sábado, abril 15, 2023

DANAH ZOHAR, BERGMAN, CRESSIDA COWELL, ROBERT WALSER & SÃO BENTO DO UNA

 

 (Imagem: Setígono – Acervo ArtLAM) - Ao som do show Gabriela Machado Quinteto (Sesc Instrumental, 2022), da premiada flautista e compositora Gabriela Machado, acompanhada pelo quinteto formado pelos músicos Emiliano Castro (violão de 7 cordas), Matheus Kleber (acordeon), Camila Silva (cavaquinho) e Douglas Alonso (bateria), contando com participações especiais de Celso Benedito (trompa) e Débora Gurgel (piano). Ela é integrante do grupo Câmaranóva (Câmara Brasileira) e o Coletivo de Mulheres no Choro (SP), afora participar de diversos grupos instrumentais.

 

SETÍGONOS ÀS LAPADAS – PRIMEIRO: Um título se faz verso \ recomeço com que roupa \ festrelas diferisadas \ luzoutras deram aparecéus \ se no oitão lá o que meço \ não sobra sequer qualquer uma \ nas brumas do meu coração. (Taí, heptassílabos de sete pés, feito redondilhas xucras, quando na verdade eu queria poetar coisa mais fora do comum e sem rimar. Não deu. Ao meter as catanas versiculares na maior pelejada, lá estava eu me sentindo como numa Sonata de Outono – só que diferente: como se rascunhasse a Carta ao meu pai e ele lá do outro lado da mesa lendo meus pensamentos quais arroubos mais insolentes. Peguei o fio da meada no meio do movimento browniano: lá ia eu viajando na ideia do floco de neve de Koch, ôpa, pelo perímetro fractal (oba!) pra quânticos cânticos. Deu nada: poeta d’água doce sabe nem se amostrar. É isso aí, vamos lá). SEGUNDO: Semanazada já sextou \ nexoteando ensimesma \ no viés de lesma faz pé \ não é qualquer badameco \ fugou caneco oh baião \ cadê chão? Volta por cima \ pro clima do alto astral. (Versoutros setessilábicos com barrunfo de heptada, mais parece pé-quebrado de quem não sabe nada. Pois é, estava empolgado e parti pra segunda lapada! Deveria ter ficado na primeira, fui gostando da loa. Mas como alegria de pobre dura pouco, lá longe logo previ algo lá não muito bem-vindo e na minha direção. Parecia gente, mas não era; coisa, talvez. Que porra é 9? Chegou bem pertinho, o bafo duma voz esquisita e deu pra entender apenas: ChaosGPT. Ficou na mesma, nunca vi mais gordo, logo: que boba 90 é isso? Nem queiram saber. Não deu tempo nem de me ajeitar direito, partiu pra cima de mim como quem queria agarrar minha goela. Vôte! Não sou besta não, dei um passo pra trás e o troço lá tinha certa dificuldade em se mover e me alcançar. Ôxe! Dei um drible de corpo, fui de lá pra cá, deixei-lo zonzo e zarpei com mais de mil! Xô pra lá, coisa ruim! O carreirão foi tão grande que nunca mais vi, nem quero ver. Mas, sei bem do que se trata, humanidade em risco... Simbora). TERCEIRO: Como se um heptágono \ amanhecesse heptaédrico \ ventroutonal s’enrubesce \ poética quermesse quente \ trovejandagora lá se \ tascômicarnavalesca \ desse pentágono dentro. (Pronto, está meio desmantelado, porém deu pro gasto! Fechei a conta da terceira leva, na marra pra balanço! Sim, claro. Nem conto, espia só. Foi por causa dum susto de torar a taboca! De repente, assim do lado e do nada: Victor de Aveyron! Danou-se! Deu-me duas Brassica oleracea! Nunca tinha visto: isso come? (só depois soube tratar-se dum tipo de couve-flor, uma rósea arroxeada, outra creme esverdeada –Deus faz arte fractal, certeza! Por isso ou vejo em toda parte ou me perseguem, só sendo. Mas dele o olhar de total desapontamento com o ser humano, pudera. Como não restasse nada do Itard e da Madame Guérin, nenhuma boa lembrança. Vi-o perdido e com ele o meu país se dissolve há sete anos com a queima de livros e atentado às escolas forjados sete dias por semana pelo fundamentalismo cristão estúpido, imitação barata das neuras do Norte que a tevê explicita o dia inteiro na programação propagada nas redes sociais. Barbárie em demasia até para ele. Quanto mais pra mim, hem? E eu duas vezes sete horas me desdobro nas dialetheias e sobrevivo afora, até mais ver.

 

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

[...] O QS (Quociente Espiritual) permite que seres humanos sejam criativos, mudem as regras, alterem situações. Permite-nos trabalhar com limites, participar do “jogo infinito”. O QS nos dá capacidade de escolher. Presenteia-nos com um senso moral, uma capacidade de amenizar normas rígidas com compreensão e compaixão, bem como com a capacidade de saber quando a compaixão e a compreensão chegaram a seus limites. Usamos o QS para lutar com questões acerca do bem e do mal, e imaginar possibilidades irrealizadas – sonhar, aspirar, superar situações difíceis. [...].

Trecho extraído da obra Inteligência espiritual: aprenda a desenvolver a inteligência que faz a diferença (Viva Livros, 2012), da física e filósofa estadunidense Danah Zohar, que acrescenta: Podemos considerar a dor, o sofrimento ou as dificuldades como ameaçadoras ou incapacitantes, mas também como desafios e mesmo como oportunidades... (Imagem Acervo ArtLAM). Veja mais aqui.

 

DITOS & DESDITOS - Todos nós cometemos erros. Todo mundo precisa de segundas chances, e até mesmo de terceiras, quartas e quintas... Estamos todos arrebatando momentos preciosos das mandíbulas pacíficas do tempo. Às vezes é apenas um amigo verdadeiro que sabe o que queremos dizer quando tentamos falar... Pensamento da escritora inglesa Cressida Cowell. Veja mais aqui e aqui.

 

HÖSTSONATEN – [...] É claro que às vezes sinto um vazio. Mas uma pessoa não se deve enterrar viva... A gente pode se consolar consigo mesma. Não pode contar eternamente com os outros e pensar que eles estarão sempre ao nosso lado quando a gente está triste. Não, antes pelo contrário. Na maioria das vezes, a gente precisa chorar em silêncio, pra que ninguém ouça. [...]. Trecho extraído do filme Sonata de outono (1978), do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007), estrelado pelas atrizes Ingrid Bergman e Liv Ullmann, contando sobre o reencontro de uma mãe célebre pianista e suas duas filhas após anos de separação. A mãe tem uma surpresa ao encontrar a filha mais nova deficiente física e mental, aos cuidados da mais velha. Esse reencontro trará à tona diversas mágoas do passado. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

UM POEMA

Quão pequena é a vida aqui e quão grande é o nada. \ O céu, cansado de luz, deu tudo à neve. \ As duas árvores inclinam suas cabeças uma para a outra. \ Nuvens atravessam o silêncio do mundo em uma dança circular.

Poema do escritor suíço Robert Walser (1878-1956), que também assim se expressa: Cada pessoa sensível carrega em si velhas cidades cercadas por antigas muralhas... Às pessoas saudáveis faço o seguinte apelo: não teimem em ler apenas esses livros saudáveis, travem um conhecimento mais estreito, também, com a literatura dita doentia, que vos transmitirá, decerto, uma cultura edificante. As pessoas saudáveis deveriam sempre expor-se um pouco ao perigo. Senão, com mil raios, para que serve ser saudável? Simplesmente para, num determinado dia, morrer de boa saúde? (Imagem Acervo ArtLAM). Veja mais aqui.

 

UNA-SE... O RIO É SEU...

... Eu vou. Por quê? Porque vou, porque sim, porque não, caramanchão, feliz das trepadeiras pelos oitões, a brisa nas varandas, água de coco, sombra e água, a lembrar dos sítios do Serrote do Gado Brabo. Sou o que vai e volta, eterno retorno como os pardais estão voltando...

Valuna: São Bento do Una – Pernambuco. (Imagem: Acervo ArtLAM). Veja mais aqui, aqui e aqui.