
de torar a taboca! De repente, assim do lado e do nada: Victor de Aveyron! Danou-se! Deu-me duas Brassica oleracea! Nunca tinha visto:
isso come? (só depois soube tratar-se dum tipo de couve-flor, uma rósea
arroxeada, outra creme esverdeada –Deus faz arte fractal, certeza! Por isso ou vejo
em toda parte ou me perseguem, só sendo. Mas dele o olhar de total desapontamento
com o ser humano, pudera. Como não restasse nada do Itard e da Madame Guérin,
nenhuma boa lembrança. Vi-o perdido e com ele o meu país se dissolve há sete
anos com a queima de livros e atentado às escolas forjados sete dias por semana
pelo fundamentalismo cristão estúpido, imitação barata das neuras do Norte que
a tevê explicita o dia inteiro na programação propagada nas redes sociais.
Barbárie em demasia até para ele. Quanto mais pra mim, hem? E eu duas vezes
sete horas me desdobro nas dialetheias e sobrevivo afora, até mais ver.
INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
[...] O QS (Quociente Espiritual) permite que seres humanos sejam criativos, mudem as regras, alterem situações. Permite-nos trabalhar com limites, participar do “jogo infinito”. O QS nos dá capacidade de escolher. Presenteia-nos com um senso moral, uma capacidade de amenizar normas rígidas com compreensão e compaixão, bem como com a capacidade de saber quando a compaixão e a compreensão chegaram a seus limites. Usamos o QS para lutar com questões acerca do bem e do mal, e imaginar possibilidades irrealizadas – sonhar, aspirar, superar situações difíceis. [...].
Trecho extraído da obra Inteligência espiritual: aprenda a desenvolver a inteligência que faz a diferença (Viva Livros, 2012), da física e filósofa estadunidense Danah Zohar, que acrescenta: Podemos
considerar a dor, o sofrimento ou as dificuldades como ameaçadoras ou
incapacitantes, mas também como desafios e mesmo como oportunidades... (Imagem Acervo ArtLAM). Veja
mais aqui.
DITOS & DESDITOS
- Todos nós cometemos erros. Todo mundo precisa de segundas chances, e até
mesmo de terceiras, quartas e quintas... Estamos todos
arrebatando momentos preciosos das mandíbulas pacíficas do tempo. Às vezes é apenas um amigo verdadeiro que sabe o que
queremos dizer quando tentamos falar... Pensamento da
escritora inglesa Cressida Cowell. Veja
mais aqui e aqui.
HÖSTSONATEN – [...] É
claro que às vezes sinto um vazio. Mas uma pessoa não se deve enterrar viva... A
gente pode se consolar consigo mesma. Não pode contar eternamente com os outros
e pensar que eles estarão sempre ao nosso lado quando a gente está triste. Não,
antes pelo contrário. Na maioria das vezes, a gente precisa chorar em silêncio,
pra que ninguém ouça. [...]. Trecho extraído do filme Sonata de outono
(1978), do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007), estrelado pelas
atrizes Ingrid Bergman e Liv Ullmann, contando sobre o reencontro
de uma mãe célebre pianista e suas duas filhas após anos de separação. A mãe tem
uma surpresa ao encontrar a filha mais nova deficiente física e mental, aos
cuidados da mais velha. Esse reencontro trará à tona diversas mágoas do
passado. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
UM POEMA
Quão pequena é a vida aqui e quão
grande é o nada. \ O céu,
cansado de luz, deu tudo à neve. \ As duas árvores inclinam suas cabeças uma para a outra. \ Nuvens atravessam o silêncio do
mundo em uma dança circular.
Poema do escritor suíço Robert Walser
(1878-1956), que também assim se expressa: Cada pessoa sensível carrega em si velhas cidades
cercadas por antigas muralhas... Às pessoas saudáveis faço o seguinte apelo:
não teimem em ler apenas esses livros saudáveis, travem um conhecimento mais
estreito, também, com a literatura dita doentia, que vos transmitirá, decerto,
uma cultura edificante. As pessoas saudáveis deveriam sempre expor-se um pouco
ao perigo. Senão, com mil raios, para que serve ser saudável? Simplesmente
para, num determinado dia, morrer de boa saúde? (Imagem Acervo ArtLAM). Veja mais
aqui.
UNA-SE...
O RIO É SEU...
... Eu
vou. Por quê? Porque vou, porque sim, porque não, caramanchão, feliz das
trepadeiras pelos oitões, a brisa nas varandas, água de coco, sombra e água, a
lembrar dos sítios do Serrote do Gado Brabo. Sou o que vai e volta, eterno
retorno como os pardais estão voltando...
Valuna: São
Bento do Una – Pernambuco. (Imagem: Acervo ArtLAM). Veja mais aqui, aqui e aqui.