DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE
AQUELA... PISADA NO MEU POBROPRIMIDO E NEM NEM! - A
despeito de tudo, o inferno é o meu país desfigurado. Claro, ora, se o Coisonário
no Fecamepa almejava ser super, agora
está desmascarado: sempre foi especialista em dar cabo de pobroprimido. Por isso
mesmo, tornou-se o anti-herói, de se juntar a outras trepeças e formar a sua Ligódio. Ele e sua abebalada trupe,
formada pelos Guepaudeles, Coisamaralves a doidamares, Cristé do Agro, Pomar
das Nuvens, Onçadremenan da Lei apócrifa, Jorau Desonesto, Beiromi Rilton, o
cheleleu Elopato-to-to, Salerico Dendroclasta, Ferro de Engomar & outros
coadjuvantes quase figurantes que se arrumam direitinho no que é dos outros,
como o Faboria SS & o Enfriado, afora outros sórdidos apatetados, que mandam
ver sob a leniência de casacudos e frouxas autoridades, todos cultores das vetustas
ideias de Galton, Chamberlain e Gobineau. Lascou. Juntos e à socapa, batem
cabeça, enfiam as mãos pelas pernas, dizem o que desdizem, desfazem o que foi
feito, e, ainda por cima, mentem com suas estultices e destilam seus paroxismos
sectários e contrafações temperamentais, como se salvassem de bem, quando, na
verdade, tocam fogo no circo, estorvam e enlameiam qualquer restinho de
dignidade que se imaginasse, montados na execração com toda estupidez,
fanatismo, raiva, aversão, rancor e ira, coisa de uma história que se repete
desde a mais remota antiguidade. Verdade: o ódio deles não é de hoje, desde o
relato daquele personagem bíblico, o furioso agagita Hamã, que era desejoso de extermínio dos judeus, a coisa tomou pé
na história da humanidade. Uma coisa que esquecem é que nenhum deles, inclusive
o arrochado Hamã, não adivinhou o final da história: ele mesmo enforcado no seu
próprio engenho, juntamente com seus filhos. Pois é, quantos exemplos se
acumulam nos anais históricos, hem? Mesmo assim, achando-se impunes, os
frenéticos odiligiosos neopetencostais agem contumazes como fanáticos
vingadores da moral deles e seus maus costumes neofacistas, misturado tudo com
febre nazista alemã e fúria daquele apartheid
sul-africano, soltos na buraqueira e com força destrutiva inimaginável. Não sei
se sobrará Brasil no fim desse desgoverno, prefiro falar doutra coisa. Por
exemplo? De Nelson Mandela
(1918-2013) Ninguém nasce odiando outro
pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as
pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser
ensinadas a amar. Eles passarão, eu sei, ficarão os coisominions com seus
alaridos e eu prefiro ouvir o escritor sobrevivente do holocausto alemão e
prêmio Nobel da Paz de 1986, Eliel Wiesel (1928-2016): O oposto do amor
não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é a feiura, é a
indiferença. O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto
da vida não é a morte, é a indiferença. Indiferença, para mim, é a
personificação do mal. Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima.
Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado. Por isso não me rendo e persisto
com minha Nênia de Abril por todos
os cantos do meu país, porque uma farsa histriônica tão repulsiva como esta não
era para se assistir, era ser erradicada. Vambora
DUAS
GRAÇAS DE YEBÁ BËLÓ - Imagem da atriz Zahy Guajajara – Euzilene Prexede do Nascimento Guajajara, da
Reserva Indígena Cana Brava e que atuou na minissérie Dois Irmãos (Globo. 2017), no drama longa Não Devore Meu Coração
(2017), dirigido por Felipe
Bragança, do média-metragem Sociedade da Natureza (2017), do português Pedro Neves
Marques e da peça de teatro, Jamais ou Calabar (2018), do Jorge Farjalla. – [...] No começo foi o nada e o primeiro momento intenso de luz. Quando
Yebá-Beló surgiu das coisas invisíveis. A menina virgem nascida das coisas
sagradas, em sua morada de quartzo, em sua morada de luz. Yebá-Beló, a não
criada, aquela que se faz e se refaz e que é todos os dias igual, desde o
começo antes do começo do começo do mundo. Yebá-Beló, avó do mundo. Em seu
trono de quartzo branco, navegando em sua morada de luz. [...] Ela que tinha o poder de mandar, precisava
dos que sabem fazer. Yebá-Beló começou a chamar, o que o leve vento foi trazer,
seus irmãos os trovões do ar. [...] Venham,
venham todos os quatro trovões, venham fazer o mundo surgir de mil explosões,
venham fazer o mundo surgir de mil explosões. [...] Ah! mas isto foi antigamente, no
começo antes do começo. Quando o mundo ainda era novinho em folha e todos
sabiam que a vida não passa de um sonho. [...]. Trechos
da peça teatral Dessana, Dessana, ou o começo antes do começo, extraído
da obra Teatro (Marco Zero, 1997), do escritor Marcio Souza, tratando sobre a deusa criadora do mundo Yebá Bëló,
figura principal no mito de criação dos índios Dessanas. Segundo os índios, ela
mora em uma morada de quartzo, e ela criou os seres humanos a partir do ipadu (folha de coca) que ela mascava e,
enquanto fumava, criou um ser de fumaça, que chamou de Yebá Ngoamãn, ao qual ela lhe deu um bastão chocalho com sementes
masculinas e femininas e o elevou até a torre do grande morcego. Na torre, o
bastão assumiu um rosto humano que virou o sol. Trata-se de uma lenda que
também foi tratada na obra A origem da noite e como as mulheres roubaram as
flautas sagradas (FUNARTE/EDUA, 2002), na obra Antes o mundo não existia
- A mitologia heróica dos índios
Desâna (Cultura. 1980), de Umúsin Panlõn Parokumu e Tolamãn Kenhíri, e tema
do artigo O elemento feminino no mito de origem em Dessana Dessana, de Marcio Souza
(Revista Decifrar, 2014), de Sideny Pereira de Paula (UFAM)
TRÊS MOVIMENTOS PARA ANÁBASE NOS BRAÇOS DA DEUSA - Imagem:
a arte da premiada bailarina espanhola Eva Yerbabuena - Eva María Garrido, considerada uma
grande dançarina de flamenco da atualidade. - Uma vez, duas, mil vezes ao
inferno desci, ásperos dias, duros tempos e o meu país, estampa corroída, é o passado
como um cofre vazio. O coração lateja e as lembranças são relâmpagos que
guardam ossos, como um dia e outro na ironia do calendário. O mundo cresce, todos
morrem como se nada acontecesse e a porta é herança vil de vida soterrada que o
vento arrasta, a água lava, o fogo queima e à terra o que perece na pátria
desfeita. Sou cego errante com o peso dos golpes. Para me redimir, surgiu a
deusa a me dizer Rosamunde Pilcher: Felicidade é tirar o máximo proveito do que
se tem. E riqueza é tirar o máximo proveito do que se consegue. Era ela lira
nua, a musa Terpsícore para meu
deleite dançante, atravessar o Hades e seguir anábase rumo à vida. Até mais
ver.
VOZES: A CRÔNICA FEMININA CONTEMPORÂNEA EM PERNAMBUCO
A obra Vozes: a crônica feminina contemporânea em Pernambuco (CEPE, 2007), organizado por Elizabeth Siqueira e Laura Areias, reúne as escritoras Luzilá Gonçalves, Maria de Lourdes Horta, Fátima Quintas, Graça Graúna, Lourdes Nicácio, Lourdes Sarmento, Tereza Halliday, Ariadne Quintela, Eugênia Menezes, Graça Melo, Ina Melo, Isnar Moura, Lúcia Cardoso, Luciene Freitas, Márcia Basto, Margarida Cantarelli, Maria Lucia Chiappeta, Maria Pereira, Marilena de Castro, Marly Mota, Maryse Cozzi, Nazareth Gouveia, Nelly Carvalho, Neuma Costa, Rejane Gonçalves, Renata Pimentel, Rosa Guerra, Salete Rego Barros, Selma Vasconcelos, Silvana Oriá, Suzette Abreu e Lima, Telma Brilhante, Vera Sato, Virginia Crisóstomo, Zuyla Cartaxo, Ana Arraes, Ana Maria César, Cici Araujo, Cláudia Azambuja, Djanira Silva, Dulcita Brennand, Edna Alcântara, Eleonora Castelar, Elizabeth Antão, Esmeralda Moura e Ester de Lemos. Veja mais aqui e aqui.