TODO DIA É DIA DA MULHER – UMA: O FASCÍNIO DA ARANHA - Estive sempre
ao seu lado e quando me quisesse, assim. Fui testemunha do que lhe valeu viver
e amar, assim éramos um ao outro, a mesma loucura e falsos temores, festas de
risos e solidão. Em mim se fez sempre o autorretrato: as tranças das medusas e
serpentes, a metáfora das árvores e das plantas comestíveis, a palidez das
larvas gordas no fundo preto, a esperança de outra vida, as aranhas e as teias
de significado alheio, o azul das espirais infinitas, o trauma do professor de inglês
e a gripe espanhola, todos os símbolos abstratos de suas expressões por nunca
haver perdido o seu próprio drama e a experiência de amar. Era a sua vida, o
seu cotidiano exorcismo entre o pedido de socorro e o prazer, apascentando seus
demônios sem ferir ninguém. Era em mim que se largava de si e se curava na arte,
só porque eu era o seu segredo mais bem guardado. Quem? Louise Bourgeois:
As metáforas na natureza são muito fortes…
a natureza é um modo de comunicação. Arte não é sobre arte. É sobre a
vida, e isso resume tudo. Para ser um artista, você precisa existir em um mundo de
silêncio. DUAS: O AMOR APENAS EM TROCA DE AMOR - Quando a
amei não era apenas uma, as tantas que ela era, a delícia de um enigma a se
revelar a todo instante. Era Marie diligente aos seus escritos como aos beijos
e seduções, ou era Cartherine que me assaltava noite adentro para que não tivesse
mais nenhuma noção de viver. Quando não Sophie radiante divindade anulando meus
sentidos pelas imensidões siderais de seus truques mais que enfeitiçáveis nas
horas mais remotas. Às vezes Daniel, como podia, não sei, tantos nomes e nenhum,
ela mais que inteira a me revelar as inúmeras faces de sua instigante emanação.
Eu mal sabia acomodar os acordes às teclas diante das suas decepções amorosas
de antes, eu não estava imune muito menos incólume enquanto ela escrevia
vorazmente sua arte e correspondência, e eu o seu destinatário para a vida e
tudo que nos cercava. Eu a amava sem que houvesse limites, recolhendo suas
dores e quedas, seus queixumes e poemas. Quem? Marie Agoult: Para ser um grande homem é preciso ter feito
grandes coisas, mas não chega ter feito grandes coisas para ser um grande homem.
TRÊS: AS
MÚLTIPLAS FACES DA SEDUÇÃO - Era o espetáculo fosse Heather ou Renée, atriz,
deusa ou pin-up sedutora dos zis
encantos a me enlouquecer com sua ebulição mais que formosa. Não havia como
distinguir a artista burlesca dos meus desejos mais arraigados, daquela nua fetichista
com todo luxo aos extremos, imantando minha alma para que se revelasse sua e ao
seu querer. Não havia como não mergulhar de cabeça na abissal protagonista desamparada,
a tomar banho com meu sêmen e a me levar ao olho do furacão de se doar como se
jamais o amanhã ditasse o futuro, porque o presente era erupção do prazer interminável.
Quem? Dita Von Teese: Gosto da ideia de ser
quem eu quero ser. O
elemento mais sexy que uma mulher pode ter é a autoconfiança. Quando uma mulher
entra em um lugar e está confiante, se sente confortável consigo mesma, os
olhares se voltam para a sua direção. Outro ponto importante é nunca se
comparar com outras mulheres - saiba quais são as suas qualidades e aprenda a
usá-las a seu favor. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS
& DESDITOS: [...] Pouquíssimas
cartas escritas naqueles tempos difíceis deixariam de comover, principalmente
as que os pais enviavam para casa. Essa não comentava quase nada sobre as
privações, os perigos ou as saudades de casa; era uma carta alegre, cheia de
esperança, descrevendo vividamente a vida no acampamento, as marchas e as novidades
militares, e só no final o coração do remetente transbordava de amor paterno e
de saudades de suas meninas em casa. “Mande-lhes todo o meu amor e um beijo.
Diga-lhes que penso nelas de dia, rezo por elas à noite e que meu maior consolo
é sempre o afeto delas. Um ano parece tempo demais até poder revê-las, mas lembre-as
que, enquanto esperamos, todos nós podemos trabalhar para não desperdiçar esses
dias difíceis. Sei que elas vão se lembrar de tudo que eu lhes disse, serão
filhas carinhosas com você, cumprirão fielmente suas obrigações, combaterão
bravamente seus inimigos internos e vencerão com tanta galhardia que, quando eu
voltar, poderei sentir mais carinho e mais orgulho do que nunca pelas minhas
mulherzinhas”. Todas fungaram quando chegaram a esse trecho [...]. Trecho
extraído da obra Mulherzinhas (Musa, 1995), da escritora
estadunidense Louisa May
Alcott (1832-1888), uma novela icônica destinada
ao público feminino, tratando acerca da domesticidade, trabalho e amor
verdadeiro, de forma interdependente para a necessária conquista da identidade
individual de uma heroína, tornando-se um clássico atemporal, escrito para
encantar gerações de mulheres aptas a lutarem contra todo tipo de restrição de
gênero.
A POESIA DE MANUELA MARGARIDO
A noite sangra
no mato,
ferida por uma aguda lança
de cólera.
A madrugada sangra
de outro modo:
é o sino da alvorada
que desperta o terreiro.
E o feito que começa
a destinar as tarefas
para mais um dia de trabalho.
A manhã sangra ainda:
salsas a bananeira
com um machim de prata;
capinas o mato
com um machim de raiva;
abres o coco
com um machim de esperança;
cortas o cacho de andim
corn um machim de certeza.
E à tarde regressas
a senzala;
a noite esculpe
os seus lábios frios
na tua pele
E sonhas na distância
uma vida mais livre,
que o teu gesto
há-de realizar.
MANUELA MARGARIDO - Roça, da poeta são-tomense Manuela Margarido (1925-2005), extraído
da antologia Poesia Africana de
Língua Portuguesa (Lacerda, 2003), organizado por Maria
Alexandre Dáskalos, Livia Apa e Arlindo Barbeitos. Ela combateu o autoritarismo e desumanidade imposto à África na década 1950,
lutando pela independência do arquipélago. Corajosamente levantou a voz contra
o massacre de Batepá, perpetrado pela repressão colonial portuguesa,
denunciando com a sua poesia a repressão colonialista e a miséria em que viviam
os trabalhadores do café e do cacau em São Tomé. Exilou-se na França, quando
escreveu: Na beira do mar, nas
águas,/estão acesas a esperança/o movimento/a revolta/do homem social, do homem
integral. É autora de obras como Alto como o Silêncio (Lisboa,
1957), Vós que ocupais a nossa terra (1963), Os Poetas e Contistas Africanos
(S. Paulo, 1963); Poetas de S. Tomé e Príncipe, (Lisboa, 1963); Nova Soma de
poesia do mundo negro "Présence Africaine nº 57" (Paris, 1966), entre
outros. Veja mais aqui.
A ARTE DE AI YAZAWA
Gosto de várias coisas, mas acho que as expressões e os
comportamentos dos personagens são fundamentais. Ao
variar a recitação de um personagem, todo o trabalho deve mudar de acordo.
Deixe-me explicar: cada personagem do meu mangá é como um ator
de teatro. Cada vez que um personagem muda seu
comportamento ou muda sua atitude, todo o contexto em que está imerso também
muda. Como uma mudança de palco do teatro.
AI YAZAWA – A arte da quadrinista e mangaká japonesa Ai
Yazawa, voltados para o público feminino. É autora da série Nana e do mangá
Paradise Kiss. Os mangás mais famosos dela são Nai de Tenshi Nanka Ja
(Eu não sou um anjo), Gokinjo Monogatari (História da vizinhança), Paradise
Kiss e Nana. Nana é um dos mangás de maior sucesso, com um total de
21 volumes publicados, tendo se tornado em uma série de anime e dois filmes
live-action, com trilha sonora, um álbum de tributo e itens promocionais. Veja
mais aqui.
TODO DIA É DIA DA MULHER PERNAMBUCANA
ÍNDIA
MORENA
A arte de Índia
Morena, a artista circense Margarida Pereira de Alcântara, que
atuou como contorcionista, trapezista voadora, acrobata, cantora, ginasta e atriz
circense. Na infância ela era catadora de crustáceos no mangue do Recife,
ingressou num concurso de calouros promovido pelo Circo Democratas e venceu, em
1952. A partir de 1953 integrou a trupe do Circo Itaquatiara e atualmente integra
o elenco do Gran Londres Circo. Ela fundou em 1993 a Associação dos
Proprietários e Artistas Circenses do Estado de Pernambuco (APACEPE). Em 2006
ela recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Fonte: Patrimônios vivos
de Pernambuco (Fundarpe, 2014), de Maria Alice Amorim.
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A poesia
do escritor, jornalista e sociólogo Alberto
da Cunha Melo (1942-2007) aqui.
A música do artista e músico Antonio
Carlos Nóbrega aqui.
A arte de Isac Vieira aqui.
&
OFICINAS ABI