É PRECISO FAZER ALGUMA COISA - Imagem: Morning
shadows, do fotógrafo e litógrafo japonês Ryuijie
Douglas. - Sigo o meu caminho, sombras na manhã. Às vezes ou quase
sempre, vou só, cada qual sua via crucis, seu real aprendizado. Vejo tudo e
todos, quantos infelizes, atordoados, nem se dão conta de si próprios, quanto
mais de quem passa saudando a todos com meu sorriso de braços abertos. É
preciso fazer alguma coisa, por isso mesmo, sigo o meu caminho, cumpro a minha
missão. Não deixo de vê-las indo e vindo, trôpegas, apressadas. Alguns querem
governar, quando nem sabem o governo de seu próprio ser, apenas por posses ou
vivacidade se acham no direito de mandar e desmandar. Coisa lamentável,
autodenominados melhores que os demais, coitados, arrogam pra si autoridade sem
limites, ordens para todos, imunidades pros seus e suas corriolas, o reino dos
privilégios pessoais e das discrepâncias gerais. O que sabem do que precisam
fazer o fazem em benefício próprio, em detrimento de todos. Que coisa! Pois é. Outros
não sabem nem o que fazer, tristes ou falsalegrementes vão pelas ondas ou se
deixam levar, sujeitos à própria sorte, esperam o salvador dos seus
infortúnios, aqueles que lhes acudam das premências nos desígnios. Alheios de
si, seguem à mercê de milagres, rezam pra se socorrerem dos abismos e se
livrarem dos naufrágios da existência, ambicionando de joelhos em exaltadas
orações para terem veículo zero quilômetro, casa na praia, dinheiro no bolso, emprego
rendoso com nada pra fazer, felicidade mil por cento, tudo do bom e do melhor,
e que sejam protegidos da violência, dos opróbrios e achaques, dos reveses e
fraquezas. Não sabem o que fazer e se o fazem, metem as mãos pelos pés e se
perdem à toa, e se entreolham: ué, eu, hem!?! Tudo muito triste, afinal. É
preciso fazer alguma coisa, já! Alguma coisa que vá da mínima forma de
expressão ao mais imenso espaço de imensidão. Alguma coisa que comece com um
simples gesto de afeto ao mais solidário abraço de comunhão. Alguma coisa que
se pareça com a oferenda das plantações, com o benefício das águas, com a
dádiva das brisas na tarde mormaçada, com o brotar da terra, com a claridade do
fogo e o esplendor do Sol. Algo que se pareça com vida e em favor da vida,
sobretudo em nome da humanização em comunhão com tudo e todas as coisas. Sigo o
meu caminho, livre criança cônscio apenas dos braços abertos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor, cantor, pianista,
cineasta e roteirista argentino Fito
Páez: Euforia, Circo Beat
& El amor despues del amor; e a pianista Ana Azevedo: Tripartido, Noturno com o Grupo Tutti & Waltz for
Debby de Bill Evans; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog
& nos 35 Anos de Arte
Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] A
autorreflexão do indivíduo não é mais que uma centelha na corrente cerrada da
vida histórica. Por isso os preconceitos de um indivíduo são, muito mais que
seus juízos, a realidade histórica do ser. [...]. Pensamento extraído da
obra Verdade e método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica
(Vozes, 1998), do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (1900-2002). Veja
mais aqui e aqui.
DE LEIS & PENAS - [...] O
jurídico tem o estatuto de lei que humaniza e organiza os indivíduos numa vida
de laços sociais na construção da civilização. Ele tem por função introduzir um
ponto de interdito necessário para o curso da humaniodade. O Código Penal é uma
boa metáfora desse intedito, uma vez que ele pode barrar para alguns a
violência presente em todos nós. Há, portanto, um ponto de aproximação do
sujeito do Direito ao sujeito do Inconsciente. Isso só é possível se pensarmos
o jurídico como uma fun~ção que ultrapassa sua ação de normatividade, operando,
de todo modo, num ponto de tensão entre a autoridade do texto jurídico e aquilo
que lhe escapa por meio de brechas da lei. Um ponto de tensão que deve ser
inesgotável, evitando, assim, que o Jurídico se reduza a uma sistematização
cega. [...]. Trecho extraído da obra Introduccion
al derecho (Idea, 1995), do escritor e advogado uruguaio Enrique Véscovi (1919-2003).
A LEI DO CNUTE – [...] Durante
semanas atravessei planícies cobertas de melancolia, onde cada aldeia era, há
anos, uma cidadela indomável, cada casa um posto sempre em estado de alerta,
cada homem um invencível combatente da santa causa. Cada dia ouvia episódios
comoventes do passado, cada dia descobria novas feridas mal cicatrizadas,
lábios sem cor murmuravam a trágica história de um parente. E cada dia, evocados
por aquelas memórias vivas e que ainda sangrava,, passavam-me diante dos olhos
santas fisionomias de mártires, sacrifícios sobre-humanos. Parecia-me ouvir
ressoar em meu coração um eco surdo de gritos de agonia, chicotadas e tiros. A
cada passo, incessantemente, via desfilarem diante de mim as sombras pálidas e
inumeráveis dos sacrificados que, um a um, haviam enchido as fossas, após terem
dado sua vida pela fé e pela nação. Compreendi então por aqueles campos
exalavam como que um hálito de amargur: por que se ouviam soluços, à noite, nas
encruzilhadas dos caminhos; por que o rumor da mata é aí mais lúgubre que em
qualquer lugar, o canto dos pássaros mais triste, o gemenido do vento mais
lancinante; e por que, sob um céu sempre baixo, os indivíduos se encolhem,
silenciosos, recolhidos, escondendo sob as pálpebras furtivas cintilações,
plenos de força heróica e teimosa resstencia. [...]. Extraído da obra A lei do Cnute e contos (Deltya, 1963),
do escritor polaco Wladyslaw Reymont
(1867-1925), Prêmio Nobel de Literatura de 1924.
ANELO - Só aos sábios o
reveles / Pois o vulgo zomba logo: / Quero louvar o vivente / Que aspira à
morte no fogo / Na noite – em que te geraram, / Em que geraste – sentiste, / Se
calma a luz que alumiava, / Um desconforto bem triste. / Não sofres ficar nas
trevas / Onde a sombra se condensa. / E te fascina o desejo / De comunhão mais
intensa. / Não te detêm as distâncias, / Ó mariposa! E nas tardes, / Ávida de
luz e chama, / Voa para a luz em que ardes. / "Morre e transmuta-te":
enquanto / Não cumpres esse destino, / És sobre a terra sombria / Qual sombrio
peregrino. / Como vem da cana o sumo / Que os paladares adoça, / Flua assim da
minha pena, / Flua o amor o quanto possa. Poema do poeta, filósofo e cientista alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832).
Veja mais aqui & aqui.
A ARTE DE RYUIJIE DOUGLAS
A arte do fotógrafo e litógrafo japonês Ryuijie Douglas.
I Congreso Internacional de Literatura
Brasileña: Nélida Piñon em la República de los Sueños
&
Água
morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil!?!?!, a poesia de Noêmia de Sousa, a pintura de Geraldo de Arruda
Castro, a música de Tetê Espíndola, Giselda
Camilo Pereira, a arte de Glauco Villas Boas & Juarez Machado aqui.