terça-feira, março 13, 2018

GOETHE, FITO PÁEZ, WLADYSLAW REYMONT, ANA AZEVEDO, VÉSCOVI, GADAMER & RYUIJIE DOUGLAS

É PRECISO FAZER ALGUMA COISA - Imagem: Morning shadows, do fotógrafo e litógrafo japonês Ryuijie Douglas. - Sigo o meu caminho, sombras na manhã. Às vezes ou quase sempre, vou só, cada qual sua via crucis, seu real aprendizado. Vejo tudo e todos, quantos infelizes, atordoados, nem se dão conta de si próprios, quanto mais de quem passa saudando a todos com meu sorriso de braços abertos. É preciso fazer alguma coisa, por isso mesmo, sigo o meu caminho, cumpro a minha missão. Não deixo de vê-las indo e vindo, trôpegas, apressadas. Alguns querem governar, quando nem sabem o governo de seu próprio ser, apenas por posses ou vivacidade se acham no direito de mandar e desmandar. Coisa lamentável, autodenominados melhores que os demais, coitados, arrogam pra si autoridade sem limites, ordens para todos, imunidades pros seus e suas corriolas, o reino dos privilégios pessoais e das discrepâncias gerais. O que sabem do que precisam fazer o fazem em benefício próprio, em detrimento de todos. Que coisa! Pois é. Outros não sabem nem o que fazer, tristes ou falsalegrementes vão pelas ondas ou se deixam levar, sujeitos à própria sorte, esperam o salvador dos seus infortúnios, aqueles que lhes acudam das premências nos desígnios. Alheios de si, seguem à mercê de milagres, rezam pra se socorrerem dos abismos e se livrarem dos naufrágios da existência, ambicionando de joelhos em exaltadas orações para terem veículo zero quilômetro, casa na praia, dinheiro no bolso, emprego rendoso com nada pra fazer, felicidade mil por cento, tudo do bom e do melhor, e que sejam protegidos da violência, dos opróbrios e achaques, dos reveses e fraquezas. Não sabem o que fazer e se o fazem, metem as mãos pelos pés e se perdem à toa, e se entreolham: ué, eu, hem!?! Tudo muito triste, afinal. É preciso fazer alguma coisa, já! Alguma coisa que vá da mínima forma de expressão ao mais imenso espaço de imensidão. Alguma coisa que comece com um simples gesto de afeto ao mais solidário abraço de comunhão. Alguma coisa que se pareça com a oferenda das plantações, com o benefício das águas, com a dádiva das brisas na tarde mormaçada, com o brotar da terra, com a claridade do fogo e o esplendor do Sol. Algo que se pareça com vida e em favor da vida, sobretudo em nome da humanização em comunhão com tudo e todas as coisas. Sigo o meu caminho, livre criança cônscio apenas dos braços abertos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor, cantor, pianista, cineasta e roteirista argentino Fito Páez: Euforia, Circo Beat & El amor despues del amor; e a pianista Ana Azevedo: Tripartido, Noturno com o Grupo Tutti & Waltz for Debby de Bill Evans; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] A autorreflexão do indivíduo não é mais que uma centelha na corrente cerrada da vida histórica. Por isso os preconceitos de um indivíduo são, muito mais que seus juízos, a realidade histórica do ser. [...]. Pensamento extraído da obra Verdade e método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica (Vozes, 1998), do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (1900-2002). Veja mais aqui e aqui.

DE LEIS & PENAS - [...] O jurídico tem o estatuto de lei que humaniza e organiza os indivíduos numa vida de laços sociais na construção da civilização. Ele tem por função introduzir um ponto de interdito necessário para o curso da humaniodade. O Código Penal é uma boa metáfora desse intedito, uma vez que ele pode barrar para alguns a violência presente em todos nós. Há, portanto, um ponto de aproximação do sujeito do Direito ao sujeito do Inconsciente. Isso só é possível se pensarmos o jurídico como uma fun~ção que ultrapassa sua ação de normatividade, operando, de todo modo, num ponto de tensão entre a autoridade do texto jurídico e aquilo que lhe escapa por meio de brechas da lei. Um ponto de tensão que deve ser inesgotável, evitando, assim, que o Jurídico se reduza a uma sistematização cega. [...]. Trecho extraído da obra Introduccion al derecho (Idea, 1995), do escritor e advogado uruguaio Enrique Véscovi (1919-2003).

A LEI DO CNUTE – [...] Durante semanas atravessei planícies cobertas de melancolia, onde cada aldeia era, há anos, uma cidadela indomável, cada casa um posto sempre em estado de alerta, cada homem um invencível combatente da santa causa. Cada dia ouvia episódios comoventes do passado, cada dia descobria novas feridas mal cicatrizadas, lábios sem cor murmuravam a trágica história de um parente. E cada dia, evocados por aquelas memórias vivas e que ainda sangrava,, passavam-me diante dos olhos santas fisionomias de mártires, sacrifícios sobre-humanos. Parecia-me ouvir ressoar em meu coração um eco surdo de gritos de agonia, chicotadas e tiros. A cada passo, incessantemente, via desfilarem diante de mim as sombras pálidas e inumeráveis dos sacrificados que, um a um, haviam enchido as fossas, após terem dado sua vida pela fé e pela nação. Compreendi então por aqueles campos exalavam como que um hálito de amargur: por que se ouviam soluços, à noite, nas encruzilhadas dos caminhos; por que o rumor da mata é aí mais lúgubre que em qualquer lugar, o canto dos pássaros mais triste, o gemenido do vento mais lancinante; e por que, sob um céu sempre baixo, os indivíduos se encolhem, silenciosos, recolhidos, escondendo sob as pálpebras furtivas cintilações, plenos de força heróica e teimosa resstencia. [...]. Extraído da obra A lei do Cnute e contos (Deltya, 1963), do escritor polaco Wladyslaw Reymont (1867-1925), Prêmio Nobel de Literatura de 1924.

ANELO - Só aos sábios o reveles / Pois o vulgo zomba logo: / Quero louvar o vivente / Que aspira à morte no fogo / Na noite – em que te geraram, / Em que geraste – sentiste, / Se calma a luz que alumiava, / Um desconforto bem triste. / Não sofres ficar nas trevas / Onde a sombra se condensa. / E te fascina o desejo / De comunhão mais intensa. / Não te detêm as distâncias, / Ó mariposa! E nas tardes, / Ávida de luz e chama, / Voa para a luz em que ardes. / "Morre e transmuta-te": enquanto / Não cumpres esse destino, / És sobre a terra sombria / Qual sombrio peregrino. / Como vem da cana o sumo / Que os paladares adoça, / Flua assim da minha pena, / Flua o amor o quanto possa. Poema do poeta, filósofo e cientista alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE DE RYUIJIE DOUGLAS
A arte do fotógrafo e litógrafo japonês Ryuijie Douglas.

I Congreso Internacional de Literatura Brasileña: Nélida Piñon em la República de los Sueños
Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas & muito mais na Agenda aqui.
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Água morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil!?!?!, a poesia de Noêmia de Sousa, a pintura de Geraldo de Arruda Castro, a música de Tetê Espíndola, Giselda Camilo Pereira, a arte de Glauco Villas Boas & Juarez Machado aqui.