quarta-feira, março 25, 2020

LINA BO BARDI, PÉNÉLOPE BAGIEU, ROBERTA MARQUEZ, DELANO & PAPA-VENTO


UMA: QUEM NASCE PRONTO? - Nascer é o primeiro processo. Depois, tudo assim continuará: em processo. Vamos transformando-nos em cada etapa: infância, adolescência, fase adulta e velhice. Ninguém está pronto para nenhuma delas, sempre marinheiro de primeira viagem em qualquer tempo ou lugar. E, à medida que os anos passam, novos reposicionamentos e ressignificações ocorrem, enquanto decodificamos o que se passa em nosso interior e ao derredor. Bem diz Berthe Morisot: Na vida, chegamos despreparados a qualquer idade, e apesar dos anos não temos experiência. Vamos aprendendo. DUAS: KEEP CALM AND CARRY ON - Ora, de que adianta pular nas funduras das águas para salvar quem está morrendo afogado, se não se sabe nadar? O mais apropriado é ficar onde estar, tomar pé da situação rapidamente, procurar ajuda especializada ou uma boia ou o que possa fazer para ajudar, mas racionalmente. É certo que a rápida iniciativa ajuda, salva. Agora mesmo, em tempos de insegurança e imprevisões, o melhor a fazer é o que diz Nina Hagen: O mundo vai entrar em colapso, mas ninguém deve ter medo. Fique em casa ou como dizia aquele anônimo cartaz motivacional britânico, distribuído durante a Segunda Guerra Mundial e redescoberto em 2000: Mantenha a calma e siga em frente. TRÊS: SE EMBRONCAR, AFROUXE & RELAXE - Para quem já nasceu sob a insígnia do pecado e da culpa, o medo é pura consequência. A liberação dá trabalho, nada fácil romper castrações e interditos, dá muita confusão no juízo. O certo é que não adianta entrar em pânico, desespero só dá na paranoia. É preciso afrouxar e liberar, como escreve Jack Kerouac: Eu só confio nas pessoas loucas, aquelas que são loucas pra viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas amarelas romanas explodindo como aranhas através das estrelas. Taí, ora. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Um anacronismo é também se inspirar na pura técnica como valor expressivo; a técnica não possui valores expressivos em si mesma, mas apenas na eficiência do seu emprego. Quando a única virtude da técnica é o seu aspecto, a sua aparência, cai-se na decoração; (...) a novidade pela novidade, o estranho pelo estranho podem preencher os olhos mas não a inteligência e o coração. [...] A liberdade do artista foi sempre “individual”, mas a verdadeira liberdade só pode ser coletiva. Uma liberdade ciente da realidade social, que derrube as fronteiras da estética, campo de concentração da civilização ocidental; uma liberdade ligada às limitações e às grandes conquistas da prática científica (prática científica, não tecnologia decaída em tecnocracia). Ao suicídio romântico, é urgente contrapor a grande tarefa do planejamento ambiental, desde o urbanismo e a arquitetura até o desenho industrial e outras manifestações culturais. Uma reintegração, uma unificação simplificada dos fatores componentes da cultura. [...] Um dos mais desoladores resultados desses tempos cheios de amarguras e desilusões é a indiferença com a qual governantes, homens políticos, jornalistas, numa palavra, todos aqueles que formam o elemento condutor do país, consideram os problemas técnicos e científicos. Destinam-se verbas enormes a obras públicas, esgotando as finanças nacionais, sem se perguntar se a obra e o fim corresponderão ao sacrifício feito pelo país, e se essas obras merecem realmente esse sacrifício. [...] É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história; o que é preciso, é considerar o passado como presente histórico. O passado, visto como presente histórico é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas. Diante do presente histórico, nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para as novas situações de hoje que se apresentam a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros [...]. Trechos extraídos da obra Lina por escrito: textos escolhidos de Lina Bo Bardi 1943-1991 (Cosac Naify, 2009), da arquiteta modernista Lina Bo Bardi (1914-1992), organizado por Silvana Rubino e Marina Grinover, que revela a capacidade de transformar seu universo criativo em palavras, reunindo 3 artigos que repassam e propõem conceitos para temas como habitação, mobiliário, arte popular, museologia, restauro, educação e políticas culturais. Dela a irrepreensível expressão: O passado não volta. Importantes são a continuidade e o perfeito conhecimento de sua história.

OUSADAS MULHERES – Interessantíssima publicação a Ousadas – Mulheres que fazem o que querem (Nemo, 2018), da ilustradora e quadrinista francesa Pénélope Bagieu, tratando com humor e sagacidade a história de quinze mulheres excepcionais que enfrentaram a pressão social de seu tempo e se tornaram donas de seus próprios destinos, a exemplo da grega Agnodice que se disfarçou de homem para exercer a ginecologia na Grécia Antiga; Nzinga, a rainha de Ndongo e Matamba; a atriz aterrorizante Margareth Hamilton; a guerreira apache e xamã Lozen, entre outras. A autora estudou cinema de animação na Ensad e passou pela Central Saint Martin de Londres, também publicou a graphic novel Uma morte horrível (Nemo, 2016), desenvolve a série Ousadas e edita o blog Ma vie est tout à fait fascinante (Minha vida é realmente fascinante) onde conta, com ilustrações e bom-humor, histórias do seu cotidiano. Veja mais aqui.

PAPA-VENTO
Foi o calango em casa
De seu tio Papa-Vento
Tomar a benção e disse
Antes de tomar assento:
- Venho lhe pedir a mão
De sua filha em casamento.
PAPA-VENTO Versos recolhidos na obra Ao som da viola (Imprensa Oficial, 1949), do advogado, professor, museólogo, folclorista e escritor cearense Gustavo Barroso (1888-1955), identificando-se como o nome dado no sertão para o camaleão, Iguana tuberculata, muito vulgar nas estórias antigas, versos populares, havendo mesmo uma roda infantil denominada Camaleão. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE ROBERTA MARQUEZ
Isso mostra que no Brasil podemos formar bons profissionais. Hoje, não preciso me preocupar com nada, só com a dança. No Brasil, eu tinha que comprar sapatilha com o meu salário, porque, às vezes, faltava.
ROBERTA MARQUEZ – A arte da premiada bailarina Roberta Marquez, que foi a primeira-bailarina do Royal-Ballet de Londres, depois de casar-se em pleno palco do Municipal do Rio de Janeiro, em 2002, e quase desistiu da carreira. Veja mais aqui.

PERNAMBUCO ART&CULTURAS
A ARTE DE DELANO
A arte do pintor, desenhista e gravador Delano (Flanklin Delano de França e Silva).
A poesia de Anchieta Dali aqui.
A literatura de Admmauro Gommes aqui, aqui & aqui.
A música de Manoel Carvalho Mancini & Brasília Popular Orquestra (BRAPO) aqui.
A arte de Cristiane Campos aqui
Kid Malvadeza aqui.
O município de Ribeirão aqui & aqui.
&
OFICINAS ABI – 2º SEMESTRE 2020
Veja detalhes das oficinas da ABI aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
 

CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...