segunda-feira, março 12, 2018

LYGIA FAGUNDES TELLES, SCHLEGEL, AUGUSTO DE CAMPOS, PIAZZOLLA, TETÊ ESPÍNDOLA, SYD FIELD & JENNIFER HANNAFORD

RUMO AO DESCONHECIDO – Imagem: arte da artista visual estadunidense Jennifer Hannaford. - Para onde eu vou, qualquer caminho, nada a perder ou achar. A insatisfação não leva a lugar algum nem pra quê. Onde estou, qualquer lugar, todo caminho dá na venda, água pro rio, rio pro mar. Longe é um lugar que não existe, quantas léguas, nenhum relógio, do tempo só sei de ontem, agora, qualquer coisa, só saberei ao chegar. Levo comigo nenhuma certeza, nem preciso, tudo que não sei, resta aprende o que for. Dali pra diante, nunca se sabe. Não há como errar, quantas encruzilhadas, achar o que for, nem precisa saber das horas, nuvem que passa, nunca é tarde, nada por acaso. Tanto pra andar, da curva pra porta fechada, muito que aprender, só se sabe mesmo depois, haja chuva ou sol de verão, haja estrela no céu ou maior temporal, seja de leste a oeste, ou norte pro sul, eu sei que vou ou terei de voltar. E se o dia escurece, levo a noite comigo até amanhecer. O que será doce ou azedo, a despeito que esteja passado ou no ponto. Quem dera não mais escolher, azul ou encarnado, ou por analogia e dessemelhança, erro e acerto, nada, seja arco-íris, aurora boreal, madrugada austral, correnteza de oceano, ventos e vendaval. Amanhã saberei o que nem possa supor, desde o elo entre o coração e a língua, o verbo, o que se dissipe ou não, desde a pedra menfita da criação, sempre quis ser maior que as minhas ideias. Até lá vivo cada instante sem perder a oportunidade de ser feliz, haja o que houver, tudo é possível, até o inacreditável, o inesperado. Assim é a vida e seus insondáveis mistérios, e nela vou e estou pro que der e vier, vou e voo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial com o bandoneonista e compositor argentino Astor Piazzolla (1921-1992): Montreal Jazz Festivcal, Argentine Tango Music & Los cuatro estaciones porteñas; a cantora compositora e instrumentista Tetê Espíndola: Piraretã, Lírio Selvagem & ao vivo; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Talento é um dom divino: ou você tem ou não tem. Mas isso não interfere com a experiência de escrever. Escrever traz gratificações exclusivas. Aproveite-as. E as transmita. Pensamento extraído da obra Manual do roteiro (Objetiva, 1995), do roteirista, produtor, professor e conferencista estadunidense Syd Field (1935-2013).

A IRONIA & O PARADOXO - [...] Para poder escrever bem sobre um objeto, é preciso já não se interessar por ele; o pensamento que se deve exprimir com lucidez já tem de estar totalmente afastado, já não ocupar propriamente alguém. Enquanto o artista inventa e está entusiasmado, se acha, ao menos para a comunicação, num estado iliberal. Pretenderá dizer tudo, o que é uma falsa tendência dos gênios jovens ou um justo preconceito de escrevinhadores velhos. [...] A ironia socrática é a única dissimulação inteiramente involuntária e, no entanto, inteiramente lúcida. Fingi-la é tão impossível quanto revelá-la. Para aquele que não a possui, permanece um enigma, mesmo depois da mais franca confissão. Não se deve enganar ninguém, a não ser aqueles que a tomam por engodo e que, ou se alegram com a grande pândega de se divertir com todo mundo, ou ficam fulos, quando pressentem que também estão sendo visados. Nela tudo deve ser gracejo e tudo deve ser sério: tudo sinceramente aberto e tudo profundamente dissimulado. Nasce da unificação do sentido artístico da vida e do espírito científico, do encontro de perfeita e acabada filosofia-de-natureza e de perfeita e acabada filosofia-de-arte. Contem e excita um sentimento do conflito insolúvel entre incondicionado e condicionado, da impossibilidade e necessidade de uma comunicação total. É a mais livre de todas as licenças, pois por meio dela se vai além de si mesmo; e, no entanto, é também a mais sujeita à lei, pois é incondicionadamente necessária. É muito bom sinal se os harmoniosamente triviais não sabem de modo algum como lidar com essa constante autoparódia, na qual sempre acreditam e da qual novamente sempre desconfiam, até sentir vertigens, tomando justamente o gracejo como seriedade, e a seriedade como gracejo. [...] Trechos extraídos da obra O dialeto dos fragmentos (Iluminuras, 1991), do filósofo, poeta e filólogo alemão Friedrich Schlegel (1772-1829).

EU SOU UM GATO –  Ele fixaria em Deus aquele olhar verde-esmeralda com uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a humildade do cachorro, o gato não é humilde, ele traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo. [...] O gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco os olhos como se os ferisse a luz, esse o sorriso do gato. Secreto. E distante. Nem melhor nem pior do que o cachorro mas diferente. Fingido? Não, porque ele nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu de moda mas deveria voltar porque não existe definição melhor para um felino. E para certas pessoas que falam pouco e olham muito. Cavilosidade sugere cuidado, afinal, cave é aquele recôncavo onde o vinho fica envelhecendo em silêncio, no escuro. Na cave o gato se esconde solitário, porque sabe do perigo das aproximações. Mas o cachorro, esse se revela e se expõe com inocência, Aqui estou! Trechos extraído da obra A disciplina do amor (Nova Fronteira, 1980), da escritora premiada e membro da Academia Brasileira de Letras do Brasil e de Lisboa, Lygia Fagundes Telles. Veja mais aqui, aqui e aqui.

SONETERAPIADrummond perdeu a pedra: é drummundano. / João Cabral entrou pra academia, / Custou mas descobriram que caetano / Era o poeta (como eu já dizia) / O concretismo é frio e desumano, / Dizem todos (tirando uma fatia). / E enquanto nós entramos pelo cano, / Os humanos entregam a poesia. / Na geléia geral da nossa história, / Sousândrade Kilkerry Oswald vaiados, / Estão comendo as pedras da vitória. / Quem não se comunica dá a dica: / Tó pra vocês chupins desmemoriados, / Só o incomunicável comunica. Poema do poeta, tradutor e ensaísta brasileiro Augusto de Campos. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE JENNIFER HANNAFORD
A arte da artista visual estadunidense Jennifer Hannaford.


II Colóquio Internacional de Pedagogia do Teatro – COLIPETE
II Encontro Vozes: As mulheres na Filosofia
Oceanos Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa
I Fórum de Ecologia e Educação Ambiental (FEEA)
Bando de Mônadas, de Vital Corrêa de Araújo
& muito mais na Agenda aqui.
&
Os seus versos, danças & cantos do Cacrequin, a música de Jasmine Guy, a pintura Renata Domagalska, o cinema de Lívia Perez, a arte de Luciah Lopez, Vera Lúcia Regina & Crônica de amor por ela aqui.