ENTREMENTES OU
ISSO NÃO É NADA – Imagem: arte da artista plástica estadunidense
Kimia Ferdowsi Kline. - Exercito
minha situação de homo loquens, voo
na espessura do hodierno. À rua sinto-me a última tábua flutuante, sem ter
acolhida aonde quer que eu vá. Mesmo que faça tudo para dar certo, indiferenças
aterradoras. Tanto é que não me deixam mentir: tenho boa vontade, compreensão em
todo momento, sou pro diálogo. Ao falar com a minha filha, eu digo umas coisas,
ela diz outras, cabeças de mundos diferentes, não poderia ser diferente. E se
tento convergir, entramos em rota de colisão, vira-me as costas e vai pra vida.
Filho perdido no mundo, ah, lembrei, então, visitar minha mãe, matar as
saudades. A gente conversa, digo lá risíveis episódios esquecidos no tempo, ela
ironiza remoendo por dentro, e novidades das dela, no meio os reclamos de que
não tenho jeito, descuidos e quilos a mais, e se tento aprumar a conversa, a
gente se desentende. Beijo-lhe as faces pras pazes, e vou procurar meu pai,
falar amenidades, umas ressalvas e alguns puxões de orelha, a gente disfarça,
mete pau nos políticos e pontos de vista opostos, somos tão diversos quanto
estranhos. Abraço e até logo, pulo pra rua dialogar com um amigo, futebol nem
pensar, torcemos outros times; política, irreconciliável, falamos as mesmas
coisas como se grego um pro outro, divergências até na bebida, carradas de
razão dele pro outro que chega e eu voando na quarta dimensão, papo acalorado
de um diálogo dicotômico, escorregando no paralelismo de nossas ideias, ele lá,
eu cá, todos aquém ou sei lá, a vaca vai pro brejo, ah, e conversar sozinho,
pras paredes. Será que ninguém me entende, ora bolas! Explico quantos metros de
dia, mesmo que nada, aos cacarecos, banda-voou, e persigo sem blasfemar, não
tem jeito, acabo sozinho juntando as catrevagens, ninguém entende que me dou em
proveito de outrem como a fruta no pé, os ventos e as águas, a terra e os céus,
do primeiro ao último suspiro do animus,
ah, tudo besteira pra eles, ué, chapéu de otário é marreta, e eu onde é que
fico nisso tudo? Ao me inquirir a respeito, estrelas acesas nos olhos, cavaleiro
solitário sou entre todos e neles me completo, a descoberta: eu mesmo sequer me
entendo, acho que sou quem está por fora, preciso me entender pra poder compreender
os outros, estão na deles e eu nenhuma. É isso. Resta-me irradiar a alegria por
projetar perspectivas e por receber inspiração para realizá-las, afinal a vida
é um reino da consciência ou isso não é nada! ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial com a violonista, cantora, percussionista e
compositora Badi Assad: Replay Guitar Exchange, Live & Milenium Stage USA; com
Duo Gisbranco, formado pelas pianistas Bianca Gismonti & Claudia
Castelo Branco: Pássaros, Festival Assad & 7 anéis; & muito mais nos
mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Existe
o estigma, que dissolve a identidade do outro e a substitui pelo retrato
estereotipado e a classificação que lhe impomos [...] Lançar sobre a pessoa um estigma corresponde a acusá-la simplesmente
pelo fato de ela existir. Prever seu comportamento estimula e justifica a
adoção de atitudes preventivas. Como aquilo que se prevê é ameaçador, a defesa
antecipada será a agressão ou a fuga, também hostil. [...]. Pensamento
extraído de Juventude e violência no
Brasil contemporâneo (Perseu Abramo, 2004), do antropólogo, cientista
político e escritor Luiz Eduardo Soares.
RESILIÊNCIA & PROTEÇÃO - [...] Nossa
sociedade tem uma triste propensão a culpar as vitimas. Trata-se de uma
estratégia utilizada para confortar-se. Se acreditarmos que há boas razões para
que uma pessoa sofra, isso quer dizer que esse sofrimento é merecido. Então, se
sou “bom”, não terei que passar pela mesma experiência, uma vez que não a
merecerei. Esse raciocínio existe sem que estejamos realmente conscientes dele,
é uma forma de mecanismo de defesa. Rejeitando os indivíduos que estão
atravessando as crises da ao culpá-los, pensamos inconscientemente que estamos
nos protegendo da infelicdade que os atormenta. [...]. Trecho extraído da
obra A resiliência: a arte de dar a volta
por cima (Vozes, 2007), de Rosette Poletti e Barbara Dobbs, entendendo que
a resiliência é a capacidade de manter-se, de proteger a integridade sob fortes
pressões, assim como fazem os heróis de tragédias gregas, galãs da sétima arte,
os líderes de empresas e chefes de exércitos, que usam as dificuldades como
trampolim para se fortalecer e vencer na vida, muito embora isso não ocorra com
todos. Veja mais aqui.
O SENTIDO E O VALOR DA VIDA – [...] Para
aquele que funda a vida humana numa vida espiritual que abrange o mundo, as
possibilidades de vida ainda não se esgotaram; ele pode escapar a toda a
dificuldade e a toda a sutilização da vida que o cerca, para remontar às fontes
originais e tênar, partido destas, constituir a vida no simples e essencial, a
que aspira ardentemente, cada vez mais, a época atual. Só assim se tornará
possível opor à expansão uma concentração e, à extensão em largura, um esforço
para a profundeza, reconduzindo a vida, assim, a um equilíbrio normal. Em toda
a diversidade das tarefas apareceu um problema geral, mas, ao mesmo tempo,
manifestou-se na vida substancial do espírito uma base sólida, a partir da qual
é possível por mãos ao trabalho com confiança, onde as forças se concentrem e,
repelindo tanto o banal como o rígido,possam unir-se para lutar visando a um
todo essencial da vida. Nada causa mais tensão e grandeza em nossa vida do que
esta luta em que entra em jogo não apenas a felicidade do indivíduo, mas
sobretudo a manutenção da vida do espírito no domínio da humanidade. Somente
assim a nossa vida adquire, no fim das contas, um sentido e um valor. Trecho
extraído da obra O sentido e o valor da
vida (Delta, 1962), do filósofo alemão Rudolf
Eucken (1846-1926), Prêmio Nobel de Literatura de 1908.
GLOSANDO O MOTE – Fui
criado entre as miragens, / na solidão do deserto, / de um povo que andava
incerto, / tenho n’alma as tatuagens: / são abstratas imagens / de Alá, que não
se profana; / dos chefes de caravana, / me orgulho em ser porta-voz: / os
primitivos heróis / da minha origem cigana. / Os antigos personagens, /
defensores dos escravos; / de uma legião de bravos, tenho n’alma as tatuagens!
/ Fugindo às velhas linhagens / da imposição duridana, / por vontade soberana,
/ Ismael foi peregrino, / o primeiro beduíno / da minha origem cigana. Poema
do poeta, cantador, violeiro e repentista Otacílio
Batista.
A ARTE DE KIMIA GERDOWSI KLINE
A arte
da artista plástica estadunidense Kimia
Ferdowsi Kline.
O Centro
Cultural Vital Corrêa de Araujo & a Biblioteca
Fenelon Barreto informam:
Oceanos Prêmio de Literatura, II Encontro
Vozes: As mulheres na Filosofia & muito mais na Agenda aqui.
&
Legalidade
sob suspeita, o teatro de Viola Spolin, a música de Anna Moffo, a arte de Floriano de Araújo
Teixeira & Reisha Perlmutter, Moina Lima & Todo dia
é dia da mulher aqui.