quinta-feira, março 08, 2018

ADÉLIA PRADO, FRIDA KAHLO, ELIANE ELIAS, MULHERES NO MUNDO, ALICE DE MENDONÇA, EDWIGES DE SÁ PEREIRA, LUZILÁ GONÇALVES FERREIRA, GRAÇA GRAÚNA & LUCIAH LOPEZ

A DOR SOLIDÁRIA DE NUNCA CALAR - Imagem: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez. - Quando dona Zezé por duas vezes desercarnou no ápice da dor, eu morri muito mais vezes porque era dela a minha vida. E quando Derluza sucumbiu por negligência médica, macetes hospitalares e impotência judiciária, eu me enterrei naquela manhã chuvosa do seu voo. E quando Sulina perdeu a pose das feições por disparos de calibre grosso, eu perdi minha face para nunca mais vê-la. E quando Samira da minha paixão adolescente fraquejou caindo crivada de bala no acostamento do canavial pelo ódio da grana na lei da vingança já que ela não podia ser na mão do poder, não seria de mais ninguém, eu quedei metralhado pelas dores de não prever uma tragédia anunciada. E quando Gersoca sofreu decepcionada com o abuso dos quatros anões dilapidadores, eu finei antes da hora com todas as suas lágrimas. E quando Elvira perdeu a adolescência e toda a sua vida nas mãos do carrasco coronel, eu me desfiz em zis canções pungentes com todos os lamentos do passado e futuro. E quando Gilvanícila se viu com a filha enlouquecida e as netas gêmeas recém-nascidas Down desamparadas, eu me solidarizei para ser mais que uma mãe desolada com esperanças e afeto das cinzas. E quando Sulamita sentiu as mãos do pai desalmado desgraçando o hímen da sua infância e das suas irmãs, eu me dizimei pra ser mais um incônscio no reino dos metazoários. E quando a menina foi morta por todos os mortos do pai assassino, eu me extingui em labaredas de revoltas por saber que vivia não entre gente, mas entre primitivos espécimes. E se elas foram suplantadas por todas as formas de injustiça, e se choraram fragorosamente a dor insuportável de jamais superar, e se foram rendidas e desabrigadas por inumeráveis anos de lágrimas torrenciais, e se penaram resignadas ou se não tiveram nem tempo pra se proteger, eu sou nelas a dor solidária de nunca calar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial com a pianista, compositora e cantora Eliane Elias: Dreamer, Light my fire & Live in Jazz; a pianista, compositora e intérprete da música contemporânea, Maria Alice de Mendonça: Sanga, o encontro com o divino, Metamorphosis & Dança do silêncio; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como o gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria. Palavras da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954). Veja mais aqui e aqui.

COM LICENÇA POÉTICA
 
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou
.
Poema da escritora, professora e filósofa Adélia Prado. Veja mais aqui.

ELAS FALAM - [...] No mundo globalizado sob a égide das legiões militares da nova águia americana, dito do pensamento único, possa esta leve breve reflexão sobre mulheres de outros séculos e de tempos de utopias hoje desqualificadas sistematicamente, bem como de preconceitos, como os que as atingiram, agora cada vez mais numerosos e fortes, inclusive contra diaspóricos, párias e deficientes, servir de afirmação, pelo menos implícita, de que, ao contrário do personagem voltairiano que acreditava estarmos no melhor dos mundos possíveis, um outro mundo, lehor, é possível! Certamente para seu advento contribuíram mulheres, como Mary, Flora ou Frida, que, em suas obras, pensaram etnia, gênero, classe social não em termos de desigualdades, de handicaps mas de diferenças, numa perspectiva de luta por uma sociedade justa e igualitária. Trecho de Diásporicas, párias, deficientes do século XIX ao XXI, de Maria Consuelo Cunha Campos, extraído da obra Mulheres no mundo: etnia, marginalidade e diáspora (Ideia, 2005),organizado por Nadilza Martins de Barros Moreira e Liane Schneider. Veja mais aqui

DA MESMA OBRA: MULHERES NO MUNDO - [...] O que se torna mais intrigante é que, os estudos de gênero, apesar da produtividade de suas pesquisas e atividades e da importancia de seu papel para a formulação de políticas públicas, justamente nesse momento tão estimulante e desafiador venha experimentando um certo congelamento teórico e perdendo sua posição de intervenção acadêmica de ponta. Isto soa meio anacrônico porque – especialmente em sociedades periféricas ou em desenvolvimento, tem em mãos a responsabilidade por suas já comprovadas conquistas políticas e epistemológicas, de pensar ste novo quadro de mibilidade das diferenças. Reclexão esta que séria definitivva para o exame critico não apenas das tensões, articulações e alinaças internacionais mas, sobretido, o impact destas tensões no interior das lógicas de poder de suas próprias sociedades. [...]. Trecho de Os estudos de gênero e a mágica da globalização, da professora da UFRJ, Heloisa Buarque de Hollanda, extraído da obra Mulheres no mundo: etnia, marginalidade e diáspora (Ideia, 2005),organizado por Nadilza Martins de Barros Moreira e Liane Schneider. Veja mais aqui

MEMÓRIAS DO CERRADO – [...] Uma coisa assim, do fundo do coração, que a mãe natureza nos proporciona para manter a alegria de um encontro ainda que relâmpago [...], Trecho da crônica Memórias do cerrado, da escritora Graça Graúna, extraído da obra Vozes: a crônica feminina contemporânea em Pernambuco (CEPE, 2007), organizada por Elizabeth Siqueira e Laura Areias. Veja mais aqui.

PERNAMBUCO - Sangram-te o orgulho, e o brio, e Márcio afã, sem tréguas, / prédios de honra e de fé, guerra a heresia e ao mal! / Não tens, nessa região de tantas, tantas léguas, / uma aldeia sem glória e uma alma sem ideal. / Tradições de alto heroísmo em nossa história, alegoa-as / desde a Marin Cabocla e o Bom Jesus do arraial. / Não se mede o que fostes, onde escalas e réguas / para a força em que se une a pátria integral? / A vanguarda foi tua em todo a teu nobre empenho: / de teu gênio nos veio o primeiro soldado, / e o livro que primeiro o Brasil escreveu... / Seja em bélico assanho ou em pindárico engenho: / terra não há que ostente em pugnas do passado / mais louros, mais troféus, povo maior que o teu! Poema da educadora, jornalista, poeta e ativista feminina Edwiges de Sá Pereira (1884-1958), extraído de História Geral da Literatura Pernmabucana – Poetas da academia sec. XVI-XX, 1995, organizado por Mariano Lemos. Veja mais aqui.

VOZES DAS MULHERES
Três antologias sobre a vida, a luta e a arte das mulheres:
A escrita da nova mulher, publicado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, em 2005, Suaves amazonas: mulheres e abolição da escravatura no nordeste (Recife: EdUFPE, 1999) e Presença Feminina, publicada oela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe, 2002), que traz o perfil de nove deputadas estaduais. Essas três obras tem uma coisa muito em comum: a organização da escritora, professora, feminista e pesquisadora Luzilá Gonçalves Ferreira. Veja mais aqui.


Fórum de Ecologia e Educação Ambiental (FEEA) & Bando de Mônadas, de Vital Corrêa de Araujo na Agenda aqui.
&
A ponte entre quem ama e a plenitude do amor!, a literatura de Murilo Rubião, a escultura de Wäinö Aaltonen, a música de Anneke van Giersbergen, a arte de Ramón Casas, Elisa Desoire na fotografia de Manuel Colombo, o grafite de Eduardo Kobra, Fátima Jambo & Todo dia é dia da mulher aqui.