
TRÊS CONTAS NOS DEDOS SEGUINDO - (Imagem:
escultura de Nicolina Vaz) – Ah, os
meus dias, eram ventanias de tempestades terríveis com o esquecimento e nenhuma
vontade de errar pela vida dentro de um odre de poderosos ventos e aberto para
festa das sereias enlouquecedoras que me deixaram boiando num pedaço de madeira
mar afora, para que findasse mendigo no meu próprio reinado em ruínas. Assim as
funduras insondáveis da solidão e ao me deparar com as inscrições da tabuleta
chinesa no meio dos antros do cabo Averno: Ande
com calma na estrada escorregadia, pois nela se embosca o demônio do desastre.
Eu sabia, um pé na frente e outro atrás, todos os caminhos levavam ao inferno. É
como se do fundo do Érebo surgissem todos os pálidos espectros da minha
convivência de ontens, com os seus castigos do julgamento e a minha veneranda
mãe a testemunhar minha tribulação pela escuridão de charcos umbrosos.
Presenciava tudo e quedava de terror como quem havia sido expulso do éden para
invocar a musa, porque só havia em mim a imagem de Penélope a me esperar distante
quase sem esperança, a tecer sua manta com as palavras de Rubem Alves: Não
haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. A
vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Vivo
agora e voo pra ela. Até mais ver.
A ARTE DE DEYSON GILBERT
A arte do
artista Deyson Gilbert, que é
graduado em Artes Visuais pela Universidade de São (USP), fundador e editor da
revista Dazibao e que já participou
de mostras e exposições no Brasil e exterior. Veja mais aqui.