sexta-feira, março 09, 2018

OTACÍLIO BATISTA, RUDOLF EUCKEN, BADI ASSAD & DUO GISBRANCO, LUIZ EDUARDO SOARES, RESILIÊNCIA & KIMIA FERDOWSI

ENTREMENTES OU ISSO NÃO É NADA – Imagem: arte da artista plástica estadunidense Kimia Ferdowsi Kline. - Exercito minha situação de homo loquens, voo na espessura do hodierno. À rua sinto-me a última tábua flutuante, sem ter acolhida aonde quer que eu vá. Mesmo que faça tudo para dar certo, indiferenças aterradoras. Tanto é que não me deixam mentir: tenho boa vontade, compreensão em todo momento, sou pro diálogo. Ao falar com a minha filha, eu digo umas coisas, ela diz outras, cabeças de mundos diferentes, não poderia ser diferente. E se tento convergir, entramos em rota de colisão, vira-me as costas e vai pra vida. Filho perdido no mundo, ah, lembrei, então, visitar minha mãe, matar as saudades. A gente conversa, digo lá risíveis episódios esquecidos no tempo, ela ironiza remoendo por dentro, e novidades das dela, no meio os reclamos de que não tenho jeito, descuidos e quilos a mais, e se tento aprumar a conversa, a gente se desentende. Beijo-lhe as faces pras pazes, e vou procurar meu pai, falar amenidades, umas ressalvas e alguns puxões de orelha, a gente disfarça, mete pau nos políticos e pontos de vista opostos, somos tão diversos quanto estranhos. Abraço e até logo, pulo pra rua dialogar com um amigo, futebol nem pensar, torcemos outros times; política, irreconciliável, falamos as mesmas coisas como se grego um pro outro, divergências até na bebida, carradas de razão dele pro outro que chega e eu voando na quarta dimensão, papo acalorado de um diálogo dicotômico, escorregando no paralelismo de nossas ideias, ele lá, eu cá, todos aquém ou sei lá, a vaca vai pro brejo, ah, e conversar sozinho, pras paredes. Será que ninguém me entende, ora bolas! Explico quantos metros de dia, mesmo que nada, aos cacarecos, banda-voou, e persigo sem blasfemar, não tem jeito, acabo sozinho juntando as catrevagens, ninguém entende que me dou em proveito de outrem como a fruta no pé, os ventos e as águas, a terra e os céus, do primeiro ao último suspiro do animus, ah, tudo besteira pra eles, ué, chapéu de otário é marreta, e eu onde é que fico nisso tudo? Ao me inquirir a respeito, estrelas acesas nos olhos, cavaleiro solitário sou entre todos e neles me completo, a descoberta: eu mesmo sequer me entendo, acho que sou quem está por fora, preciso me entender pra poder compreender os outros, estão na deles e eu nenhuma. É isso. Resta-me irradiar a alegria por projetar perspectivas e por receber inspiração para realizá-las, afinal a vida é um reino da consciência ou isso não é nada! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial com a violonista, cantora, percussionista e compositora Badi Assad: Replay Guitar Exchange, Live & Milenium Stage USA; com Duo Gisbranco, formado pelas pianistas Bianca Gismonti & Claudia Castelo Branco: Pássaros, Festival Assad & 7 anéis; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Existe o estigma, que dissolve a identidade do outro e a substitui pelo retrato estereotipado e a classificação que lhe impomos [...] Lançar sobre a pessoa um estigma corresponde a acusá-la simplesmente pelo fato de ela existir. Prever seu comportamento estimula e justifica a adoção de atitudes preventivas. Como aquilo que se prevê é ameaçador, a defesa antecipada será a agressão ou a fuga, também hostil. [...]. Pensamento extraído de Juventude e violência no Brasil contemporâneo (Perseu Abramo, 2004), do antropólogo, cientista político e escritor Luiz Eduardo Soares.

RESILIÊNCIA & PROTEÇÃO - [...] Nossa sociedade tem uma triste propensão a culpar as vitimas. Trata-se de uma estratégia utilizada para confortar-se. Se acreditarmos que há boas razões para que uma pessoa sofra, isso quer dizer que esse sofrimento é merecido. Então, se sou “bom”, não terei que passar pela mesma experiência, uma vez que não a merecerei. Esse raciocínio existe sem que estejamos realmente conscientes dele, é uma forma de mecanismo de defesa. Rejeitando os indivíduos que estão atravessando as crises da ao culpá-los, pensamos inconscientemente que estamos nos protegendo da infelicdade que os atormenta. [...]. Trecho extraído da obra A resiliência: a arte de dar a volta por cima (Vozes, 2007), de Rosette Poletti e Barbara Dobbs, entendendo que a resiliência é a capacidade de manter-se, de proteger a integridade sob fortes pressões, assim como fazem os heróis de tragédias gregas, galãs da sétima arte, os líderes de empresas e chefes de exércitos, que usam as dificuldades como trampolim para se fortalecer e vencer na vida, muito embora isso não ocorra com todos. Veja mais aqui.

O SENTIDO E O VALOR DA VIDA – [...] Para aquele que funda a vida humana numa vida espiritual que abrange o mundo, as possibilidades de vida ainda não se esgotaram; ele pode escapar a toda a dificuldade e a toda a sutilização da vida que o cerca, para remontar às fontes originais e tênar, partido destas, constituir a vida no simples e essencial, a que aspira ardentemente, cada vez mais, a época atual. Só assim se tornará possível opor à expansão uma concentração e, à extensão em largura, um esforço para a profundeza, reconduzindo a vida, assim, a um equilíbrio normal. Em toda a diversidade das tarefas apareceu um problema geral, mas, ao mesmo tempo, manifestou-se na vida substancial do espírito uma base sólida, a partir da qual é possível por mãos ao trabalho com confiança, onde as forças se concentrem e, repelindo tanto o banal como o rígido,possam unir-se para lutar visando a um todo essencial da vida. Nada causa mais tensão e grandeza em nossa vida do que esta luta em que entra em jogo não apenas a felicidade do indivíduo, mas sobretudo a manutenção da vida do espírito no domínio da humanidade. Somente assim a nossa vida adquire, no fim das contas, um sentido e um valor. Trecho extraído da obra O sentido e o valor da vida (Delta, 1962), do filósofo alemão Rudolf Eucken (1846-1926), Prêmio Nobel de Literatura de 1908.

GLOSANDO O MOTEFui criado entre as miragens, / na solidão do deserto, / de um povo que andava incerto, / tenho n’alma as tatuagens: / são abstratas imagens / de Alá, que não se profana; / dos chefes de caravana, / me orgulho em ser porta-voz: / os primitivos heróis / da minha origem cigana. / Os antigos personagens, / defensores dos escravos; / de uma legião de bravos, tenho n’alma as tatuagens! / Fugindo às velhas linhagens / da imposição duridana, / por vontade soberana, / Ismael foi peregrino, / o primeiro beduíno / da minha origem cigana. Poema do poeta, cantador, violeiro e repentista Otacílio Batista.

A ARTE DE KIMIA GERDOWSI KLINE
A arte da artista plástica estadunidense Kimia Ferdowsi Kline.


Oceanos Prêmio de Literatura, II Encontro Vozes: As mulheres na Filosofia & muito mais na Agenda aqui.
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Legalidade sob suspeita, o teatro de Viola Spolin, a música de Anna Moffo, a arte de Floriano de Araújo Teixeira & Reisha Perlmutter, Moina Lima & Todo dia é dia da mulher aqui.